24.0
Como eu não podia ficar para observar o interrogatório daquele casal excêntrico e estranho, fomos todos no furgão da Shield e Natasha, Steve e Bucky desceram na garagem, arrastando os dois corredor à dentro.
Continuei dentro do carro, voltando para casa, com Sam no volante. O silêncio reinava entre a gente, enquanto Sam esperava, pacientemente, o trânsito despoluir e batucava ao som de um rock clássico.
Se eu pudesse, tinha desligado aquele rádio e explodido o carro. A quantidade de vezes que minhas luvas resfriaram minhas mãos... A Luzinha vermelha me fazia perceber que eu ia ter que recolocar para carregar antes do previsto.
-Você está bem, Amberly?
Desviei o olhar das minhas mãos. E dei um sorrisinho, cruzando os braços.
-Chamou de Amberly, a coisa tá séria...
Sam deu um sorrisinho também, encostado na porta do motorista.
-Quem teve a idéia de te chamar de Amberly? Quer dizer, com todo o respeito mas eu nunca tinha visto uma senhorinha com um nome tão moderno!
-Eu vou ignorar que você me chamou de senhorinha... - Rolei os olhos, reprimindo o riso.
-Menti? - Sam cutucou meu braço. - Você tem quantos anos? Cento e cinquenta?
Encarei ele, rindo.
-Samuel! Pelo amor de Deus, não! Eu tinha... Bem, em teoria tenho vinte e nove, agora.
Sam ergueu as sombrancelhas.
-Hmmm... E cronologicamente?
-Noventa e oito.
Sam manobrou o carro, franzindo a testa e me encarando.
-Se você tem noventa e oito...
-O Steve tem vai fazer noventa e nove e o Bucky fez cem. - Expliquei prevendo a pergunta.
Sam deixou o queixo cair. Abracei meus joelhos. E fiquei quieta. Sam suspirou e voltou a perguntar:
-É sério, Amber... Quem te deu esse nome?
-Meu pai. - Dei de ombros. -Amber significa amuleto da sorte, mas não sei, exatamente, de onde veio o "ly" no final.
O trânsito começou a andar um pouco melhor e enquanto as ruas passavam rapidamente, minha mente foi parar em Steve. Mas antes que eu pudesse me sentir no direito de ficar com raiva, Sam segurou meu ombro.
-Você viu, não viu?
-Por quê você e a Nat interromperam?
Sam suspirou e entrou na garagem do prédio.
-Eu e a Nat não concordamos com a forma que o Steve diz que gosta de você. Quero dizer, no início, a gente até... Sabe? Saiu do apartamento e tudo para dar privacidade, mas...
Voltei a abraçar meus joelhos e observei o pano do vestido, só para não ter que olhar para ele.
-O Bucky era um galinha quando era jovem. - Comentei. Sam estacionou em uma vaga e virou para mim. - Sabe? Ele era muito bonito! E ainda era bom de briga e de papo...
-O Bucky? Que tem um braço de metal?
Assenti, apoiando meu cotovelo no painel do carro e a cabeça na mão.
-Quando você se apaixonou por ele?
Senti minhas bochechas esquentarem e pigarreei, o que fez ele rir alto.
-Eu devia ter uns treze anos e vi ele beijando uma amiga minha. - Dei de ombros, rolando os olhos. - O que na verdade, se tornou bem recorrente, sabe? Ele amava ficar com as minhas amigas na minha frente. E eu reparei que gostava dele porquê doeu. Mas como percebi que não ia ter chance, e que ele me odiava... Passei a "odiar" ele.
Fiz aspas com os dedos. Sam deu uma risada.
-Você tem um gosto peculiar para homens, Amber.
-Eu sei... - Respirei fundo. - Como eu estava dizendo, o Bucky chamava muita atenção e o Steve era uma coisinha pequena e apagadinha, sabe? Pelo que me lembro, o Bucky sempre tentava arranjar encontros para ele, mas Steve nunca avançava...
Sam esperou, mordendo a boca, enquanto se controlava para não me interromper.
-Eu achava o Steve fofo e... Bem, o Bucky perguntou para a Hope se eu não queria sair com o Steve. Foi quando ele foi escalado como Sargento para a Guerra... Eu aceitei, né? Nunca ia sair com o Bucky mesmo e... Eu já tinha reparado no Steve. Enfim...
-Se você tivesse chance com o Bucky, você tinha ficado com o Steve?
Hesitei um pouco mais do que eu deveria, mas, mesmo sabendo a resposta, eu dei de ombros.
-Não sei. Bem, eu tô te contando isso para justificar porquê.... Quero dizer, se fosse o Bucky, eu ia entender, sabe? Ele sempre deu em cima de todo mundo e ficava com várias... Diziam até que ele tinha dormido com três garotas na mesma noite, o que era um escândalo na época...
Sam deu uma risada alta.
-Jura?! As pessoas eram tão antiquadas assim?
-Sam, eu ganhei o apelido de vadia do Brooklyn porquê uma "amiga" espalhou que eu não era mais virgem. Sendo que eu era!
Sam franziu a testa, negando com a cabeça.
-E o que você fez?
-Perdi a virgindade com o namorado dela. - Dei de ombros.
Começamos a rir iguais idiotas. Depois disso, continuamos a conversa na cozinha, enquanto ele cozinhava uma macarronada ao molho para a gente.
-Bem, a questão é a seguinte: Quando que o Steve virou um galinha, Sam? - Perguntei, apoiando meu corpo na mesa. - E por quê ele não foi honesto desde o início, avisando que não queria nada sério? Não tinha deixado eu pensar que...
Minha voz falhou. Sam me olhou por cima do ombro.
-Amber, eu vou falar serio...
-Você falando sério? Conta outra, Sam!
-Hey, me respeita, garota! - Sam rolou os olhos, rindo. - O que eu quis dizer é... Bem, pode doer, mas eu vou falar assim mesmo!
-Tudo bem. - Dei de ombros. - Melhor engolir a verdade de uma vez, mesmo amarga, do que se iludir com várias gotas de mentiras doces.
Silêncio.
Sam largou a panela e começou a bater palmas, gritando "Bravo! Bravo! Bravo!". Dei uma risada alta e quase caí da mesa, mas me segurei no último segundo. Sam esperou eu terminar de rir.
-Eu acho que, sim, o Steve gosta muito de você, Amber. Mas também acho que, apesar de gostar, você nunca foi prioridade na vida dele.
Me inclinei para frente, enquanto Sam deixava eu assimilar aquelas palavras.
-Continue, Sam!
-Quando vocês eram jovens, a prioridade dele era ir para a Guerra. Na Guerra, a prioridade dele era ganhar a Guerra e a Peggy.
-Certo.
-Passam anos... E ai, ele endoidou e saiu ficando com várias amigas: A Sharon, que, inclusive, é sobrinha-neta da Peggy...
-Não! - Exclamei, pondo a mão na boca e rindo. - Mas que safado!
Sam deu uma risada e continuou falando.
-Bem, e aí, teve a Natasha. E depois, a Wanda e ele se aproximaram muito. E por fim, você surgiu.
Concordei.
-Ele deve ter ficado mexido...
-Sim! Você e o Bucky, ruim ou bom, são os pilares dele para o passado, entende? E o Steve... Ele não é tão normal quanto ele finge ser....
-Eu notei. - Assenti. - Mas não posso culpar ele. Eu entendo completamente, Sam.
-Eu também. - Sam deu um sorriso e veio até mim, me abraçando. - Eu não estava criticando vocês, eu só...
-Entendi.
O macarrão ficou pronto e nos sentamos para comer. Sam tentou retomar o assunto, mas eu tinha falado antes:
-Caraca! Você cozinha bem mesmo! Desculpe... O que você ia dizer?
-Obrigado pelo elogio. Eu só ia dizer que... - Sam engoliu o macarrão e me encarou. - Sendo racional: Eu acho que o Steve não falou que não queria nada sério porquê ele estava tentando gostar mais de você, mas, como eu falei, não era para ele que você era prioridade.
Assenti. Fazia sentido. Quando eu comecei isso, eu estava disposta a me permitir conhecer ele melhor e evoluir a relação, mas se não rolou, não rolou.
O problema continuava a ser esse apego do Steve. E Sam tinha razão, não era por mim, era pelo passado dele. E isso, claro, não o impedia de sentir afeto por mim, como eu sentia por ele, mas...
Não como queríamos.
-Amber!
Encarei a mesa e percebi que taquei fogo nela. Saímos correndo pela cozinha e pegamos umas panelas, enchendo com água até acabar o fogo todo.
Nos encaramos. E começamos a rir igual idiotas de novo.
-Me desculpe! - Pedi entre uma risada e outra.
-Só me promete... Que não vai... Fazer Falcão asssado... E tá tudo certo! - Sam se apoiou na geladeira, rindo.
-Prometo! Desculpe mesmo!
Ainda levamos mais alguns minutos para tirar aquela água do chão, terminar de comer o resto do macarrão, lavar a louça e jogar a toalha de mesa queimada fora.
-Amber, posso te fazer uma pergunta íntima? - Sam entrou pela sala, depois de jogar o lixo fora.
Revirei os olhos e o encarei, sentada no sofá.
-Lá vamos nós...
-Você já pegou fogo naquela hora?
-Que hora? - Franzi a testa. Sam sentou do meu lado, sorrindo maliciosamente.
-Na hora do vuc vuc.
-Não! - Exclamei, rindo. - Pelo amor de Deus! Não... Quero dizer... Eu fico bem quente, se é que você me entende, mas... Nunca peguei fogo.
Sam deu uma risada, apoiando os pés no meu colo. Empurrei ele, mas Sam só os recolocou de volta.
-Ainda bem, porquê uma queimadura na boca ou no...
-Samuel! - Taquei uma almofada com força nele. - Deixa de ser inconveniente e idiota!
Sam levou vários minutos para parar de rir, enquanto eu só o observava, fuzilando ele com o olhar.
Então, ele respirou fundo e me encarou.
-Você sabe o que vai fazer em relação ao Steve?
Fiquei em silêncio. E acenei que sim.
-Sei.
-E isso tem a ver com um certo cabeludo?
Neguei, sendo sincera.
-Não. Na verdade, não. Eu gosto demais do Bucky, Sam. E você é o único que sabe disso...
-Quanto?
Silêncio. Abaixei a cabeça, cutucando minhas unhas. Eu poderia não responder aquela pergunta, seria mais fácil. Sam entenderia. Mas...
Suspirei. Eu confiava nele. E não aguentava mais guardar aquilo para mim. Não depois daquela dança.
-Acho que tanto quanto eu gostava no passado. Ou mais até...- Sam mordeu a boca. Eu continuei. - Mas como eu disse: Não tem a ver com o Bucky porquê, hoje em dia, eu não tenho a menor chance com ele. E mesmo se eu tivesse, bem... Foi o que Bucky me disse uma vez há algumas semanas: Será que eu mereço ficar sofrendo por um cara que nem mesmo me vê como uma primeira opção?
-Ele acha que você merece? - Sam questionou, olhando pela janela. - O Bucky, no caso.
-Não. Desde aquela bomba e quando ele estava no hospital, ele tentou me alertar que, talvez, o Steve não gostasse tanto de mim. Mas... Achei que ele estava sendo só ciumento, sabe? Com medo de perder a amizade, sei lá... Ou com a velha implicância comigo...
Sam me abraçou e me deu um beijo na testa. Sorri com o carinho, enquanto retribuia o abraço.
-Seja qual for sua escolha, eu vou te apoiar. Você sabe o que é melhor para você. E se precisar de mais conselhos...
-Eu procuro o Bucky.
-Hey!
Sam tacou uma almofada em mim, enquanto eu ria alto. Depois disso, acho que acabei cochilando no sofá, já que quando eu acordei, já era dia e eu tinha um edredom por cima de mim, com um travesseiro.
Eu ouvia vozes agitadas pelo apartamento e levantei, conferindo a hora. Eu não estava atrasada para ir para o trabalho, então levantei sem pressa e fui até o banheiro.
Notei que Sam, Steve e Natasha pareciam discutir se algo era outra armadilha ou não.
Enquanto eu saía do banheiro, notei que Bucky não estava no apartamento. Encostei, pronta para sair, na porta da cozinha, observando eles.
-Olha, armadilha ou não, o Fury quer que a gente vá, Sam. - Natasha explicou. -Pode ser a maior prova de que a NovaCorps voltou às atividades...
-E o Zemo! - Steve pontuou.
-Eu não estou me recusando a ir! - Vi Sam erguer as mãos no ar. - Só estou dizendo que acho arriscado!
-Claro que é... - Natasha suspirou, esfregando o rosto. -Mas o que não é arriscado quando se trata da gente?
-Vocês vão em algum lugar? - Perguntei.
Os três me encararam. Steve levantou da mesa e veio até mim, parando na minha frente, sério.
-A Junny não disse absolutamente nada. Mas o homem com um sotaque estranho... Ele entregou tudo que sabia. Ele é mercenário e... Bem, ele atuava no México. Segundo ele, há uma base da Nova Corps por lá.
-Vocês vão para o México. - Deduzi.
Steve assentiu.
-Uns três dias, no máximo! Se não tiver nada, voltamos.
Concordei com a cabeça. Como Steve me explicou que eles iam meio dia e já eram sete da manhã, me despedi deles e fui para o trabalho, me culpando apenas por não me despedir de Bucky.
Claro que Steve pediu de novo para conversar comigo quando voltar, e é claro que eu concordei. Eu precisava mesmo dar um rumo decente para o que a gente tinha.
Tentei ligar algumas vezes para Bucky, mas foi só às dez e meia da manhã, que eu consegui entrar em contato com ele.
Ou melhor, só às dez e meia da manhã, Bucky entrou pela livraria. O Senhor Lee piscou para mim e indicou com a cabeça a porta. Depois, vi a cabeleira branca dele sumir pela portinha dos fundos, mas também vi o brilho dos óculos dele entre a frecha e ri, me aproximando dele.
-Oi, Amber. - Bucky sorriu, de lado, me abraçando, assim que eu cheguei perto dele.
Um abraço forte e meio desesperado. Fui a primeira a me soltar. Sorri, de leve.
-Você vai para o México também?
-México? - Ele franziu a testa, mas depois assentiu. - Ah, sim... Desculpa! Foi por isso que eu vim aqui! Vim me despedir de você...
Dei mais um abraço nele. Os braços de Bucky envolveram meus ombros e ele me deu um beijo demorado na testa.
-Bem, em algum tempo, eu estou de volta, está bem?
-Você está bem, Bucky? - Encarei ele.
Bucky estava meio abatido e tinha umas olheiras. Ele assentiu e esfregou os olhos.
-Eu tô com sono e... Tive uma pequena discussão com o Steve, mas já nos resolvemos. Só isso. Eu tô bem e tenho que ir agora, Boneca.
Por uns segundos, meu peito agitou e eu entrei em desespero, querendo o pegar pela mão e impedir que ele fosse, mas...
Isso era ridículo. Eu só não queria sair de perto dele. Só isso.
-Okay...
Bucky se inclinou e beijou minha bochecha, demorando um pouco mais que o normal. O puxei pela mão e encarei o fundo dos olhos dele.
-Você tem certeza de que está bem?
-Tenho, Amber. Não se preocupa.
-Então, nesse caso...
Tirei meu cordão do pescoço e estiquei a corrente com o pingente de "A", cheio de pedrinhas. Bucky o pegou e riu.
-Para dar sorte?
-E você voltar. - Dei um sorriso.
-Acredita nisso mesmo?
Dei de ombros. Ele sorriu, guardando no bolso e segurando minha bochecha, enquanto sorria de lado.
-Deveria. Quando você atirou aquele sapato em mim e disse que eu podia morrer numa explosão...
Dei uma risada, sentindo minhas bochechas ficarem vermelhas.
-Por algum motivo, não sei... Eu guardei o sapato.
-Tá brincando? - Dei um sorriso.
Bucky tirou a mão da minha bochecha e negou.
-Deu sorte. Eu voltei.
-Que inferno! - Brinquei.
-Mas não é?
Dei um sorriso. Meu coração estava muito acelerado e eu tremia. Bucky me abraçou mais uma vez e se despediu. Observei ele, na porta da loja, até que tivesse o perdido de vista, no meio da multidão.
-Quando você vai seguir aquele conselho, menina? - O Senhor Lee questionou.
Encarei ele e percebi que uma lágrima quente desceu pela minha bochecha.
-Conselho?
-Amar quem te ama.
Dei um sorrisinho.
-Se isso fosse possível, Senhor Lee...
Ele ergueu as sombrancelhas e olhou na direção em que Bucky sumiu. Depois me deu um abraço pelos ombros.
-Você está bem, menina?
-Não muito... - Admiti. - Eu tive a impressão que isso foi uma despedida, Senhor Lee. Não um "Até breve!", mas um "Adeus".
Limpei outra lágrima, sentindo meu peito doer, enquanto torcia para tentar ver ele mais uma vez, e estar totalmente errada sobre minha intuição.
Ooie, Meus xuxuzinhos! ❤🥺
Voltei com um Capítulo que eu amo demais por causa do Sam! ❤
Mas esse finalzinho... Prontas para passar raiva com o Bucky durante alguns capítulos? Eu já tô separando aqui meus paninhos para passar para ele! 🤭👀😂
Espero que tenham curtido esse capítulo!
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Até o próximo! ❤
Bjs 💋
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