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🔴09/10🔴
🌻 Brunna Gonçalves🌻
-A Dona Maria não iria almoçar com a gente? - pergunto vendo que a mulher havia se retirado com Jasmine para que Ludmilla e eu pudéssemos almoçar.
- Ela é teimosa, insiste que não pode almoçar comigo então insiste em comer na cozinha. - Ludmilla revira os olhos e eu rio da sua reação - Mas gostou do apartamento? - me olha levando um pouco de arroz com feijoada até sua boca.
- Uhum, seu apartamento é lindo.
- Obrigada, reformei a uns meses atrás. - sorri orgulhosa.
- Como sempre, o seu gosto é impecável. - elogio a fazendo sorrir ainda mais.
- Bom, como está a feijoada? - pergunta preocupada e dou um gole no suco a minha frente.
- Está divino, Ludmilla! Essa de longe é a melhor feijoada que eu já comi. - suspiro e seu sorriso permanece em seus lábios enquanto ela me olhava.
- Vindo de uma ótima cozinheira como você, eu me sinto lisonjeada. - empina o nariz e eu rio - Como foi a apresentação? Desculpe não tido como comparecer. - seus ombros caem e ela volta a comer.
- Ocorreu tudo bem, apenas Jasmine que começou a chorar no meio da apresentação e eu precisei sair.
- Colocou aqueles protetores de ouvido que eu sugeri? - afirmo com a cabeça.
- Sim, creio que era fome. - aperto meus lábios e vejo seus lábios levemente inchados - Como foi no hospital? - pergunto insegura se devia perguntar ou não mas me arrependo assim que seu sorriso morre aos poucos.
- Depois conversamos sobre isso. - força um sorriso e solto a faca, coloco minha mão sobre a sua e a aperto.
- A Dona Maria não se importa mesmo de ficar com Jasmine? Eu posso colocar ela no bebê conforto... - mudo de assunto e Ludmilla nega com a cabeça.
- Ela reclama que eu quase não dou trabalho para ela aqui dentro então acho que ficar de olho um pouquinho em Jasmine irá fazer ela parar de procrastinar. - brinca e eu rio negando com a cabeça e solto sua mão.
- Quanto tempo ela trabalha com você? - pergunto interessada voltando a comer.
- Se eu não me engano, fazer treze anos e dois meses. - faz carinha de quem estava pensando e eu mordo minha bochecha para conter um sorriso bobo.
- Nossa, é bastante tempo... Isso explica a relação de vocês. - Ludmilla afirma com a cabeça e sorri.
- Ela é uma segunda mãe, mesmo ainda com esses detalhes de não comer comigo. - faz careta - Ela sempre me da puxões de orelha.
- Depois eu vou perguntar a ela se você fica trazendo mães de seus pacientes para almoçar com você. - brinco e Ludmilla faz uma falsa cara horrorizada.
- Meu Deus, eu estou ferrada. - leva a mão até o peito e eu rio - Mas se quer saber, você é a única pessoa que vem almoçar comigo, além da Patrícia. - da um gole no suco.
- Me sinto lisonjeada agora. - brinco e Ludmilla sorri.
[…]
- O que aconteceu para te deixar tão tristinha? - pergunto abraçando Ludmilla por trás.
Nós três estávamos deitada em sua enorme cama, Jasmine dormia calmamente em volta de vários travesseiro, Ludmilla estava ao seu lado e eu atrás da médica.
- Sabe as gêmeas que eu fui chamada as pressas? - pergunta sem tirar os olhos de Jasmine.
- Sim...
- Uma delas precisaram fazer um transplante de fígado, uma iria doar para a outra mas uma teve ataque cardíaco pelo coração estar mais fraco... - suspira - Nós não conseguimos a reanimar... Tivemos que entrar em uma cirurgia de separação das duas urgentemente porque o sangue de uma iria coagular e matar a outra. - segura a mãozinha de Jasmine - Nós não conseguimos e as duas acabaram morrendo... Elas eram juntadas pela a perna. - me olha - Eu as vi nascer, estava no meu primeiro ano de residente, eu acompanhei elas até que saíssem do hospital. - me olha e vejo que seus olhos estavam marejados - Eu odeio perder meus pacientes, ainda mais duas de uma vez. - murmura e a abraço - Eu sabia que o coração de uma estava fraco mas se não fizéssemos o transplante imediatamente, a outra iria morrer. - continua a falar e apoio minha cabeça em seu ombro - E eu perdi as duas.
- A culpa não foi sua. - beijo a linha do seu maxilar.
- Eu sei mas... - murmura baixinho e ficamos em silêncio ali, abraçadas e olhando para a minha filha que dormia serenamente - Depois que Jasmine e você entraram na minha vida, parece que a dor de perder um paciente dói ainda mais. - tenta me olhar sobre o ombro - Quando o coração para de bater, a única coisa que vem em minha cabeça é: "e se fosse a Jasmine ali". - volta a olhar para minha filha.
- Eu não sei o que dizer... Desculpe.
- O seu abraço e seus beijos já dizem bastante. - acaricia meu braço e ficamos vários minutos em silêncio, até que Ludmilla respira fundo e então me olha por cima do ombro, cobre meus lábios com os seus e começa os mover iniciando um beijo lento.
- Eu tenho um quarto vago, acho que irei transformá-lo em um quarto de bebê para quando Jasmine e você vierem dormir aqui, Jasmine possa dormir lá. - sugere assim que afasta nossos lábios.
- Nada disso, eu comprei um berço móvel e quando vier dormir aqui, eu posso trazê-lo. - belisco sua cintura e ela ri baixo.
- Poxa, meu sonho é decorar um quarto de bebê. - faz um bico mimado e eu rio.
- Um dia você vai montar um para o seu filho. - beijo sua bochecha - Não para a minha.
- Eu sei mas não pretendo engravidar por enquanto então me deixar montar um para a Jas, uh? - nego com a cabeça.
- Teimosa. - murmuro passando meu nariz por seu pescoço e ela se encolhe.
- Sou a tia legal da Jasmine, ela tem que ter um quartinho para ela dormir aqui.
- Quando ela tiver lá seus dois anos a gente conversa sobre isso. - Ludmilla revira os olhos mas então afirma com a cabeça.
- Sabia que eu tenho uma piscina só para mim no terraço? - pergunta.
- Sério?
- Normalmente as piscinas particulares são apenas para as pessoas da cobertura mas a uns dois anos atrás, uma Senhora comprou a cobertura e como não iria usar a piscina, ela me "vendeu". - faz aspas e eu solto uma risada nasal - Quando a Jasmine completar cinco ou seis meses nós podemos ir lá.
- Talvez. - afirmo com a cabeça - Amanhã é o seu dia de folga, estou certa? - Ludmilla afirma com a cabeça - Que tal você dormir lá em casa? Leve algumas peças de roupas e amanhã nós já nos arrumamos lá em casa e então vamos juntas para o bar... Se você ainda quiser ir.
- Eu vou levar muita coisa, já aviso. - brinca.
- Uh, sério?
- Uhum... Você vai gostar das minhas amigas. - me olha novamente - A Patrícia terminou com o namorado dela então prevejo ela enchendo a cara mas sorte sua que ela fica divertida bêbada.
- Menos mal. - sorrio aliviada.
- Quem vai sofrer na mão dela vai ser a Kássia, ela tem um sotaque forte e Patty vai a obrigar dizer várias coisas apenas para se divertir com o sotaque dela. - comenta risonha.
- Sorte minha que não sou gringa.
- Concordo. - boceja e fica em silêncio - O sono da Jasmine está tão gostoso, estou sentindo inveja dela.
- Se quiser, você pode dormir... Eu fico aqui com você.
- Quero ficar acordada com você, nós quase não temos tempo para ficarmos juntas e quando temos eu vou dormir? - pergunta juntando as sobrancelhas - Nunca.
- Você que sabe. - beijo seu pescoço e olho para Jasmine- Ela quase não dormiu de noite, estava com febre. - entorto minha boca.
- Infelizmente não temos como fazer nada sobre isso. - Ludmilla suspira e passa seu dedo indicador na bochecha de Jasmine- Passou a pomada anestésica?
- Sim, aliviou um pouco mas ela continuou enjoadinha. - levo uma de minhas mãos até os cabelos de Ludmilla e começo um cafuné calmo.
- Quando o dente apontar por completo, vai aliviar um pouco. - explica.
Ludmilla começa a falar sobre como eu poderia ajudar Jasmine com isso e aos poucos sua voz vai ficando baixa até que para de falar por completo. Eu rio baixo percebendo que meu cafuné havia feito efeito e fico a observando com a mão sobre a barriga de Jasmine, meus olhos sobem para seu rosto e tiro alguns fios de cabelo do seu rosto, depósito um beijo em sua bochecha e começo a soltar para poder ir atrás de um banheiro.
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