9.0
O tique-taque do relógio da parede me irritava, junto com o barulho da chuva contra a janela. Eu observava as pessoas correndo de um lado ao outro da rua, tentando se proteger da chuva repentina.
Suspirei, voltando minha atenção para a tela do computador da livraria.
Já haviam três dias inteiros que eu não falava com Bucky. E talvez, eu soubesse que em parte eu estava errada. Mas eu também não queria admitir o erro.
Os dois primeiros dias, eu ainda estava com raiva e tive Natasha e Sam dormindo no apartamento para amenizar o clima, já que Hope e Steve acharam melhor saírem depois que eu sumi para evitar um clima ainda pior.
Mas do dia anterior para esse, estava mais difícil de manter a raiva e eu só conseguia me sentir triste, magoada e irritada. Ainda mais, porque dormimos separados e sem nem dar "boa noite" um para o outro, mas acordei presa entre os braços dele e muito antes de Bucky.
O que, é claro, me rendeu tempo suficiente para olhar para ele enquanto dormia e me fazer admitir que eu também estava errada.
Ele devia estar preocupado, apreensivo, com medo, nervoso e ainda por cima, enciumado.
Quer dizer, não era culpa de Bucky estarmos há seis meses sozinhos e em paz, e aí, Steve volta e ainda trazendo um milhão de problemas na bagagem.
Abri uma nova guia na tela e, ao invés de pesquisar algo que eu sabia que não ia dar resultados novos, como Rumlow, meu avô ou a própria NovaCorps, digitei na barra de pesquisa "Soldado Invernal".
Haviam várias reportagens de 2016 sobre ele. Mas o conteúdo delas, não me interessava. Eu fui direto nas fotos e escolhi uma que estava exposta no Museu do Capitão América, onde Bucky pousava com o "Comando Selvagem".
Ele era tão lindo! Tão jovem, leve e inocente... A vida não tinha sido justa para ele, nem um pouco. E mesmo assim, ele ainda era tão apaixonante, tão neném...
Eu só queria dar colo para ele e o livrar dos problemas, até os que eu estava causando.
Dei um longo suspiro. Peguei meu telefone e mandei uma mensagem para Hope.
"Você acha que é melhor eu pedir desculpas?".
Hope respondeu minutos depois.
"Você sabe minha opinião sincera sobre esse namoro, Amberly. Mas se você está sentindo falta dele, vai atrás".
Rolei os olhos e guardei o telefone. Eu não entendia qual era o problema da Hope com o Bucky. Podia ser ciúmes, talvez...
Voltei a olhar a foto no computador e depois, procurei algumas nossas no telefone. Não que eu tivesse mania de tirar foto, ou que Bucky gostasse.
Mesmo assim, tínhamos algumas e eu amava uma em especial, onde eu estava mordendo a bochecha dele.
Fechei os olhos, esfregando minha testa. Eu sentia tanta falta dele que sentia que podia me afogar na minha própria respiração.
Meu coração doía e minhas veias ardiam, agitadas. O fogo dentro de mim queria se expandir, mas eu não deixei, impressionada com o que a saudade podia fazer com o meu corpo.
E me dei conta de que era a primeira vez que acabamos nos afastando em seis meses. Em seis meses, nunca tínhamos ficado mais que uma hora sem nos falarmos e não tínhamos dormido um único dia separados, mesmo que tenhamos dividido a cama.
-Espero que essas lágrimas sejam de felicidade por me ver.
Ergui os olhos para a porta e apaguei a tela do computador, tentando sorrir e limpar as lágrimas que eu nem percebi estar caindo.
-Oi, Tony. - Cumprimentei. - O que está fazendo aqui? Achei que essa parte da cidade era pobre demais para você!
Tony tirou os óculos e olhou a livraria, negando com a cabeça.
-Um passarinho me contou que minha priminha favorita está enfrentando a primeira crise no casamento.
Dei um leve sorriso. Casamento... Era praticamente isso mesmo. Será que Bucky pensava nisso também?
-Anda falando com passarinhos agora, Tony?
-Não... - Tony encostou no balcão. - Só com o Sam e a Natasha. Quer que eu quebre a cara do Steve para você? Ou prefere a do Bucky? É só pedir… Você sabe que eu nem vou fazer esforço!
Dei uma risada e voltei a limpar minhas lágrimas. Conferi se o Senhor Lee estava vindo e, como não estava, soltei o ar.
-Acho que eu fui muito dura com ele, Tony. Eu devia ter sido mais... Gentil? Acho que é isso...
-Vocês brigaram por causa daquela moça misteriosa que você me falou?
Assenti, mas depois, neguei. E em seguida, dei de ombros.
-Sim, não e talvez. Quero dizer... Começou por causa disso, mas a Natasha me ajudou. Depois, eu perdi a cabeça e sumi por quase uma hora. Aí, ele também perdeu e... Sei lá.
-Eu não sou a melhor pessoa para relacionamentos...
-Ainda bem que ele sabe. - Comentei. Tony me encarou. - Desculpe, pode falar.
Tony rolou os olhos e fez uma careta.
-Olha, se a preocupação dele era você voltar ao trabalho... Você já está trabalhando! E já conseguimos provas de que o Rumlow saiu mesmo do país. Quem quer que seja a mulher misteriosa, ela acertou!
Suspirei.
-É melhor eu pedir desculpas, então?
-Claro que não! - Tony revirou os olhos, cruzando os braços. - Acorda, Amberly. Um Stark nunca pede desculpas... Você vai fazer ele pedir!
Encarei Tony, negando com a cabeça algumas vezes. Depois, me pendurei no balcão e o encarei.
-Você não veio aqui só para me dar conselhos amorosos, né?
-Você me conhece tão bem! - Tony suspirou, teatralmente, e sorriu. - Não, eu vim aqui conversar com você sobre aquela idéia meio idiota do seu namorado. Como a loja está vazia... Aliás, por quê está tão vazia?
Tony fez um sinal com o dedo, indicando a loja. Dei de ombros e apontei para a janela, onde a chuva caía com força.
-Não estava, até meia hora atrás, mas acho que ninguém quer comprar livros com essa chuva. - Prendi meu cabelo e o encarei. - Qual das idéias idiotas que você quer falar?
-Aquela sobre a Wanda, o Clint, o Rhodes... - Pausa. - Ele tem razão, e eu não vou admitir isso de novo, okay? Mas o Steve está estranho comigo também.
Torci a boca, o encarando.
-Tony, o Steve está estranho desde que eu cheguei...
-Não, Amber. Escuta: Ele está estranho com você e o Bucky. Mas até uns dias atrás, ele estava agindo normalmente comigo, entende? Agora, depois que ele conversou com a Wanda sobre o que ela fez com você... Bem...
Franzi a testa, sem entender, exatamente, onde ele queria chegar. Talvez, Tony estivesse insinuando que Wanda quem estava causando isso tudo?
Tony não esperou que eu respondesse.
-Não é uma coisa que apenas eu notei, Amber. O Sam notou. O Bucky. O Bruce. O Fury... Entende?
-Que o Steve está estranho com você?
Tony rolou os olhos e apoiou as mãos na cintura, bufando e negando com a cabeça.
-A convivência com ele está te deixando tão lerda assim, é? Não, Amber... Até eles repararam que a Wanda está estranha!
Neguei com a cabeça.
-Tony, a Wanda pode não gostar de mim por causa do Steve, mas não acho que ela faria a equipe inteira ficar estranha por minha causa.
Tony apontou com um dedo para mim.
-É aí que está! E se isso não tem a ver com você, Amber? E se a gente está olhando pelo ponto de vista errado por causa desse seu triângulo amoroso estranho?
-Tony... - Reclamei, esfregando o rosto.
-Não, me escuta! - Tony segurou minha mão. - A gente está associando o problema da Wanda a você e ao Steve, mas eu estive pensando: E se esse não for o problema? Porque seria muita infantilidade da Wanda, e mais ainda do Clint e do Rhodes e, acredite, eles não são assim.
Concordei, prestando atenção. Até que fazia sentido...
-A Wanda já poderia estar estranha antes do Steve, Amber. Não podia?
-Podia...
-Viu? Eu tenho razão!
-Aparentemente... - Observei. - Essa idéia foi sua mesmo ou você só veio repassar para mim?
Tony fez cara de ofendido, cruzando os braços.
-Não passei a noite inteira tomando café e pensando nisso para você desmerecer minha idéia assim, Amberly! É óbvio que foi minha! Quem mais seria brilhante assim?
Dei uma risada e me ajeitei na cadeira, voltando a prender meu cabelo que tinha soltado. Na verdade, fazia um puta sentido...
-Tinha uns dias só que o Steve voltou e eu me lembro do Bucky usando a expressão "já tem umas semanas que a Wanda anda estranha"...
Tony assentiu.
-Exato! O Steve está aqui há menos de um mês. A Nat falou que o Clint está estranho desde o mês passado!
-Tony, você é brilhante! Eu já te disse isso?
-Hoje, não. Mas obrigado, eu sei!
Dei um tapinha no braço dele e continuamos jogando conversa fora por mais meia hora.
Apresentei o Senhor Lee a ele e os dois engataram uma conversa animada depois que Tony se prontificou a resolver o problema da eletricidade na parte de trás da loja que o Senhor Lee tinha passado quase duas horas tentando resolver, em vão.
Os dois sumiram pelos fundos e eu peguei minha agenda dentro da mochila, abrindo em uma página qualquer e escrevendo, basicamente, o que Tony tinha me dito. Afinal, quando eu voltasse a falar com aquele imbecil, eu tinha que mostrar isso a ele.
Não precisei esperar muito tempo, na verdade. Cerca de quinze minutos depois, a porta abriu, me fazendo erguer a cabeça e quase ter um ataque do coração.
Bucky estava parado, fechando o guarda-chuva e ensopado.
-Oi... - Ele virou para mim, tirando o casaco molhado e apoiando por cima do guarda-chuva, na parede. - Tá uma chuva lá fora...
Concordei. Observei Bucky vir até mim e apoiar as mãos no balcão. Ele hesitou por uns segundos, enquanto nos olhávamos.
-Eu fiquei com saudade.
-Senti sua falta, sabe?
Nos entreolhamos e Bucky deu um sorriso lindo. Contornei o balcão, enquanto ele sentava no banquinho. Nos abraçamos por vários segundos. Apertado e forte. Um braço cheio de saudade… O cabelo dele ainda pingava água quando nos soltamos.
-Não me diz que um carro te molhou todo...
-Não. - Bucky riu. - É que eu acabei saindo do restaurante na hora que a chuva caiu e... Aconteceu uma coisa que me fez ver ter que ir para casa, e aí... Peguei o guarda-chuva e como achei que você ainda estaria aqui...
-Acertou. - Dei um sorriso. - Espera... O que aconteceu?
Bucky ficou vermelho e coçou a nuca, olhando para o lados.
-Cadê o Senhor Lee?
-Lá dentro com o Tony.
Bucky franziu a testa, confuso.
-Tony? Que Tony?
-Meu primo, ué. - Dei de ombros, pegando a agenda. - Ele veio conversar sobre isso aqui.
Bucky enxugou as mãos na minha calça, o que fez eu ter que dar um tapão nele pelo abuso. Então, pegou e começou a ler minhas anotações, ao mesmo tempo que eu ia falando.
Ele refletiu por alguns instantes e deixou o queixo cair.
-Mas que merda... Não é que o homem é um gênio mesmo?!
-É de família. - Dei de ombros, sorrindo.
Bucky me encarou. Nossos olhos prenderam um no do outro e eu senti meu coração acelerar quando ele suspirou e sorriu, me puxando pela mão, para em seguida, apoiar as mãos no meu quadril.
Eu não consegui tirar meus olhos dos olhos dele, nem quando Bucky passou a encarar minha boca. Minhas mãos subiram pelo cabelo dele, penteando, enquanto eu as mantinha quentes, até que parasse de pingar. Minha mão correu pela barba dele, até parar na boca. Engoli em seco.
-Eu senti sua falta, Bonequinha.
-E eu senti a sua, meu amor. - Enfiei meu rosto no pescoço dele, o abraçando apertado de novo.
Bucky retribuiu o abraço, beijando meu ombro.
-Eu sinto muito, Amber. Eu estava nervoso, entende? Quer dizer, eu não devia ter falado daquela forma. Mas eu não ia te chamar de assassina. Eu juro que ia te chamar de inconsequente...
-Shhh! - Dei um beijinho nele. - Eu também errei, tá? Não devia ter falado daquela forma, ou saído sem te avisar com tudo isso que está acontecendo...
Bucky concordou, me puxando pelo rosto para um beijo apaixonado e intenso. Por mim, o mundo podia ter acabado naquela hora e eu não ia me importar.
A única coisa que importava para mim, era estar alí, presa entre os braços dele, nossas línguas emboladas, a respiração acelerada e o arrepio da minha pele quente, em contato com as roupas molhadas e geladas.
-A gente não pode sair nem cinco minutos, os jovens centenários ficam se agarrando... Vê se pode uma coisa dessas!
Ignoramos a voz de Tony e a risada do Senhor Lee e só nos separamos no nosso tempo.
-Já está tarde assim, é? - O Senhor Lee exclamou, espantado.
Acompanhamos o olhar dele para o relógio na parede e vi que estava muito tarde mesmo. Então, Bucky o levou até o prédio dele, debaixo do guarda-chuva, enquanto Tony se despedia de mim e dizia que ia levar o assunto adiante na Shield.
Concordei e esperei Bucky chegar perto de mim para sair da loja e fechar completamente.
-Hey, você não me disse o que aconteceu para você ficar encharcado dessa forma! - Reclamei.
-Você vai saber assim que chegarmos em casa. - Bucky suspirou, me abraçando. - Deixa de ser curiosa!
-Deixa de ser misterioso e me fala logo!
-Não.
Revirei os olhos e calei a boca, caminhando sem pressa, enquanto ouvia Bucky falar sobre uma confusão que teve que separar, mais cedo, quando a esposa de um cara, achou ele aos beijos com a amante dentro do restaurante.
Oooie, meus amores! ❤
Cheguei com mais um capítulo novinho para vocês e antes de comentar sobre o capítulo, preciso contar que defini os dias das postagens dessa segunda parte aqui, okay? Vão ser toda Terça, quinta e Sábado! Ou seja, fiquem de olho! 🤭💖
Aliás, vou responder os comentários anteriores hoje, okay?? 🥰
Sobre o capítulo...
Ah, mas Vocês acharam mesmo que eu ia deixar esses dois cabeças duras separados por muito tempo? 🥺 Não dá! Eu sou cadelinha demais deles para não me importar 👉🏻👈🏻❤
E a teoria do Tony? Alguém tem alguma teoria sobre isso?? 👀
Bem, é isso! Temos um grupo no zap zap também e se vocês quiserem entrar para interagir, tem muita gente legal e muito assunto legal também! 🥰💖 É só ir direto no meu perfil e tem o link, lá!
Ah, e um único spoiler sobre o próximo capítulo para deixar vocês ansiosas: É HOT! 🔥🔥🔥
Beijos! 💋💋
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