Capítulo 28
Se eu havia reclamado sobre o toque de Demi na minha bochecha o jeito que ela me segurava pelo braço era ainda pior.
Quando abri os olhos e retornei a realidade Demi ja me arrastava para dentro. Estranhamente o efeito da bebida já havia passado quase por completo. Quando entramos ela me jogou no chão e começou a me xingar de todos os nomes possíveis. Quando finalmente consegui encarar o rosto dela sua boca estava sangrando, não tinha percebido que havia mordido com tanta força. Ela me deu um tapa na cara que doeu mais do que suas unhas enfiadas na minha pele. Uma lágrima involuntária desceu pelo meus rosto queimando a onde sua mão havia se instalado. Me mantive firme, aguentando tudo.
- Você achou que poderia fugir? - Ela gritava. Ali não devia ter uma vizinhança. Ela pisou na minha mão e eu gritei. - Vou te ensinar a me tratar direito.
Me levantou pelo meus cabelos. A dor era horrível mas não podia suplicar. Não agora.
Estava de novo no chão.
- OLHA PARA MIM! - Ela me deu um chute que vez com que eu me virasse. - Ah Anne, por que me fazer sangrar?
Seus dedos se fecharam envolta do meu pescoço. Ela ia me matar? Tudo aquilo para ela me matar ali naquele momento?
Não. Ela tocou meu rosto bem suavemente, aquilo me deu mais medo ainda. Mordi a língua quando senti sua unha rasgando a lateral do meu rosto. Queimava tanto que se tornou difícil respirar. Tentava me manter firme mas assim que sua unha desceu novamente próximo demais do meu olho não aguentei, fechei os olhos e me permiti me desligar da dor.
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Quando acordei a única coisa que tinha certeza era da dor latejante na minha cabeça. Senti os lençóis cobrindo quase todo meu corpo, era tão fino que só parecia mais uma camada de pele.
Por momentos tudo parecia estável. Até minha dor de cabeça se intensificar quando me lembrei do que havia acontecido. Levantei meu braço com muita dificuldade deixando os lençóis de afastarem, sem os lençóis me senti desprotegida. Encarei algumas unhas quebradas e hematomas não muito grandes. Já os hematomas de uma cor esverdeada localizados nas minhas pernas eram enormes.
Toquei meu rosto e tinha um esparadrapo preenchendo quase todo o lado direito da minha face. Ainda doía.
Fui até o espelho. Meu pescoço estava tão roxo que era difícil identificar a cor natural de minha pele. O lado esquerdo do meu rosto estava marcado por dedos. Comecei a retirar o curativo e parei, estava mais feio do que imaginava.
Tive vontade de chorar mas me mantive quando percebi que o curativo estava perto demais do meu olho. Meu corpo todo doía, minha alma doía.
Mas valeu a pena. Ainda se ela me matasse Richard saberia que ela teria sido a culpada e assim poderia se vingar por mim. Estava aliviada.
Fiquei o resto do dia ansiosa, não sabia o que aconteceria depois, não sabia o que esperar.
No meio da tarde uma mulher baixa e com uma bondade nos olhos entrou no quarto. Ela carregava uma bandeja com água fresca e um copo de plástico.
Me entregou o copo e dentro tinha duas cápsulas. Passou um copo de água para mim.
- Remédio para dor de cabeça e calmante. - Ela me disse. Será que Demi estaria tentando me matar daquela forma? Dei de ombros e engoli os remédios.
Dormi o restante da tarde e a noite. Acordei quando tudo estava silencioso, estava com fome.
Levantei e comecei a caminhar pelo quarto, não tinha livros que eu pudesse ler, nada para passar o tempo, o tédio era a pior coisa daquele lugar.
Por sorte o café da manhã veio mais cedo do que o normal. Quando a porta se abriu continuava acordada. A mesma senhora do dia anterior entrou trazendo uma bandeja com frutas, suco e pão doce. O que chamou minha atenção foi o papel que estava em sua mão.
- Ah não sábia que já estava acordada. Tinha escrito um bilhete mas posso lhe falar pessoalmente. Não vamos mais lhe trazer suas refeições por que agora você pode ir até a cozinha buscar por conta própria. Anotei no papel os horários do almoço e do jantar mas sempre que tiver fome você esta liberada a ir até nos. - Ela sorriu no final da frase. Estava tão surpresa que não disse nada, não conseguia entender o que aquilo significava. O que Demi estava tramando ?
Estava faminta demais para raciocinar sobre as mensagens subliminares que aquilo poderia significar. Depois de comer comecei a criar hipóteses. Talvez ela quisesse me testar, ou estivesse entendendo que aquilo não a faria chegar a lugar alguma, ou sabe se lá o que! Como imaginar o que passava na cabeça dela?
Mas ainda me sentia ressentida de sair do quarto. De alguma forma me sentia segura ali em algum lugar no resto da casa estaria Demi e eu não queria nem chegar perto dela.
Consegui passar pelo o horário do almoço sem grandes problemas mas quando se aproximou a noite estava faminta! Decidi esperar ficar mais tarde para não correr o perigo de encontrar Demi pelos corredores. Assim que não aguentei mais o ruído do meu estomago caminhei devagar pelos corredores.
Estava um silêncio avassalador. Caminhei até a cozinha sem me atrever a olhar para os outros cômodos, por sorte cheguei rápido na cozinha sem mais problemas, achei alguns pães de mel e uma garrafa de água e então voltei rápido para o quarto.
Quando se passou alguns dias que eu me espreitava até a cozinha fui percebendo que o cenário sempre era o mesmo, as portas todas fechadas e os corredores silenciosos. No fim da semana encontrei umas das mulheres que antes levava as refeições até meu quarto, estava terminando de limpar a cozinha provavelmente tinha se atrasado com seus afazeres e teve que ficar até tarde ou talvez elas dormiam ali ... Não sabia ao certo.
- Oi! - Ela me encarou deu um sorriso simples e continuou a varrer o chão. - Desculpa incomodar mas não pude deixar de notar que nunca mais vi Demi, sabe algo a respeito?
- A senhorita já esta fora vai fazer uma semana. Não veio para casa nem para trocar de roupa.
- Ah - Fiquei pensativa por alguns segundos, me sentia idiota por todo aquele cuidado que estava tendo sendo que Demi nem estava presente. - Sabe quando ela volta?
- Ela não nos deixou nenhum recado, sinto muito não poder ajudar.
Agradeci, peguei um pedaço de bolo de churros e algumas uvas e retornei ao quarto. Poderia ter passado os últimos dias aproveitando a paz e tranquilidade que a ausência de Demi estava trazendo mas ao contrário disso me mantive assustada como um coelhinho.
Fechei os olhos e relaxei. Estava sozinha e tinha um pedaço enorme de bolo. Me sentia quase feliz.
Agora que sabia que Demi estava fora saia mais do quarto. Comecei a conhecer melhor a casa só não ousava entrar nos quartos fechados. Comecei a conhecer melhor as mulheres que trabalhavam naquela casa ainda que elas continuassem se mantendo introvertidas, poder conversar com alguém fazia com que eu me sentisse melhor. A que eu mais conversava era Nazareth a que havia me levado os remédios depois do incidente com Demi. Nenhuma de nós tocava no assunto mas sentia que de alguma forma ela sentia muito por mim, por ter me visto naquela estado. A conversa sempre era agradável.
Ela tinha dois filhos e sua situação financeira era bem complicada e Demi pagava bem e além do mais ela não tinha grandes problemas com aquele trabalho, nada que a fizesse desistir pelo menos. Ela enviava o dinheiro para seus filhos e ainda conseguia custear um pequeno apartamento próximo a onde podia ir dormir depois do trabalho. Perguntei se ela tinha folgas e ela respondeu que sim, que tinha uma escala de atividade e que a cada 15 dias ela podia ir visitar os filhos. Nazareth contou que era viúva e que o motivo dos filhos não virem morar com ela era por conta da faculdade do mais velho, ele havia conseguido bolsa e ela se sentia extremamente orgulhosa.
A maioria de nossas conversas envolvia sua vida particular. Depois de três dias já me sentindo próxima o bastante perguntei se podia passear no patio que havia ao redor da casa mas ela negou com uma expressão triste.
- Desculpe Anne mas não é permitido. - Tentei não ficar cabisbaixa, ainda precisava saber de uma coisa.
- Entendo, Nazareth onde exatamente estamos ? Sei que provavelmente você não pode me dar informações mas preciso saber ... Já faz mais de semanas que estou aqui e essa falta de informação esta me matando.
Ela respirou fundo e eu esperei, achei que ela se desculparia e não me daria a informação mas ao contrário disso ela me disse :
- A querida, você esta em Manaus.
Hoje é o dia do escritor e eu quero felicitar a todos por esse grande dia que ainda não tem o prestígio merecido mas que nos enche de orgulho! E queria agradecer a todos vocês que acompanham o livro a quase dois anos! Só gratificação não expressa tudo que sinto por poder compartilhar com vocês essa história e todas as próximas que se tudo der certo virão.
Então muitíssimo obrigada, se posso dizer que hoje é meu dia é por conta de vocês. Todo escritor precisa de um leitor! OBRIGADA! <3
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