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V: afinal, te amo.

apareciiiii! desculpa pela demora, mas tá aqui meu presentinho de natal pra vcs <3

aproveitem a leitura, afinal, escrevi com muito carinho
nosso último capítulo  (˶• ֊ •˶)


Jungkook vinha guardando para si a novidade de que iria embora para Tóquio. Jimin descobriu conversando com as avós, Minhee não entendia o que era Tóquio e Taehyung era o único por fora de tudo isso. Jeon não sabia mais ser um estraga prazeres de Kim Taehyung, tinha perdido a manha, sentia que contar aquilo era como dizer estou terminando com você, seu idiota. Talvez fosse outra maneira de escapar daquele assunto. Quando estava com ele, a última coisa que pensava era aquilo. Jungkook só se preocupava em estar cheirosinho para Taehyung não resistir e ficar abraçadinho nele, cheirando seu cangote o tempo todo.

— Já pensou o que quer de aniversário? — Taehyung perguntou enquanto passeavam na parte de trás da caminhonete que Namjoon tinha ganhado de aniversário. — Achou que eu esqueceria?

— Você sabe que esquecer meu aniversário é crime federal, né? — ele deu um sorrisinho. Faria dezesseis anos e não sabia exatamente como se sentir. O que realmente queria Taehyung não poderia dar. — Não sei, você vai precisar usar sua imaginação.

— Isso é fácil.

— É?

— Com certeza.

— Tudo bem, não me decepcione.

— Jamais. — Taehyung sorriu enquanto se apoiava a cabeça no colo de Jungkook que voltou a ler Diário de uma Paixão de Nicholas Sparks. A capa estava um pouco detonada, mas as páginas estavam perfeitas e no tom creme que não machucava suas vistas.

Namjoon decidiu fazer uma parada perto do riacho. Ele e seus amigos que estavam na frente jogaram um pouco de bola e deram um mergulho por ali enquanto Taehyung interrompia a leitura de Jungkook casualmente para trocarem alguns beijinhos escondidos. Taehyung acabou dormindo com o som da água e das risadas dos garotos e, claro, do cafuné maravilhoso que Jeon fazia.

Jungkook começou a soluçar quando começou uma ventania por entre as árvores, apesar disso, o rosto ficou quente assim que leu a próxima passagem do livro.

"— Por que você está me olhando desse jeito?

Só lembranças...

Eu me apaixonei por ela enquanto estávamos juntos, e me apaixonei ainda mais nos anos em que ficamos separados."

Ele precisou morder o lábio inferior para que seu choro se afastasse.

Era demais desejar que Taehyung continuasse se apaixonando por ele por sabe-se lá quanto tempo que ficaria fora? Era justo? Ele marcou a página e guardou o livro na mochila ao lado. Jungkook passou a observar Taehyung e ele se parecia com aquelas pinturas que a tia colecionava por toda mansão, intocáveis, como se fosse extremamente proibido encostar, mas apaixonante demais para Jungkook obedecer o bom senso. Taehyung com certeza tinha sido pintado por alguém apaixonado e era um tipo de paixão que assombraria Jungkook por toda a vida, mas mesmo assim, ele o tocou contornando todos seus traços e pintas. Teve coragem até mesmo de se curvar e dar um selinho em seus lábios ressecados, apesar do óculos atrapalhar.

Contaria sobre sua partida ainda hoje. Não era justo esconder aquilo de Taehyung como se ele não tivesse que enfrentar isso algum momento. Depois de estarem juntos há quase quatro meses, Jungkook não podia trair sua confiança assim.

Pouco tempo depois, os outros voltaram para a caminhonete e foram escutando reggae alto até chegarem perto do vilarejo que moravam. Taehyung acordou eventualmente e eles ficaram conversando e rindo do péssimo vocal dos amigos de Namjoon e do próprio. O céu já estava lilás e laranja, prestes a anoitecer, algumas nuvens se aproximavam delicadamente avisando uma chuva próxima.

— Toma. — Taehyung tirou sua blusa de frio cheia de bottons artesanais feitos com tampinhas de garrafa e colocou nos ombros de Jungkook que estava dando algumas tremidinhas de frio. — Eu posso ser clichê às vezes.

Jungkook revirou os olhos e se aconchegou no abraço de lado que lhe foi oferecido. Jeon faria dezesseis e Taehyung dezessete nos meses seguintes, e ainda assim pareciam pequenos demais para a imensidão do mundo e suas possibilidades. Agora que estava ali, pensava em todos os meses que ficaram brigando por pura implicância mal resolvida. Porém, Jungkook não imaginava outro jeito de acontecerem se não fosse daquela maneira bagunçada e contraditória.

— O que foi? — Taehyung perguntou ao perceber que Jungkook já tinha passado do mundo da lua e estava em algum planeta desconhecido.

— Tenho uma coisa pra te contar.

— Jungkook! Chegamos na sua casa! — Namjoon avisou, parando a caminhonete.

— Vou ficar aqui, Namjoon. Já vou pra casa! — Taehyung anunciou, pulando da traseira e ajudando Jungkook a descer. Alguns pingos de chuvisco começaram a cair aos poucos quando o veículo se afastou. — O que tem pra me contar?

— Bom... não é algo bom.

— Não é? — ele fez uma expressão preocupada. — Está chateado por alguma coisa que fiz? Ou que falei? Ou acabou se apaixonando por algum personagem e viu que eu não sou lá o melhor partido? Ou quem sabe-

— Taehyung! — o chamou, puxando seu braço e rindo da sua afobação. Ele ficou com cara de bobo, piscando lentamente. Era inacreditável como podia fazer Jeon rir num momento daqueles. — Não é isso.

— E o que é, então?

Jungkook limpou a garganta com uma tosse e tentou achar forças nas estrelinhas que deveriam estar no céu, mas só haviam nimbus rodeando eles. — Minha mãe disse que vamos pra Tóquio no fim do ano. — ele encarou os pés. — Tipo pra valer, não só pra viajar.

O silêncio foi o ápice para a chuva começar a varrer aquele lado do vilarejo, molhando os dois como em um banho de consciência. Taehyung não sabia o que responder, nem o que pensar, talvez não soubesse de nada e isso era o que mais amedrontava. Ele olhou para Jungkook cabisbaixo e ficou totalmente triste pensando em como tinha sido péssimo para ele guardar aquilo. — Vamos. — ele cortou o som da chuva com sua voz e puxou Jungkook até estarem na varanda da casa dele, protegidos.

Eles ficaram um tempo no balanço de madeira um pouco absortos nos próprios pensamentos pessimistas. A tempestade só piorou o caos dos corações e os olhos misericordiosos procuravam qualquer prova de que aquilo era só uma piadinha sem graça. Eles se entreolharam e sorriram, um sorriso um pouco triste que Taehyung nunca mais queria ver no rosto de Jungkook.

— Sabe o que eu acho? — Taehyung disse, repartindo os trovões distantes em migalhas. — Acho que perder tempo ficando triste não é muito a nossa cara. — apesar disso, algumas lágrimas tímidas já cruzavam o rosto salpicado de Jungkook. Taehyung tirou seus óculos e fez um carinho na bochecha, chocando as temperaturas. — É a sua cara fazer uma lista com tudo que precisamos fazer antes de você ir embora. — ele riu pelo nariz e Jungkook o acompanhou. — Mas dessa vez eu ficarei encarregado disso. Vou quebrar a cabeça a noite toda pensando nisso, eu prometo.

— Você é idiota, sabia? — Jungkook riu vendo ele juntando os mindinhos na promessa mais triste que já tinha feito.

— Não é esse o meu charme?

— Não... o seu charme é seu cabelo.

— Ei!

Eles riram juntos e se aproximaram mais ainda querendo fazer uma toca de abraços e beijinhos quentes para afastar todo vento gélido que batia contra eles na correnteza. Os narizes se tocaram e os olhos pareciam travar uma briga de orgulho, para quem seria o primeiro bobo apaixonado a ceder. Taehyung desviou os lábios para a testa de Jungkook e deixou um beijinho ali. — Vamos fazer isso direito!

Taehyung o puxou de volta para a chuva, o pegou no colo e girou ele no ar, na valsa gelada e perfeita para o momento. Quando o colocou no chão, todo risonho, eles deram um beijo. Um beijo na chuva, um beijo gelado e efervescente, fez com que todas borboletas aprendessem a nadar naquela ansiedade maravilhosa de um amanhã incerto, mas definitivamente de um amor com todas as letras.

— A gente vai ficar resfriado.

— Verdade. — Taehyung aceitou seu destino. — Não podemos nos dar o luxo, temos uns bons meses cheios de compromissos.

Jungkook sorriu e assentiu, com os braços pendurados no pescoço dele e as testas agora encostadas, tentando se acalmar. — Vem amanhã?

— Venho todos os dias. — ele cochichou. — Você vai até se enjoar de mim.

— Vou? Espero que sim... — ele riu da cara feia que Taehyung fez. — Vai logo.

— Não sei se tô pronto.

— Taehyung! — Jungkook exclamou, com os lábios começando a tremer durante seus sorrisos.

— Boa noite, chatinho.

— Tchau. — eles se afastaram, se segurando pelos dedinhos.

Jungkook se escondeu na varanda e observou Taehyung correndo como se já não estivesse totalmente ensopado até sumir do horizonte. Jeon queria se esconder naqueles parágrafos românticos que estavam escrevendo nas condições mais atípicas e cafonas. Não queria que a tinta da caneta acabasse ou que os papéis derretessem na chuva antes de terem a oportunidade de completar a próxima frase, o próximo abraço, o próximo sonho acordado com cheiro de frutas vermelhas, maçãs e manteiga.

Um coração é um fardo pesado de se carregar.

🍏

O que Jungkook mais temia de acontecer, não aconteceu graças a Taehyung que enchia seus dias de sobremesas e pequenas aventuras, tomando conta de cada pedacinho da semana. Basicamente, Jeon não teve tempo de travar batalha nenhuma com o relógio e o calendário para que fossem sem pressa para o futuro. Até deixou Barriguda de vigia para caso o tempo decidisse passar mais rápido, mas acabou se esquecendo que tinha um prazo para ir embora conforme Taehyung ocupava seus pensamentos assim que acordava e ia dormir.

As noites continuavam frescas e os dias não eram comidos pela escuridão antes da hora. Mas naquele dia Jungkook estava de pé antes do amanhecer, com uma malinha no pé da cama e os fones no ouvido. Jimin deu o walkman para ele, um presentinho de despedida. Jungkook estava esperando Taehyung chegar para irem visitar a tia-avó Injoo de novo que insistiu no convite quando soube que Jeon iria para o Japão.

Jungkook quase atravessou o teto quando pulou de susto ao ouvir batidinhas na janela. Taehyung estava lá o esperando e ele foi prontamente abrir os trincos. Antes que dissessem qualquer coisa ele encostou a ponta do narizinho gelado dele no seu. — Bom dia, Jungkook. Ansioso?

— Não mais que você. — ele disse, observando leves olheiras embaixo dos olhos inchados de Taehyung. — Parece que nem dormiu.

— Tá tão na cara? — ele tirou a mochila das costas assim que pousou os pés no quarto.

— Tá literalmente na cara. — Jungkook deu um sorrisinho.

— Mas você também não dormiu... se você estivesse dormindo eu ficaria congelando lá fora.

— Ficou frio do nada, né?

— Sim... — ele fez um biquinho pensativo antes de sorrir travesso. — Ei, Jungkook. — chamou a atenção dele. — Eu que pedi esse friozinho, sabe pra que?

— Hm? — Jungkook não deu muita bola e se sentou na beirada da cama.

— Pra ficar agarradinho com você. — dito isso, ele pulou para cima de Jungkook amassando ele como um padeiro nada dedicado. — Ai, ai, assim mesmo. — ele continuou o abraçando e apertando. Jungkook ficou rindo, é claro, não conhecia ninguém mais idiota que Taehyung.

— Se eu tivesse de óculos você teria causado um acidente grave.

— Se você tivesse de óculos eu tiraria pra te dar beijinhos. — Taehyung, finalmente quieto, disse enquanto fazia carinho no cabelo de Jungkook. — Me poupou um trabalhinho.

Eles dividiram alguns beijinhos sonolentos e mentolados de pasta de dente, mas em pouco tempo acabaram dormindo. Kaori e Anri tiveram que acordá-los aos gritos e Barriguda a cacarejos.

— Ah, que garotos preguiçosos, vão passear e ainda ficam dormindo. Ai, que irresponsabilidade. — as duas estavam decepcionadas de uma forma engraçadinha de ver. Logo, os dois estavam sendo empurrados para a carruagem, como príncipes sonolentos da primavera.

— Vai entender, ela tem tanto dinheiro e ainda usa carruagem ao invés de carro.

— Ei, Kaori. — ela a chamou. — Desde quando ricos fazem coisas que fazem sentido. — deu uma panada nela. — Tá ficando velha e burra?

— Anri, não fala besteira. Até o Minhee é mais inteligente que você.

As duas trocaram suas farpas até que o transporte sumisse para dentro da estrada e elas fossem para dentro fazer suas tarefas do dia.

Até chegarem na pequena mansão escondida, os dois dormiram e de vez em quando conversavam meio sonâmbulos. Taehyung e Jungkook foram recebidos com muitos abraços e entusiasmo, tomaram um café da manhã delicioso, com direito a arroz, missô, tamagoyaki e tanuki udon. Injoo tinha feito questão de fazer aquela refeição do jeito que Junko gostava quando moravam no Japão e os dois devoraram tudinho, mas não ficaram tão cheios ao ponto de recusar uma bela fatia de torta de maçã.

No primeiro dia, eles apenas descansaram da viagem, conversaram e leram alguns livros da biblioteca dali. Chegaram até a passear pelo jardim, ensaiando poesias para recitarem no encontro do clube do livro que teria no domingo. À noite, os dois se esgueiraram pelos corredores de carpete e se beijaram frente às artes emolduradas e, como nos poemas que leram o dia todo, estavam tentando memorizar cada pequena sensação e beijo como se fosse o último.

— Qual você escolheu? — Jungkook sussurrou.

— Amanhã você vai descobrir. — respondeu e Jungkook até não podia ver, mas sabia que ele já esbanjava um sorrisinho bobo de quem ia aprontar.

Eles voltaram para o corredor dos quartos que estavam hospedados e se despediram na porta. — Boa noite, Tae. — Jungkook disse, os braços enrolados no pescoço dele e seu narizinho no cangote, sentindo o cheiro bom de maçã verde que sempre estava com ele.

— Certeza que não quer que eu durma aqui?

— Certeza.

— Tudo bem, então. Até amanhã. — ele se atreveu a dar mais vários beijinhos de boa noite nas sardinhas de Jungkook. Era sua mania agora. E como um sonho de pernas e pijamas, Taehyung foi para sua cama.

Jungkook amanheceu com o sol invadindo a fresta das cortinas e se deparou com uma borboleta o encarando dormir da mesa de cabeceira. Acordou de um sonho que Sol ainda estava vivo. Na sala de sua antiga casa, ele, Sol e Taehyung assistiam filmes enquanto a chuva lavava a cidade. Sol estava dormindo entre eles enquanto devoravam pipocas e biscoitos de chocolate com um cafezinho doce. Fazia tempo que um sonho não apertava seu coraçãozinho em tantas saudades assim.

Se sentia culpado de estar vivendo dias felizes sem Sol, mas sabia que seu gatinho também estava muito bem onde quer que estivesse.

Depois de se arrumar e tomar um bom banho quente, Jungkook pegou o calendário da mochila e se torturou um pouquinho com a pressa que os dias estavam avançando naquelas últimas semanas. Era sua maneira de se acostumar com a ideia. Todo dia que se passava ele colava uma figurinha de carinha feliz em cima, bom, também estava ansioso para descobrir como sua nova vida seria.

As horas passaram bem coloridas conforme os encarregados da casa posicionavam as decorações em seu "indevido" lugar. Jungkook se sentia dentro de um carnaval de letras, flores e tudo que era bom e alegre num cômodo só.

Jungkook se vestiu do jeito que gostava dessa vez e não de forma engomadinha. Ele estava usando seu macacão e sua camiseta branca de listras verdes, uma roupa clássica de Jungkook. Ele estava usando os novos sapatos que a tia o presenteou pela manhã que era da sua cor preferida, verde clarinho.

Taehyung estava na mesma página que Jungkook, não havia roupa com mais personalidade que aquela calça marrom esvoaçante, a camiseta cheia de gravuras de libélulas e suspensórios! Era sua cara. Dessa vez, Jungkook não estava desesperado em se encaixar, achava até graça em ser destoante do resto. Apesar disso, a tia-avó não deixou que ficassem apagados e, com isso em mente, emprestou uma boina francesa a Jungkook e para Taehyung ela tirou do armário uma boina oito gomos.

No salão tinha música e sons de conversa, uma mistura de jazz e vozes de todo tipo. Jungkook estava no canto comendo todos docinhos que encontrava e Taehyung conversava com alguns outros adolescentes que pelo visto também tocavam instrumentos. Jungkook ria toda vez que Taehyung dispensava alguma garota de vestido bonito. Ele via que toda sua insegurança tinha descido rio abaixo conforme estava aprendendo coisas simples da vida.Taehyung de vez em quando sorria de longe, como se soubesse todas as coisas que fazia Jungkook sentir com aquele charme.

De repente, a tia de Jungkook apareceu no meio do salão como o astro responsável por fazer todas aquelas pessoas orbitarem em poesia. Um círculo torto foi montado, Taehyung estava de frente para Jeon. Sem a boina, seu cabelo fazia a bagunça que queria. Kim estava lindo.

Todo mundo tinha um poeta preferido para citar na roda, Jungkook tinha batido palmas mais vezes que pôde contar e agora não se importava muito com em desconhecer os nomes dos autores, nem mesmo se entendia ou não o que queriam dizer. Para Jungkook, a poesia devia ser como amor, cada um tem um pra si. Nem todo mundo ama do mesmo jeito e com as mesmas palavras.

Jungkook resolveu não ler nada e mesmo sabendo que Taehyung estava com algum poema na ponta da língua, ele se assustou ao vê-lo se levantar.

— Bom... hoje eu vou ler algumas palavras gentis de um desconhecido. — ele riu de nervoso. — Começa mais ou menos assim... — ele tossiu e olhou para Jungkook, encontrando força e coragem em seus olhinhos curiosos e nas bochechas coradas. Sorriu. — Na primavera eu colhi sorrisos e choveu coca-cola. Masquei mil chicletes pra matar a ansiedade de ir embora. Plantei uma semente de inverno em toda memória junto de você... Pra congelar e proteger nosso clichê. — Jungkook o encarava, como o resto das pessoas, mas Taehyung estava com muita vergonha para manter o contato visual.

"No outono, fizemos anjos de folhas secas

Trocamos beijos com sabor de geleia de ameixas

Dançamos, sem saber dançar

Amamos, sem saber exatamente como a amar

Juntos, fizemos todos filmes de romance parecerem curtos demais

90 minutos são para paixões triviais"

Taehyung nunca esteve tão perto de chorar na frente de tanta gente. Enquanto lia, percebia que seu poema era tão idiota e não fazia jus a tudo que estava sentindo. Talvez, jamais conseguiria explicar em palavras perfeitas o que acontecia com o seu coração quando via Jungkook nas músicas que tentava tocar na guitarra, nas flores que colhia a caminho de sua casa, nas nuvens e nos seus sonhos. Taehyung encontrou mais um pouco de força e coragem no sorriso cúmplice que Jungkook esbanjou.

"O verão está impaciente, batendo na porta

A esse ponto, não sei se isso importa

Mas guardarei todas minhas estações

Para quando nossos corações

voltarem a bater no mesmo abraço apertado"

Jungkook desejou que Taehyung tivesse conhecido Sol.

Os convidados bateram palmas e até se levantaram. A tia deixou escorrer uma lágrima orgulhosa e emocionada. Mas nada foi como olhar para Jungkook, ainda sentado, sorrir olhando para baixo, acanhado demais para admitir que Taehyung o tinha feito de bobo.

A noite não demorou a pintar o céu dali, Jungkook e Taehyung também não demoraram a perambular pelos quartos da mansão. Com muita vontade de fazer coisas não ditas e nunca pensadas antes, Taehyung colocou uma música para tocar no toca-disco e levou Jungkook para dentro de sua dança desengonçada. Era só uma desculpa para ficar o mais perto possível, abraçá-lo enquanto cantava em seu ouvido, sentindo o corpo dele tremer ou de risadas ou de pequenos nervosismos. Não precisavam gastar tempo conversando, nenhuma palavra em nenhum idioma seria capaz de aliviar o aperto de uma saudade de alguém que estava bem ali.

Taehyung o abraçou por trás e fez do pescocinho dele seu recanto, aquele cheirinho bom de baunilha e o jeito que ele se arrepiava fácil, fazia cócegas na boca de Taehyung. Depois disso, os dois se vestiram de vestidos chiques e antigos que encontraram no armário, brincando de girar a saia rodada e agir como as madames do clube do livro que encontraram mais cedo.

Cansadinhos, se jogaram na cama e, de mãos dadas, dormiram sentindo que a vida era boa demais quando estavam lado a lado. Jeon Injoo apareceu por ali mais tarde, os cobriu com uma coberta felpuda e guardou o disco na prateleira. Antes de voltar para cama, sorriu vendo os dois embaladinhos num romance pueril que ela sentia saudade de ser a protagonista. Ela apertou o relicário na mão e sonhou que estava na praia com Junko, quando ainda tinham pouca idade para reconhecer que se amavam.

Na manhã seguinte, os garotos acompanharam a tia num delicioso café da manhã antes de partirem e os três conversaram sobre o dia anterior, sabendo que demorariam a participar de algo assim juntos novamente.

Injoo fez questão de dar um apertão nas bochechas de Jungkook e fazê-lo prometer de dedinho que escreveria para ela. Depois de um abraço com cheirinho de casa, Jungkook entrou na carruagem que os levaria de volta. Não entendia o porquê a tia não tinha carro, no entanto, até achava divertido e se sentia bem como um príncipe andando naquilo.

— Taehyung! — ela o chamou antes que ele entrasse no veículo. — Aqui, leia essa carta quando chegar em casa. — ela sorriu, do jeito carinhoso de sempre. — Sabe... você e o Jungkook me lembram muito de mim e de Junko.

— Oh? Sério? — Taehyung foi pego de surpresa e por isso sua cara ficou toda vermelha. Ela já tinha contado a história das duas, uma linda história que escreveram juntas, e Taehyung ficava feliz só de pensar em ter uma vida como a delas com Jungkook, no futuro. — Obrigado, tia.

— Vão com cuidado. — ela deixou um beijo fraternal em sua testa e ficou pensando que na próxima visita aquelas dois estariam bem maiores que ela. Não havia muito o que ser feito. Mas era feliz pela vida que tinha levado, então, sua velhice era algo para se orgulhar.

— Tchau! — ambos gritaram da janela da carroça e sumiram com o som do galopar dos cavalos.

Antes de entrar em sua casa, Injoo abriu novamente o colar relicário que sempre usava. Suspirou e fez um breve carinho na fotografia de Junko. Se ela estivesse ali teria brigado com a Jeon, afinal, fazia os pobres garotos cansarem com uma viagem tão antiquada ao invés de deixá-los ir de carro. Junko diria que não era culpa dela ter lhe presenteado com um carro e ela ter falecido após um acidente nele. Se Junko estivesse ali, Jeon Injoo não teria que se preocupar com coisas assim e estaria ainda mais orgulhosa e feliz de estar viva.

— Que foto será que ela guarda naquele relicário? Minha vó tem um igual com a foto de Minhee. — Jungkook balbuciou.

— Hum? — Taehyung parou para pensar um pouco, mas a resposta era óbvia. — Acho que de Junko...

— Ah...

— Ei. — Taehyung o chamou. — Você quer uma foto minha pra pôr num colar? — ele piscou os cílios de forma sugestiva.

— Que? — Jungkook disse. — Ah, para de falar besteira.

— Vou procurar lá em casa quando eu chegar.

— Hã? Enlouqueceu de vez Taehyung?

— O que? Eu vou querer uma sua também.

— Por que isso de repente? — Jungkook ainda estava se acostumando com aquele Taehyung meloso. Era engraçado, seu rostinho ficava contorcido em uma caretinha fofa e as sardinhas pareciam triplicar.

Taehyung guardaria Jungkook e todas suas sardinhas em seu colar, mas caso o perdesse, ele sempre teria um lugarzinho em seu coração; não em fotos, mas em lembranças bonitas e íntimas demais para serem fotografadas.

Jungkook dormiu em seu ombro, sereno, e Taehyung pensou em um novo item para a lista: beijar todas as pintinhas de Jungkook até decorá-las.

🍏

Jungkook e Taehyung estavam deitados em um lençol quadriculado de piquenique, no entanto, estava escuro demais para dizer exatamente de que cor era. Apesar de ser um pano mais grosso, a grama ainda pinicava através do tecido e as formiguinhas faziam trilha por seus pés, numa cosquinha que já deixava Jungkook nostálgico. O cheirinho de noite no sertão, o som distante do deságue da cachoeira e o céu estrelado, vivo, como se os dois tivessem entrado num belo quadro de cores e saudades eram os convidados do seu piquenique de despedida. Saudade, era tudo o que Jungkook tentava não pensar, não sentir. Mas era inevitável, toda vez que olhava para Taehyung um bolo de palavras e lágrimas se embolava na língua e Jungkook engolia, por não ter mais nenhuma opção.

Tinha passado aquele dia com a família, longe de Taehyung. E só o fraco gosto de não estar junto era amargo, mas isso não atrapalhou seu dia por inteiro. Jeon brincou, comeu de todas as gostosuras que tinha direito e cantou com avós no karaokê improvisado. Era isso que Jungkook mais temia, superar a distância completamente. Queria que Taehyung ficasse tão cravado em seu coração quanto suas iniciais no tronco de mais árvores que podia se lembrar. Fizesse chuva, sol ou caísse neve suficiente para cobrir o mundo, Jungkook queria que o pensamento em Taehyung não fosse embora com o tempo. Não queria esquecê-lo, sua voz, suas manias e seu jeitinho chato de implicar com Jungkook em toda oportunidade.

Não queria esquecer seus beijinhos de maçã verde.

Amadurecer doía demais quando Jungkook pensava nisso, porém uma parte em si já sabia que amadurecer seria automático e viria tão depressa que não perceberia, seria tão sorrateiro como lágrimas na chuva.

Ele mordeu o lábio inferior e olhou para Taehyung, mas ele já estava o encarando com a boca suja de chantilly e os olhos enfeitados de glitter. Seus dedos estavam brilhando também, não tanto quantos suas íris marejadas, mas o suficiente para deixar um rastro cadente por onde passava as pontas dos dedos. Ele fez um carinho na bochecha de Jungkook e sorriu.

Diferente do que pensou, não estava se sentindo mal ou absolutamente triste como nos dias anteriores. Ao pensar na partida de Jungkook, algo agitava seu sangue e fazia sua boca salivar, como se o corpo quisesse se defender da saudade. Mas não havia nenhum sentimento parecido com tristeza, mesmo quando o ajudou a empacotar suas coisas, Taehyung só conseguia ter certeza de que essa não era a última vez que se veriam. Talvez fosse estranho, mas estava feliz. Não queria aborrecê-lo com choros ou perguntas que não saberiam responder. Queria que Jungkook viajasse despreocupado. Não era uma despedida para sempre, então não tornaria o piquenique noturno deles num funeral de estrelas e corações.

— Sua tia-avó me deixou uma carta. — ele disse, enquanto seus dedos agora brincavam com o pingente de seu relicário dourado. Taehyung sorriu bobo, pensando que nunca estaria sozinho com a fotinho de Jungkook sempre com ele. Seu medo de ficar solitário não fazia mais tanto sentido agora. — Ela disse que eu podia ir morar com ela e estudar música na escola de artes de lá. Sabe? Pra fazer o curso de música... Contanto que eu acordasse cedo para ir de carroça. — ambos riram e se encheram de felicidade. Jungkook estava orgulhoso de Taehyung.

— Você já tocou música até pra minha tia e pra mim não. — Jungkook resmungou.

— Porque esse vai ser meu presente quando a gente se reencontrar. — Taehyung virou completamente em direção de Jungkook e ele fez o mesmo, cheio de pequenas alegrias tingindo suas bochechas. — Então todo ano você vai me dizer qual é a sua música preferida e eu vou aprender, esperando que a gente se encontre enquanto ela ainda é sua música preferida.

— E se demorar? — Jungkook disse, ainda que fosse algo pessimista de se falar aquele ponto, com Taehyung ele não tinha que se policiar, podia ser honesto sobre suas inseguranças. Por isso se davam bem.

— Não importa, por você eu aprendo um milhão de músicas novas. — Taehyung sempre sabia o que dizer. Jungkook invejava isso nele.

— Você vai ser o maior musicista então... — Jungkook riu.

— Graças a você. — sussurrou. Sua feição não era mais brincalhona, era um misto de ansiedade, gratidão e vontade de beijar. Até mesmo quando estava bravo com Jungkook, a vontade de beijá-lo nunca sumia. Era sua coisa preferida sobre eles. — Você vai me ligar, né? — Jungkook assentiu. — Vai mandar cartas? — Taehyung fazia seus pedidos com a devida importância que dava aquilo.

— Vou.

— Me mande fotos também... e conta tudo pra mim. Até as coisas ruins.

— Tudo bem... — Jungkook não queria chorar. Estava com medo de piscar e Taehyung sumir, como um amigo invisível que nunca teve, um amor que nunca deixou as páginas do seu caderno. — Você também... precisa me contar tudo da escola de artes!

— Eu vou, sem dúvidas. — Taehyung mordeu os lábios e encostou ambos narizes. — Tudo mudou muito rápido, né?

— Sim...

— Mas eu nunca vou mudar, Jungkook. — Taehyung disse, seus olhos estavam fechados e Jungkook sentia o cheirinho de maçã verde nas suas palavras. — Não importa quanto tempo passe, dois, dez, vinte anos... quando você voltar, estarei exatamente aqui.

Jungkook sorriu fraquinho, acreditando na promessa com todo seu coração. Era o que podia fazer por enquanto. — Eu vou voltar. — agora, o sabor de morango de suas palavras se uniam ao de maçã verde das de Taehyung num beijo cheio de pequenas e imensas promessas, sonhos e medos.

Jungkook não imaginava o quanto o amor podia ser doce e ácido como sua geleia preferida. Ele ainda tinha muitas aventuras e páginas pela frente, mas Taehyung sempre seria seu capítulo preferido.

— Vamos? — Taehyung o chamou, depois de terem organizado tudo o que trouxeram na cesta.

— Vamos. — Jungkook correu até chegar perto dele e entrelaçou os dedos de imediato.

Eles tinham trocado de camiseta para não se esquecerem do cheirinho bom um do outro durante o tempo que ficassem separados. Jungkook tinha conseguido a camiseta do Ênio e do Beto e Taehyung uma da coelhinha Miffy. Eles desceram a colina com sorrisos no rosto e cruzaram o mar de vagalumes trocando conversas bobas, como se fosse mais um dia e que amanhã aprontariam juntos de novo.

Jungkook não aguentou as lágrimas quando teve que se despedir de Barriguda. Ele pediu as avós que o mandassem notícias sobre ela e deixassem a galinha dormir em seu quarto. Abraçou todo mundo mais de três vezes e quando finalmente estava no carro dos pais, Jungkook abriu o presente de aniversário adiantado que Taehyung o entregou antes de partir.

Quando o papel de embrulho já estava jogado ao seu lado, ele viu um lindo álbum de fotos decorado com desenhos, figurinhas, origamis e mais algumas coisas coloridas. Bem a cara de Taehyung. No primeiro espaço vazio de tantos outros tinha um desenho que supôs ser ele, Taehyung e Barriguda. As folhas tinham cheirinho de casa, da roça e haviam vários itens espalhados nos plásticos como buquês de origami, balas e os caramelos preferidos de Jungkook.

Um bilhetinho estava colado na primeira página. "Para você encher de fotos suas e minhas quando eu puder te dar uma kodak".

Com o álbum em mãos, Jungkook soube que Tóquio até não podia ser logo ali na esquina, mesmo assim, ele construiria todo dia uma ponte até o vilarejo, seja por cartas ou ligações, não importava...  Afinal, amava Kim Taehyung como amava geleia de maçã e dias de Sol. Jungkook encheria aquelas páginas com memórias, assim como Taehyung encheu seu coração de carinho, saudade e um amor tão jovem e vivo que borboletas pulavam para fora de seus lábios quando lembrava da sensação de ser beijado pela primeira vez.

Se o amor que sentia conseguia ir à lua e voltar, Jungkook tinha certeza que ele e Taehyung dariam um jeito de se encontrarem nas mesmas linhas tortas e com cheirinho de caneta em gel brilhante de novo.  








não quero me despedir dessa história :(

mas quero agradecer a cada um que comentou, deu estrelinha e leu "afinal, a maçã não caiu na cabeça de Jungkook". com o apoio de vocês, consegui chegar aqui ૮꒰˶˃̵ ^ ˂̵˵꒱ა

espero que tenham gostado de ler o mesmo tanto que amei escrever 'afinal' 

ε('•᎑•')っ♡ nos vemos numa próxima, bjs! 

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