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🔴06/10🔴

🌻Brunna Gonçalves🌻

Naquela mesma noite Ludmilla e eu ficamos conversando por várias horas no sofá até que eu emprestei um dos meus pijamas e uma escova de dentes. Após isso, nós ainda ficamos conversando por vários minutos deitadas em minha cama até que o "clima" começou a esquentar após vários beijos de tirar o fôlego.

Quando me dei conta, Ludmilla estava em cima de mim e horas mais tarde, nós duas estávamos nuas, suadas, ofegantes e satisfeitas deitadas na cama completamente bagunçada. Foi automático para que eu abraçasse Ludmilla para que pudéssemos dormir. E assim aconteceu.

Na manhã seguinte acordo me sentindo nas nuvens mas sinto falta de um segundo corpo na cama. Abro meus olhos lentamente e olho para o outro lado da cama vendo que Ludmilla não estava ali.

Junto minhas sobrancelhas confusa e procuro meu celular vendo que eram quase nove horas da manhã. Salto da cama me lembrando de que havia passado da hora de Jasmine mamar, procuro uma calcinha e uma blusa pelo chão e as visto apressadamente.

Vou para o banheiro e lavo as mãos, escovo os dentes e lavo o rosto antes de sair em disparada para o quarto de Jasmine. Percebo a porta fechada, estranho o fato de estar tudo quieto demais e a porta fechada. A porta do quarto de Jasmine jamais ficava fechada, a não ser quando o ar condicionado estava ligado mas esse não era o caso.

Ao abrir lentamente, ouço uma voz angelical cantando uma música em um tom baixo. Meus olhos param sobre Ludmilla com Jasmine no colo que estava de costas para a porta cantando e dançava com ela em seu colo com um macacão rosa com morangos espalhados pela roupa.

Um enorme sorriso cresce em meus lábios e me encosto no portal da porta observando aquela cena tão adorável. Por um segundo, sinto meus olhos ficarem marejados vendo o sorriso de Jasmine para Ludmilla.

- Amo você. - Ludmilla diz antes de beijar o topo da cabeça de Jasmine e a bebê balbucia animada.

- Pensei que você tinha ido embora. - chamo a atenção de Ludmilla que se vira sorridente.

- Bom dia, linda. - me aproximo das duas e me surpreendo assim que Ludmilla beija a minha testa - Seu celular despertou às sete avisando que era hora de alimentar Jasmine, eu me dei ao luxo de levantar, dar banho nela, mexer na sua geladeira para ver se você estocava leite e alimentar ela.

- Você fez isso? - pergunto sem acreditar e ela afirma com a cabeça.

- Eu percebi que você estava cansada e merecia descansar. - olho em seus olhos e percebo que eles estavam tão claros e brilhantes que a sua cor beirava o cinza - Eu também fui a padaria e comprei algumas coisas para o seu café da manhã. - diz sorridente.

- Obrigada, Lud. - murmuro - E bom dia, meu amor! - olho para Jasmine que me olhava atentamente - A tia Ludmilla cuidou bem de você? - pergunto e Jasmine sorri banguela.

- Tia Ludmilla cuidou, mamãe. - Ludmilla segura a mãozinha de Jasmine e balança quanto usa o tom infantil e fofo para responder - Que tal você ir comer?

- Já estou indo. - sorrio tocando seu braço e o acaricio - Você já comeu?

- Sim, tomei algumas xícaras de café e comi um pão. - afirma com a cabeça.

- Eu acho que você não é real e sim uma invenção da minha cabeça.

- Vai comer, vai. - Ludmilla diz risonha - Eu continuo entretendo a minha princesinha aqui.

- Sua princesinha? - levanto a sobrancelha fingindo estar enciumada.

- Claro! Descuida um pouquinho para ver se eu não roubo ela para mim. - abraça Jasmine de forma protetora me fazendo rir e Jasmine me acompanha mesmo sem entender.

- Quando ela estiver chorando sem parar, pode roubar. - sorrio de lado - Vou comer algo pois estou faminta.

- Boa refeição, a mesa está posta. - avisa e eu afirmo com a cabeça antes de sair do quarto de Jasmine.

Entro na cozinha vendo que havia uma rosca com algumas fatias sobrando, uma garrafa de café, um saco de pão, mortadela em um tupperware e manteiga ao lado.

Não consigo conter um sorriso ao me deparar com as louças que havia deixado na pia de ontem estarem limpas e guardadas.

Eu parecia estar sonhando; acordando com a pia vazia, sem o choro estridente de Jasmine, a mesa com diversas coisas para comer e ainda ter o privilégio de presenciar Ludmilla cantando para Jasmine.

Pego um pedaço de rosca, passo manteiga e coloco um pouco de café na xícara. Apoio meus cotovelos na mesa e então dou uma enorme mordida na rosca, em seguida dou um gole no café e suspiro ao perceber que o café estava delicioso.

Eu estava me sentindo renovada, fazia meses que eu não tinha mais de cinco horas de sono.

- O café está do seu agrado? - Ludmilla pergunta adentrando a cozinha com Jasmine em seus braços.

- No que você não é boa? - a olho e percebo sua expressão apreensiva se desfazer aos poucos.

- Que bom que gostou... Espero que não se incomode mas eu mexi nas gavetas da Jasmine procurando o canguru para ir na padaria com ela mais cedo.

- Não, não me incomodo. - sorrio - Você não tinha que ir para o hospital? - pergunto preocupada com a idéia de estar a fazendo perder algumas horas de trabalho.

- Eu pedi para cobrirem algumas horas para mim, então vou entrar só depois do almoço. Não queria sair deixando Jasmine sozinha, ou precisar te acordar, ou não estar aqui quando você acordasse. - sorri puxando a cadeira ao meu lado e se senta com Jasmine no colo.

- Que inferno, para de ser perfeita. - finjo estar irritada e Ludmilla ri - E você não me devolveu a minha tupperware.

- Céus, eu me esqueci! Desculpa. - Ludmilla pede rindo - Eu juro que a próxima vez que aparecer aqui eu a trago.

- Assim espero... - estreito meus olhos em direção a mulher - Comprei esse jogo de potes não tem nem cinco meses e não quero perder nenhum. - brinco e Ludmilla fica me olhando com um sorriso de lado.

- Tenho medo de acabar esquecendo e você aparecer na minha casa às três da manhã falando que quer o seu tupperware. - tomba a cabeça para o lado rindo.

- Três da manhã não, às duas. - corrijo.

Quando olho em seus olhos, lá estavam eles novamente com a pupila dilatada e com um brilho excepcional. Ludmilla estava tão linda naquela manhã que eu podia sentir todas as células do meu corpo reagirem apenas por meus olhos pararem sobre ela.

Naquele momento, com Ludmilla sentada a mesa comigo, ora conversando com Jasmine, ora me olhando com carinho me fez perceber que o que ela havia desestabilizado e depois derrubado sem dó ou piedade, foram as muralhas que eu havia criado em volta do meu coração.

Ludmilla havia invadido e destruído as muralhas do meu coração e me deixou nua, exposta e vulnerável para ela.

Naquele momento eu sentia diversas coisas ao mesmo tempo, dentre elas era medo, felicidade, paz. Um sentimento que fazia meu coração disparar, tirava o fôlego, fazia eu me sentir uma adolescente inexperiente novamente.

Eu arregalo os olhos e encaro Ludmilla espantada ao perceber o que eu estava sentindo novamente por um novo outro alguém. E esse novo outro alguém era Ludmilla.

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