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epilogue: afflatus

⚠️ TW (AVISO DE GATILHO):
Luto

Caso não se sinta bem lendo sobre o tema, não recomendo a leitura do capítulo e, por favor, peço que leia apenas as notas pelo bem da sua própria saúde mental.


JUNHO DE 2021


     LEWIS ATENTOU-SE A CADA DETALHE DA CASA ESTILO VITORIANO e se acomodou na poltrona próxima à janela bay window. Era verão, mas por algum motivo chovia. E chovia forte. As árvores do lado de fora balançavam para lá e para cá, as folhas das copas formando um carpete natural no chão.

Londres podia ser bastante louca às vezes, mas, no fundo, ele gostava disso. É melhor alegrar-se com a imprevisibilidade da natureza do que se chatear com ela, Brooke sempre dizia. 

Ele olhou para dentro da casa outra vez e viu Dalmi descer correndo as escadas que davam para o primeiro andar. Aos seis anos ela já parecia uma mocinha, tão esperta, bonita e comunicativa. A cada dia se parecia mais com Brooke — exceto pela altura, Dalmi era alta para sua idade.

Esse primeiro ano não vinha sendo nada fácil, lidar com a saudade era estarrecedor e ficou ainda mais difícil na semana retrasada, no aniversário de um ano da morte de Brooke, mas ela vinha aguentando bem. Todos vinham aguentando bem. É claro que vez ou outra sentiam a dor apertar um pouco mais, aprender a conviver com a falta de uma pessoa amada nunca se mostra ser uma tarefa fácil, mas de pouco em pouco iam se reerguendo. 

Sempre que ia até a casa de Brooke, onde Margaret agora morava com a neta e uma enfermeira que lhe prestava atenção e cuidados diários, Lewis desabava ainda na porta. Poderia fazer isso em qualquer parte da residência, mas era meio difícil aguentar aqueles sentimentos quando a primeira coisa que via quando pisava no hall era um quadro gigante com uma pintura de Brooke, Dalmi e ele.

Embora quisesse se livrar desses sentimentos o quanto antes, não tentava apressar o próprio luto. Estava fazendo terapia, tinha o apoio de pessoas incríveis e sabia que cada pessoa possui seu tempo para lidar com certas dores. Não seria justo consigo mesmo apressar um processo que poderia ser naturalmente devagar. 

Lewis suspirou, passando a mão pelo rosto. Ajeitou a postura e sorriu para Dalmi, que agora corria saltitante em sua direção. A menina se jogou em seu colo e lhe deu um abraço apertado, daqueles que lavam a alma e te engrandecem e confortam mesmo nos piores momentos. Ele retribuiu da mesma forma, deixando um beijo no topo da cabeça dela. 

Ao se afastar, sorriu ainda mais. Ela estava radiante e parecia cheia de energia. Talvez fosse a expectativa de fazer o que eles combinaram para aquela noite. 

— Estava com saudades de você! 

Os olhos do piloto brilharam. De fato, Dalmi se tornara uma peça crucial do quebra-cabeça de sua vida. Amava quando ela ligava, mostrava seus brinquedos novos e pedia ajuda nas tarefas de casa. Certa vez, a menina até pediu que Lewis fizesse uma visita à turma dela no Dia das Profissões — dia bastante especial no qual os alunos costumavam levar os pais para que eles falassem sobre seus respectivos trabalhos. E é claro que Lewis foi e gerou uma comoção sem precedentes na turma de Dalmi e no restante da escola, afinal de contas, não é sempre que um piloto de Fórmula 1 aparece para falar um pouco sobre como é a vida nas pistas. 

— Também estava com saudade de você, sweetheart. — ele disse enquanto brincava com o cabelo dela. As pernas de Dalmi balançavam sem parar acima das suas e sua animação era evidente. Bom, era sempre uma maravilha encontrá-la assim, tomada por energia e com a mente fervilhando de ideias mirabolantes para o restante da noite. — Como foi o seu dia?

— Foi bom — balançou os ombros, importando-se pouco em explicar os detalhes dele. Dalmi apoiou a cabeça no peito de Lewis e segurou sua mão, brincando com os anéis prateados que envolviam-lhe os dedos. — Eu quase não prestei atenção na aula. Fiquei ansiosa para ver a noite chegar. 

— Dalmi Losen! — Lewis encarou-a com os olhos semicerrados. — Você não prestou atenção na aula?

— Não muito… — admitiu. — Mas não se preocupe, ok? Eu sou inteligente. Vou tirar boas notas. 

O piloto foi incapaz de controlar a risada. Ela era tão articulada e esperta para sua idade, uma garotinha fora do comum. Tinha tudo para ser a melhor no que quer que resolvesse fazer ao se tornar adulta. 

— Ela ficou a tarde inteira olhando pela janela para saber se o sol já estava se pondo. — Margaret despontou no corredor que ligava a sala de jantar à sala, trazendo consigo uma bandeja com um prato de porcelana cheio de cookies que ainda fumegavam e dois copos de leite. Era o que Lewis e Dalmi sempre comiam e bebiam quando estavam juntos. — Essa garota vira outra quando você vem visitá-la, Lew!

— Espero que ela não te dê muito trabalho por conta disso, Margie — riu, fazendo menção de se levantar para ajudar a senhora com a bandeja. Antes que pudesse tirar Dalmi do colo, Margaret alcançou a mesinha ao lado da poltrona e balançou a cabeça. 

— Não precisa se levantar, querido. Eu estou bem. — sorriu afetuosa. — Eu e Andie estaremos na biblioteca fazendo alguns tricôs, tudo bem? 

— Não quer mesmo ficar aqui com a gente? — Lewis ergueu as sobrancelhas, sugestivo. 

— Esse momento é de vocês. Venho outra hora. Divirtam-se 

Ele sequer teve tempo de tentar convencê-la do contrário: Margaret lhe deu as costas e voltou pelo caminho que fizera anteriormente, andando bem devagarzinho e observando os detalhes da casa. Em um ano ela ficara um tanto debilitada, a doença ainda não identificada tirara boa parte de seu vigor, mas absolutamente nada era capaz de impedi-la de fazer o que gostava: cozinhar, receber visitas, fazer tricô e brincar com a neta. 

Lewis gostaria de poder fazer mais por Margaret, mas não era como se ela deixasse ele, nas palavras dela, "perder tempo com uma velha qualquer". 

— E então? — Dalmi tirou-o do transe. Espichou o braço para alcançar o cookie no topo da pilha e tornou a se acomodar. — A gente já pode ler?

Os olhos dela brilhavam como dois globos de neve. Dalmi amava ler e ouvir as pessoas ao seu redor contarem histórias. A história que eles planejaram ler naquela noite, no entanto, era especial. Especial demais, para ser mais exata. 

— É claro que sim, Dal — Lewis sorriu e alcançou o livro escondido do outro lado da poltrona. Quando a garota o viu, arregalou os olhos e bateu palminhas. Não tardou a pegá-lo da mão de Lewis e deslizar a mão pela capa dura e de cor lilás brilhante. — Você gostou?

— Eu amei! — com os olhinhos marejados, continuou a tatear o livro com delicadeza. Em seguida deixou-o apoiado nas próprias pernas e agarrou-se a Lewis. 

Em resposta, ele beijou sua testa e apoiou o rosto em sua cabeça. Cerca de dois meses após o velório de Brooke, a editora em que ela trabalhava entrou em contato com Margaret e Lewis para informar sobre a publicação do primeiro livro dela. Todos ficaram chocados e confusos, a princípio. Afinal de contas, Brooke não disse nada sobre ter enviado o esboço para a publicação, muito menos sobre ele ter sido aprovado. Bom, deveriam ter imaginado que Brooke Losen ia manter tudo em segredo. 

O título e o enredo continuaram às escuras até a publicação do livro ser oficialmente anunciada nas redes sociais. E cerca de um ano depois, ele foi lançado na Inglaterra e em diversos outros países. Brooke Losen se tornou uma autora oficialmente publicada. 

Lewis e Dalmi combinaram de abrir o livro pela primeira vez quando estivessem juntos. De alguma forma sabiam que era isso que Brooke desejaria e faria caso estivesse viva; de jeito algum ela os deixaria ler caso não estivessem reunidos, não importava se semanas ou meses tivessem se passado desde a publicação. 

Bom, o livro fora entregue aos devoradores de romances uma semana e meia atrás e ali estavam eles, prestes a ler as primeiras páginas enquanto comiam cookies, bebiam leite e ouviam o respingar da chuva do lado de fora da casa.

Lewis apertou Dalmi ainda mais, tentando confortá-la o quanto podia. Sem perceber, também derramou algumas lágrimas. Ele nunca se conformaria com o que aconteceu naquele dia. Era para ser uma tarde normal, uma tarde de diversão entre os três; entretanto, o sonho, o conto de fadas se tornou um pesadelo. 

Vez ou outra o piloto se pegava pensando no passado, no presente e no futuro. Como ele estava no dia em que ela se foi, como estava no momento atual e como estaria tempos depois. Era tão estranho ver a dor sofrer picos e baixas e se transformar em sentimentos que ele não seria capaz de entender sozinho, e mais estranho ainda ver o tempo passar.

Porque quando alguém morre, uma das piores coisas, além da saudade, é ver o tempo ir embora. Porque a cada dia, a cada semana, a cada mês e a cada ano que que se vai, nos distanciamos mais de quem tanto amamos. Hoje estamos mais longe do nosso amor do que estivemos ontem, ano passado e no dia posterior ao que tudo aconteceu. É doloroso pensar que a vida continua, aprendemos a existir e evoluir em um mundo sem a pessoa e que, por mais que desejemos, o tempo não volta. 

Para Lewis, olhar para trás e ver que um ano se passara desde perdera Brooke, doía. A dor que sentia naquele momento era mais intensa do que a que eu sentiu no dia em que seu mundo perdeu as cores, no dia que veio depois e no outro também. Porque se olhasse para trás, ainda poderia se lembrar com exatidão de como foi o último encontro que tiveram, poderia dizer que a viu pela última vez algumas horas antes, mas, naquele dia, quando voltava sua atenção para o passado, tudo estava turvo. Muito tempo se passou, muitas histórias se perderam no caminho e, por mais que esticasse seu braço para tentar alcançar suas últimas lembranças, tudo estava longe demais. Ele não a vira pela última vez duas, quatro, oito horas atrás. Ele a vira pela última vez um ano atrás. 

E, por mais que trezentos e sessenta e cinco dias ou mais seja muito tempo para ficar sem ver uma pessoa que amamos e continuar guardando todos os mínimos detalhes dos melhores momentos vividos, é muito pouco tempo para entender que o passado não volta e se torna presente, que o que aconteceu não pode ser desfeito, que por mais que você lute para que a dor vá embora de uma vez, ela não vai, e, principalmente, que aquela vez foi realmente a última vez, e não mais um dos incontáveis "te vejo mais tarde" que compartilhamos ao longo da vida.

Lewis costumava refletir na terapia sobre como era louco pensar no quão rápido o tempo passa e em como as coisas, apesar de terem mudado, continuam as mesmas. 

De qualquer forma, vinha se agarrando no apoio que tinha, nas responsabilidades que adquirira na vida e no fato de que, não importasse para onde quer que olhasse, veria Brooke. Fosse em seu guarda-roupas, nos livros que ela lhe dera, em Dalmi e Margaret, nos áudios que ainda tinha no celular, nas fotos espalhadas pela galeria, em inúmeras coisas que encontrava ao longo do dia. E isso não era ruim. Era bom, na verdade. Porque conforme a dor da perda ia se abrandando, ele também podia matar um pouco da saudade. 

Todos eles podiam fazer isso, no fim das contas. De pouco em pouco, de degrau em degrau, iam seguindo o rumo da vida e aprendendo que tudo vem e vai, que está tudo bem chorar, está tudo bem querer ajuda, está tudo bem ter carinho pelas pessoas eternas gravadas em nossos corações. 

— Eu estou bem, eu estou bem — Dalmi ergueu o rosto de supetão, limpando os cantos dos olhos. Lewis riu. 

— Tem certeza? Você sabe que… 

— Que está tudo bem chorar e sentir tristeza. Eu sei. — a menina abriu um sorriso largo e tornou a encarar o livro. A cor principal da capa era roxa, mas também havia vermelho e amarelo nela; uma mistura de cores diferente e muito bonita. De uma árvore de copa enorme saía um galho robusto, responsável por segurar um balanço de corda cuja visão era um belo vale. E três pessoas estavam paradas ao lado do balanço. — Podemos abrir?

— É claro, sweetheart.

Dalmi entregou o livro a Lewis e juntou as mãozinhas, cheia de expectativa. O piloto a encarou pelo canto do olho, tão feliz que mal podia se explicar. Feliz por ter Dalmi, feliz por ter aquele livro em mãos, feliz por ser quem tinha se tornado e quem desejava ser mais tarde. Sempre seria grato a Brooke pelos presentes que ela lhe dera e pela forma que o ajudara durante o tempo em que estiveram juntos, nunca querendo tomar as rédeas de tudo, mas deixando-o livre para decidir o que fazer e contar com ela nos bons e maus momentos.

Agora ele desejava fazer o mesmo por Dalmi. Duas das pessoas mais especiais de sua vida. 

— Então vamos lá.

Lewis abriu o livro e o cheiro de páginas novas tomou conta do ar, fazendo-os suspirar profundamente. Virou a página que continha o desenho da capa em preto e branco e chegou a que continha o título impresso, também em preto e branco.

Afflatus.

— O que significa essa palavra? — Dalmi quis saber, apontando o dedo para a palavra centralizada na página.

— Uma vez eu ouvi sua mãe dizer que é uma palavra de origem latim que significa "o ato de soprar ou respirar". — ele explicou, buscando na memória as exatas palavras que Brooke usara. — Ela deve ter escolhido esse título porque a inspiração, que é o que um autor precisa para escrever um bom livro, pode ser descrita como uma lufada de ar fresco.

— Então é por isso que a palavra inspiração parece tanto com a palavra respirar? — os olhinhos de Dalmi saltaram das orbes.

Lewis exibiu um sorriso orgulhoso.

— Como você sabe disso?

— Ah, não sei — ela deu de ombros. — Eu também devo ter ouvido a mamãe falar sobre isso.

— É provável que sim. E você está certa. "Inspire, "inspirar" e "inspiração" de certa forma derivam de uma palavra que significa "respirar". Acho que é… — Lewis apertou os olhos na direção de uma prateleira de livros. Ele não era nada bom em latim. — Spirare?

Spirare. — a menina repetiu a palavra. — Gostei. É legal de pronunciar.

— E difícil! — o piloto riu, ajeitando-a no colo e olhando para o título do livro. — Afflatus. Inspiração. Impulso poético.

Lewis e Dalmi sorriram um para o outro. Ela virou a outra página, finalmente alcançando a dedicatória — uma das partes mais esperadas, encantadoras e pessoais de um livro. 

O piloto engoliu em seco e abriu um sorriso que foi de orelha a orelha. Sentiu a mão da menina em seu colo apertar seus dedos e sua cabeça usar seu peito de apoio outra vez. Embora não fosse fácil encará-la daquela posição, seu sorriso era tão perceptível quanto o brilho do sol. 

— A gente te ama, mamãe — Dalmi sussurrou. — Nós três. Eu, o tio Lewis e a vovó. 

— É — Lewis concordou. — A gente te ama, Bee. 

Encarando as palavras da dedicatória, relaxou. Relaxou como nunca antes, pessoalmente sentindo muitas coisas se encaixarem, muitas coisas pararem de doer — ainda que, talvez, momentaneamente —, muitas coisas se colorirem sozinhas.

Era como uma lufada de ar fresco. 

Afflatus.
Para Lew e Dal, as minhas inspirações. 
Essa é a nossa história contada de um jeito diferente. Amo vocês. 

─── ✦ ── ×✕× ── ✦ ───

e veio aí o que todos nós queríamos (ou não), o epílogo!!

peço mil e mil e mil perdões pela demora colossal em postar. eu dei uma travada na hora de concluir a escrita e deixei o que já estava pronto guardadinho pra terminar depois e conseguir fazer isso hoje :)

espero que, apesar do contexto ter sido meio triste, vocês tenham gostado. gostado do ponto de vista do lewis, da relação dele com a dalmi e a margaret, do presente que a brooke deixou!

e caso você tenha pulado a leitura do epílogo devido a sensibilidade ao tema luto, saiba que aconteceu com a brooke aquilo que já esperávamos e o livro que ela escreveu foi publicado e dedicado ao lewis e a dalmi, as inspirações dela! e o lewis e a dalmi tiveram um momento super fofinho ao abrirem o livro pela primeira vez, juntos! ♡

agradeço de coração a todas vocês que leram, votaram e comentaram em afflatus, que fizeram eu me sentir tão especial e querida! obrigada pelo carinho com meus personagens e por terem me acompanhado nessa jornada.

escrever essa fanfic não foi muito fácil, especialmente a reta final, porque retratar a dor do luto e o entendimento a aceitação dele é bastante complicado — mas eu juro que me esforcei. lembrem-se sempre que está tudo bem não entender, chorar, sentir raiva e dor; não reprimam seus sentimentos, se apoiem nas pessoas que vocês amam e se concentrem nos bons momentos que tiveram com as pessoas amadas que se foram. e procurem ajuda profissional, caso necessário! ;)

mais uma vez, obrigada. estou feliz demais por poder concluir essa etapa na minha "carreira" de escritora e sei que eu não conseguiria fazer isso sem o apoio de vocês.

caso tenham gostado da minha escrita e queiram continuar lendo minhas obras, tem várias fanfics disponíveis aqui no perfil, contos em apex (livro de contos do @/mundinhof1) e um conto com o baekhyun, membro do exo (grupo de k-pop) na @/bhyunlies, minha conta voltada pra obras sobre k-pop e doramas.

antes de fechar afflatus, não esqueçam de me dizer o que acharam do epílogo e da história no geral, hein? ><

tenham uma ótima noite e
até mais, meus amores! <3

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