Capítulo 9 - FUGITIVO:
Depois que tudo acontece a gente começa a pensar o que poderia ter sido diferente. A coragem que faltou, o excesso de ansiedade, a imaturidade, a falta de experiência... Diversas coisas podem ter me levado ao fracasso e nenhuma delas me fez chegar em uma conclusão decente. Eu já não queria mais sentir, apenas desejei arrancar de dentro do peito a dor.
Um novo dia de aula... Depois de ignorar todas as suas mensagens, nos encontramos na sala de aula. Preferi sentar longe, porque sei que insistiria em puxar conversa. Helena estava me esperando, ela sabia que iria sair com alguém no final de semana, porém não sabia com quem.
Não estava mais disposto a guardar esse segredo,vomitei as palavras engasgadas e todos os enredos que vivi em torno de ti. Ela se mostrou surpresa, mas com toda sua experiência, já havia passado por situação parecida. Seguir em frente foi a melhor opção, já que você nunca esboçou nenhum tipo de emoção sobre nós. Eu não posso viver preso a alguém, tão pouco por esse sentimento.
Helena não gostou da minha feição naquele dia e logo teve a ideia de me chamar para sair depois da aula, junto de seus dois amigos.
Assim que finalizamos o dia, fomos para um barzinho próximo a faculdade. Para minha surpresa, uma das pessoas que ela me apresentou foi Débora, sua namorada. A notícia me pegou de jeito, me senti feliz, entretanto não imaginava, ela disse gostar de outra pessoa e por isso separou-se do marido, mas eu nunca pensei que seria por uma mulher. Igualmente linda e bem vestida, os traços orientais, cabelos longos e negros e a voz tão doce quanto a de Helena. Isso coloriu meu dia.
A outra pessoa que a acompanhava era Henrique. Rapaz simpático, tão extrovertido que ao nos ver não poupou conversa, falava de tudo e queria saber de tudo. Ele era engraçado e admito, também bonito. Todavia eu não estava ali para paquera, só queria me distrair por algum momento.
Eu nunca fui de beber, ainda mais no início da semana, porém sentia-me tão infeliz que procurei uma fuga na primeira janela que se abriu. Abusei daquele maldito álcool. A consciência estava solta. Foi divertido, foi bom extravasar, a leveza na mente era clara. Eu passei por momentos que depois da embriaguez me envergonhei. Benjamin, pela primeira vez você estava longe do meu coração.
Obviamente, eu sei que a bebida não é uma opção válida para curar qualquer ferida ou resolver qualquer problema. A falsa sensação de liberdade sempre se vai pela manhã e a longo prazo destrói vidas. Eu sei, a vida não é uma mesa de bar.
Finalizando aquela "festa", cheguei no meu limite, precisava ir para casa. Henrique se ofereceu para me levar de carro, por incrível que pareça, toda a sua desenvoltura em comunicação não precisava de qualquer artifício para funcionar e ele não havia ingerido nenhuma gota de álcool. Pelo horário meu ônibus demoraria a passar, fiquei acanhado, mas aceitei. Me despedi das minhas novas companheiras e partimos.
O caminho de 30min rendeu algumas conversas. Com 23 anos, estudante de teatro, muito bem humorado, gostava de cantar e dançar. Mais um dos meus opostos. Henrique é um rapaz gordinho, dos cabelos dourados bem cortados e olhos castanhos, a voz grave não condiz com a fofura aparente. A simplicidade e o charme me ganharam naquela noite, eu só não sei se era o efeito da bebida.
O mais importante ainda estava para acontecer...
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