Capitulo 17
- O que foi? - O tom dele era moderado porem não disfarçava a angustia de ter sido negado.
- Eu ... - Olhei para os meus pés tentando procurar respostas. De alguma forma não queria lhe dizer a verdade. Poderia ser algo pessoal demais a ele e o modo que ele estava me olhando me congelava por dentro. - Nada, tive uma sensação ruim.
No seu olhar dava pra perceber que ele de certa forma não acreditou mas se conteve de qualquer pergunta.
Foi se um momento constrangedor de silencio antes que por fim ele falasse.
- Vamos, vai se atrasar. - Aquele tom firme e entediante dele tinha voltado e agora ele caminhava na frente como se eu tivesse feito algo errado.
Não o segui, cortei caminho e voltei pra casa.
Não pareceu que ele tinha notado minha mudança de rumo, vi ele se distanciar um pouco e então fiz meu próprio caminho.
De alguma forma estranha meu peito doía e eu não sabia o por que.
A cena se repetia na minha mente e não pensava na nossa possível troca de afeto, mas na dolorosa cena que se seguiu em minha mente tão confusa.
Acho que estava estupefata com a minha imaginação. Sabia que Richard era um anjo caido ou algo parecido com isso mas como eu conseguia imaginar essa cena tao grotesca? Não tinha vistos nem em filmes ou pinturas, um anjo com as asas arrancadas.
Caminhei mais do que precisava para chegar em casa, não sabia o que era pior ficar no silencio da minha casa ou caminhar sem rumo.
Acho que estava pensando tanto nisso pelo fato da dor que eu senti como se minhas asas tivessem sido arrancadas, senti pena de Richard mesmo ele não merecendo.
No fundo eu sabia que só sentia isso por conta de que ele tinha mais humanidade em si do que algo celestial, ele era mais humano do que anjo e só sua personalidade já provava isso.
Dormi por mais três horas antes de acordar a tempo de preparar o almoço para meu pai. Ele negou os remédios para dor alegando que estava bem melhor e não podia se tornar um viciado, Concordei afinal ele ainda tinha direito a sua vida.
Um pouquinho depois Andy me ligou.
- Por que faltou? - Escutei bastante vozes no fundo da ligação.
- Tive que cuidar do meu pai, a onde você esta? - Ouvi uma risadinha antes dela responder.
- Sobre isso, Anne preciso que você venha aqui. Está rolando uma socialzinha.
- Em plena segunda ? Não, não irei.
- Ah! Por favor! Esta divertido. - Escutei mais alguns murmúrios masculinos e uma risada curta de Andy.
- Quem esta ai? - Questionei já meio desconfiada.
- Que você conheça só Lis, eu e aquele garoto ruivo da escola, Luke. Na verdade foi ele que nos convidou esta cheio de amigos dele aqui e ...
- O que?? - Estava pasma, meus pés me guiaram ate a saída de casa sem eu nem perceber. - Saia dai agora! - Ordenei.
- Por que? - Andy parecia meio confusa. Meu estamago revirou com o meu próximo pensamento.
- Você bebeu? - Perguntei ignorando-a.
- Ah pelo amor! Não seja careta mamãe. Lógico que bebi.
- Caramba Andy! - Murmurei uma sequência de palavrões e já estava meio que correndo até o ponto de ônibus. - Cadê a Lis? Quero que vocês me esperem pra ir embora. Não façam nada!
- Ah vai se ferra Anne!
Encerrou a chamada. Meu rosto queimou de raiva. Mas que droga o Luke queria ? E cadê o Richard pra cuidar disso? Caramba! Eram trezentas pessoas envolvidas nisso e no final só eu que ficava com a bomba.
Quando comecei a me controlar percebi que não sabia a onde diabos elas estavam. Liguei desesperadamente pra Andy mas ela não atendia. Liguei pra Lis.
- Até que fim! A onde você esta? - Uma voz masculina me respondeu e eu quase tive um surto antes de saber quem era.
- Calma é o Rodrigo, Lis foi ao banheiro. Claro que estou com ela esta cheio de macho aqui ... - Lotei ele de perguntas.
- E Andy? Cadê ela? Pelo amor não deixe ela beber! Nem ela e nem Lis! A onde ? Perto do mercado? Casa cinza ... OK. 459. Sim eu lembro. Tira ela de perto do Luke! É o ruivo. Nada depois explico. OK, até.
Depois que desci do ônibus dei muitas voltas procurando a casa em questão mas não a encontrava. Por fim já estava cansada e tentei novamente ligar para alguma das duas mas só caia na caixa postal. Tentei inúmeras vezes e ja estava desistindo quando eu vi.
Não era bem uma casa, na verdade eu quase soltei um riso nervoso diante daquilo. Embaixo era uma garagem sem portão. Aquelas garagens de galpão. Na parte de cima é que se via " o começo " de casa, como um sobrado, cinza e com duas janelas com grades fechadas. O Numero estava pintado em preto na parte superior da casa.
Não demorou muito pra que eu percebesse que a única forma de entrar era levantando as pesadas portas da garagem quando-o fiz esperei encontrar uma tradicional festa, cheio de gente falando alto e bebendo porem tudo estava deserto. A garagem parecia abandonada, não havia nada ali a não ser uma escada que subia para parte superior. Subi meio insegura, talvez eu estivesse no local errado, talvez fosse uma armadilha, mas não tinha motivo pra tal pelo menos era isso que eu esperava. Antes mesmo de chegar no meio da escada comecei a ouvir vozes. Uma onda de alivio e panico passou por mim eu terminei de subir as escadas com a perna meio bamba. No fim da escada de abria um corretor sem iluminação e somente no final dele dava pra ver uma porta, as vozes tinham aumentado.
Quando a porta de abriu o cheiro e as vozes me atingiu e eu desejei inutilmente esta em casa. A casa tinha o interior preto e parecia um labirinto, cheio de divisórias. Logo na entrada tinha uma única mesa a onde algumas pessoas estavam jogando baralho. Eram todos homens. E só de manter contato visual percebi que eram todos como Luke, eles sorriram pra mim e meu estomago se embrulhou. O sorriso deles eram branquissimos, mas aterrorizantes.
- Olha só, nossa convidade de honra chegou. - Um com um corte militar disse e voltou sua atenção para o jogo.
- Você deve ser Anne, Alefe disse que você viria - Um loiro meio arruivado disse, ele parecia ser o mais simpático.
- Cadê ele? - Perguntei no meu tom mais autoritário, ainda me mantendo perto da porta caso se eu tivesse que correr.
- Esta se divertindo. - O primeiroe respondeu, dando de ombros. Estava me sentindo estranha com todos aqueles olhares em mim.
Nesse momento escutei um choro baixo. Seria impossível de escutar se eu não tivesse realmente prestado atenção. Corri em direção ao choro reconhecendo-o, ouvi as risadinhas dos jogadores átras de mim.
Lis estava ajoelhada, largada na parede em um canto. Ela tinha uma garrafa azul de vodka do seu lado e seu cabelo estava grudado no seu rosto devido ao suor. Quando me aproximei e ela me reconheceu me abraçou e eu senti o cheiro de tabaco.
- Lis? O que houve? - demorou alguns instantes até ela parar de chorar e me responder com o tom bêbado.
- O Rodigo ... Ele bigou comigo - Ela começou a soluçar novamente. - Anni eu num queria aquilo mas "tava" todo mundo fazendo...
- Aquilo o que? - Ela me encarou, os olhinhos brilhando por conta das lagrimas. - Andy disse qui seria legal - Ela recomeçou chorar e eu percebi que seria difícil entender tudo aquilo.
- Cadê o Rodrigo?
- Num sei ... Loki disse qui cuidaria dele mas num sei
- Ai meu Deus. - Murmurei - Andy esta com ele né? Lis fica aqui. Não saia daqui. Não beba mais nada. - Percebi que meus conselhos seriam inúteis até por que Lis já fechava os olhos de exaustão, depois de minutos ela estava dormindo.
Quando sai do 'quarto' escutei a voz de um dos caras que tinha conhecido gritar:
- Truco!
Fui para o lado oposto aonde fui recebida com muita fumaça que ardeu meus olhos.
Tinha cinco pessoas. Sentados a onde podiam fumando o que não era cigarro e sim maconha. Meu estomago se revirou quando lembrei de Lis. Eles tinham chapado ela! Imagina o que não tinham feito com Andy.
Um dos cara notou minha presença e começou a rir. Ignorei-o e cruzei a sala procurando Luke desesperadamente. Me sentia muito vulnerável naquele lugar, tão vulnerável que queria que Richard estivesse ali.
- Se divirta Anne. - Olhei para os olhos vermelhos do desconhecido que segurava meu braço.
- Me solta! - Sai de perto dele. - Cadê o desgraçado?! - Gritei pra sala e por segundos achei que me levariam a serio mas todos começaram a rir.
Fechei os olhos. Não sabia exatamente o que estava fazendo mas eu já tinha conseguido antes, tinha que conseguir agora.
Procurei por Luke pela minha mente, mas não encontrei nada. Então procurei por Richard e eu até sentia uma conexão entre nós mas era tao fraca .... Não conseguia chama-lo. Me senti frustrada com aquilo, continuei com os olhos fechados pra não ter que chorar, ouvi as risadas e frases maliciosas dos meus observadores e então tudo ficou em silencio.
Alguem tocou na minha bochecha e eu abri os olhos assustada. Não tinha fumaça. Não tinha barulho. Só tinha minha mãe diante de mim.
Ela sorriu como eu nunca tinha visto ela sorrir antes, eu queria dizer algo, queria poder falar aquilo que eu nunca disse pra ela, demonstrar carinho. Mas pela sua expressão ela já sabia, sabia que eu a amava.
- Anne, não conseguimos agir sob pressão ... - Seus olhos castanhos me avaliaram. - Estou aqui pra ajuda-la, mas não estarei sempre então prometa-me que vai se sair melhor do que eu me sai.
- Não entendo, como assim? - Ela voltou a sorrir e depositou um beijo frio na minha testa.
- Eu amo você.
Automaticamente senti uma vontade de fechar os olhos e o fiz, agora ouvindo novamente o som das risadas.
Abri-os me sentindo confiante e ao encarar o quarto escuro cheio de fumaças percebi que nenhum demônio poderia desfalecer minha vontade de viver. Então fui até o que estava mais próximo de mim e o segurei pelo colarinho da sua camisa preta e encarei bem o seus olhos. Primeiro vi um certo divertimento nele, depois passou rapidamente pra medo e ele começou a querer de desvencilhar. Mesmo sendo mais alto e mais forte ele não conseguia sair do meu aperto e a cada vez que ele me encarava ia ficando mais pálido até que ele apontou para uma porta e eu o soltei.
Minhas articulações queimava e meus olhos me mostrava a perspectiva daquele lugar com um brilho estranho. Não bati na porta, entrei sentindo a presença da minha mãe ao meu lado.
No instante em que entrei vi as sombras negras estendida atras do corpo de Luke. Andy estava na frente dele com os olhos fechados e tremendo. Os braços dele a segura em suas duas laterais e ele sussurrava algumas palavras no seu ouvido fazendo ela estremecer ainda mais.
Ele abriu os olhos rapidamente e sorriu de una forma estranha pra mim logo em seguida Andy tinha saido do transe e Luke havia "escondido" suas asas.
Fui pra cima dele. Primeiro empurrei Andy que caiu de joelhos meio tonta no canto do quarto, depois sem entender direito de onde tinha saido aquela força soquei o rosto de Luke, mas nada adiantou, parecia mármore sobre meu punho. Logo no segundo soco ele segurou minha mão e me virou de modo que fiquei de costas pra ele. Nesse momento me senti vulnerável, sem a presença espiritual de minha mãe.
- Me solta! - Estava meio que respirando com dificuldade.
- Shiu ... - Ele falou calmamente no meu ouvido me fazendo estremecer. - Sabe aquilo que você quer? Esta aqui e você perdendo tempo comigo.
Senti o sorriso dele contra minha bochecha e uma lagrima involuntária desceu sob minha face. Ele me empurrou pra frente e eu Fechei os olhos esperando o impacto do chão, mas alguem me segurou.
Aquela proteção se formou em volta de mim, abri meus olhos e deixei um sorriso tomar meu rosto.
- Calma, está tudo bem. - Escutei a voz dele, deixando que ela me aquecesse com a sua pele grudada na minha estava fazendo, respirei fundo e abracei-o, esquecendo completamente da minha sensatez, estava me sentindo feliz de novo em seus braços.
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