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"Nervosismo significa que você se importa."
-After All These Years, holdonyngryd
9 ANOS ATRÁS ....
O garoto de doze anos se encontrava sentado em uma cadeira ao lado de uma mesa onde ficava alguns acessórios que o ajudava à tocar melhor e onde o notebook que via as notas estava posto. Logo em frente à mesa havia uma janela que dava acesso ao quintal de trás da sua casa. Ele tocava os acordes no violão de acordo com o que o instrutor do vídeo lhe dizia para fazer, quando errava uma nota o garoto sempre deixava escapar um xingamento em um tom baixo e quando acertava ele soltava algo como "isso aí!" antes de soltar um gritinho animado que fazia Carlyn rir.
Carlyn se encontrava deitada na cama do garoto, seu corpo estava de bruços e seu rosto era apoiado por suas mãos enquanto suas pernas estavam dobradas balançando no ar. Quem fosse olhar a garota pensaria que ela estaria descontente com a situação mas ela não estava, muito pelo contrário.
Seus olhos brilhavam ao ver seu melhor amigo tão compenetrado em algo com tal intensidade que aparentava que ele não estava percebendo a presença da mais velha no cômodo todavia isso não incomodava Carlyn de forma alguma. Era notável o quanto Shawn apresentava-se contente com o violão e a garota sentia-se orgulhosa por saber que foi ela quem havia lhe presenteado. Se sentia feliz ao ver a felicidade dele.
Os dois pré adolescentes tiveram suas atenções, Carlyn que o observava sorrindo e Shawn que se concentrava para acertar um acorde, voltada para a porta que antes estava fechada mas que havia sido aberta de última hora pela mãe do garoto.
—Vocês conhecem as regras.—Karen disse estreitando os olhos em direção aos dois jovens.
—Porta aberta.—a garota disse revirando os olhos e soltando um suspiro frustado. Ela não entendia o motivo de ter aquela regra da porta aberta enquanto os dois estavam juntos no quarto um do outro, para a garota não fazia o menos sentido, eles não faziam nada que seus pais não tinham conhecimento.
—Não olhe assim pra mim mocinha.—a mulher a repreendeu com um falso olhar severo que fez Carlyn lançar um sorriso forçado pra ela junto com um olhar de desculpas que envolvia nela batendo seus enormes cílios de uma forma angelical.—E vista uma camisa.—ela acresceu em direção à Shawn que até então apenas observava as duas mulheres de sua vida interagirem, logo em seguida Karen se retirou. A mais velha estava no andar de baixo preparando um lanche da tarde quando percebeu que os dois estavam silenciosos no andar de cima por isso resolveu conferir se eles não estavam aprontando algo.
—Não entendo o motivo dessa regra boba.—Carlyn bufou, o garoto a olhou no mesmo momento encontrando sua amiga com a testa franzida e um beicinho em seus lábios.
Shawn sabia do motivo, nesse quesito ele era menos inocente do que ela, a companhia de Brian fazia toda a diferença.
—Ela acha que faremos coisas que não deveríamos fazer.—Shawn tentou explicar. Tinha conhecimento que suas palavras não ajudava muito a compreender mas não poderia simplesmente lançar um "ela pensa que nos beijaremos".
—Que coisas?—o canto dos seus olhos estavam franzidos e seus lábios contraídos enquanto sua testa se encontrava totalmente enrugada em confusão.
—Coisas...como os casais fazem nos filmes que assistimos.—ele disparou e no mesmo instante sentiu seu rosto esquentar, para esconder a vermelhidão em seu rosto Shawn inclinou seu rosto para o lado e seu olhar se prendeu nas cordas de violão. Não suportava olhar para sua amiga após insinuar o que a mãe dele pensava o que eles faziam quando estavam juntos. Já Carlyn entreabriu seus lábios em surpresa e uma bola se formou em sua garganta, a garota piscou atordoada algumas vezes. Ela não imaginava que esse era o motivo pelo qual tanto os Mendes como seus pais têm evitado deixar os dois amigos sozinhos em um cómodo fechado. Ela achou desrespeitoso, estavam afastando os dois por uma suspeita idiota, tudo bem que eles estavam crescendo, a garota estava prestes a completar catorze anos enquanto ele treze mas isso não significava que os hormônios fariam eles esquecerem que eram como irmão, isso era o que Carlyn pensava na época.
—Então é isso que eles pensam de nós? Que...vamos nos pegar enquanto eles não estão nos supervisionando?! Isso é ridículo, eles sabem que nos conhecemos desde criança, jamais faríamos isso.—o tom da garota soou irritado enquanto ela gesticulava com a mão esquerda, uma mania que pegou de Shawn. O garoto continuava com seu olhar baixado e apenas confirmou com a cabeça enquanto deixou um sorriso murcho escapar dos seus lábios.
A conversa foi encerrada aí e Shawn voltou a puxar as cordas do violão enquanto Carlyn dessa vez desviou a atenção do garoto para o teto. Estava pensando nos últimos acontecimentos e o quanto era injusto a regra dos pais de ambos. Estava determinada a conversar com sua mãe à respeito da atitude e pensamento deles, não poderiam privar os garotos de terem privacidade apenas porquê presumiam que no momento que os deixassem à sós iriam começar a se beijarem.
Não demorou muito para sua atenção ser voltada para Shawn novamente que dessa vez tocava algo mais agitado, seus pés batiam no chão ao ritmo da música.
Ele era tão bom no que fazia, a garota apenas queria que ele acreditasse em seu talento como ela acreditava. E a voz dele era a mais bela que já havia escutado, após a primeira vez que escutou ele cantando uma música completa, não conseguia tirar a voz dele de sua cabeça, ela dormia com as músicas que ele cantava para a mesma na cabeça.
Sua voz era angelical, tinha um timbre rouco que deixava a desejar e toda vez que ele cantava fazia com que a garota sentisse uma sensação de conforto, como se o ar em sua volta estivesse lhe abraçando.
Para a garota, não era justo aquela voz ser ouvida cantando apenas para ela já que nem os pais do garoto tinham conhecimento do seu talento, Shawn merecia ser visto pelo mundo todo para eles saberem do quão talentoso ele é.
Carlyn se levantou da cama decidida que faria algo à respeito pois se dependesse do garoto, aquilo não sairia do quarto de ambos. Ela foi até Shawn e passou seus braços em volta dos ombros magro do garoto apoiando seu rosto no pescoço dele, Shawn de imediato se arrepiou ao sentir o contato em sua pele desnuda. O coração do garoto começou a acelerar mas se obrigou a control-lo pois as mãos dela estavam postas em seu peitoral e poderia facilmente sentir os batimentos acelerados dele. Shawn ignorou essa sensação com a aproximação deles e continuou movendo os dedos nas cordas do violão.
—O que acha de filmar um cover?—ela sugeriu indo logo ao assunto.
Na época, uma nova rede social chamada Vine estava se tornando famosa por conta dos curtos vídeos, a maioria eram voltados para o humor mas haviam alguns voltados para a música. Todos da escola dos dois estavam usando, eles haviam baixado o aplicativo em seus celulares mas raramente mexiam.
—Você sabe que isso não vai acontecer,Carly.—o tom do garoto soou calmo e não irritado como costumava ser quando eles tocavam naquele assunto de tornar a música dele pública.
—Me dê um único motivo para não fazer isso.—o canto dos lábios da garota se curvaram para o lado, ela sabia que iria conseguir convencê-lo, sempre conseguia.
—Ódio, as pessoas podem odiar e irão rir da minha cara por estar tentando cantar.—ele alegou como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. Carlyn nunca entendeu muito bem esse lado do garoto, Shawn era uma das pessoas mais confiantes que ela conhecia, a menina colocava culpa em seu signo no qual tem a característica de alto ego porém quando se tratava da música, ele era preocupado e inseguro.
—Você não tenta cantar, você só canta e arrasa. Você acha que eu insistiria nisso se você fosse ruim?!—o garoto permaneceu em silêncio pois não tinha uma resposta para aquilo, sabia que Carlyn jamais faria ele fazer algo que o humilhasse de alguma forma.—Eu já ouvi sua voz Shawn, perdi as contas de quantas vezes você cantou pra mim e sua voz é o meu som preferido no mundo. Eu acredito no seu talento, por favor acredite também.—Shawn havia parado de tocar o violão enquanto Carlyn proferia suas palavras, a garota não estava vendo mas um beicinho havia se formado nos lábios dele, uma hábito seu de quando está pensando.—Você sabe o que gosto de fazer, certo?! Desenhar roupas e é isso que pretendo fazer futuramente, quero estudar moda. E você gosta de cantar e tocar, deve correr atrás disso, é o seu futuro ou você tem vocação para algo a mais?
—Eu participei de uma aula de teatro e realmente gostei daquilo.—ele deu de ombros mas terminar logo aquele assunto.
—Mas você se sentiu nervoso quando estava na aula de teatro?—de imediato Shawn negou, ele se sentiu confortável e foi divertido atuar em um palco porém não foi algo que tenha feito seu coração acelerar.—Exato, você fica nervoso à respeito de compartilhar seu talento porque você se importa com isso, insegurança significa que você se importa. Pense no seu futuro, você vai preferir estudar algo e conseguir um emprego que não gosta ou correr atrás do que realmente faz seu coraçãozinho formado por muffins saltitar? Porque tenho certeza que se você escolher a primeira opção, a única coisa que você sentirá é arrependimento por não ter escutado a sua melhor amiga e não ter lutado pelo que você realmente gosta.—as palavras da garota fez Shawn soltar um suspiro. Ela estava certeza. Não poderia se privar de fazer algo que gostava porquê tinha medo da rejeição.
—Okay.—ele acabou por aceitar e de imediato a garota arregalou os olhos.
—Sério?!—ela praticamente gritou enquanto se retirava das costas dele ficando ao lado da cadeira em pé. Shawn apenas confirmou lhe olhando.—Meu deus! Isso é incrível! Okay...podemos gravar com a câmera do seu notebook.—seus olhos brilhavam de euforia e em seus lábios havia um gigantesco sorriso.
—Noah tem uma câmera profissional, pode ir pedir a ele?—o rapaz de referiu ao seu primo mais velho que na época estava passando alguns meses na casa deles para estudar na universidade de Toronto.
—E vista uma camisa.—a garota disparou para o garoto enquanto saía pela porta do quarto, Shawn revirou os olhos e riu mas bastou um olhar cerrado de Carlyn para ele levar o pedido à sério.
O caminho até o temporário quarto de Noah não foi tão rápido já que encontrou Aaliyah no corredor e parou para conversar com a garota de sete anos, a garotinha contou à ela como foi o seu dia na escola nova que além do mais era a mesma escola que Carlyn e Shawn estudava. Aaliyah estudava em uma escola mais próxima da sua casa de forma que bastava virar a esquina da rua porém a garotinha pediu seus pais para saírem. A menina estava sofrendo bullying dos seus colegas de classe por não fazer amigos facilmente, sabia que ao ser transferida para outra escola continuaria na mesma situação por conta da sua intensa timidez porém tinha conhecimento que tinha Shawn e Carlyn lá por ela, para lhe defender em situações perigosas e para ficar com ela caso a garota se sentisse sozinha.
Aaliyah contou para a mais velha que seu dia havia sido normal, que havia gostado da aula de geografia e que seu professor de educação física lhe convidou para fazer um teste para o time de hockey feminino e também que havia conversado um pouco com uma garota chamada Eleanor.
Carlyn ficou feliz ao saber disso, via ela como uma irmã mais nova junto com seus mais dois irmãos da mesma idade. E aconselhou a garota à buscar saber mais sobre o esporte para ela não ficar tão perdida no teste assim como lhe aconselhou à tentar conversar mais com a tal Eleanor.
Após um beijo na bochecha de Carlyn dado por Aaliyah, a mais velha seguiu em direção ao quarto do primo mais velho de Shawn que ficava no final do corredor. Ela bateu sua mão na porta algumas vezes até ouvir uma reposta de dentro do quarto.
—O que é?—ele gritou de dentro do quarto após ter pausado a música alta que soava. Carlyn reconheceu aquilo como Hip Hop.
—É a Carlyn, pode por favor abrir?—ela gritou de volta para ele poder ouvir. Um suspiro frustado que não foi possível a garota ouvir saiu dos lábios de Noah e muito contra sua vontade ele se levantou da cama e foi até a porta do seu quarto à destrancando logo em seguida.
Noah não estava fazendo nada de importante, apenas deitado em sua cama enquanto jogava uma bola de futebol americano para cima, o esporte no qual jogava na universidade que estudava. Ele estava cursando Administração na época mas apenas por obrigação mesmo pois sua verdadeira paixão era futebol americano.
Noah se apoiou no batente da porta logo em seguida fazendo os músculos por de baixo de sua camisa verde musgo se destacarem, de imediato Carlyn desviou seu olhar para o rosto do jovem em sua frente.
Ela não era boba, Noah era alguém muito bonito, com o passar do tempo seu rosto foi criando formato resultando em um maxilar definido que arrancava suspiros por onde passava e um sorriso bem alinhado após usar aparelho dental por muitos anos, mas Carlyn achava ridículo o seu cabelo escorrido para baixo formando uma franja que caía em seus olhos. Todas as suas colegas de escola babavam nele quando o mesmo ia buscar Carlyn e Shawn na escola ao pedido de seus pais, elas sempre faziam perguntas sobre ele já que os dois costumam conviver juntos, Carlyn não tinha muitas qualidades sobre o garoto para dizer então na maioria das vezes era uma lista de defeitos que Noah tinha. Mas a garota odiava como seu coração batia mais rápido quando ela o via, Carlyn sabia que nada nunca chegaria a acontecer entre eles por conta da diferença de idade, seis anos é muita coisa para ela e Noah sempre a veria como a pirralha melhor amiga do seu primo no qual não de dava bem. Ninguém ao certo entendia mas Shawn e Noah se detestavam.
—Eu quero a sua câmera profissional.—ela disse enquanto erguia seu queixo para não parecer tão inferior à ele por conta da altura. Noah riu de imediato em como o tom mandão da garota havia soado, ele pensou que ela estivesse brincando mas ao ver sua expressão séria quis rir mais ainda.
—Isso não vai acontecer, baixinha.—ele disse lentamente como se caso ele falasse mais rápido ela não compreenderia, Carlyn tinha aquele defeito de nunca desistir do que queria, Noah considerava um defeito já para ela era uma qualidade. Carlyn sentiu seu rosto queimar de raiva, odiava quando ele a chamava assim.
—Escuta aqui Noah. Eu e Shawn realmente precisamos da merda da sua câmera, vamos gravar ele cantando então é melhor você me dar logo , caso contrário farei um escândalo por você estar impedindo o sonho do seu primo. Imagina como Karen ficará ao descobrir que você não está contribuindo para ver o Shawn ter um futuro ou você quer que ele cresça sem uma vocação? ele vai acabar começando a vender drogas para sobreviver, irá se tornar um viciado em cocaína e a culpa será sua por não ter emprestado a merda da câmera.—Carlyn disparou tudo muito rápido, um hábito que fazia quando estava com raiva.
—Uau, eu só neguei o pedido de uma câmera e então você previu todo o futuro desastroso do idiota? Tenho que confessar que esse futuro para ele não é tão ruim.—um sorriso maldoso surgiu nos lábios de Noah fazendo a garota entreabri sua boca horrorizada.
—Você é um monstro!—a garota disparou horrorizada enquanto Noah sorria cada vez mais por saber que havia deixado ela irritada.
—Isso com certeza me afetou muito.—em um ato irônico Noah levou sua mão até seu peito e fez uma falsa feição de dor.
—KAREN!—Carlyn abriu sua boca e gritou o nome da mulher o mais alto possível. Noah arregalou os olhos pois não imaginava que ela realmente faria aquilo.
—Tá bom, tá bom. Que inferno.—ele revirou os olhos enquanto regressava para dentro do seu quarto escuro com o intuito de pegar sua câmera no qual nem dava tanta importância.
Após alguns minutos procurando na bagunça que se encontrava seu quarto, ele depositou a câmera na mão da garota com uma certa brutalidade. A feição de Noah era fechada enquanto Carlyn tinha um sorriso provocador nos lábios que dizia "eu sempre consigo o que quero" , a garota pegou a câmera e voltou para o quarto do seu amigo ainda com um sorriso vitorioso nos lábios.
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Sei que tá um capítulo merda mas é que realmente não estava no meu melhor humor quando escrevi isso. Minha ideia era fazer um capítulo com mais acontecimentos mas resolvi terminar logo pois se eu fosse continuar seria vários acontecimentos mal escrito e não queria isso.
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