28.0
Minha cabeça doía profundamente e o lugar onde eu fui atacada latejava. Eu me sentia fraca. Extremamente fraca. Eu mal conseguia abrir os olhos e tentar ver onde eu estava.
Eu conseguia ouvir um bip incessante e o barulho de motores de máquinas. Por alguns segundos, eu cheguei a achar que estava em um hospital, já que eu tinha algo espetado na parte de dentro do meu cotovelo.
Minha cabeça caiu de novo, assim que eu tentei mexer o pescoço. Tudo doía. Minha boca estava completamente seca.
E foi aí que eu percebi que eu estava amarrada. Completamente amarrada em uma maca.
Esperei meus olhos desembaçarem e olhei ao redor. Realmente, havia um monitor cardíaco no meu lado esquerdo e um soro com um líquido dourado espetado no meu braço.
As cordas que me prendiam eram grossas. Eu até conseguiria as queimar, mas o problema era que eu sabia, exatamente, que líquido era aquele.
Era um antídoto.
Eu sentia na forma como eu estava fraca. Como eu estava gelada por dentro. Como parecia que alguma coisa faltava em mim.
Encarei o teto, tentando me soltar mas não consegui nada. Bufei, frustrada. O silêncio naquele lugar era insurdecedor.
As paredes eram de um tom cinza escuro e não havia janela, apenas um pequeno buraco no alto do teto por onde entrava o Sol e refletia em uma prateleira com vidros.
Aquilo não era um hospital. Aquilo era alguma cede da NovaCorps.
Abri e fechei minhas mãos. Nada. Nem um calor. Pelo menos, meu anel de noivado ainda estava no meu dedo.
Fechei os olhos, controlando a vontade de chorar. Eu tinha matado a única pessoa que sabia onde Bucky estava. Eu era muito idiota...
Depois, me lembrei da voz que me atacou. Eu conhecia. Eu só não fazia idéia de quem era. Da mesma forma que eu conhecia a voz de Rebecca e nem lembrava.
Ou talvez, eu não quisesse lembrar...
Sem nada para fazer, já que eu não conseguia arrancar aquela agulha de mim, fechei os olhos e esperei. Talvez, eu finalmente fosse morrer.
Na verdade, eu tive que esperar durante cerca de duas horas até que alguém tivesse aparecido. Eu só abri os olhos quando ouvi alguém mexendo na porta e entrando.
Observei dois seguranças armados entrarem e fazerem guarda na porta, um de cada lado, enquanto duas mulheres com jalecos se posicionavam ao meu lado e começavam a anotar coisas.
Só percebi que estava chorando quando senti alguém apertar meu tornozelo de uma forma que fez doer e muito.
-Oh, Menina... Por que está chorando? Não está feliz de voltar para casa?
Meu corpo gelou mais ainda e meu coração parou. Tirei o olhar das mulheres e encarei aquele velho tão conhecido por mim. O cabelo ralo e branco, a pele enrugada e flácida e os grandes olhos escuros fizeram eu me estremecer e voltar a chorar.
Ele tomou o lugar de uma das mulheres ao lado e deu um sorriso com a boca flácida. Tentei me afastar mas eu estava presa.
Ele acariciou o meu cabelo.
-Oh, meu Tesouro... Eu achei que tinha perdido voc...
-Não me toca! - Berrei, tentando morder a mão dele.
As duas mulheres me seguraram rapidamente. Ele começou a rir.
-Olha, confesso que eu fiquei um pouco receoso quando eu tive a idéia de te mandar para o seu namorado, mas o tempo fez bem a você, não é, minha neta?
-Eu não sou a sua neta! - Reclamei.
-Ah, você é, sim! - Martin riu. - E minha maior criação!
Fiquei em silencio, controlando as lágrimas.
-Mas chegou a hora, Amber, de você me devolver o que eu te dei... Eu só ainda não sei como. - Ele observou o soro. - Nunca consegui anular usando isso aqui. No final, sempre voltava...
Observei o soro. Martin suspirou e me encarou. Depois olhou para as mulheres e perguntou se elas já tinham anotado tudo. Quando elas confirmaram, ele as dispensou e puxou um banquinho, para sentar ao meu lado.
Desviei o olhar dele e fiquei encarando o teto.
-Eu tive uma idéia, sabe? E eu vou tentar usar. Deve doer, claro, mas nada que você não esteja acostumada...
-Por que eu?! - Encarei ele.
Martin me encarou, surpreso. Então, colocou as luvas e sorriu, mexendo em uma gaveta e andando pela sala, pegando materiais.
-Achei que você nunca ia perguntar, Amberly. Aliás, Amberly... Que nome feio! Eu nunca entendi porquê seu pai quis colocar esse nome...
Revirei os olhos.
-Mas você perguntou o que mesmo? Ah, sim... Por quê você? Bem, Amber... Eu tenho te observado desde pequena, sabe? Eu já tinha tido umas idéias para você desde que eu soube que sua mãe estava grávida e conforme você foi crescendo, minha querida, e sua personalidade foi ficando extremamente... Forte... Eu tive certeza que você era quem eu precisava.
Lágrimas caíam do meu rosto. Ele pegou um vidro com um líquido azul transparente.
-Claro que seu pai desconfiou e foi uma sorte muito grande ele ter morrido. Então, você se mudou e foi a oportunidade perfeita. Eu conhecia toda a sua vida, garota. Seus amigos. Seu colégio. Seus hobbys... Você era uma depravada, mas isso não alterou o meu objetivo. Claro que tive que esperar as pessoas certas para montar a minha organização, mas valeu à pena todos os anos de espera.
Fuzilei ele com os olhos.
-E olha que golpe de sorte, garota? Seu namoradinho virou o Capitão América! Só que ele morreu... Ao mesmo tempo que você renasceu para a NovaCorps!
-Você é doente...
Ele levou a agulha para perto da minha perna, sorrindo.
-Não, Amberly. Isso não é doença. Isso é evolução!
A agulha entrou e o líquido foi colocado na minha coxa. Por segundos, não aconteceu nada e Martin me olhou, em expectativa.
Então, meu corpo inteiro começou a pegar fogo e queimar, no sentido figurado. Aquela maldita dor que eu achei que nunca mais fosse sentir.
Meu corpo inteiro tremia e minha garganta ardeu com os gritos. Enquanto a sensação ia diminuindo, Martin deixou os ombros caírem e tacou o frasco e a seringa na parede.
-Inferno! Mas não se preocupa, querida. Eu vou conseguir desenvolver uma cura para você!
Meu corpo ainda convulsionava quando meus olhos começaram a fechar. Desmaiei em segundos.
Quando acordei de novo, minha perna ainda estaba dormente e tudo estava igual, com exceção do fato de que, agora, eu estava em um breu total e não conseguia enxergar nada. Pelo buraco, eu ouvia uma chuva grossa caindo junto com o tic-tic de uma goteira.
Tentei durante várias horas, até o breu ir passando e uma claridade ir entrando de volta, mas eu não conseguia absolutamente nada.
Eu não sabia dizer quantos dias eu tinha ficado naquele lugar. Provavelmente, uma semana, pelas minhas contas, a contar do dia em que vi meu avô pela primeira vez.
Uma "enfermeira" aparecia duas vezes por dia e me dava água, comida e me levava no banheiro com a ajuda de algum segurança, já que eu estava tão fraca que eu mal conseguia ficar em pé.
Todo dia, ele injetava algo novo em mim e todo dia eu morria de dor. Eu morria por não saber onde eu estava e nem como Bucky estava. Por não saber como os meua amigos estavam. E por não saber quem foi que me traiu.
Porque aquele tempo todo me fez refletir que, sim, alguém tinha me traído. Tinha atraído Wanda para longe de mim e tinha avisado que era uma armadilha.
O plano era perfeito e não tinha erros. A execução foi perfeita! E eu sabia que conhecia a voz.
Além disso...
Será que Martin tinha mesmo desenvolvido aquele soro ou copiaram a receita do Doutor Bruce? Talvez eu estivesse ficando paranóica e nada disso fosse real.
Ou talvez, isso fosse muito real...
Depois da última vez que Martin injetou um líquido verde água e todo o processo de dor e rejeição voltou, desmaiei novamente.
Talvez, tivesse algum tipo de sedativo no soro também...
Acordei com alguém em cima de mim, me encarando, no escuro. Arregalei os olhos e, com o susto, dei um berro. Uma mão forte tampou a minha boca, pedindo para eu ficar quieta novamente.
Lágrimas desceram dos meus olhos e eu fiquei quieta, ao mesmo tempo que a pessoa lutava para desamarrar minhas cordas e puxava todos os fios conectados no meu corpo.
Precisei de auxílio para conseguir sentar e descobri que, embora meu pé ainda estivesse muito dolorido, haviam enfaixado ele e não parecia estar torto. Pulei da cama, me apoiando no corpo de Steve.
-Consegue andar?
-O que você...?
-Não faz pergunta agora! Você tem que sair daqui... - Steve pediu levando a mão à orelha. - Tony, terceiro andar! Lado oeste. Não tem janelas... Certo, entendido. Vamos, Amber!
-Eu não consigo... - Choraminguei.
-Se segura.
Steve passou os braços pelas minhas pernas e me ergue no colo dele. Respirou fundo e me encarou.
-Confia em mim?
-Não. - Revirei os olhos. - Mas confio muito menos no meu avô, então, você serve.
-Okay. Tudo bem... E lá vamos nós!
Ooie, Gente! ❤
Tô de volta com o penúltimo capítulo dessa semana e que é um dos meus favoritos, mesmo sendo um dos mais curtos que já escrevi para essa história.
Gente, o avô da Amber é completamente louco, mas vou confessar que ele é um dos vilões que mais gostei de escrever.
E o que vocês acham?? Realmente tem alguém que traiu eles ou é exagero da Amber por causa do que estava sendo injetado nela? E se acham, quem vocês acham que foi? 👀😅 Eu acho que vai surpreender MUITO VOCÊS !
Até amanhã! ❤
Beijos! 💋
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro