Capítulo 3
As meninas decidiram ficar na minha casa pra irmos juntas a escola na segunda.
No domingo fomos dormi cedo, por incrível que pareça ( não tao incrível assim) eu dormi rápido. Deitamos na sala e eu fiquei adormecida no sofá.
Eu poderia dizer que meu sonho foi turbulento, mas a palavra certa seria horrível.
{...} Estava sentada, minha camisola grudada ao corpo e mesmo pelo ar gélido que fazia eu estava suando. Minha garganta estava seca e eu achava que teria dificuldade pra me levantar porem consegui ficar em pé rapidamente.
Estava em um galpão, sem quaisquer móveis, havia apenas uma janela acima de mim, olhei através dela e somente vi um céu sem estrelas e a lua que emitia uma iluminação fraca.
Estava perdida diante da paisagem quando escutei vozes, e então uma porta do outro lado se abriu e eu por instinto me abaixei até ficar escondida de novo pelas sombras.
Eram duas pessoas, e quando começaram a dialogar percebi que era homens. Eles estavam escondidos também pelas sombras e a única coisa que conseguia perceber era o contorno do seus corpos.
- Vejo que sua responsabilidade esta lhe dando dor de cabeça.- Quem falou foi o mais baixo, vislumbrei um grande sorriso que se formou em seus lábios.
- Diga logo o que você quer Luke. - O mais alto disse, algo se contorceu dentro de mim, era como se algo familiar e intimo me tocasse.
- Você não perde tempo - Uma curta risada - Você sabe quais são as regras. Se caso você falhe...
- Não precisa me lembrar. Estou por dentro de minha missão.
- O meu Senhor acha que o trono teria mais responsabilidades a esses fins. Mandar um renegado a essa missão.
- O seu senhor é um renegado igual a mim. - O mais alto estava tentando manter a calma, porem percebi um tom de desiquilíbrio em sua voz.
- Ora Rick, é por isso que a oferta ainda esta de pé.
- Não, não esta. Já a dispensei a décadas. Agora se é somente isso que você tem a tratar, não vejo necessidade alguma dessa ridícula reunião. - O mais alto já estava saindo quando o outro, cujo nome era Luke disse.
- Se você falhar ela morre. - O mais alto virou e deu de ombros. - Poderia mata-la agora mesmo. - Isso prendeu a atenção do mais alto que o encarou.
- Você não poderia. Ela esta longe de suas mãos. - O mais baixo sorriu debochadamente.
- Na verdade, ela esta aqui.
A cena se explodiu na minha frente. Luke estava na minha frente, me Encolhi completamente. Ele era ruivo, e o sorriso dele estava mais largo.
- Olá Anne.
- Não toque nela! - Rugiu Rick se aproximando. Não consegui falar nada, apenas fiquei encarando-o.
Perdi o ar. Não, não o perdi.
Percebi mãos envolta do meu pescoço fazendo pressão, e tudo ficou pesado, tudo dentro de mim. Luke me levantou ao ar. Meus olhos saltaram de seus devidos lugares. A temperatura do meu corpo caiu e quando estava perdendo a consciência vi a sombra de alguns centímetros a mais do que Luke aparecendo atrás dele e o puxando fazendo com que o mesmo me soltasse e eu caísse no chão. Não consegui ver o que aconteceu mas foi impossível conter as palavras. Rick.
- O que foi Anne?? Anne?? - Senti dedos firmes no meu ombro e um pequeno embalo, tive vontade de vomitar. Abri os olhos lentamente e encarei os rostos assustados de Lis e Andy. - Ai graças a deus! O que deu em você? - Era Andy que estava falando.
- Eu ... O que houve ? - Sentia uma enorme dor de garganta, talvez estivesse ficando gripada.
- Você deve ter sonhado com algo, estava se remexendo toda e gritando. - Foi Lis quem respondeu, Andy só concordou.
- Eu nem lembro ... Ai minha cabeça. - Com certeza eu estava ficando gripada.
- Caramba deve ter sido um sonho horrível. Você estava gritando e se tremendo toda e falando algo sobre "Rick" afinal quem é Rick? - Andy me avaliou.
- Não faço a minima ideia ... - Respondi.
- Estranho - Um minuto de silêncio. - Esta melhor ? Por que to morrendo de sono.
- É, acho que tô legal - Droga, tô doente.
- Ótimo, vamos dormi.
Voltamos a dormi, mas algo estava completamente estranho. Quem era Rick ?
Acordamos ridiculamente cedo na segunda pra arrumarmos Lis. Um pouco de maquiagem, um spray de leveza no cabelo, transformador de cachos, uma roupa legal e pronto.
Tinha que confessar, estava meio com medo do que o Davi faria na segunda. Meus instintos diziam que ele nem ao menos olharia na minha cara, não queria que as coisas tomassem esse rumo, mas certamente não queria que as coisas tomassem o outro rumo também.
Acho que de certa maneira tinha feito algo certo.
- Talvez Rick seja seu personagem no conto erótico dos seus sonhos - Lis deu uma curta risada, encarei Andy mas não consegui conter as risadas também. Estávamos a caminho das nossas salas, voltando do intervalo.
Como havíamos previsto Rodrigo veio falar com Lis, pedindo pra sair com ela e esclarecer as coisas, seria ótimo se ela tivesse dado um pé na bunda dele. Mas ela aceitou.
- Andy não pira. Não conheço nenhum Rick. - Respondi
- O que deixa as coisas ainda mais interessantes! Ele pode ser tipo a imagem do homem perfeito pra você! - Revirei os olhos, Andy conseguia ser pavorosa nesses assuntos.
- Oh! - Tentei parecer surpresa - Incrível, o homem ideal pra mim, dos meus sonhos, literalmente esta apenas nos meus sonhos. - Falei sarcástica.
- Caramba, você é tao sem graça. - Andy bufou - Bom garotas vou pra minha sala, tenho artes agora - Ela deu um tchau pra nos, e se dispensou.
- Sabe o que eu acho? - Olhei curiosa pra Lis - Andy esta apaixonada.
Sorri, é, ela parecia diferente.
~~~~~~~~~~~~~~~ Na sexta
- Conta tudo! - Estávamos paradas diante da biblioteca solitária da escola, eu ia muito ali. Lis tinha um sorriso tímido no rosto e eu e Andy a encarava furiosamente, nossa curiosidade poderia ate ser apalpada no ar. - Vai Lis!
- Calma Andy! - Ela sorriu, respirou fundo e então começou - Fomos no cinema, não aconteceu nada no filme, tentei parecer muito distante pra que ele percebesse o quanto estava chateada, como você me disse - Ela olhou pra Andy e a mesma sorriu, vitoriosa. - Enfim, ele tentou tocar na minha mão mas eu me afastei. E quando saímos do cinema eu disse " bom obrigada pela companhia, até mais. " ai comecei a sair - detalhes comecei a sair rebolando com Andy me disse - e ele foi atrás de mim e então disse " você não pode sair do cinema sem antes tomar um sorvete" e fomos tomar o sorvete.
- Safada! Vocês ficaram! - Andy acusou ela, e eu comecei a rir.
- Claro! Ele tava com gosto de sorvete! - Rimos até o sinal bater. - Ok, pra terminar. Ele me disse que se eu o ajudasse a ser maduro ele faria o possível pra me deixar feliz.
- Nada de pedido em namoro? - Perguntei.
- Não, e prefiro assim.
- OK babys, bora pra aula.
Sabe quando você tem a horrível sensação de que alguem esta de observando ? Eu caminhava todo dia cinco minutos do ponto de ônibus até em casa e nesses cinco minutos fui perseguida por essa sensação. Foi estranho, muito estranho.
E mesmo depois que eu já estava dentro de casa ainda tinha essa sensação comigo.
~~~~~~ Segunda
Era a ultima semana de março. Passei o fim de semana na casa de Andy, e Lis que supostamente passou o fim de semana agarrada no telefone conversando com o Rodrigo enquanto nos, Andy e eu, observamos.
Era uma segunda agitada, quando estava saindo de casa eu tomei um tombo que provavelmente ralou meu joelho, mas tive que vir a escola por que teria prova de historia.
Depois algo meio estranho aconteceu, meu pai quase atropelou um cachorro. E logo em seguida Davi passou por nos fumando um cigarro e meu pai o deflagrou, dizendo o quanto esses "jovens são imaturos".
Na primeira aula tivemos prova surpresa de matemática.
Na hora do intervalo fui para a biblioteca sozinha. Tava caminhando pelo corredor e me aproximei da porta da biblioteca, estava fechada.
Era estranho pois a biblioteca sempre estava aberta nesse horário. Dei de ombros, provavelmente só estavam organizando os livros ...
Comecei a caminhar de volta, no fim do corredor a porta de abriu. Olhei pra trás e vi com uma expressão horrorizada Davi e a bibliotecária.
Como já estava na ponta da escada eles não notaram minha presença.
Mantinham uma conversa em sussurros. Os quais não escutei, mas vi avidamente na hora em que Davi se aproximou do rosto da bibliotecária cujo nunca quis saber o nome, e disse algo em seu ouvido. O que fez ela soltar um risinho nervoso e acenti.
Logo em seguida ele pegou na bunda dela, e ela soltou mais um risinho.
Em uma súbita volta a realidade percebi que ele estava vindo em minha direção, comecei a descer rapidamente as escadas.
Quando cheguei ao patio estava sem ar e desolada com a cena. Era impossível tudo aquilo! Davi com alguem ... Talvez mais de dez mais velha do que ele!
Não que ela fosse feia, tinha aquele ar de bibliotecária, suéter, óculos com armação enorme e quadrada cabelo presso com uma pricilha ...
Perturbador ... Sentia como se tudo tivesse em câmera lenta, e eu tivesse caminhando rápido demais.
Queria fugir dali, não queria conversar e colocar uma mascara de "estou bem". Então fui para o meu abrigo.
O jardim da escola era mal cuidado, tinha poucas árvores, uma pequena horta e um muro grotesco. Sentei na arvore a qual eu sempre buscava companhia. Ela ficava de frente para o muro mas dava uma boa vista do céu.
Fiquei minutos ali, controlando minha respiração ... Men livrando dos pensamentos quando senti a aproximação de alguem, olhei ansiosa esperando ver Davi, mas era Richard.
Ele se sentou do meu lado, e começou a mexer com as folhinhas secas caída ao chão ... Juro que não pretendia entender o por que dele esta ali, estava tao derrotada que nem me importei com os motivos ... Só tentei achar um consolo, e o fiz, com uma lembrança.
Eu gostava muito a ir no jardim depois que Andy foi embora. Me sentia lucidamente sozinha e o jardim me confortava, me lembrava a minha casa. Me lembrava meu pai.
Ia todo dia na hora do intervalo, poderia esta calor ou frio ... Não me importava, no dia em questão estava calor. As sombras das árvores eram muito bem vindas.
Me sentei na grama mal cortada e encostei a cabeça no tronco da arvore, Fechei os olhos e estava quase cochilando quando senti alguem se sentar ao meu lado.
Abri meus olhos devagar, e encarei a pessoa. Era um menino. Cabelo castanho claro, olhos de um tom de castanho escuro ... Na verdade sentia que o sol confundia as cores. Depois percebi que seus olhos eram de um azul tao intenso que se propagava ao cinza.
Ele ficou encarando a paredão sem vida a nossa frente, depois de algum tempo ele olhou pra mim.
- Esse monte de cimento acaba com o clima - Nessa hora eu percebi que ele falava sorrindo.
Concordei.
- Sabe eu acho que a escola poderia mudar isso, fazer com que essa parede ganhe cor.
Concordei.
- Você é muda?
Pensei um pouco...
- Não - Suspirei
- Ah! Ótimo, sua voz é bonita.
- O que você esta fazendo aqui? - Perguntei - Achei que poderíamos compartilha solidão.
- Não sou solitária. - Ele me observou, curioso
- Claro que não é. - Sorriu. - Você só vem todo dia pra cá encarar um muro.
Revirei os olhos, tudo bem, talvez eu fosse um pouquinho solitária.
O sinal tocou, ele se levantou e disse.
- Vou melhorar esse lugar, agradar a solidão - Ele piscou e sorriu.
Dei um breve sorriso.
Ele pegou algo em sua bolsa, um caderno. Escreveu algo no mesmo e levantou a folha de modo que eu pudesse ler
" A propósito, qual é o seu nome?"
- Anne. - Respondi.
Ele fez um "não" com a cabeça, e voltou a escrever.
"Desculpe senhorita, sou surdo e mudo.'
Encarei ele por um longo tempo e então respondi em libra.
- Ah droga, ela sabe falar em gestos! Tudo bem, você venceu. - Ele fez uma expressão de derrotado e eu não consegui conter a risada. - Sou Davi, foi um prazer conhece-la, Anne. - Els fez uma reverência.
Respondi em libra, e ele riu.
- Ah! Para com isso. - Rimos e foi reconfortante ...
E foi assim que nos conhecemos ... Depois disso meus intervalos não foram mais solitários ...
- Você esta bem? - Richard tinha parado de brincar com as folhinhas. Olhei distraidamente pra ele. Tentando imaginar o por que dele esta ali.
- Aham - Respondi. Ele me analisou e então apenas balançou de leve a cabeça, antes de se levantar e ir embora.
Meu deus, como ele é estranho!
Logo em seguida o sinal tocou. Tive que usar o pouco de coragem que ainda tinha para me levantar.
Fiquei alguns segundos escostada na árvore antes de tudo apagar.
{...} Quando se esta sonhando, de alguma forma estranha você sente que é apenas um sonho. Naquele momento no entanto era como se minha alma tivesse sido transportada pro lugar a onde estava. Eu vivia aquilo.
Eu vi alguem sentado tranquilamente em uma poltrona com uma xícara nas mãos. Os cabelos que chegava aos ombros cobria a lateral de seu rosto. Eu estava bem de frente pra ele. Porem minha presença não era vista.
Logo em seguida uma porta atrás de mim de abriu. Em passos largos alguem se aproximou.
Reconheci de imediato os cabelos carvão, me retirei da cena, me afastando até ficar em uma distancia "segura".
- Ora, ora. Quem temos por aqui. - Disse o que tomava o chá.
- Você não pode fazer isso! Esta muito cedo! - Retalhou Richard.
- É a ordem dos acontecimentos meu caro ...
- Ela não vai aguentar! - Richard mostrou os dentes perfeitamente branco. O outro o encarou por alguns segundos antes de deixar a xícara de lado e falar.
- Então faça com que ela aguente. - Impaciente ele se levantou e caminhou até o centro do salão. - Você não é o anjinho da guarda dela? O protetor? Então assuma sua responsabilidade!
- Isso não é justo! Eu nem ao menos posso me aproximar. - Richard abaixou a cabeça.
Uma alta risada veio do centro do salão.
- Deveria ter me deixado mata-la. Não passaria por isso ...
- Ela não será sua. - Richard retrucou, ficou diante dele no meio do salão. - Não comigo a protegendo.
- A meu querido - Ele suavizou a voz - Ela já é minha. {...}
A primeira coisa que senti foi uma forte dor de cabeça, depois a dor piorou quando abri os olhos.
Estava de novo no jardim. Mas me lembrava de tudo.
Aquilo era cansativo demais. Toda aquela confusão interna.
Fui caminhando devagar para o patio, havia ainda poucas pessoas ali. Pra mim eu tinha passado horas desacordada mas vendo a possibilidade talvez não tinha passado nem alguns minutos.
Quando cheguei na sala de aula o professor já aplicava matéria, sentei diante de Lis e tentei o acompanhar.
Richard não estava na sala.
Fiquei batalhando com a forte do de cabeça até que na ultima aula uma das coordenadoras entrou na sala procurando por mim.
- Anne você poderia me acompanhar ? - concordei de leve com a cabeça e me levantei - Acho melhor você guardar seus materiais. - Guardei.
- O que houve? - Perguntei quando já estávamos no corredor.
- Só me acompanhei.
Tudo bem, continuei caminhando calada.
Ela me direcionou até a sala da diretora a onde uma mulher conversava com a diretora. Quando a mesma se levantou percebi que era a mãe de Andy, Beth.
Ela sorriu pra mim, um sorriso carregado de culpa. Estranhei.
- Oi Anne ...
- O que esta acontecendo ? - Perguntei, ignorando a cordialidade.
- Eu ... Anne sua vó me ligou ... - Ela começou a falar.
- Minha vó? O que houve com ela?
Ela abaixou o olhar, aquilo me deixou impaciente. Retornei a perguntar um pouco mais grossa.
- O que houve com ela? - Todos os olhares da sala se permanecerão em mim.
- Nada. - Uma curta resposta antes da bomba explodir. - Porem seus pais sofreram um acidente.
Heeeeei! Caprichei nesse capítulo! Espero que tenham gostado! Beijos <3
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