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Midoriya andava com os passos pesados, como se a cada novo passo algo lhe quebrasse por dentro, para ser mais exato na região onde seu coração se encontrava ─ quem visse, acabaria sofrendo junto ao menor─ mas estava decidido a ir até o final dessa vez, não ia desistir no meio do caminho. Subiu os degraus daquela escada que parecia não haver fim, sabia que o amigo estaria no terraço do prédio.
Quando chegou, viu que Hitoshi estava sentando lendo um livro apoiando suas costas na grade─ sem medo, a mesma era bem resistente─ esse olhou para a porta devido ao barulho forte e ficou surpreso por ver Midoriya. Mas o que mais lhe surpreendeu foi o olhar desesperado e horrorizado do esverdeado.
Ele se colocou de pé e rapidamente foi até o menor que não moveu um músculo e ainda possuía o mesmo olhar, quando chegou próximo sentiu o mesmo segurar seu braço, estava trêmulo e parecia que a qualquer momento começaria a chorar.
─ Neh... Vamos testar uma coisa? ─ perguntou com a voz um tanto falha─ Vamos ver o quão longe seu poder de controlar a mente vai?
─ Midoriya, o que foi? ─ Hitoshi perguntou preocupado com o estado do amigo.
─ Use em mim, faça eu esquecer por completo, Bakugou ─pediu ao amigo, que ficara pasmo com aquele pedido. ─ Eu te imploro, faça isso, faça quantas vezes forem necessárias... eu... eu não aguento mais.
─ Eu não sei se vai funcionar ─ respondeu sério. ─Mas tem certeza disso?
─ Sim! ─ afirmou com convicção, abrindo um sorriso fraco. – Obrigado, Hitoshi.
─ Vamos começar... ─ disse já ativando sua individualidade no amigo que ficou com um olhar vazio ─ Esqueça tudo sobre Katsuki Bakugou, esqueça sobre ele, de tudo que viveu com ele e até mesmo o que passou por ele e por conta dele... mas principalmente o que sente por ele, esqueça ─ Logo desfez o poder. ─ Quem é Bakugou?
─ De novo ─ falou apoiando a cabeça no peito do amigo, agora segurando a camisa do uniforme de Hitoshi com força.
─ Esqueça ─ ativou novamente a individualidade, estava com medo de um efeito colateral, mas o esverdeado parecia tão desesperado que não conseguiu recusar o pedido, odiava vê-lo daquela forma. ─ Esqueça sobre Katsuki Bakugou, você nunca mais vai se lembrar de quem ele é... Se esqueça de Kacchan.
Hitoshi repetiu o processo mais 20 vezes.
─ Midoriya, eu não posso mais, estou com medo de machuca-lo por favor não me peça mais isso ─ disse o maior um tanto nervoso, estava ficando com medo, nunca usou tantas vezes seu poder em uma mesma pessoa, não queria deixar nenhuma sequela no amigo.
─ Desculpe, mas o que eu pedi? ─ perguntou curioso.
Enquanto isso, Bakugou andava pelos corredores completamente puto, estava quase tendo um ataque, Midoriya tinha lhe ignorado por completo a ponto de não ficar no mesmo cômodo que ele, fora a sala de aula ─ fugia igual um rato quando avistava um gato.─ Ficou irritado pelo menor estar fazendo isso com ele, não conseguia nem ao menos conversar.
Foi então que o avistou conversando com o garoto da turma de ajudantes─ era assim que Bakugou, chamava os alunos do departamento geral─ ele parecia bem mais feliz e alegre e aquilo o incomodou profundamente. Quando percebeu suas mãos já soltavam algumas explosões fez questão de ir até lá tirar satisfações.
─ OE SEU NERD MALDITO –gritou e vendo apenas Hitoshi, notar sua presença ─ EU TÔ FALANDO COM VOCÊ, DEKU!
Mas novamente, Hitoshi era o único a notar a presença do jovem Bakugou. Aquilo deixou o rapaz de olhos carmesim ainda mais irritado foi até o menor e o segurou pelo colarinho, o encarando moralmente. Diferente de todas as vezes onde Midoriya, ficava assustado e recuado pelo movimento repentino do garoto explosivo ─ vamos concordar que todos da sala, faziam o mesmo quando Bakugou segurava pelo colarinho e ainda estava puto ─ ele possuía um olhar diferente.
Midoriya mudou de expressão e deu um empurrão forte ele nunca tinha revidado, muito menos olhado para o rapaz a sua frente daquela maneira com certo nojo. Bakugou não entendeu, mas aquilo estava afetando e incomodando tanto que não entendia o motivo para tal sentimento involuntário, quando ia perguntar qual era o problema... O mesmo se manifestou.
─ Escuta aqui cara, eu não conheço você, então se vier pra cima de mim não vou me segurar! ─ disse raivoso. –─Você conhece esse babaca, Hitoshi?
─ COMO ASSIM VOCÊ NÃO ME CONHECE, SEU PUTO?! –─perguntou gritando, vendo o outro manter a expressão fechada. – SOMOS DA MESMA SALA. A GENTE SE CONHECE DESDE PIRRALHO!
─ Da mesma sala? ─perguntou surpreso – Eu nunca vi você! Quer saber, não faz falta nenhuma, muito menos quero conhece-lo.
Bakugou ficou chocado, que droga era aquela afinal? Por qual motivo Midoriya estava falando aquelas coisas? Ele não podia simplesmente ter esquecido, podia? Aquilo fez seu coração se apertar e sua cabeça girar, estava confuso estava... com medo?
Via aquele olhar direcionado para si, um olhar diferente, um olhar que Midoriya jamais tinha usado consigo, nem mesmo contra a luta que ambos tiveram, parecia outra pessoa. Como se sua presença fosse indiferente para ele, mas para os demais estava normal. Já que a minutos atrás ele estava conversando e agindo normal com Hitoshi. Aquilo machucava, mas ele não entendia por qual motivo ser esquecido por Midoriya o incomodava tanto
─ Eu vou indo pra sala Hitoshi, a gente se vê depois da aula? – perguntou com um sorriso, Bakugou notou que era o sorriso que o esverdeado costumava lhe dar quando chamava por si quando eram pequenos. Aquele sorriso que tinha visto poucas vezes serem direcionadas para si, atualmente. Só que ainda sim mexiam com o rapaz de cabelos loiros.
─ Claro! ─ respondeu o outro acenando, vendo o amigo passar reto pelo outro, que ainda estava sem reação. ─ Ele me pediu.
─ Ahm?! ─ balançou a cabeça voltando a realidade e encarando o garoto com uma expressão abatida.
─ Ele pediu para esquece-lo, ele quer viver ─ respondeu de maneira fria. ─ Não era isso que tanto queria, se livrar de Midoriya? Considere feito, fique longe e não volte mais a perturba-lo. Ele nunca mais vai se lembrar de você. Eu já mandei mensagem para que Uraraka contasse a todos o ocorrido, ela sabia do plano dele. Ela nos encontrou a poucos minutos atrás, depois que eu enviei a mensagem e apagou qualquer vestígio seu no celular dele. Agora ela deve estar indo contar aos professores sobre isso. Então se me der licença, eu não quero mais perder meu tempo com você.
Bakugou ficou sozinho, no corredor com aquilo na cabeça, Midoriya queria esquece-lo? A ponto de fazer uma lavagem cerebral? Acabou por apertar os punhos e sentir seus olhos arderem, desde quando estava chorando? Desde quanto aquilo incomodava tanto?
Neh... neh Kacchan... Vamos ser amigos para sempre, não é? – Midoriya, 4 anos
Por qual motivo todas as memórias que teve ao lado do menor estavam passando por sua mente? Por qual motivo sentia seu coração se apertar, suas pernas fraquejaram fazendo com que ele caísse de joelhos no chão frio.
Kacchan, Kacchan... Eu gosto muito de você! – Midoriya, 6 anos
Por qual motivo tudo teve que acabar daquele jeito? Até que ponto ele chegou com o menor para que resultasse nesse tipo de coisa? Tudo estava feito, não tinha mais volta, todas aquelas lembranças pertenciam apenas a si agora, uma dolorosa lembrança na qual, Midoriya nunca mais iria lembrar, o que fazia os soluços de Bakugou ficarem mais altos.
Eu amo você, Kacchan – Midoriya, 7 dias trás.
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