1.1 - Sobre...
3115 Words
Em poucos dias serei coroado.
Minha cabeça fervilha com planos e vontades do que fazer e mudar.
Olho pela janela empolgado e ao mesmo tempo com um frio no estômago.
O reino todo já espera as grandes mudanças que a passagem da coroa trás, com medo e receios enquanto os aliados e inimigos apenas vêem uma oportunidade perante minha idade.
Ingênuos...
Eu realmente não sei se início este relato me apresentando, explicando sobre o mundo em que vivo ou se foco no que estou passando.
As coisas também se misturam na sua mente assim, quando vai contar algo?
Bem... Na dúvida, sempre me ensinaram que o educado é me apresentar antes de mais nada:
Meu nome é Aiehc, uma gracinha de meus pais que quiseram nomear cada filho com uma fase da lua; isso até que deu certo para os quatro primeiros... mas o caçula acabou ficando de fora tendo o nome de Los, ou seja, Sol ao contrário... muito legal e criativo não? Ironia. Estes nomes são tão estranhos que cada um acaba sendo mais chamado por apelidos e os meus são os "melhores" de todos.
Gordinho, redondo, esfera, bundudo etc. Tudo que podem zombar de alguém que tem o nome de "Lua Cheia".
Enfim.
Como deu pra perceber pelo nome, sou o filho do meio; mas mesmo assim em uma semana serei coroado o novo rei. Isso por que, por aqui as coisas não são por idade e sim por méritos; eu fiz mais para me provar digno de ser o próximo rei e por isso fui o escolhido.
Esta é uma peculiaridade deste reino e todos gostam muito; o povo sente que tem o melhor governante e os descendentes não são injustiçados pois têm chances iguais e justas.
Agora falando um pouco da minha família... ela provavelmente é igual a alguma que já conheceu lendo este gênero, assim como meu reino:
Apelidada de Terra, minha mãe a rainha Elena recebeu este apelido por conta de seu cuidado com os cultivos nos campos, assim como com tudo a seu redor sendo realmente muito zelosa; e com isso todos a vêem como a "mãe terra" ou Gaya em alguma culturas; enquanto meu pai o rei Sothof mais conhecido como Saturno ganhou este apelido por conta de seus adornos arredondados e chamativos; daí veio a idéia de dar o nome dos filhos de astros também...
Eu mereço tanta criatividade.
Mas não é só em criatividade que meus pais se diferenciam dos demais reinados. Posso resumi-los como excêntricos, mas isso seria minimizar as coisas.
Muitos reis gostam de ter estátuas erguidas em seu nome, imagens suas. Mas meus pais não. Eles esculpiram todo o reino na forma de um coração. Pra que? Não sei! Mas se você ver de cima, o reino tem esta forma; com a ponta sendo a entrada principal do reino e os cumes arredondados subindo ao redor do castelo onde ficam os plantios e cultivos.
Fora isso eles foram os inventores de vários feriados para se festejar; desculpas para o povo comer e se reproduzir; diz ele que isso faz um povo fiel e feliz.
Fora suas roupas... acho que ele é de outra raça pois parece mais um pavão andando por aí. Não tem quem não dê risada. Até mesmo na cara dele, na frente dele mesmo. Mas ele liga? Não. Diz que o importante é ser feliz.
Amo meus pais.
Mas eu não consigo ser tão "autêntico" assim, e morro de medo de as coisas desandarem no meu reinado. Será que vou dar conta? A insegurança era forte...
― Se você vomitar na coroação eu vou gargalhar alto. ― A voz forte e firme do meu irmão mais velho me chama a atenção.
Nomeado de Avon parecia que ele tinha roubado todo o estoque de segurança que tinha no ventre de nossa mãe quando foi forjado.
― Ficarei bem. ― Minto e ele gargalha da minha cara. ― Vai mesmo fazer isso? É loucura... ― Pergunto continuando nosso último assunto, me mantendo sério ainda de costas a olhar pela janela o reino abaixo.
Nosso castelo não era grande e largo, mas era alto. Muito alto com torres pontudas e escadarias cansativas, mas não posso negar que a vista era magnífica.
― Sim. É preciso. ― Diz sério ao deixar aquela mão pesada cair no meu ombro. ― Voltarei com uma bela e gloriosa cicatriz como diz nosso tio. ― Sorri como se este fosse seu objetivo. ― Não fique nervoso. Com essa coisa na cabeça vai chover de pretendentes querendo te dar herdeiros. ― Sorri ao me dar um tapa nas costas, saudoso.
Nem parecia o cara que tinha me xingado te todos os nomes possíveis na noite anterior quando o papai fez o pronunciamento.
Eu entendo sua fúria no momento. Ele era o mais velho e todos os reinos entregam o trono a seu primogênito masculino, deixando para a filha apenas se não houver outra opção. Mas aqui as coisas não são assim e ele sabia muito bem disso.
Eu e o mais novo sempre nos engalfinhamos para tentar provar ao nosso pai que éramos os mais dignos, enquanto nossas irmãs não pareciam se interessar no cargo tendo planos muito mais elaborados, e ele agia como se já tivesse tudo garantido. Não se empenhou? Se fodeu.
― Não acredito! Passou a papagaiada? ― Etnecserc era o nome da irmã mais velha e Etnaugnim da mais nova. As meninas se deram mal mesmo por que isso é quase impronunciável, então logicamente as chamamos por seus apelidos. ― Aquilo no jantar ontem foi ridículo. ― Pontua encarando Avon com desdém. De todos os membros da coroa, ela era a mais desbocada e sarcástica. Isso se não contarmos o caçula.
Coitado... nasceu por último e só restou as coisas que não queríamos no ventre de nossa mãe. Mas assim como uma feijoada ele parece estar se virando muito bem com o que tem.
― Não está atrasada para um treino bem masculino querida "irmã"? As suas fãs ficarão decepcionadas. ― Zomba pontuando que os treinos diários de nossa irmã se tornaram um atrativo incrível para algumas das donzelas do reino; que pareciam morrer de amores por ela.
― Inveja pois faço muito mais sucesso com as damas que você? E agora nem mesmo tem o trono para se garantir resolveu se jogar em uma guerra com certeza de morte? Não seja ridículo! Fique em casa. Isso é suicídio. ― Ordena seria em meio a sua zombaria. ― Lutar contra os dragões é insanidade. Que o reino que os provocou que se vire e arda em chamas sozinho. Não somos obrigados a dar um membro da coroa para ajudar, se não vamos arriscar um único cidadão.
― Eu preciso fazer algo importante. Se não vou surtar. ― Confessa escorando-se a parede.
Nossa!
Não descrevi ninguém nem o lugar onde estamos!
Apesar de meus aposentos serem magníficos como o que se espera de um príncipe, eu preferia ficar na torre mais alta e era lá que estávamos. Um lugar vasto feito em pedra com cinco janelas enormes representando cada uma um filho da coroa e sem um único móvel.
Todos nós somos muito parecidos diferenciando como nos vestimos; puxamos as características mais marcantes de nossos pais, sendo elas: os sedosos cabelos de meu pai, que caem em uma cascata dourada e reluzente, seus lábios mais demarcados e ossatura forte; e de nossa mãe o nariz arrebitado e arredondado, o cabelo mais volumoso, os olhos claros em cor de mel ficando em contraste perfeito aos cabelos dourados e a pele escura.
Avon usa seus longos cabelos trançados em forma de um moicano no topo de sua cabeça deixando cinco tranças grossas e fortes dependuradas em suas costas; cada uma finalizada com o símbolo de um dos irmãos. Coisa que como mais velho ele sempre carregou para simbolizar que nos protegeria de tudo.
Ele usa trajes apenas em tons claros, representando ser um usuário de magia e também que era intocado por sua força.
Etnecserc prefere usar seus cabelos sempre presos em um rabo de cavalo derivado de um coque firme bem alto; está sempre com seus trajes de treino que são masculinos; variando para uma armadura belíssima de osso de dragão quando não se desponta a se arrumar como uma princesa perfeita e arrancar os suspiros de todos os machos do reino.
― Eu sei que você ama ir à frente. Mas estamos falando de dragões. ― Ela pontua séria demonstrando toda sua preocupação com o mais velho, logo me olhando. ― Me ajuda a pôr noção nesse cabeça oca.
― Não podemos o obrigar. Só podemos confiar que ele voltará com uma cicatriz maneira. ― Brinco e ela suspira desistente.
Ah sim. Como eu sou... Esqueci.
Morro de preguiça de me pentear então apenas amarro os cabelos de qualquer jeito e vivo perdendo as fitas por aí, que escorrem por ele e quando vejo está solto de novo. Gosto de usar trajes confortáveis, mas sempre estou bem vestido, afinal não posso ser visto como desgrenhado se não perderia para meu irmão caçula. Então sempre peço para os alfaiates reais fazer as minhas peças de roupa alguns números maiores do que preciso, para ficar largas e confortáveis.
― Vocês dois não existem! ― Diz magoada ao descer as escadarias.
Logicamente ela estava preocupada.
Avon estava sendo imprudente ao se meter em tamanha guerra.
Vou explicar:
Temos cinco reinos aliados sendo dois deles humanos, entretanto um dos reinos "inimigos" aparentemente está em maus lençóis.
Como são inimigos não sabemos direito o que houve, mas o povo draconiano ou draconato como preferir; está furioso com eles e declarou guerra.
E por que eles dão medo?
Pensa em uma raça antropomórfica que cospe fogo e controla os quatro elementos a sua vontade; são amortais, ou seja vivem pra sempre se você não matar e por conta disso tem um extenso conhecimento sendo famosos por sua sabedoria; e pra matar é difícil pra um caralho já que os desgraçados tem a pele coberta por escamas extremamente duras, tendo seu único ponto fraco o entremeio da garganta e a jugular.
Eles voam, nadam, são mais fortes que humanos e ainda tem um conhecimento de armamento superior.
Não dá pra peitar!
― Me diz que tem um "bom" motivo para se meter nisso. ― Pergunto o olhando de costas e ele suspira.
― Um: é uma forma de garantir uma aliança futura com aquele reino; dois: podemos ter mais conhecimento sobre os dragões; já que ninguém chega perto deles.
― Dizem que eles são pervertidos que seqüestram mulheres belas de todas as raças para fazer delas suas esposas. ― Pontuo sério explicando o por que ninguém quer conversar com este povo.
― Mas são boatos. Mal dizer algo que se teme é fácil. ― Diz franco ao vir até mim. ― Não se preocupe ok. Eu vou ficar para ver sua coroação. Desculpe por ontem. Confio na escolha de nosso pai e você fez por merecer enquanto eu fui um folgado. Agora está na hora de lutar por algo que acredito.
― Está certo... ― Murmurei engasgado. Não tinha o que dizer mesmo que eu quisesse o prender em uma torre para o impedir de partir assim.
― Bolinhaaaaaa! ― Etnaugnim sobe as escadas eufórica. ― Seu traje de coroação está pronto! Acabou de chegar! Vem, vem!
Animada e agitada, ela era a única a usar os cabelos curtos, adorava longos vestidos rodados e ver uma boa briga. Estudava magia e era fanática pelos seres mágicos, morrendo de inveja de Etnecserc que foi prometida ao príncipe das fadas. Ela sonhava em se casar com um "não humano"; dizia que homens humanos eram sem graça, e eu me segurava para não demonstrar que concordava.
A verdade é que eu tinha alguém em minha vida.
Um relacionamento escondido desde que me entendo por gente, e que morria de medo de assumir; isso por que mesmo sendo muito moderno nosso reino ainda era extremamente homofobico graças à fundação de meus antepassados que estabeleceram leis contra gays de todo tipo. Se alguém fosse descoberto deveria deixar o reino porque aqui "esse tipo de coisa" não era aceitável.
Por isso agora morria de medo de mudar essa lei e trazer uma estranheza ao reino que já está acostumado com tal conduta. Aqui era predominância da "moral e os bons costumes" e nossos reinos aliados tinham outras visões e assim o povo podia escolher onde morar de acordo com sua opinião de como as coisas deveriam ser. Ou seja, se eu fizer igual o reino que aceita qualquer tipo de amor como forma pura e não vê diferença, estaria traindo o povo e os obrigando a aceitar algo que nunca quiseram... complicado não?
Resumindo, para que nos outros reinos as pessoas possam ser aceitas o meu reino concentrava todos os que não aceitavam. Ou seja, não gosta vive aqui que é o seu cantinho; por que nos demais pode ter sim.
― Ficou tão lindo! Foi o papai quem fez. ― Ela diz animada, mas eu só consigo imaginar uma alegoria ridícula na mente.
O papai era legal, mas seu gosto era duvidoso e o dela também.
― Filho! Olha que coisa mais linda! ― Ele diz todo feliz me chamando e minha mãe já se põe a rir muito da minha cara. Apenas engulo seco.
Minha mãe era uma linda mulher que mesmo depois de ter tantos filhos mantinha uma silhueta exuberante graças ao espartilho que fazia questão de usar, exibindo os seios fartos que ganhou em cada gestação. Gostava de usar os cabelos soltos em forma de uma linda nuvem macia, negros como um carvão polido que destacava tanto seus olhos perolados como relâmpagos dourados, que fizeram meu pai morrer de amores.
Já meu pai, mesmo com a coroa em sua cabeça por tantos anos, não deixou de ser o bárbaro por quem a princesa se apaixonou. Seus trajes reais sempre deixavam os braços torneados à mostra e sua cabeleira só não era mais densa que sua barba. Seus olhos negros combinavam com os cabelos de minha mãe, e ele se ornava todo a todo momento.
Uma vez houve um ledo engano quando um rei veio nos visitar, era inverno e ambos estavam cobertos com suas capas reais e por conta disso o rei não pode perceber que meu pai era montado de músculos e ao provocá-lo teve uma visão assustadora quando ele se levantou e tirou o manto pegando seu machado de guerra que sempre carrega nas costas.
Não é atoa que esse reino é nosso inimigo hoje...
Unf... não sei se meu irmão consegue os fazer mudar de idéia. Mas está no "histórico" deles provocar as pessoas por aí não? Primeiro meus pais, agora os dragões...
― Pode deixar. Eu ajudei seu pai. ― Ela ri ao pegar o manto e me entregar.
Era vermelho em tom de sangue vivo com degradê para um tom mais escuro como sangue seco. Os detalhes que adornavam as laterais do manto eram negros com pedras rubras. Chamativo mas pelo menos de bom gosto.
― Obrigado por me salvar.
― Ah! Fala sério garoto. ― Ele reclama rindo.
Como pode ver, minha família sempre foi muito amorosa e unida.
Meu pai tem dois irmãos, mas eu só conheci um e nunca falamos do outro nem ao menos para saber o por que ele não deve ser comentado. Amo meu tio ele é um barato e está sempre a voltar para o castelo com histórias incríveis e presentes.
Ele é um aventureiro continuando o legado de bárbaro de sua família; ele sempre diz que Los e Etnecserc herdaram o sangue do lado dele e os forra de elogios e presentes. Ele nunca se casou, mas coleciona casos em todo canto tendo uma legião de filhos perdidos por aí. Em falar disso um deles deve estar a correr pelos corredores do castelo.
E agora essa figura entrava pela porta todo coberto de sangue de alguma criatura que escalpelou para tirar a pele que carregava enrolada debaixo do braço.
― Não acredito que você ganhou. ― Zomba demonstrando estar torcendo para meu irmão caçula. ― Um rei precisa de uma arma própria e apropriada. ― Diz ao se curvar me cumprimentando e tirar das costas uma caixa pesada e densa, a abrindo sem cerimônia.
Todos olhamos curiosos quando ele retira uma bela espada de lâmina negra de dentro da caixa.
― Meu deus. ― Minha mãe exclamou admirada com a beleza da lâmina. ― Isso é forjadura dos dragões?
― Sim, cunhadinha linda. ― Ah. Ele não resiste a cantar minha mãe "toda santa vez" que nos visita. ― Conheci um artesão com escamas e cauda muito bom e logo tratei de fazer esta encomenda. Esperava dar a Los, mas se ele perdeu é digno que o vitorioso a receba.
― Obrigado pela consolação. ― Digo rindo ao pegar a espada. Não tinha por que brigar com ele; ele era gentil e carinhoso com todos e apenas não fingia ou omitia gostar mais dos dois.
― Diga-me garoto. ― Impõe ao me puxar para um abraço lateral. ― Como está sua vida sexual?
Ativa.
― De novo esse papo? ― Pergunto sem graça. Meu tio conseguia ser mais desbocado que meu pai e minha irmã mais velha juntos.
― Você parece uma dama virgem. ― Zomba da minha cara. ― Vamos. Até sua irmã caçula já tem suas preferências e você ainda não demonstrou gostar de nenhuma jovem. Vai me dizer que prefere damas mais experientes? ― Murmura pensativo e me afasto rindo.
― Não tio. Eu não prefiro mulheres mais velhas. Só estou focado demais nos meus afazeres, não foi nada fácil vencer de Los.
― De fato. O garoto era um campeão.
― Tenho plena certeza que um dos reinos aliados iria adorar o ter como seu futuro rei. ― Minha mãe diz saudosa. ― Na verdade o rei Mich está barganhando como pode fazer para ter o garoto em sua asa. Chegou até a oferecer todos os dotes que pode para te-lo como genro.
― Viu. A vida de Los está garantida. ― Murmuro pensando como meu irmão caçula era incrível; tenho quase certeza de que ele me deixou vencer.
No último mês ele andou distante, não fez suas obrigações e ainda perdeu para mim no combate de exibição. Não tinha como eu ganhar dele.
Sendo assim logo nos sentamos à mesa e fiquei apenas ouvindo as conversas animadas e os planos de todos. Era estranho que nem o pai ou a mãe se preocupavam com a ideia insana de Avon se intrometer em uma guerra contra dragões.
Quero acreditar que eles tinham plena confiança de que ele voltaria bem ou que desistiria de tal idéia insana.
Espero que tenha curtido o jeito mais otimista do Lua Cheia; sei que ele mais conta do que mostra, mas isso é algo q vou fazer no 1 dos 3 caps de cada um para situar pois tem muita coisa neste mundo ^_^. Então será sempre o primeiro cap contado e os demais mostrados.
A Diferença entre imortal e amortal é isso que ele disse: o imortal é o que já conhecemos ele não morre com nada, já o amortal seriam essas criaturas que não envelhecem mas que morrem normalmente.
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