Capítulo 6 - Revisado
** Primeira revisão 02/05/2021. Contém 1.564 palavras **
- Podemos fazer uma festa do pijama na sua casa! Com certeza seu pai aceitaria.
Era Andy falando, estávamos Andy, Lis e eu formando um pequeno circulo. Rodrigo havia liberado Lis naquele intervalo, eles nem ao menos estavam namorando, mas já agiam como se estivessem em lua de mel.
Na verdade eles não se beijavam toda hora ou coisa do tipo, só estavam naquele estágio de serem protagonistas constantes de cenas fofas.
- Uma festa do pijama apenas com nós? - Perguntei, cansada.
Era normal Andy bolar coisas superficiais, desde quando nos conhecemos ela inventava alguma loucura e eu como fiel amiga a acompanhava.
Quando ela fez 14 anos inventou de fazer RG falso para que fossemos a balada. Ela achava que daria certo só por que seu corpo era um pouco desenvolvido.
- Bom você obviamente não deixaria eu chamar a Jaque. - Lis soltou um risinho diante do meu olhar de indignação. - OK. Então sim, poderia ser uma "reunião".
- Tudo bem.
- Precisa ter sorvete! – Animou-se Lis.
- E pizza! - Estremeci ao lembrar do meu contato com Davi na ultima vez que havia pedido pizza.
Por fim ficou combinado que (por não ter nenhuma festa " quente" no próximo final de semana) faríamos a festa do pijama/reunião no sábado para domingo.
Na saída da escola Lis estava se despedindo lindamente do seu amado e Andy conversava comigo sobre como estava rolando varias brigas na sua casa e então ela paralisou. Literalmente parou. Seu olhos tomaram um brilho diferente e ela parou de respirar, sua boca se fechou em um linha reta e seu olhar se perdeu em algo. Espantada eu me virei rapidamente esperando encontrar algo pavoroso.
Na verdade eu encontrei algo pavoroso.
- Oi Richard - Claro que ele dispensou as cordialidade.
- Entreguei minha parte escrita para o professor. - Abri minha boca para argumentar, mas ele prosseguiu. - Ele disse que não preciso fazer a formalidade de apresentar com vocês. Só vim comunicar.
- Mas ... Você nem ao menos sabe quais são os nossos projetos! Não é individual, como já fez o relatório?
- É fácil saber quais serão os pensamentos tolos de alguém. - Ele pareceu ver Andy e a encarou por breves segundo e então ... Sorriu! Sim, ele mostrou breves dentes completamente alinhados branquíssimos! Fiquei desnorteada diante da cena, mas me recompus rapidamente.
- Ótimo, boa sorte com a sua nota.
Virei de novo pra encarar Andy que estava mais pálida do que o normal. No segundo seguinte já sabia que ele tinha seguido seu rumo.
- Ai meu deus, ele sorriu! Para mim! Acho que vou enfartar. - Ela estava meio que ... Tremendo.
- Agora que você ganhou um sorriso dele não pode ao menos sonhar em morrer. - Tentei fazer graça.
Tudo bem, eu poderia esta sendo paranoica ou sei lá o que, mas não conseguia saber o motivo dele ser completamente rude comigo. Tudo bem que ele "salvara" a minha vida. Seja lá como que eu tenha que nomear isso. Ele salvou meu espírito sonhador? Ri diante daquilo. Mas eu não devia absolutamente nada a ele! Nem mesmo pedi para ser salva. O jeito que ele impunha aquilo era como se eu tivesse esperando que ele me salvasse. Como se eu tivesse feito de propósito.
Tudo bem, eu fiz de propósito.
Mas não pra ele me salvar e sim para tudo aquilo acabar.
Seja lá o que "tudo aquilo" quisesse dizer.
Outro fato é que toda vez que me assombrava com Richard, me lembrava de Davi. Não entendia por que ambos tinham essa relação, achava que era por que me sentia culpada pelo tempo que eu passava com Richard ( mesmo que fosse por acaso) queria passar com Davi.
Tudo bem, eu sentia um pavoroso nojo inquietante de Davi, mas sabia que aquele não era o meu Davi. Era apenas coisas que eu criava por causa da circunstância assustadora de que o meu Davi estava morto.
As vezes antes mesmo de eu acorda e perceber que ainda estava na superfície protetora do sonho, assustava-me ligeiramente com a ideia de que tinha voltado a realidade e teria que encarar o velório, a tristeza, os consolos, o desespero. Tudo. E já começava a chorar. Ai eu encarava o poster ( Sim. O poster ainda estava no lugar, ele me trazia um suporte físico) e soltava um suspiro de ... Esperança.
Mas ... Eu ainda me sentia desesperadamente iludida.
Em determinados momentos eu dizia a mim mesma que eu não deveria me sentir tão ... Feliz com toda aquela cena por que não era verdade. Uma hora eu estaria encarando a vida e precisaria ser forte.
Aconteceu a festa do pijama/reunião no dia em que foi marcada. Foi divertido, Lis desabafou sobre Rodrigo. Andy ficou matracando sobre Richard ... E eu ? Bom, eu escutei.
No fim das contas sempre que tinha algum final de semana sem uma festa ou coisa do tipo a gente se reunia na casa uma da outra e fofocava.
Não houve acontecimentos durante o mês inteiro de fevereiro. Andy não se envolveu com Richard, por que logo depois de ela ficar totalmente encantada com a demonstração de carinho dele descobriu que ele namorava. Ela decidiu deixar o tempo dizer o que iria acontecer. Claro, nada aconteceu.
Lis por sua vez continuava com Rodrigo, mas ainda não tinham firmado nada.
E eu apenas observava o jeito descolado e inapreensível do meu Davi. Diante daquilo eu via o quanto estávamos em mundos diferentes.
Achava estranho o fato de ter se passado um mês desde que tudo aquilo começou e eu estivesse diante de todos os detalhes daquele sonho maluco. Sabia que obviamente tinha uma diferença de horário nos sonhos, mas não sabia que ela era imensa.
O professor por conta de provas disponibilizada pelo governo teve que adiantar o processo do trabalho em grupo. O qual seria somente apresentado no meio de março agora seria apresentado no final de fevereiro.
Só Lis e eu apresentamos de fato o trabalho, me sentia tão transtornada diante da figura de Richard. O filho da mãe não apresentou e eu achei aquilo injusto.
Por fim falamos de nossas ideias e ( mesmo que a maioria da classe não dera importância alguma pra elas) o professor gostou.
Ele disse que falaria com a diretora e pediria que ela enviasse um relatório para o estado a ponto de receber um orçamento para que mudassem a aparência da escola. E o grêmio disse que correria atrás de novas atividades na escola que unisse a comunidade.
No inicio de março eu já estava vivendo tudo aquilo de modo mais tranquilo. Estava aproveitando o meu pai de modo mais aberto, sem me importar com limitações e então decidi que devia fazer o mesmo com Davi. Talvez se eu voltasse a me aproximar dele poderia traze-lo de volta e mesmo que por pouco tempo poderia prosseguir minha vida com ele ali ... Decidi que a ideia era menos dolorosa do que simplesmente excluir Davi para sempre da minha vida.
Foi então que bolei um plano. Iria me aproximar dele e fazer com que ele se apaixonasse por mim. Mostraria as características do meu Davi e assim que ele tivesse se aperfeiçoado poderíamos recomeçar algo e criar uma barreira entre o sonho e a realidade. E mesmo que eu tenha perdido ele na realidade teria o sempre nos meus sonhos, a onde viveríamos bem.
Na quinta feira fui atrás dele na escola. Aproveitei que Lis havia faltado para ir a uma consulta médica. Esperei que todos saíssem da sala e que os corredores ficassem desertos e silenciosos e me direcionei a sala de Davi. Sabia que ele estaria lá, era um dos últimos a sair.
Quando cheguei na sala e vi ele sentado com um cigarro na boca tive a certeza que ele estava me esperando.
Ele sorriu prendendo o cigarro nos dentes e se aproximou de mim, a mochila largada somente em um dos ombros e ele usava uma regata, percebi o quão forte estava. O cabelo dele também parecia mais sedoso e estava com um corte novo, que não permitia mais as madeixas caídas sobre os olhos.
- Anne achei que nunca mais teria a honra de conversar com você. - Agora ele estava bem próximo. Tive que levantar um pouco a cabeça para encara-lo.
- Oi Davi.
- O que devo a honra? Andy esta com saudades ? Ele se inclinou mais e tirou o cigarro da boca. - Ou talvez ... Você esteja com saudades.
- Quero me encontrar com você. - Disse de forma rápida, estava ressentida com aquela aproximação. Ele voltou a se endireitar e recolocou o cigarro na boca. Eu estava odiando aquilo
E ao mesmo tempo ficar tão próxima dele me provocava um tipo de ... Fascínio.
- Ah claro, na sua casa ou na minha ? - Olhei para ele espantada e ele riu. - OK, que tal sábado a tarde guria? No lugar que quiser.
- Na praça ... Então ... - Minha voz começou a sumir.
- Tudo bem, sábado as quatro horas na praça. - Ele prendeu uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha e eu senti algo dentro de mim desmoronar, ele já tinha saído da sala. E eu fiquei ali.
Agora eu tinha um encontro com ele.
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