🦋-41-🦋
🌺Ludmilla Oliveira🌺
Me sento no chão ao lado da banheira, mordo meu lábio segurando o choro e então fecho os olhos, escorrego um pouco mais e encosto a cabeça no mármore da banheira.
"Negativo"
Não, eu não estava grávida. Os tratamentos para infertilidade não estavam fazendo efeitos. Eu estava me sentindo imprestável.
- Merda. - jogo os dois testes de gravidez longe e apoio minhas palmas da mão em minha testa. As lágrimas começam a jorrar de meus olhos e abraço minhas pernas, afundo meu rosto entre meus joelhos e me permito chorar.
- Mamãe? - ouço a voz de Jasmine no quarto e segundos depois ouço batidinhas na porta do banheiro - Mamãe, a Senhora está ai?
- Estou, amor. Daqui a pouco eu saio. - tento esconder minha voz de choro mas Jasmine parece notar e então abre a porta, passo a mão pelo rosto rapidamente e me arrependo do momento que não tranquei a porta.
- Mamãe, porque você está chorando? - a menina de três anos pergunta preocupada.
- Mamãe bateu o pé ali. - aponto para a pia e ela franzi o cenho.
- Machucou? - se ajoelha ao meu lado e eu afirmo com a cabeça - Não chora mamãe, quer que eu chame a mamãe Brunna para que ela de um beijinho para passar? Ela faz isso comigo e passa. - suas mãozinhas gordas seguram o meu rosto e não consigo não rir.
Subo meu olhar para seus olhinhos castanhos que brilhavam em preocupação. Ela estava se tornando uma garota tão linda, quase que a cópia de Brunna, um ou outro detalhe que provavelmente poderia ser do progenitor.
Jasmine apertam um pouco a minha bochecha fazendo com que eu fique com bico de peixe e ela me analisa com cuidado.
Tão preocupada.
- Não precisa, amor. Foi só uma batidinha. - faço careta.
- Mas você está chorando. - suspira - Vou te dar um beijinho e você diz se melhorou, tá? - afirmo com a cabeça e Jasmine se levanta para beijar a minha testa - Melhorou? - tomba a cabeça para o lado e eu afirmo com a cabeça.
- Sim, muito obrigada. - sorrio e ela abre um enorme sorriso - Me dá um abraço? - Jasmine afirma com a cabeça e então seus bracinhos se envolvem em meu pescoço.
Jasmine afunda o rosto em meu pescoço e eu faço o mesmo. Respiro fundo me permitindo sentir o cheiro de bebê que Jasmine ainda tinha. Afago seus cabelos bagunçados e ela ri quando beijo sua bochecha.
- A mamãe está fazendo bolo de cenoura, vamos lá. - fala enquanto eu aperto seu corpo contra o meu.
- Eu já vou, vai na frente. - sorrio e ela se afasta me deixando olhar em seus olhos que eram idênticos aos de Brunna.
- Mas mamãe, não. - nega com a cabeça com suas mãozinhas apoiadas em meu ombro - Você tem que vir comigo, poxa. - explica e eu rio.
- Tudo bem, já estou indo. - Jasmine se afasta para que eu possa levantar - Vou só fazer... Xixi e já estou indo. - sussurro e ela ri afirmando com a cabeça antes de sair correndo do banheiro e fechar a porta.
Me apoio no mármore da pia dupla e lavo meu rosto, respiro fundo e aperto meus olhos sentindo vontade de chorar novamente. Pego os testes de gravidez que estavam jogados pelo chão e os coloco na lixeira.
- Mamãe, já acabou? - Jasmine grita da porta e eu me forço a rir.
- Acabei. - grito de volta enxugando meu rosto e vou para fora do banheiro.
- Corre, a mamãe está fazendo bolo recheado. - arregala os olhos e eu rio.
- Vamos. - Jasmine segura a minha mão e me arrasta para fora do closet, saímos do quarto e então ela corre em direção a escada mas para de correr para descer da mesma.
- Sua mãe estava acordada? - ouço Brunna perguntar assim que Jasmine entra na cozinha.
- Sim, mas ela estava no banheiro chorando, mamãe. Parece que ela se machucou batendo o pé na pia. - Jasmine explica - Eu dei um beijinho e melhorou. - fala orgulhosa e entro na cozinha vendo que Brunna estava estática encarando Jasmine.
- Sério? Muito bem. - sorri e me olha preocupada - Jas, você pode ir na dispensa procurar uma barra de chocolate? - diz sabendo que Jasmine demorava muito tempo dentro da dispensa.
- TÁ! - grita saltitante antes de correr em direção a dispensa que ficava nos fundos da cozinha.
- O que aconteceu? - se aproxima de mim e eu cruzo os braços negando com a cabeça indicando que não queria falar sobre isso - Você sabe que Jasmine se convence com essa história mas eu não, não é?
- Não é nada. - forço um sorriso e beijo seus lábios - Bom, o cheiro está ótimo. Jasmine me disse que era bolo recheado? É o meu favorito. - me afasto dela indo em direção a pia e Brunna coloca a mão na cintura.
- Ludmilla.
- Brunna. - tento brincar mas meu humor não estava bom fazendo com que eu deixasse Brunna ainda mais preocupada - Tudo bem... Sabe a inseminação artificial que eu disse estava pensando em fazer?
- Sim...
- Eu fiz sem que você soubesse porque eu queria fazer uma surpresa para você e para Jasmine... Mas eu não estou grávida, de novo. - suspiro.
Essa foi a segunda tentativa.
- Eu tenho certeza que nenhum tratamento vai me fazer engravidar, Brunna. Eu não posso te dar um filho e nem um irmão para Jasmine. - minha voz fica embargada e Brunna me abraça.
- Ei, está tudo bem. Tem outras formas de termos filhos, amor. - beija meus cabelos e afundo meu rosto em seu pescoço.
- Eu queria muito, muito mesmo poder gerar. - murmuro.
- Eu fiz alguma coisa de errado, mamãe? - ouço a voz de Jasmine e então pisco rapidamente, Brunna me solta e então eu olho para Jasmine que estava com uma barra de chocolate de um quilo pela metade em mãos e uma carinha de culpada.
- Não, querida. Por que diz isso? - pergunto rapidamente e Jasmine se aproxima da pia para colocar o chocolate.
- A Natália disse que meninas boas ganham irmãozinhos... Eu ouvi você falando que não pode me dar um irmãozinho e então... - morde o lábio - Eu fiz algo ruim? Foi porque eu não fiz a minha lição de casa aquele dia? Eu prometo que vou fazer todo dia...
- Não, Jas. Você não fez nada de ruim.- Brunna se apressa para dizer a interrompendo vendo que ela estava quase chorando por se sentir culpada.
- Não mesmo, você não fez nada de ruim, querida. Não pense isso. - falo em seguida e Jasmine encara o chão.
- Então, por que? - coloca as mãos para trás e com o tornozelo, ela coça sua outra perna. Ela só fazia isso quando se sentia envergonhada.
Olho para Brunna em busca de respostas mas ela também não sabia o que dizer. Não era para ela ter voltado tão rápido da dispensa, normalmente ela ficava até dez minutos lá dentro vendo todos os alimentos que tinham ali.
- Você vai ter um irmãozinho, só que mais para frente. - Brunna por fim diz e Jasmine a olha.
- Sério, mamãe? - me olha esperançosa e eu mordo meu lábio.
- Que tal um cachorrinho? - sugiro e Jasmine afirma com a cabeça - Um cachorrinho então. - sorrio e abro os braços, Jasmine se joga neles e beijo sua cabeça - Você é uma menina boa, não se esqueça disso. Viu?
- Está bem, mamãe. - afirma com a cabeça com o rosto afundado em meu rosto.
- Vamos terminar esse bolo? - pergunto e Jasmine se solta de mim.
- Posso raspar a panela? - olha para Brunna que sorri e afirma com a cabeça - Oba!
- Agora vá lá lavar as mãos porque você vai ser a minha ajudante. - pede e Jasmine sai em disparada para fora da cozinha - Um cachorrinho, Ludmilla?
- É mais possível do que um irmão. - rio sem humor e abraço Brunna.
- Vamos dar um jeito. - afirmo com a cabeça e ela beija minha bochecha - Você quer que eu cancele minha aula particular hoje? Posso ficar com você...
- Não, nada disso. Jasmine vai me distrair. - Brunna apoia o cotovelo em meu ombro e acaricia meu cabelo.
- Certeza?
- Sim. - afirmo com a cabeça e ela beija meus lábios novamente.
- Mamãe, lavei. - vários minutos depois Jasmine grita do banheiro que ficava no andar de baixo.
- Lavou bem? - grito de volta.
- Sim! - ouço seus pisados e então em um salto ela entra na cozinha com as mãozinhas para cima, ri ofegante e respira fundo.
- Então vamos começar a preparar o recheio. - Brunna diz se soltando de mim.
- Jas, você fica encarregada de ver se os chocolates estão sendo cortados do mesmo tamanho. - aponto para minha filha e ela bate palminhas animada antes de correr em direção a bancada e subir com cuidado na cadeira.
- Amo você. - Brunna sussurra em meu ouvido e beija minha têmpora.
- Amo você também. - sussurro de volta.
- Anda, mamãe. - Jasmine bate as mãos na bancada e eu rio.
- Tenha calma, senhorita apressadinha. - vou até a pia e começo a lavar minhas mãos.
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