Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

39: 서른 아홉

Deem suporte a fanfic, votem e comentem. Boa leitura!

atenção aqui um segundinho.
esse capítulo vai ter uma segunda parte, porque senão ficaria muito longo. vou tentar atualizar em breve. mas vocês sabem que pra sair uma att é uma luta. desculpa por isso, mas não tem muito que eu possa fazer. então, contando com a segunda parte, temos mais 2 capítulos até o fim da fic. é isso.



Addict > 39

A recuperação lembra a cauterização sobre uma ferida aberta, na carne viva. Ela queima, e dói como o inferno sobre sua pele, mas sua intenção é boa. Uma dor pela outra.

ー Você já pensou ー dizia Bora, com seu cigarro de mentira entre os dedos magros. ー Que podemos estar vivendo sobre um gigante... um gigante morto?

Jimin se encolheu mais e mais na outra ponta do sofá, as mãos entrelaçadas sobre os joelhos, e mesmo a ouvindo perfeitamente, não respondeu, como fizera nas outras dez vezes que ela quis conversar. Temia que, se a compreendesse, tornaria-se igual à ela.

Bora o olhou, puxando o cabelo escuro e picotado para trás da orelha. ー Se estamos vivendo sobre as costas de um gigante morto... o que você faria para agradecer o solo que ele nos deu? ー e Jimin foi grato por não entendê-la. ー Vai continuar fazendo as mesmas coisas vexaminosas sobre ele? Não tem vergonha?

E Jimin a olhou de volta, fitando seus olhos negros e brilhantes. Resolveu respondê-la: ー Por que eu deveria honrá-lo? Você sabe por que ele morreu?

E ela pareceu surpresa, soltando um "oh!" quase de criança, e se levantou, tragando o cigarro de mentira, um pedaço de papel enrolado sem nada dentro. ー Como eu nunca pensei nisso? ー e correu na direção de uma enfermeira. ー Preciso voltar para meu quarto, preciso escrever... eu tenho muito a pensar, muito.

Pacientemente a enfermeira segurou suas mãos trêmulas. ー Não pode usar canetas ou lápis essa semana... lembra do que fez da última vez?

ー Eu não fiz nada! ー se defendeu. Mas fez, Bora era uma moça de 28 anos, e pelo que Jimin sabia, o uso contínuo de drogas por anos a deixou alucinada, na semana passada ela pôde usar uma caneta, mas a enfiou no ouvido. Agora mesmo usava uma atadura sobre a orelha esquerda.

Jimin viu a enfermeira levá-la por entre os corredores, a encaminhando para seu quarto, e quando as duas sumiram de seu campo de visão, Park abaixou a cabeça. Odiava esse lugar.

E nem todo mundo era como Bora, não, a maioria carregava a dor de forma tão profunda, que por vezes perdiam o sentido, a razão. Jimin soubera de alguns casos, em suas caminhadas lentas e silenciosas pelo lugar.

Sung Hyun, como Jimin o conheceu, era um bom homem. Ele gostava de falar dos filhos, o garoto percebeu. Mesmo com o corpo fragilizado pela abstinência, seus olhos brilhavam ao pensar nas duas crianças.

Certa tarde, no horário de recreação, o homem estava sentado ao lado do Park, que observava outros pacientes jogarem damas. Se aproximou do mais novo então, e puxou assunto:

ー Minha filha mais velha é um prodígio, sabe? Ela sempre ganhava de mim em qualquer jogo assim. Não que eu estivesse muito sóbrio, né, você entende. ー disse, se recostando. As duas mulheres que jogavam pareciam levar bem a sério o jogo, visto as olhadas raivosas que trocavam.

Mas a mera menção ao fato de Jimin "entender" o que ele queria dizer, o fazia se sentir doente. Tal como era, na verdade. O homem continuou falando, e sem saber o que fazer, Park não o impediu.

ー Não sei se te contei que minha esposa morreu. ー silêncio. ー Eu a perdi, pra mesma merda que vem me matando. Mas preciso sair daqui logo, bem. Preciso cuidar das minhas crianças. Sabe, no fim a única porcaria que a gente tem são as pessoas que mais sofrem. ー suspirou, se levantando. ー Vou lhe deixar em paz, Jimin-ssi. Mas deve se esforçar, por quem quer que ame.

E sem mais palavras, o homem se sentou com as mulheres que jogavam, sorrindo pra elas e dando opiniões sobre o jogo. Provavelmente, contaria a mesma história de novo e de novo.

Jimin concordava que precisava ficar bom. Que precisava de Jungkook. Mas ao mesmo tempo, se sentia patético em ser posto nessa posição.

No entanto, era o que lhe restava.

Um ou outro deviam ter doenças como bipolaridade, esquizofrenia, mas não eram agressivos. Bora era doida, mas Jimin logo descobriu que a clínica não era um manicômio como nos filmes. E os profissionais não eram aterrorizantes como nos lugares onde esteve antes.

Jimin em si não era um paciente complicado, e vários eram os motivos. Ele sabia como as coisas funcionavam, ele era mais racional que os outros, e também prometera a Jungkook que tentaria ser um bom garoto.

Mas se você está em um lugar como esse, então nunca é uma pessoa fácil de lidar.

Em duas semanas ali, Jimin não se abriu com o psicólogo. Seu quadro parado, porque não havia com o que trabalhar, desde que ele não falava sobre o que pensava, sentia, sobre o que gostava, o que não. E por quê?

Jimin também não sabia.

Passava o dia todo no quarto, os olhos na janela, observando a cidade lá fora, geralmente de pernas dobradas, braços cruzados. Respondia os "bom dia" e "boa noite", mas não respondia quando era perguntado se estava bem. Não estava e não queria falar.

Não queria falar. Queria Jungkook e um calmante.

E talvez os calmantes fossem a melhor hora de seu dia, por mais que tomasse um apenas, e seu corpo pedisse mais, muito mais, era o único momento que se sentia livre da realidade.

Não dormia, não direito, e nem comia, não o quanto precisava. Chorando em boa parte do tempo, andava pelo quarto, e desarrumava a cama, para arrumar de novo, repetindo o processo até que não fosse mais suportável. E veja só, ganhou um caderno para que desenhasse, mas usou cada uma das 48 folhas em dois dias, desenhando coisas sem sentindo, ou apenas rabiscando em sequência, até rasgar algumas folhas, e em algumas escreveu 100 vezes o nome de Jungkook, e então de Bellatrix, e o de sua mãe.

Foi através desse caderno, entregue ao psiquiatra da clínica, que descobriram que Jimin gostava de flores, desde que haviam dezenas delas desenhadas no mesmo. Numa terça-feira, após Jimin acordar de um sono forçado (fora sedado), sua enfermeira favorita, Duri, entrou no quarto e lhe entregou dois vasinhos, e dois pacotes com sementinhas. Jimin então andou até a pequena biblioteca e apanhou um livro sobre jardinagem, qual leu por horas, por dias, parando somente para comer e dormir, também atender a consulta com o doutor, e no fim, terminou as 600 páginas em três dias.

Procurou por mais na biblioteca, mas não havia nenhum. Então, se dedicou à enterrar as sementinhas, e regar quando fosse preciso.

Essa foi a melhor coisa que aconteceu.

Quando não estava relendo o livro, observando os vasinhos de planta, ou preso no quarto por vontade própria, ele via os outros pacientes receberem visitas. E num desses dias, curioso, ao ponto de ficar irritado, rumou um grupo de enfermeiros.

E questionou: ー Por que os outros recebem até três visitas na semana e eu não?

Jimin só recebia uma.

Duri foi chamada, e ela abriu um sorriso cuidadoso. ー Quer conversar o dr. Kim?

ー Não ー respondeu, cruzando os braços atrás do corpo. ー Eu quero saber porque Jungkook só pode me ver uma vez na semana.

ー É uma questão de paciente para paciente ー ela disse.

Jimin então chegou ao estado de estar bravo. ー Por que eu não posso?

Duri o olhou, em silêncio por um tempo. ー O dr. Kim crê que você é muito dependente do sr. Jeon.

E foi a vez de Jimin cair em silêncio por um momento, o rosto fechando. ー Ele é o único que eu tenho! E eu não posso vê-lo, porque um doutor acha que eu vou ficar melhor sozinho?!

ー Não é esse o caso, Jimin...

ー É sim! ー acusou. ー Querem que eu fique sozinho, sem ninguém! Pois eu já passei muito tempo sozinho, eu não preciso de mais! Não preciso!

ー Jimin ー Duri pediu. ー Não sou eu quem deve ter esta conversa contigo. Se quer que isso seja debatido, precisa falar com o Dr. Kim.

Contrariado, Jimin aceitou. ー Eu falo.

Duri então assentiu, o deixando para seguir até a sala de enfermagem, e Jimin esperou, de braços cruzados e o olhar perdido no branco das paredes. Não podiam lhe tirar Jungkook, em hipótese alguma podiam lhe deixar sem sua única fonte.

Portanto, quando Duri voltou, pedindo que ele a acompanhasse, ele não hesitou. Bem, ele não queria falar, e todas as suas consultas com o doutor haviam sido um fracasso, mas precisa perguntar à ele o porquê de estarem fazendo isso.

ー Jimin... é bom vê-lo. ー disse o homem, que devia estar na casa dos 50 anos, usando seus óculos quase na ponta do nariz.

Jimin apenas entrou, não se sentou e nem nada. ー Por que não posso ver o Jungkook?

ー Você pode. O vê uma vez por semana. ー disse ele, sentando-se na própria cadeira. ー Sente-se, Jimin...

ー Eu não quero!

ー Jimin, sente-se, por favor. Se quer respostas, precisamos ter uma conversa honesta e livre de tensão.ー explicou. ー Pode se sentar?

Mas Jimin permaneceu no mesmo lugar, por pelo menos mais um minuto, antes se tomar um assento em frente a mesa. ー As pessoas recebem visitas até três vezes por semana. Eu só posso receber uma!

ー Cada um de vocês têm um quadro diferente, e precisam ser tratados de formas diferentes.

ー E por que eu só posso ver Jungkook uma vez? ー questionou, ainda sem entender. ー Me diz... eu tô sendo castigado?

Dr. Kim negou, usando gestos. ー Não é um castigo. Nós apenas percebemos que você é muito ligado à Jeon Jungkook... que muitas vezes liga o seu bem-estar à presença dele. Como se, hm, dependesse de ele para ficar bem.

E é exatamente isso. Pensou Jimin, desviando o olhar para a pilha de livros na mesa, escolhendo ficar calado. E dr. Kim continuou: ー Afastamos Jeon Jungkook para que aprenda a contar com você mesmo. Você está aqui para se recuperar, Jimin... e para que você se recupere, é preciso que se livre de todas as duas dependências. Química e emocional.

Jimin deslizou o olhar dos livros até o rosto do homem. ー Não vou poder ver o Jungkook?

ー Você pode. Mas eu preciso que converse comigo, para que eu o entenda. Como posso aplicar métodos para você, se tudo que eu tenho é produto de observação?

ー Me entenda, então, doutor! ー pediu, agarrando as mãos à mesa. ー Me entenda de verdade! Não só anote coisas num caderno e receite um remédio, como todos fazem! Eu não quero ficar louco, e eu não posso ficar sem o Jungkook... eu não posso!

ー Jimin, eu sei que tem traumas. Sei que você foi vítima de profissionais que foram até presos pelo tratamento indevido nas casas de recuperação para menores. ー deixou claro. ー Mas nós somos uma instituição séria, somos profissionais com compromisso. Precisa se abrir comigo, deixar que eu o entenda.

Jimin então se encostou à cadeira, puxando uma perna para cima do assento. Era complicado, tão complicado. Como poderia falar de tudo para alguém que não conhecia, e se ele achasse banal, se não sentisse nada?

ー Dói falar, doutor... parece que... ー confessou, sentindo os olhos encherem de água. ー Parece que quando eu falo, tudo se torna tão real... eu sinto como se, como se eu mantesse tudo em minha cabeça, eu pudesse me convencer de que nada disso aconteceu.

ー O que aconteceu? Me diga, o que mais vem a sua cabeça? ー pediu. ー Eu prometo ouvir com atenção.

Park buscou respirar fundo, levando uma das mãos próximo à boca, mordiscou o polegar, antes de dizer: ー Minha mãe... o meu... p-pai. Quando eu era criança. E então as coisas que aconteceram quando eu cresci... o Jungkook...

ー Podemos falar de uma coisa de cada vez ー disse. ー Sobre o que quiser.

Jimin tentou pensar, mas cada uma das coisas pareceram ruins demais. Chorou então, deixando o rosto ser banhado, e dr. Kim se levantou, se aproximando, descansou a mão em suas costas, esfregando com calma. ー Está tudo bem, Jimin. Essas coisas passaram.

Jimin deu uma explodida então, se levantando. ー Esse é o problema, doutor! Todos acham que porque o tempo passou, está tudo bem. Acham que porque minha mãe morreu, e não tem volta, eu devo esquecer... acham que porque ele foi preso, eu não devo me preocupar. Se é assim, por que a dor não passa?

ー Porque a dor de fato não tem previsão de chegada ou ida ー sr. Kim lhe disse. ー Mas Jimin, se você deixar ela fazer se você uma casa, ela nunca irá embora. Por isso trabalhamos para expulsá-la, mesmo que demore, mesmo que ela vá e volte, precisamos sempre deixar claro que ela não é bem-vinda... fortalecer as paredes, barrar as portas e janelas, e se armar para que ela não entre. É por isso que precisa falar comigo, e me deixar ajudá-lo, Jimin.

Frustrado, Jimin deu as costas, fitando a estante cheia de livros, e continuou a chorar, enquanto as mãos permaneciam agarradas ao próprio casaco. ー Eu preciso ver o Jungkook, doutor...

Dr. Kim respirou fundo, arrumando os óculos no rosto. ー Certo. Pode ir para seu quarto.

Virando-se, acusou: ー Mentira! Vocês não vão chamá-lo! Eu pedi todos esses dias, e ele não veio!

ー Jimin, por favor, vá para seu quarto. ー pediu, sentando-se à mesa.

Enraivecido, Jimin deixou a sala, batendo a porta com força, rumou o quarto, mas parou antes, na porta da sala de enfermagem. Mirou Duri, e avisou: ー Eu não vou sair do quarto, e nem vou comer, nem vou tomar remédio algum, se não chamarem o Jungkook aqui!

E seguiu o percurso, entrando no quarto. Respirou fundo, andou até o armário, e o empurrou, até que encostasse a porta, trancando a passagem. Deitou na cama em seguida, puxando as pernas para perto do corpo, as abraçou, voltando a chorar.

ー Filhos da puta... ー grunhiu, apertando a própria pele com as unhas, formando machucados.

Haviam pacientes muito piores, caras e garotas que faziam o inferno, e mesmo assim eles podiam ver suas famílias a semana toda. E Jimin... Jimin tentava fazer tudo direitinho, no entanto, era obrigado a ficar sozinho todos os dias. Não era justo! Não era!

E ali ficou, por horas, e por pelo menos uma delas, ficou na mesma posição, repetindo na cabeça as mesmas coisas, a mesma lógica. Já deitado, levou um susto quando alguém tentou abrir a porta, e se levantou num pulo.

ー Jimin! ー era Duri chamando. ー O que você fez? Jimin!

Ele se manteve calado por um tempo, a ouvindo repetir as perguntas, até que disse: ー Chamaram o Jungkook?

ー Jimin, abra a porta! ー ela pediu, e Jimin entendeu que não, não havia porra de Jungkook algum.

ー Eu não vou abrir até que Jungkook esteja aqui! ー rugiu em resposta. ー Mentirosos!

E retornou a cama, se enrolando no cobertor, continuou a ouvir as batidas na porta, até que elas pararam. Era um pouco assustador, pensou consigo, mas não desistiu da ideia. Ali passou mais 20 minutos, antes dos chamados voltarem: ー Abra Jimin! ー pediu a voz de dr. Kim. ー Por favor, abra a porta.

ー Só se Jungkook vier me ver! ー respondeu, segurando com mais força o cobertor.

ー Nós o chamamos ー disse. ー Ele está vindo. Vamos, abra!

Jimin se levantou então, pensando. ー Está falando a verdade?

ー Se eu estivesse mentindo, não contaria agora ー dr. Kim respondeu. ー Eu juro, ele está vindo.

ー Se for mentira, eu farei pior! ー avisou, e fez força, puxando o armário, e se enfiou atrás dele, o empurrando de volta para seu lugar. O doutor então abriu a porta, entrando com Duri ao lado. ー Vão me sedar? É mentira, não é?

ー Não, não vamos fazer nada disso ー disse o homem. ー Jungkook está vindo.

Os olhos de Jimin se encheram de luz, até que ele continuou a falar: ー Ele estava no meio de uma prova do vestibular, mas está vindo.

Jimin então matou o próprio sorriso. ー ... é?

ー Sim, Jimin ー disse, um pouco indiferente. ー É uma chance a menos de ganhar uma bolsa para a faculdade, mas pagamos por nossas decisões, certo? Hm, Duri, avise ao serviço geral que precisamos mudar os armários por cômodas, madeira leve e de rodinhas nos pés.

ー Sim, senhor ー ela assentiu.

Jimin, próximo a cama, se sentou, apagado. Não sabia que Jungkook estava ocupado assim, não sabia.

ー Enfim, ele está vindo, Jimin. Não é horário de visitas, nem o dia correto. Mas como é um caso especial, no... ー e foi interrompido.

ー Não é um caso especial! ー reclamou, ofendido. ー Eu só quero uma visita...

ー Jimin, a maioria dos pacientes não precisam desesperadamente ver alguém. São alguns casos apenas, como o seu. É comum quando se é dependente de uma pessoa... ー e foi cortado mais uma vez.

ー Não sou dependente dele! ー defendeu-se. ー Eu só estou com saudade!

Dr. Kim o olhou. ー Quanto mais desculpas e mentiras inventar a si mesmo, mais tempo demorará para que melhore, Jimin. Comece aceitando o que sente.

Jimin então voltou a abaixar a cabeça, fungando um pouco. ー Eu não sou...

ー Posso ligar e dizer a ele que não precisa vir?

ー Não! ー foi imediato. ー Inferno...

ー Bem, ele está vindo. ー voltou a repetir. ー E eu preciso ir. Fique bem, Jimin... até amanhã.

O doutor deixou o quarto, mas Duri ficou, até se sentou, em uma cadeira perto da porta. Jimin a olhou, e resmungou: ー Vai ficar me vigiando?

Ela riu baixo. ー Se acha que eu preciso.

E Park virou a cara, sentando-se na cama, observou o céu escuro e nublado lá fora. Não queria ter tirado Jungkook da tal prova, e nem estragar suas coisas, não sabia. ー Se eu estivesse em contato com ele, eu saberia que teria prova hoje.

ー Você sabe que dia é hoje? ー Duri questionou.

Jimin parou pra pensar. ー Alguma coisa de maio?

ー Três de junho ー o corrigiu. ー Não saberia não.

Jimin procurou uma desculpa, mas na parede havia um calendário, então só virou a cara de novo, mantendo o silêncio. E ali aguardou, remoendo dentro de si o fato de que tirara o rapaz de uma prova importante, e as palavras do doutor.

Porque mesmo que fosse errado depender de Jungkook, sentia como se isso fosse tudo que lhe restasse, e que se não se agarrasse ao máximo à Jeon, cairia. Era um sentimento assassino, que o preenchia de medo.

Jungkook era tão necessário, tão fundamental. Era sua alegria, e fora a tristeza, se infiltrando em si como um órgão, tornando-se parte de Jimin. Como poderia imaginar uma vida sem ele? De onde tiraria forças?

A ideia o tomou de conta, instalando medo em seu peito. Sua vida sem Jungkook seria exatamente como antes, então por que queriam afastá-los? Por que queriam que Jimin superasse essa dependência? Não há males precisos?

E ficando apavorado, foi na direção de Duri. ー Eu não posso ficar sem Jungkook! Diga ao doutor, por favor, eu não posso viver sem o Jungkook... minha vida era um borrão sem ele! Eu não fazia nada certo, eu não me importava em errar, porque... porque eu não tinha nada e nem ninguém, Duri! Eu preciso dele, por favor...

Um pouco assustada, Duri se levantou, e o guiou até a cama novamente, tentando acalmá-lo com carinhos nas costas. ー Eu entendo completamente, filho. Acalme-se.

ー Então, por que... por que? ー questionou, fungando.

ー Porque ele é seu amor, e peça importante na sua vida, seu parceiro ー começou dizendo, sentando-se com ele. ー Mas no fim você só pode depender de si mesmo, Jimin. Somos... somos planetas, mas precisamos ser nosso próprio sol, e orbitar em torno de nós mesmos. Tente entender... se não pudermos contar com nós mesmos, a quem iremos recorrer quando algo depender somente de nós?

Jimin a olhou então, com seus olhos aguados, o rosto rubro. ー Mas Duri, eu preciso dele...

ー Sim, Jimin, eu entendo. ー disse ela. ー Não queremos afastá-los, jamais. Queremos que você aprenda a se virar sozinho, e aproveitar a própria companhia, que possa encontrar-se.

ー Já pensou que tudo o que resta de mim é um montante de lixo? ー a questionou. ー Sem ele, eu sou só... eu não sou nada.

ー Posso entrar? ー perguntaram, e mirando a porta, Jimin saltou da cama, correndo para abraçar Jungkook.

Sentir seu corpo e seu cheiro era como tocar o céu, e isso não era novidade alguma para Jimin, mas ainda impressionava, ainda enchia seu peito de euforia.

Duri se levantou então, e dando um sorriso sutil para Jungkook, passou por eles. ー Eu volto em uma hora.

ー Obrigado ー Jungkook murmurou, afastando uma de suas mãos do corpo de Jimin para encostar a porta, e retornou ao abraço, o encaixando em si. ー Jimin...

ー Me desculpa ー pediu, escondendo o rosto no casaco dele, envergonhado. ー Eu não sabia que você estava estudando...

ー Está tudo bem ー Jeon lhe disse, subindo uma das mãos para acariciar seu cabelo.

ー Não... ー afastou-se um pouco, o olhando. ー Eu te atrapalhei.

ー Não importa tanto assim, Jimin ー tentou dizer. ー Calma, ah.

Mas Jimin se sentia culpado, então precisava se explicar, o quanto desse. ー Eu não ia fazer isso... mas Jungkook, eles querem que eu fique sem você. Eu não posso ficar sem você!

Jungkook tomou uma respiração funda, tocando seu rosto com as mãos, acariciou as bochechas. ー Se acalme, ok? Eu tô aqui... ー e gentilmente o guiou até a cama, o fazendo se sentar. ー Eu trouxe bolo de festa, hm. Passei em uma padaria e comprei...

Jimin manteve o olhar no dele, o analisando, e soltou: ー Você me ouviu? Querem me afastar de você!

Jungkook devolveu o olhar, enquanto tirava a mochila das costas. ー Não é assim, Jimin. Pare de distorcer as coisas.

Notando um absurdo, Jimin deixou o choque transparecer no rosto, nos ombros, mãos. ー Você... Jungkook, as outras pessoas recebem visitas três vezes por semana! Eu só o vejo uma vez, por um hora, e você vai embora... eu... você não se importa?

ー Eu me importo, Jimin ー respondeu, tirando da mochila a embalagem com o bolo dentro, pôs na cama. ー Eu sei. Eu sei que só posso te ver uma vez... e acha que não dói pra mim? Acha que eu te esqueci aqui? Não! Eu penso em ti o tempo todo, penso em estar contigo, e te ver bom. Mas você está aqui há mais de um mês e não... quase não teve avanços, Jimin. E eu não estou falando pra você ser mais rápido, mas que tudo é um processo, e que nosso afastamento faz parte desse processo. Quando menos você avançar, mais difícil vai ser pra ficarmos juntos. Você não conversa com o doutor, você não participa das atividades, não se expressa... Jimin, ficar o dia todo nesse quarto não vai mudar nada. Você acha que vai conseguir sair daqui em 6 meses assim?

ー Jungkook... ー pediu, prestes a chorar. ー Eu não... eu tô tentando! Mas é difícil, você parece não entender que é difícil!

ー Eu sei, Jimin... mas você não pode reclamar do tempo que nos vemos, se você não tenta entender o propósito disso... ー e foi interrompido.

ー Você acha que é fácil, Jungkook! Acha que é fácil! "Ah, vou contar cada detalhe do que sinto para um homem atrás da mesa, vou jogar vôlei com aqueles malucos na quarta feira, e vou compartilhar minha história com todo mundo numa roda!" ー grunhiu. ー Assim, do nada! Do nada eu vou mudar completamente...

ー Não é isso, Jimin! Eu tô te pedindo pra tentar! ー Jungkook tentou argumentar.

ー Você acha que eu não tento?! ー cerrou os punhos. ー Eu tento pra caralho! Mas você mentiu pra mim, se passou por JJ pra descobrir tudo da minha vida, sabe por tudo que eu passei, mas ainda age como se fosse fácil pra mim!

Jungkook se calou então, o olhando fixamente por um tempo, antes de se virar e apanhar a mochila novamente, e rumar a porta. Jimin foi atrás então, o puxando pela camisa. ー Não, Jungkook... por favor... não vai!

ー Jimin! ー quase soltou um grito, virando-se para ele. ー O que quer que eu faça? Se eu não venho, você cria um caos, e se eu venho, você nem se dispõe a me ouvir! Quer que eu deite nessa cama com você e faça a merda de um desserviço, para que você se sinta bem?

Jimin não teve respostas, sem saber o que queria de fato. Jungkook se desarmou um tanto, continuando a falar: ー Eu conversei com o Dr. Kim. Ele me explicou a situação, e eu entendi, Jimin... eu entendi o propósito disso. E amor, tu gosta de se esconder em mim, mas eu quero que você seja forte também, porque eu também preciso de ti. Você sabe que eu não sou uma rocha. Você sabe que eu não sou de ferro... como eu posso cuidar de mim e ainda cuidar de você? Eu preciso que você possa se cuidar, Jimin. Eu preciso... porque é muita coisa sobre minhas costas. Eu preciso de você na minha vida, eu preciso que me ajude, pra que eu possa te ajudar! E você não entende, Jimin... você acha que se nos trancarmos num quarto pelo resto de nossas vidas, tudo vai estar perfeito! Não! Não, Jimin! Somos novos, eu tenho sonhos, eu quero construir uma família com você, eu quero trabalhar no que amo, eu quero estudar... eu quero que você faça o deseja!, que encontre um rumo, algo que goste de fazer. Mesmo que você não goste, é por aqui que tudo começa! Começa pelas conversas com um homem atrás da mesa, e vôlei com viciados em crack na quarta feira, com depoimentos em rodinhas de terapia! É agindo, Jimin... é, pelo menos, acreditando.

Ouvindo cada palavrinha, Jimin só pôde abaixar a cabeça, mirando os próprios pés até que os olhos se fechassem, molhados. Porque doía. Doía se sentir um caso perdido, doía sentir como se fosse incapaz, doía imaginar que sofreria pelas dores da infância até o fim da vida, doía não saber do futuro, sentir como se não tivesse um futuro. Doía se sentir um entulho, uma pedra no caminho, uma dor de cabeça. E fraco, tão fraco.

ー Você... ー Jimin começou dizendo, fungando. ー Você não me quer mais, Jungkook?

ー Por Deus, Jimin! ー Jungkook só conseguiu dizer, encostando-se com brutalidade na parede, passou as mãos pelo rosto, esfregando a pele. ー Jimin, eu te amo, inferno. Eu não vou te deixar, eu não quero te deixar...

ー E se só agora você viu o tamanho do problema e não quer mais? ー questionou, chorando.

ー Jimin, eu sei o tamanho das consequências de estar com você desde o início! Eu sei como você é, desde sempre... ー explicou. ー Não é agora que eu vou fugir. Não é! Entenda isso, pelo menos isso... eu tô com você, sempre.

Jimin então, puxou as mangas da blusa, tentando secar o rosto, e continuou a olhá-lo, mas sem saber o que dizer. Jungkook jogou a mochila no chão e avançou sobre ele, um braço enlaçando a cintura e a mão livre segurando o rosto. ー Eu te amo. Eu não consigo mais me imaginar sem você... merda, eu te adoro. Adoro como me olha, adoro como se dedica a mim, como apesar de tudo, ainda tem o sorriso mais lindo do mundo, como tenta cuidar de mim, e sempre dá um jeito de me animar. Você sabe disso... sabe que é perfeito pra mim. Você sabe como conseguir o que quer de mim, sabe como me deixar louco. Então, por que ainda passa pela sua cabeça a hipótese de eu te deixar? Porque eu concordo com o doutor sobre algo pra te fazer ficar bem? Você queria que eu desejasse seu mal? Eu não te entendo, Jimin.

ー É complicado, Jungkook... ー tentou dizer, abaixando a cabeça. ー Mesmo que eu entenda, é difícil mudar... É difícil fazer. E surge tanta coisa na minha cabeça, e eu começo a pensar em milhares de problemas que nem existem. ー e fungando, tornou a olhá-lo. ー Eu não quero ficar sem você, Jungkook... É tão sozinho.

Jeon então, lentamente, o guiou até a cama, e sentando-se juntamente a ele, penteou sua franja um pouco comprida para trás, olhando bem em seus olhos. ー Você não vai ficar sem mim. Eu sei que é difícil, e complicado, sozinho então... eu também tive que superar coisas difíceis, Jimin, eu sei que nada vai acontecer da noite pro dia, eu sei. Mas me diga, você prefere ir agora pra casa comigo, e continuar mal, ou esperar um tempo pra ir, mas estando melhor?

Jimin abriu a boca, quase sem pensar, e por pouco não disse que preferia ir agora. Se calou, privando-se da fala mais uma vez, permaneceu apenas a olha-lo. Jungkook acariciou seu rosto então, o olhando com carinho e preocupação. ー Por favor, Jimin... não desiste. ー e em seus olhos redondos foi possível notar o acúmulo de lágrimas se formando. ー Por favor...

Vendo o mais abaixar a cabeça, e murmúrios sendo ouvidos, Jimin o abraçou, deixando lágrimas fugirem também, conseguiu soltar apenas um singelo "tudo bem". E o silêncio perpetuou pelo tempo restante, mesmo quando ambos se acalmaram, aos poucos se acomodando na cama de solteiro, agarrados sob a luz baixa, vinda do corredor.

E Jungkook podia notar na forma como o quarto estava decorado, que Jimin sequer o via como um quarto de fato, desde que não haviam pertences pessoais em lugar algum, e tudo parecia intocado, como se Jimin não vivesse ali. Haviam horas que Jeon se perguntava se ainda conseguiria ver o rapaz bem, se ainda daria tudo certo. E ah, tentava mesmo seguir firme... mas vivera o suficiente pra saber que tudo é complicado como o inferno, então eventualmente cedia as vezes, e perdia a fé em Jimin, sentindo sua esperança esvaecer no tempo. Depois tornava a pôr energias no sonho de vê-lo bem, recusando-se a aceitar.

Então, como se Jimin tivesse acabado de ser posto ali, Jungkook o convenceu a tomar um calmante, acompanhados por Duri, e precisou dizer a ele que não iria embora, ficaria ali e dormiria com ele, o que não era verdade, desde que após adormecer, Jungkook precisou juntar a mochila e deixá-lo, saindo em silêncio do quarto. Ficando mais e mais claro que aquela seria uma caminhada longa e difícil.

Quando a alma dói, a cura é um mistério.










// isso tá lamentável, mas eu não consegui fazer melhor. desculpa por demorar tanto.

obrigada a todos que continuan acompanhando, de verdade, eu sei que eu sou uma porcaria pra atualizar... eu não sei de mais nada, to totalmente perdida.

pra quem fica me pedindo att, obrigada por mostrar sua vontade... mas é meio inutil, eu to muito mal pra escrever, pra sair uma frase eu preciso arrancar sangue dos dedos. eu não tô legal mesmo.

é isso aí... quem quiser me seguir, é namjowl no twitter, baobei.zi no insta, e swagay aqui no watt. :)

algumas leitoras fizeram fmv, e fanarts, mas vou linkar tudo no penúltimo capitulo, porque nao achei alguns users. é isso eu acho.

desculpa por tudo.//

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro