Capitulo 30
Esperança. É possível ter um gosto? Porque enquanto me afogava em seus braços sem saber me decidir se o beijava ou simplesmente ficava ali abraçada com ele até que o tempo parasse os gosto se misturaram e sabia que o beijo dele era doce mas de onde estava vindo aquele gosto salgado? Ah sim, eu estava chorando. Tanto que meu rosto se ensopava com a quantidade de lágrima, talvez tivesse parado de respirar por alguns minutos mas não ligava.
Era um sonho de novo? Eu não aguentava mais esse tipo de pressão, me estabilizava toda vez que acontecia e me deixava mais distante da minha vontade de continuar lutando.
- Anne, você precisa de acalmar. - E então fiquei estática, encarando-o. Me acostumando com a barba rala e o cabelo desgrenhado, como ele parecia selvagem com aquela aparência, antes ele era mais misterioso agora parecia alguém pronto para lutar.
- Eu... E-eu - ele passou a mão no meu cabelo, sussurrou um "esta tudo bem" - Desculpa.
E então ele me abraçou forte e pude me sentir segura, me sentir completa e acolhida.
E então comecei a cair em mim, as perguntas me atingiram e um ponto de exclamação de instalou em meu rosto. Como ele estava ali?
- Isso é algum sonho? Alguma visão? Eu não estou entendendo. Eu, como você chegou aqui? E Demy? Ela pode te encontrar aqui!
- Ei, calma. Não se preocupe com ela, já resolvemos tudo.
- Resolvemos?
Richard ficou em silêncio por alguns segundos até que a porta abriu e em passos largos Luke entrou sem cerimônia.
- O QUE DIABOS ELE ESTA FAZENDO AQUI? - Gritei e Rich apertou minha mão.
- É sempre um prazer vê-la, Anne. - Me deu um breve sorriso e se afastou.
- Anne, aconteceu muita coisa nesses últimos tempos. Irei te contar tudo mas antes preciso saber se você esta bem, algum machucado? - Richard agora me avaliava.
Concordei com a cabeça, eu estava melhor do que já estive a dias. Tinha começado a me alimentar melhor e os machucados estavam cicatrizando. Aquela distância de Demy tinha me feito muito bem.
Rich continuou me encarando até decidir começar a falar. Ele tocou de leve meu braço como se quisesse se acostumar com aquela sensação e não sabia como reagir, a sensação de ter ele ali próximo de mim era boa demais.
Todo aquele tempo trancada naquele lugar me fizeram pensar se eu realmente estava sentido tudo aquilo por Richard ou se apenas era medo, uma busca incontrolável por segurança, talvez tudo aquilo tivesse me deixado confusa. Mas ali, naquele momento podendo sentir o ar que ele respirava as emoção afloraram e eu soube de imediato que o único medo que realmente tinha era de partir sem antes dizer o quanto gostava dele, sem poder tocá-lo ou olhá-lo pela última vez. Então era tudo real.
Ficamos nos olhando por um longo tempo e todos aqueles pensamentos passando pela minha cabeça me sentia tão cansada que não sabia ao certo se queria saber como ele estava ali, queria continuar naquele momento porque assim eu podia acreditar que tudo que havia se passado nos últimos tempos não aconteceu de verdade e que nossa vida parou exatamente naquele momento, nunca saímos dali. E então ele suspirou e eu soube que a gente não podia ficar naquela enrolação mesmo que ele sentisse a mesma urgência de esta um com o outro como eu sentia no fim a gente precisava encarar a realidade.
- Vamos sair daqui? - Concordei com a cabeça e deixei que ele me ajudasse a levantar - Tem alguma coisa aqui que queira levar? Esta com fome?
- Não, talvez um casaco apenas. - Se eu pudesse não levaria nem a minha roupa do corpo. Era degradante tudo aquilo. Dei uma última olhada para a pilha de livros que se encontrava próxima a cama, era tentador mas não.
Saímos do quarto e eu já não via mais Luke, ficava aliviada mas ao mesmo tempo alerta nunca iria confiar naquele sujeito.
Andei pelos corredores procurando resíduo de que teria alguém ali, a onde for parar todas as empregadas ? E os guardas ? Nazareth? Richard percebeu minha inquietação e perguntou o que estava havendo.
- Cadê todo mundo ? Existia uma mulher que me ajudou queria poder dizer tchau e pedir para ela ir embora.
- Quando chegamos já não tinha ninguém por aqui, até achamos que você também não estava mas conseguia sentir sua presença. Provavelmente ela também deve ter ido.
No meu subconsciente eu duvidava disso, ela disse que ficaria comigo, certo? Mas seria melhor se ela realmente tivesse ido.
Agora conseguia ver a porta. O mundo estava amanhecendo e aquela brisa matinal já conseguia me atingir. Era tranquilizador.
Um pé depois do outro e então um grito. Richard se colocou na minha frente mas eu conhecia aquela voz.
- Anne, não! - Tentei passar por ele mas ele me empurrou de encontro com a porta. - Anne, você não pode ir.
- Quem é você? - Os músculos de Richard estavam contraídos por baixo da camiseta.
- Naza, tudo bem. Ele veio me salvar e você pode ir também Demy não vai voltar. Vamos com a gente, tudo bem?
- Não! Não podemos! Você precisa voltar. - Ela deu alguns passos para frente e Richard me empurrou mais para trás, esse gesto a deixou mais nervosa fazendo com que ela se apressasse em direção a nós deixando Richard mais alerta. Ele me empurrou com uma mão fazendo com que eu saísse completamente da casa, me desequilibrei e senti alguém segurando meu braço, no mesmo instante Richard estendeu sua outra mão para receber o impacto da mulher que corria ao seu encontro mas não foi preciso, assim que coloquei o pé fora de casa Nazareth se transformou em pó.
Minha cabeça rodou e escutei Luke murmurando algo como " Vadia desgraçada, ela colocou uma maldição!" mas tudo que eu podia lembrar era da mulher que me ajudou e que falava entusiasmada sobre seus dois filhos. Meu coração se despedaçou, sentia o preço de ter prejudicado e acabado com a vida de alguém, a vida de uma pessoa boa. Eu era boa o bastante pra fazer com que as pessoas ao meu redor passassem por isso ? Eu merecia que uma morte compensasse a minha vida? Eu não escutava uma resposta para as minhas perguntas mas sabia claramente que era não.
Como é de costume galera mais um capítulo para comemorar o dia do ESCRITOR <3 Mesmo como escritora amadora sou grata por poder comemorar isso com vocês, OBRIGADA!
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