S1.14
REVISADO
Já faz alguns dias desde o ocorrido. Nesta manhã, Nick acordou cedo e levou Thor para caminhar na praia. Addison, por sua vez, arranjou um emprego de meio período no clube. Ela se esforçava para atender sua mãe e Will, que tinham ido comer lá.
Quando se olhava no espelho, Addison encarava o corte em sua barriga, uma cicatriz que seu pai deixara, marcando tanto seu corpo quanto sua alma.
Na segunda-feira, Nick completou 22 anos, e Addison decidiu não sair do quarto para evitar encontrá-lo. Para sua infelicidade, enquanto trabalhava, atendeu uma mesa e se deparou com Ana e Nick comemorando juntos. Ao recolher os pratos, ao levantar um deles, encontrou um bilhete. Seus olhos percorreram rapidamente as palavras escritas:
"Já estou muito perto. Você está decorando minha presença?"
Com o coração acelerado, Addison escondeu o papel no bolso, planejando guardá-lo em sua caixinha quando chegasse em casa. Era lá que ela mantinha todas as ameaças que vinha recebendo.
Ainda naquele dia, Noah ganhou um carro de presente e a convidou para ajudá-lo a decorá-lo com post-its, o que deixou o carro com um toque engraçado. Apesar da tensão que a envolvia, o riso de Noah trouxe um momento de leveza, permitindo que Addison se esquecesse por instantes da dor que a assombrava.
Terminei de enfeitar o carro com post-its e me aproximei de Martin, Will e Nick. Já sabia que seria impossível evitar Nick, então resolvi, digamos, aceitar a situação.
- Não se preocupem, ensinei a ela o básico: freio, embreagem e... - Martin estava explicando até ser interrompido pelo barulho dos pneus cantando. Fui obrigada a me esquivar um pouco para ver.
- Essa é minha irmã.
- Parece que ela não precisa dos seus ensinamentos básicos, - comentei, batendo no ombro de Martin antes de me dirigir ao meu quarto. Fiquei sozinha com Nick e Will, já que Martin tinha se afastado.
Ao entrar no quarto, fechei a porta, sentindo a pressão do momento se dissipar um pouco. Mesmo assim, a presença de Nick ainda me deixava inquieta, como se sua energia tivesse a capacidade de invadir até os espaços mais íntimos da minha vida.
- Tenho uma coisa para te contar sobre a Addison e a Noah, - Will disse ao filho que caminhava ao seu lado. - Mas é mais sobre a Addison. Você sabia que o pai dela tentou matá-la?
- O quê? - Nick perguntou, surpreso com a revelação.
- Com uma faca. Addison sempre protegeu a Noah do pai, mas nunca conseguiu impedi-la de ouvir as brigas. Era impossível. Ela sempre a protegeu da violência, mas, naquele dia... - Will começou a andar pela casa, suas palavras pesando no ar.
- Ele bateu na Rafaella? - Nick perguntou, interrompendo o pai.
- Sim, filho. Tem gente que é assim; a violência é a forma que eles encontram para se destravazar, - Will respondeu, pegando alguns documentos.
- Por que você está me contando isso? - Nick cruzou os braços, sentindo a preocupação crescer.
- Porque a Rafaella tem medo de que ele volte para tentar machucar as meninas, - Will explicou.
- Mas voltar de onde? Da sepultura? - Nick indagou, lembrando que Noah havia dito que ele estava morto.
- Sepultura? Não, ele está na cadeia! - Will corrigiu, e Nick ficou confuso.
- Não entendi, ele não estava morto? - perguntou ao pai, que negou com a cabeça.
- Não, quem dera. A sentença foi suspensa, e ele foi solto há duas semanas. Achamos que o Steva poderia acompanhar a Addison, e o Hugo poderia cuidar da Noah, mas você conhece a Addison; ela é a própria motorista dela. Você poderia fazer isso por nós? - Will perguntou, fixando o olhar no filho.
- Por que você acha que ele quer machucá-las? - Nick questionou, a inquietação crescendo.
- Porque o depoimento das meninas no tribunal foi decisivo para a condenação, - Will explicou, entregando os documentos que tinha em mãos. - Aqui tem tudo, dá uma olhada. Esse homem é perigoso, Nick.
- E elas sabem que ele saiu? - Nick perguntou, desviando os olhos dos papéis.
- Não, a Rafaella não queria contar.
- Por quê? - Nick insistiu, preocupado.
- Porque elas têm pavor do pai, inclusive a Addison. A Rafaella sempre quis entender, mas nunca soube, já que a Addison é muito fechada, - Will disse, antes de sair
- Não, de jeito nenhum! - digo para as meninas enquanto volto para a cama.
- Ah, qual é, você precisa se divertir! - Jenna tenta me encorajar, com um sorriso no rosto.
- Concordo com a Jenna. Ultimamente, parece que você está na fossa, - Noah comenta, e eu a encaro, incrédula.
As duas estão tentando me convencer a ir a uma festa, como se isso pudesse me tirar de casa. Mas a verdade é que eu não quero ir.
- Noah, você é minha irmã; deveria estar do meu lado, - digo para ela, que ri.
- Mas a Noah tem razão. Depois da pequena discussão entre você e o senhorzinho, você não sai desse quarto, - Jenna acrescenta, e eu suspiro, sentindo a frustração crescer.
- Eu gosto dele! - acabo soltando, e as duas me olham, sorrindo. - Do quarto, estou falando do quarto! - apresso-me em inventar uma desculpa.
- A gente sabe que você também gosta do carinha lá, - minha irmã diz, piscando, enquanto reviro os olhos.
- Se eu for para essa festa, vocês me deixam em paz? - pergunto, e elas se entreolham, sorrindo, como se já soubessem que haviam vencido.
Estamos na tal festa, e eu tenho que admitir que está um tédio total. Não consigo acreditar que vim aqui para jogar Ping Pong e tomar shots...
- Sua vez! - Jenna diz, me puxando de volta à realidade. Respiro fundo, pego a bolinha e arremesso, acertando o copo com precisão.
A música que toca é horrível, pior que música de funeral, e eu me pergunto o que estou fazendo aqui. A energia da festa parece estar em um nível tão baixo quanto o meu humor.
- Isso foi sorte! - Jenna ri, mas eu apenas sorrio de volta, sentindo a animação da festa escorregar por entre os dedos.
Enquanto as meninas estavam dentro da casa, rindo e se divertindo, uma figura sombria observava do lado de fora. Escondido nas sombras, o homem aguardava pacientemente, cada movimento delas acompanhado por seu olhar atento. Ele sabia que, a qualquer momento, haveria uma oportunidade perfeita para agir.
O ambiente festivo contrastava com a tensão que pairava no ar. O som da música e as risadas ecoavam, mas para ele, tudo era apenas um pano de fundo. Ele estava focado, calculando cada detalhe, cada respiração das garotas. Sabia que elas estavam despreparadas, mergulhadas na euforia da festa, completamente alheias ao perigo que se aproximava.
A luz fraca da casa iluminava parcialmente seu rosto, revelando uma expressão fria e determinada. Ele observava como as meninas dançavam, a alegria delas como um convite irresistível. O tempo parecia se arrastar, e ele contava os segundos, aguardando o momento certo para se infiltrar na festa e, finalmente, pegar o que tanto desejava.
Viro outro shot, sentindo o líquido descer ardendo pela minha garganta.
- Bebe! - Jenna ordena, olhando para Noah. Ela pega a bolinha, tenta arremessar e erra.
- Agora é a sua vez de beber, - digo, rindo da falha dela. - Agora vou eu; fica de olho. - Arremesso a bolinha com precisão, acertando o copo, e comemoro como se tivesse vencido um campeonato.
- Isso não tem graça! No máximo você tomou cinco shots, - Noah comenta, rindo também.
- O que posso fazer? Sou boa nesse jogo! - respondo com um sorriso, e logo Noah vira outro shot, se preparando para a próxima rodada.
- Cadê os caras com pegadas? - Jenna pergunta, e eu e Noah trocamos olhares cúmplices antes de rir. Nesse momento, meu celular começa a tocar. Vejo que é Nick, mas decido ignorar a ligação.
- Esses caras não existem, - digo, enquanto me concentro em mais um arremesso.
- Coisa linda, te adoro! - Lion aparece do nada, se aproximando de Jenna. Ele a beija rapidamente antes de sair, e logo começa um debate sobre como Lion nunca diz que ama Jenna. A conversa flui entre risadas e provocações.
ALGUNS MINUTOS DEPOIS
As meninas ainda estão na mesma brincadeira de acertar a bolinha, mas o ambiente já não tem mais a mesma energia de festa. O clima pesado se intensifica, e isso provoca um grito de Lion.
- QUAL É ISSO? PARECE UM FUNERAL! - ele berra, tentando reanimar a festa. - VAMOS, HOJE É TUDO NOSSO! - ele exorta, e a galera responde com gritos de concordância. Lion ergue o copo e toma um gole, mas sua euforia é interrompida pelo toque insistente de seu celular.
Lion: E aí, mano! - ele atende a ligação, com um sorriso no rosto.
Nick: A Addison e a Noah estão com você? - pergunta, mantendo os olhos fixos na estrada, seu tom tenso.
Lion: O quê? Espera um minuto! - responde, olhando ao redor na tentativa de encontrar alguém que abaixasse o volume do som. - Aí, abaixa esse som, por favor! - ele pede ao DJ, gesticulando para que entendesse.
Quando Lion estava prestes a colocar o celular de volta no ouvido, esbarra em alguém e, com um movimento desastrado, derruba o aparelho no chão.
Nick: LION! - ele grita do outro lado da linha, mas logo a chamada cai, deixando uma sensação de desespero no ar.
Lion olha para o celular no chão, nervoso, e se pergunta como vai explicar isso a Nick.
Lion pega seu celular do chão, tentando ligá-lo novamente, mas percebe que a queda o desligou. Enquanto isso, Nick dirige apressadamente em direção à casa onde a festa está acontecendo, a ansiedade o consumindo.
- Merda! - Nick exclama, batendo no volante em frustração.
Dentro da casa, as meninas se divertem na piscina, tentando deixar de lado o clima sombrio da festa. Decidem se refrescar e se distrair, ligando o botão do "foda-se" para o que vem a seguir.
- Você tem que vir no carro do Dunado, mas a festa é lá dentro, - Addison diz, nadando até onde Jenna e Noah estão. Ela levanta a cabeça da água, parecendo confusa.
- Como o Nick não tá, não tem diversão, - Jenna responde, dando um gole na bebida.
- Então vamos nessa! A Addison já está bem bêbada e eu estou quase lá também, - Noah diz, chamando a atenção das meninas, que concordam com entusiasmo.
- Eu acho que estou um pouco bêbada, - Addison admite, saindo da piscina com um leve cambalear.
- Não, você está completamente bêbada, - Jenna ri, e Addison, junto com Noah, vestem suas roupas antes de saírem da casa, ainda se equilibrando.
Enquanto isso, um homem observa as duas saindo da casa da festa.
- Uau, que flores lindas... - Addison comenta, se aproximando de um jarro ao lado do portão, enquanto Noah, repentinamente, vomita no mesmo lugar.
- Que merda, Noah, você estragou as flores! - Addison diz, afastando-se rapidamente.
- Não dá pra vocês dirigirem assim, - Jenna alerta, fazendo Addison olhar para ela, com uma expressão desafiadora.
- Eu não estou tão bêbada quanto a Noah! - Addison responde, quase caindo, mas conseguindo se manter de pé.
- Verdade, você está mais bêbada do que eu, - Noah brinca, e Addison, um pouco atordoada, vê um carro que a parece familiar. No entanto, sua mente está tão confusa que ela não consegue raciocinar. Enquanto isso, Jenna tenta ligar para Nick.
- Oi, Nick, você pode vir aqui pegar o carro da Addison? É melhor pegarmos um táxi, - ela diz com o celular no ouvido, sem notar que alguém está atrás dela. - É, ela tá doidona, não tem como dirigir.
- Tudo bem! - Nick diz, surgindo por trás de Jenna, assustando-a.
- Porra, cara, você quase me matou! - Jenna responde, colocando as mãos na cabeça, ainda zonza. Nick, com as mãos na cintura, pergunta:
- Vocês estão bem? - Ele ignora a tensão ao seu redor, enquanto o homem que observava volta para dentro do carro, claramente irritado.
- Você tá bem, trombadinha? - ele pergunta a Addison, tentando segurá-la, mas ela se afasta, um sorriso bobo nos lábios.
- Eu consigo dirigir numa boa! - ela responde, se aproximando do carro dela. - Esses carrões, quem precisa de carteira? Humm? - pergunta, apoiando-se no veículo.
- Sabe que essas loucuras que ela faz são culpa sua, né? - Noah diz, olhando para Nick, que desvia o olhar para Addison, que agora está rindo de seu próprio reflexo na janela.
- Caramba, cadê a maçaneta? - ela pergunta, olhando ao redor, antes de perceber que esqueceu seu blaze. - Ah, merda, esqueci meu blaze! - diz, colocando a mão na cabeça, antes de se afastar e entrar cambaleando novamente na casa.
- Ela está estranha há alguns dias, mas beber até cair já faz duas semanas, - Noah comenta, observando a irmã entrar na festa.
- Não acha que tá na hora de você pedir desculpas pra ela? - Jenna sugere, e Nick a encara.
- Vocês são ótimas amigas! - ele responde, e elas sorriem, satisfeitas.
- Oh, fofoqueiras! - grita Addison, enquanto retorna à festa. No caminho, ela vê Ana e começa a procurar seu blaze no pequeno guarda-roupa.
- O que você quer? - Ana pergunta, olhando para Addison com desdém.
- Pode apostar que não quero olhar pra sua cara, - Addison responde, remexendo nas mesas em busca do objeto.
- Sério, sua sem rumo, o que quer? - Ana provoca, e Addison respira fundo, tentando manter a calma.
- O meu blaze, por acaso você viu? - ela pergunta, fitando Ana com uma expressão suplicante.
- Tá ali no armário, - Ana diz, apontando. Addison se apressa em direção ao local, mas Ana a empurra para dentro do guarda-roupa e fecha a porta rapidamente.
- Ana, Ana... - Addison chama, desesperada, batendo na porta. - Não, não, não... - ela diz, já em lágrimas, enquanto flashbacks dolorosos inundam sua mente.
- Ah, não me diga que tá com medo, tá procurando o interruptor? - Ana debocha, rindo com suas amigas do lado de fora.
- Por favor, isso não tem graça, Ana! Quando eu sair, vou matar você! - Addison grita, tentando abrir a porta.
- Ah não, a porta travou, - Ana mente, rindo ainda mais.
- Alguém me ajuda, por favor... - Addison pede, desesperada, se encolhendo no fundo do armário e começando a chorar. A memória da última vez que foi trancada em um quarto escuro a atormenta, um trauma que a consome.
Ela estava totalmente apavorada, imaginando que seu pai estava ali, trancando-a novamente, enquanto a voz de Ana ecoava em sua mente.
- O que eu falei pra você? - a imagem do pai aparece, segurando uma faca, e Addison começa a ter dificuldade para respirar.
- Eu não contei, eu juro que não contei! - ela repete para si mesma, fechando os olhos em desespero. - Eu não contei, eu não contei... - sussurra, batendo a cabeça, tentando afastar as memórias.
- Que foi? Tá com medo do bicho-papão? - Ana ri do lado de fora.
- Eu vou pegar você e me vingar. Onde está sua mãe? - Addison imagina seu pai se aproximando, e, por um momento, acredita que tudo aquilo é real, o medo a consumindo.
- EU NÃO CONTEI! ANA, ABRE PRA MIM! - ela grita, batendo na porta, e, em um flash, a porta se abre. Nick aparece, preocupado com o estado dela.
- O que aconteceu? - Nick pergunta, rapidamente indo até Addison e a levantando no colo como se fosse uma noiva.
- Nick! - ela suspira, sentindo um alívio instantâneo ao vê-lo.
- Tá tudo bem agora, Addison. - Nick diz, tentando acalmá-la, mas ela nega, seus olhos cheios de lágrimas.
- Tá lá dentro... - ela diz, a voz trêmula, enquanto Nick a coloca em uma cadeira.
Noah observa, perplexa, nunca tendo visto Addison tão vulnerável. Nick verifica se há alguém no armário, mas não vê ninguém.
- Eu não contei... eu não contei... - Addison murmura, olhando suas mãos com medo.
- Addison, não tem ninguém, - Nick diz, se aproximando dela.
- Você sim, e é um monstro! - Jenna exclama, empurrando Ana. - Vem, vamos! - ela ajuda Addison a se levantar da cadeira.
- Foi só uma brincadeirinha, não sabia que a garotinha aqui tinha medo do bicho-papão, - Ana provoca, mas Noah não consegue segurar a irritação.
- Da próxima vez que você fizer algo contra a minha irmã, vou esquecer que odeio violência e vou quebrar você! - Noah avisa, seguindo o grupo.
- Falei com o Lion; ele vai levar você e a Noah, e eu levo a Addison, - Nick informa a Jenna, que assente. Noah observa Addison, que dorme nos braços de Nick. Ele a segurou, mesmo com os protestos dela.
Ambas sabem que Nick só quer ficar ao lado de Addison, e talvez isso seja bom para eles. Ele deseja entender o que aconteceu alguns minutos atrás, e quem sabe, Addison decida compartilhar.
Abro os olhos lentamente e percebo que estou no carro do Nick. Olho ao redor, procurando pela minha irmã, mas não a vejo em lugar algum. Sento-me no banco, ainda um pouco atordoada, e puxo a blusa para cobrir a barriga exposta, revelando a cicatriz do corte que carrego. O movimento me faz lembrar da vulnerabilidade que sinto, e um frio percorre minha espinha.
Encolho-me no banco e fixo o olhar na vista pela janela. O silêncio é desconfortável, mas não opressivo. Parece que, de alguma forma, Nick captou os meus pensamentos, pois quebra o silêncio com uma pergunta direta.
- O que você viu no armário? - ele pergunta, mantendo os olhos na estrada.
- Onde está a Noah? - eu contra-ataco, tentando evitar a resposta.
- Não muda de assunto, - ele diz, apertando o volante com força.
Sinto uma onda de ansiedade ao perceber que ele não vai desistir facilmente.
- Não estou mudando! - retruco, a voz tremendo levemente. Ele me viu vulnerável e, naquele momento, me sinto completamente exposta e cansada demais para discutir.
- Sim, você está, - ele responde, e quando nossos olhares se encontram, posso ver a preocupação em seu rosto. Ele respira fundo antes de continuar. - Ela foi com o Lion.
Assinto, sabendo que isso é verdade, mas não é suficiente para me acalmar.
- Nick... - chamo, a voz fraca, e respiro fundo. - Esquece, por favor. - Peço, desejando que ele não insista mais.
Ele volta a se concentrar na estrada, e o silêncio se instala novamente entre nós, pesado, mas respeitoso. O tumulto de sentimentos dentro de mim permanece, mas, pelo menos, não sinto a pressão de ter que compartilhar tudo agora.
Faz alguns minutos que chegamos em casa, e Nick me ajudou a tirar a roupa sem segundas intenções, apenas cuidando de mim. Estou deitada na minha cama, seminu, enquanto ele espreme a água do meu biquíni. Minha mente gira em torno do meu pequeno surto.
Eu não contei... e, se depender de mim, não contarei a ninguém. Ele está morto; não pode me machucar, não pode machucar a minha irmã ou a minha mãe.
- Por que você me disse que seu pai estava morto? - Nick pergunta, interrompendo meus pensamentos. Ele está sentado na ponta da cama, a expressão grave.
- Nick... - tento mudar de assunto, mas ele não desiste.
- Addison... - Ele me olha intensamente, e eu respiro fundo, tentando reunir coragem para responder.
- Porque, para mim, ele está, - eu digo, encontrando seus olhos. - Eu quero que ele apodreça na cadeia, longe de mim, da minha irmã e de qualquer um que eu amo.
- Me diz uma coisa... - ele pede, e eu sinto meu coração acelerar. - O que você quis dizer quando disse: "eu não contei"?
Desvio o olhar, sentindo a tensão aumentar. Quando vejo que ele está se levantando, puxo sua mão antes que ele vá.
- Por favor, não vai embora... - imploro, e ele me olha, a preocupação evidente em seu rosto. - Acho que não vou conseguir dormir sozinha depois do que aconteceu hoje...
Solto sua mão, e ele tira a camisa antes de se deitar ao meu lado. Estende o braço, e eu descanso minha cabeça em seu peito. Seu outro braço envolve minha cintura, e uma onda de conforto me envolve.
- Você é forte; conseguiria dormir sozinha, - ele diz, e um sorriso surge em meu rosto.
- Por que é tão difícil odiar você? - pergunto, admirando cada detalhe do seu rosto. A proximidade me faz sentir segura, e começo a traçar círculos suaves em seu peito. - Tentei te odiar, mas é impossível... Acho que é por isso. - Minhas palavras saem mais como um sussurro para mim mesma.
- Você sabe que eu faria qualquer coisa por você... - ele diz suavemente, e nossos olhares se encontram. - Tudo será no seu tempo. Não vamos fazer nada até esse medo sumir dos seus olhos.
Começo a ficar sonolenta, e uma sensação de paz me envolve.
- Não posso deixar ele machucar quem eu amo... Não posso deixar ele machucar... você! - sussurro, sentindo os olhos pesarem. À medida que a escuridão se aproxima, a última coisa que sinto é o calor do corpo de Nick ao meu lado, uma âncora em meio ao meu turbilhão interno.
Quando tirei Addison do guarda-roupa, a primeira coisa que notei foi o medo estampado em seu rosto. O pavor em seus olhos me fez perceber o quanto ela estava vulnerável. Quando perguntei sobre seu pai, compreendi a gravidade do que a assombrava. O medo que ela sentia não era apenas por algo do passado; era um terror constante, uma sombra que pairava sobre ela.
Mais do que tudo, eu queria que ela soubesse que não precisava mais ter medo. Eu estou aqui e estarei ao lado dela para o que for preciso. O tempo de cura dela é o que importa, e vou respeitar cada passo desse caminho.
Enquanto a observava, ouvi sua voz suave sussurrar:
- Não posso deixar ele machucar quem eu amo... não posso deixar ele machucar... você!
As palavras dela ecoaram em minha mente. Me machucar? Quem? Ela se importava tanto assim comigo? Essa revelação deixou meu coração acelerado e me fez querer entender tudo o que estava acontecendo. Mas, ao olhar para ela, percebi que as perguntas teriam que esperar.
- Addison, eu queria falar uma coisa sobre seu... - comecei, mas parei ao notar que ela já havia adormecido serenamente. Um suspiro suave escapou de seus lábios, e um sorriso involuntário surgiu em meu rosto.
Apaguei a luz e a abracei, sentindo seu corpo se aconchegar contra o meu. Era como se todas as suas inseguranças e medos fossem suavizados pela segurança do meu abraço. Ali, em silêncio, enquanto a noite se aprofundava, percebi que havia algo especial em protegê-la. Ela era uma guerreira, mesmo que não soubesse. A batalha dela não era apenas contra os fantasmas do passado, mas também contra a solidão que muitas vezes a cercava.
Eu queria ser o porto seguro dela, um refúgio onde ela pudesse finalmente deixar suas defesas caírem. E, enquanto ela dormia tranquilamente em meus braços, eu prometi a mim mesmo que faria tudo ao meu alcance para garantir que nunca mais precisasse ter medo. Afinal, não era apenas a segurança dela que estava em jogo; era a chance de um futuro em que o amor pudesse prevalecer sobre o medo. E, naquele momento, percebi que estava disposto a lutar por isso.
CONTINUA...
GENTE QUE CAPÍTULO FOI ESSE??
O NICK CUIDANDO DA ADDISON E TUDO PRA MIMMMMM
ESPERO QUE TENHAM GOSTADO DESSE CAPÍTULO ANTES DOS SURTOS...
ATÉ O PRÓXIMO CAPÍTULO 😘😘😘
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