27: 스물 일곱
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A mentira é mais afiada que a lâmina de um bisturi, e te atinge mais fundo que um espadachim.
Cada palavra na voz daquele homem que gravara os recados para Jungkook soaram feito balas contra seu peito.
Naquele dia os pés de Jimin moveram-se sozinhos para fora da casa de Jungkook, e suas mãos pareciam saber exatamente o que fazer quando sacaram dinheiro em um caixa eletrônico. Seu corpo não teve comandos, pois sua mente estava em estado de puro estupor.
Jimin era mais bobo que imaginara.
Era cego. Genuíno. Surdo. Fraco.
Se sentia, novamente, completamente sozinho. Na verdade, sentia como sempre estivesse solitário, que suas companhias fossem passageiras, fossem mal intencionadas.
Sentado no banco daquele trem, partindo da estação de metrô, ele puxou as pernas para perto do corpo, apoiou o queixo nos joelhos e deixou que a primeira lágrima escoresse.
JJ.
Uma biografia sobre o assassinato de sua mãe.
Jeon Jungkook.
Tudo uma mentira, tudo interesse, tudo um truque. Jimin escondeu as mãos no rosto e chorou, chorou mesmo em meio à todas as pessoas.
Seu choro mal tinha uma definição, era devido à tudo e também sem real explicação. Ele chorou até que sua cabeça doesse, até que seu corpo parecesse entorpecido, que se sentisse em fim sem os pés na terra.
Queria fugir o mais rápido possível daquele plano.
Quando o trem parou, ele se levantou, zonzo, notando os olhares sobre si, e saiu as pressas pela porta de desembarque. Usando as mangas da blusa escura para tentar enxugar o rosto, parou em uma banca, e pediu uma carteira de cigarro e um isqueiro.
Subindo as escadas para fora da estação, descobriu que chovia, mas não se importou de estar sem um guarda-chuva e usando uma roupa de tecido frágil. Ele puxou um cigarro e o acendeu, sentando-se na beira de uma calçada qualquer, sentiu o corpo todo ser inxarcado pela chuva, e a água empossar em volta de seus pés.
Sem conseguir encarar o céu escuro, ele tragou o tabaco, e prendeu a fumaça em seu peito, de cabeça baixa. Suas lágrimas ainda fluiam, misturando-se com a água da chuva.
Notícia. Notícia foi o que virou a morte de sua mãe, em todos os jornais, em cada revista, cada coluna, em toda página.
Ele detestava a mídia, detestava o jornal, os repórteres, os jornalistas. Eram como parasitas atrás de carne podre, vindo com seus microfones e gravadores, câmeras, sem se importar com os sentimentos de quem sofre. Eles só querem uma matéria para chocar os telespectadores.
Jungkook era um jornalista. Do pior tipo.
Tragando mais vezes, Jimin grunhiu com raiva, fechando os olhos com força, fechando o punho livre, o cerrando até que o pulso ficasse dolorido.
- Moço? - uma senhora chamou. - Saia da chuva, vai ficar doente.
Ele já estava doente, e não tinha cura, o perseguia, o fodia totalmente. Jimin não se importava. Ele se levantou e atravessou a rua, sem olhar antes, fazendo com que um carro tivesse que freiar quase sobre seu corpo. O motorista pôs a cabeça para fora da janela, confuso. - Está maluco?
- Estou - Jimin bateu com força contra o capo do carro do homem, continuando a atravessar a rua.
Terminou o cigarro e acendeu mais um, retornando a inalar a fumaça, andando sem rumo sob a chuva intensa, contra o vento horripilante do inverno. A dor e a raiva impregnadas em cada parte de sua alma, o puxando para baixo.
O que antes tinha cor, agora era um borrão cinzento, sem vida, sem verdade.
Jungkook era seu amor, não era? Ele era o melhor, não era? Amava Jimin, não amava?
Falso, ignóbil mentiroso, desonesto, infame, baixo, vil, sem coração.
Haviam tantas coisas que Jimin gostaria de perguntar, no entanto, não queria vê-lo nunca mais. Park torcia para que sua mente apagasse cada pequena memória, que por algum motivo extraordinário, ele acordasse sem nunca ter falado com JJ, com Jungkook.
Jeon era seu forte. Era em quem ele podia confiar. Era seu colete salva vidas. Era sua blindagem. O mundo poderia, realmente, ruir em pequenos pedaços, se ele estivesse ao lado de Jungkook, estaria em paz.
Mas centenas de anos pareciam ter passado desde a última vez que viu Jungkook sorrir, sorrir e ainda ser confiável. Jimin sabia que ele mentia, mas jamais imaginara que a tal omissão seria aquela.
Uma mentira tão baixa, tão suja, tão dolorosa. Não era sobre algo banal, era sobre a pior parte da vida de Jimin, sobre sua cicatriz que retornava a abrir a cada noite. Jungkook não se importava com o tamanho de tal labéu?
A dor de Jimin, para eles, fora convertida em dinheiro.
Jungkook era JJ, não era psicólogo, e estava colaborando para a criação de uma biografia sobre Park Soomin, uma mãe assassinada pelo próprio marido.
Jimin parou no meio de uma calçada, em uma alameda vazia, e se abrigou debaixo de uma das árvores, sentando-se ao pé dela. Ele suspirou e atacou o cigarro em uma poça d'água, cruzou os braços sobre o colo, sentindo o corpo inteiro tremer por estar molhado, pelo vento vir tão forte e frio.
Seus olhos avermelhados focaram-se na dança das árvores, e no seu rosto até então inexpressivo, um infantil e já conhecido bico se formou aos poucos.
Como cada comando o levou àquele destino? Como tudo se uniu daquela forma? Quem planejou? Com que frieza?
Então, o melhor ocorrido da vida de Jimin se tornou uma pilha de mentiras, de crueldade.
O irmão de Jungkook tinha tanta razão. O homem mentia como ninguém, e seu sorriso convencia à qualquer um, sua capacidade de manipulação era invejável. Um verdadeiro mestre, um belo ator, uma salva de palmas.
Jimin fechou os olhos e estremeceu com a dor ao lembrar das palavras doces de Jeon, de cada "eu te amo", de toda a segurança que ele passava, de sua doçura, de como era cuidadoso.
Tudo mentira? Jungkook fora assim tão longe? Jungkook fizera tudo aquilo por um mesmo objetivo? Nada fora real? Os beijos, os toques, os sorrisos, as confissões, o amor.
Jimin levou as mãos ao cabelo escuro e molhado, o puxando entre os dedos, sentindo as lágrimas descerem, sentindo os olhos arderem, sentindo a vergonha e a raiva.
Precisava esquecer. Mais uma vez, precisava se desligar. Porque Jeon prometera nunca mais machucá-lo, mas falhara miseravelmente.
Como antes, Jimin seguiu o caminho, como se antecipadamente programado, suas pernas andaram sem parar até um local que ele já conhecia, um local que JJ o pedira muitas vezes para esquecer.
Mas JJ não valia de nada. JJ não passava de Jeon Jungkook.
- Jimin? - foi o que seu fornecedor disse, assim que abriu a porta, soando surpreso. - Faz um tempo que não te vejo. Bem vindo de volta.
Depois de meses sóbrio, Park voltou a usar comprimidos para depressão.
Naquela primeira noite, ele deixou que os comprimidos fizessem efeito, depois de alugar um quarto em um cortiço. Ele se olhou no espelho do banheiro sujo, ele encarou o rosto de uma pessoa que estava à vida toda correndo em círculos.
Seu corpo simplesmente apagou. O que não o impediu de variar durante o sono conturbado.
- Jimin, querido - sua mãe lhe chamou, baixinho. - Ouça a mãe, meu bem.
- Mãe - Jimin respondeu, notando que sua voz era infantil. Ele era uma criança. - Você voltou, mãe?
- Eu estava brincando de me esconder - ela riu, doce. - A mãe nunca te deixaria. Eu estou aqui com você, pra sempre.
Quando o pequeno Jimin e a bela Soomin se abraçaram, paz envolveu o garoto. Porque só ela o amara incondicionalmente, porque só uma mãe de verdade luta contra o mundo por ti, só uma mãe de verdade ouve cada insulto e ainda cozinha à noite, pelo bem de sua cria.
Mas a porta daquela casa foi arrombada por um chute forte, e aquele homem entrou por ela, furioso.
- Eu não deixei você voltar - ele bateu suas correntes contra o chão e paredes. O barulho era ensurdecedor, aterrorizante.
- Corra, Jimin - Soomin protegeu o filho, pondo-se à frente.
Jimin tentou subir as escadas, mas elas nunca acabaram, quanto mais rápido ele ia e quanto mais força vazia, mais degraus surgiam. Ele ouviu os gritos da mãe, ouviu os disparos, ouviu o ranger da madeira do assoalho, ouviu o baque abafado do corpo da mulher caindo no chão, ouviu Spider latir enraivecido, antes desse também ser baleado, ouviu a música que tocava no bar ao lado.
Quando ele finalmente venceu a escada, esta o levou à uma porta, e ele passou por ela, notando que seu corpo voltara a crescer, voltara ao tamanho normal.
A porta dava para a casa de Jungkook. E ela estava completamente bagunçada.
Jeon vinha descendo as escadas, atrás dele, incontáveis repórteres, e os flashes das câmeras começaram, o cegando, e mãos violentas agarraram seus braços.
- Sua mãe morreu, Jimin! - diziam os jornalistas, cheios de hostilidade. - Sua mãe morreu! Como se sente? Dê uma palavrinha! Sua mãe morreu! Conceda uma intrevista!
Ao longe Jungkook assistia à tudo, sem mover um dedo, enquanto Jimin era sufocado.
Tudo escureceu, e no completo breu, somente uma voz pôde ser ouvida. E JJ dizia: - Sou seu amigo. Pode contar-me tudo.
Ele não acordou até que batessem na porta do quarto, avisando que ele precisava ir embora, ou pagar por mais um dia na pensão. Jimin não ficaria mais, ele precisava tentar fugir daqueles pensamentos, precisava encher a cabeça de outros problemas.
Na chegada da noite, sem pensar, Jimin se dirigiu à uma boate suja, e tomou dois comprimidos, seguidos de álcool, e beijou um cara desconhecido antes de cheirar uma carreira de cocaína. Sua cabeça deu um nó, e por meia hora ele manteu os olhos vidrados nas luzes que piscavam sem parar no teto da boate. Então, quando "acordou", sentiu a conhecida euforia da cocaína, e deixou que uma garota o puxasse para o pista.
Sem conhecimento real de sua situação, Jimin sentiu as mãos passearem por seu corpo, ouviu as risadas, mas sua mente insistia em projetar a imagem de Jungkook em sua frente.
- Você mentiu pra mim! - Jimin apontou para uma mulher, imaginando Jeon em seu lugar. - Mentiu o tempo todo.
Jimin dançou abraçado com ela, um pouco antes de um rapaz puxá-lo para o banheiro, e empurrá-lo contra a parede, dizendo besteiras que não excitavam à Jimin.
Ele não gostava dessas mãos o tocando, não, ele só gostava dos toques de Jeon.
Mas os toques de Jeon também eram mentira.
Jimin tentou empurrar aquele rapaz, mas seus braços estavam tremendo, ele tentou então desviar dos beijos forçados, e quando suas roupas seriam tiradas, duas garotas o empurraram o rapaz para longe de dele.
- Pare de ser nojento! O cara está chapado! - uma delas bradou.
- Isso não é da conta de vocês! - o homem quis avançar nelas, mas a mais alta puxou um canivete na bolsa.
Irritada, ela disse: - Cai fora.
Jimin não foi capaz de entender nada daquilo, sua cabeça girava continuamente. Era tão fodido. Era como se remédios quisessem fazer efeito, mas cocaínao mantessem com energia. Era perigoso, uma mistura mortal.
Park suava frio, e as duas moças se preocuparam com sua pele pálida demais, com seus lábios perdendo a cor. Cada uma delas pegou Jimin por um lado do corpo, e o conduziram até o exterior da boate.
- O que esse menino usou? - a mais baixa, qual usava um cabelo colorido e meias arrastão, segurou o rosto dele em suas mãos, o sentindo gelado, e usando a laterna do celular, checou suas pupilas. - Jeon, vai dar merda, esse garoto não tá nada bem.
- Jeon? - Jimin despertou uma só vez, ao ouvir aquele nome.
- É, Jeon Minji, meu nome - a maior falou.
Jogando-se no chão, Jimin começou a repetir o nome "Jeon" incontáveis vezes, parecendo perdido, totalmente fora de órbita.
Jeon mentiu. Ele mentiu. Ele não o ama. Jeon não o ama.
- Minji, olha isso - a de cabelo colorido mostrou a cartela de tarja preta, qual caíra do bolso de Jimin.
- Eu vou ligar pra emergência - a outra moça sacou o celular, discando rapidamente.
Quando Jimin se deitou na calçada molhada e fria, seu peito começou a doer, e a falta de ar lhe fez abrir a boca, para tentar buscar o máximo de oxigênio. As veias em torno de seu crânio pareciam todas saltar, e havia uma pressão contra seus olhos.
Praticamente agonizando, tudo em que ele pôde pensar, fora em Jeon Jungkook, em seu "eu te amo", qual sempre parecera tão verdadeiro. Suas pálpebras estavam cansadas, mas seu coração ainda batia muito rápido, e suas mãos pareciam convulsionar.
Ele mal viu quando a ambulância chegou e foi levado, ele apenas sentiu a cabeça doer mais e mais com o clarão das luzes. Jimin não chegou a dormir, não conseguiu dormir, a cada dez minutos seu corpo se agitava intensamente, dando espasmos, e era tão dolorosa a sensação.
Em um momento de lucidez, entendeu quando lhe perguntaram: - Consegue nos ouvir? Qual seu nome?
Jimin deitou a cabeça na maca e tentou falar, mas sua voz saía gaguejada, e quanto mais ele forçava, mais seu coração acelerava.
- Tudo bem - outro doutor disse. - Sem força suficiente. Vamos sedá-lo.
- Isto pode levá-lo à um coma, doutor - uma médica avisou.
- Ele vai acabar tendo uma overdose, de qualquer modo - ele disse, praticamente despreocupado. - Preparem soro fisiológico, glicose, e acalmante.
Jimin nem sentiu as picadas em seu pulso, ele apenas se agitou um tanto antes de finalmente adormecer, murmurando seguidas vezes o nome "Jeon Jungkook".
Durante aqueles dias, se drogando, Jimin não conseguiu alcançar seu objetivo, que era esquecer Jungkook. Ele queria por tudo tirar o homem de sua memória, queria esquecer que um dia confiara nele. Mas tanto as alucinações quanto a realidade eram todas sobre ele.
Que tipo de pessoa era Jeon Jungkook, afinal? O que escondia e por que o fazia? Quão frio era seu sangue?
A alma de Jimin apenas pedia por paz, pedia tempo, pedia descanso. Não parecia justo tudo cair sobre ele. O peso o esmagava, o cortava, judiava, e ele não tinha mais forças.
Entregara-se tão profundamente à Jungkook, pois não tinha mais energia, não conseguia seguir sozinho, precisava do rapaz para lhe dar um alívio. Mas se entregou à uma mentira.
Pois Jimin nunca fingiu, mesmo sendo um fodido, nunca tentara parecer o contrário, mesmo que fugisse de comentar o passado, nunca mentira sobre quem era, o que sentia e como pensava. Não conseguia, tudo escapava por seus olhos.
Em um de seus curtos momentos de sobriedade, ele pôde se condenar propriamente, sacando finalmente cada "pista" que Jungkook "dera", e como, agora, as mentiras pareciam bem descaradas.
Desde o início, JJ pareceu familiar, desde o início Jungkook apareceu nas horas cruciais.
Mas por que tudo aquilo? Por que Jungkook precisava ir tão fundo com Jimin, se já tinha tudo que era preciso apenas fingindo ser um psicólogo? Por que Jungkook dizia amar Jimin?
As perguntas não tinham respostas, então, naquela hora, Jimin apenas embolou maconha e fumou, voltando às ideias contorcidas.
Era noite quando Jimin acordou, no hospital, ele abriu os olhos somente para fechá-los de novo, por conta da claridade das luzes, das paredes brancas do quarto. Ele levou a mão ao rosto, abrindo os olhos devagar, acostumando-se com a luz. Seu corpo inteiro parecia pesado, ao mover as pernas, sentiu uma dor nos joelhos, e notou que nas veias do braço haviam agulhas conectadas à bolsas de soro. Olhando em volta, não deu muita atenção as outras duas pessoas com quem dividia o quarto, ele apenas se sentou na maca e retirou as agulhas do braço.
Na cabeceira da maca tinha uma ficha com os escritos: Park Jimin, 13/10/1993, Busan.*
(N/A: nesta fic, o ano que Jimin nasceu foi alterado de 1995 para 1993.)
- Vejo que acordou - uma enfermeira disse, entrando no quarto. - Como se sente?
- Cansado - falou, notando que a voz estava muito rouca. - O que eu tô fazendo aqui?
- Não se lembra? - ela interrogou, e ele negou com um gesto. - Bom, você foi resgatado na porta de uma boate. Você estava tendo um colapso, por ter misturado duas drogas com efeitos completamente contrários. No caso, anti depressivos, que tende a diminuir sua atividade mental, e cocaína, que age como um energético incontrolável. Ah, e álcool.
Jimin abaixou a cabeça assim que ela começou a explicar, sentindo uma vergonha imensa se espalhar por sua consciência. A mulher continuou: - Você chegou aqui delirando, e tendo espasmos, com a pressão alta, falta de ar, e desidratado. Não é sempre que vemos isso.
Infelizmente, isso não surpreendia à Jimin, não chocava.
- Eu posso ir embora? - perguntou. - Eu quero ir embora.
- Na realidade, gostaríamos que você conversasse com um profissional antes de ir - ela falou, meio insegura sobre a reação dele.
- Não - Jimin negou imediatamente, descendo da maca. - Minhas roupas... Onde estão?
- Ah, trouxeram roupas limpas para você - ela abriu o armário ao lado da cama. - Lembra-se de seu nome?
- Como assim? - Jimin não entendeu. - Quem trouxe roupas? - vendo que as que a enfermeira apanhava, eram familiares. - Meu nome é Park Jimin.
- Você chegou aqui inconsciente - ela explicou. - Só conseguimos localizar um responsável, porque você citou um nome.
- Qual nome? - perguntou, mas já sabia qual era, e finalmente reconheceu as roupas.
- Jeon Jungkook - a mulher lhe disse.
Jimin respirou fundo e pegou as roupas, seguindo para o banheiro, se vestiu rapidamente, ignorando o fato de que desde a camisa, até as botas, eram de Jeon. Ele usou uma escova descartável para tirar o gosto ruim da boca, e ao voltar para o quarto, a enfermeira já estava acompanhada de um doutor.
- Se sente bem? - o médico questionou. - Fisicamente, se sente forte, ou tem alguma dificuldade?
- Estou bem - falou honestamente.
- Okay. Acho que podemos dar alta para ele, já está recuperado. - o homem pegou a ficha e a assinou. - Procure ajuda, rapaz. Drogas só te levam à um lugar, e o caminho até lá é espinhento.
Jimin não respondeu, ele fechou o zíper do casaco e deixou a sala, sem falar mais nada. Atravessando o hospital, lembrou dos dias confinado em clínicas de reabilitação, o cheiro de látex e remédio lhe enjoavam, as pessoas deprimidas à espera de atendimento o faziam querer sair dali o mais rápido possível.
Mas no fim do corredor estava ele.
Jimin não sentiu nada que pudesse ser expresso.
Jungkook estava de pé, encostado em uma parede, perto da saída, com seus braços cruzados e cara fechada. Jimin nem precisava perguntar para saber que Jeon já estava ciente que ele descobriu tudo.
Park passou direto por ele, mas o sentiu em seu encalço, e os dois seguiram para a saída do hospital. Park cessou seus passos no meio da calçada, procurando uma placa que indicasse o nome daquela rua, ou o bairro, já que ele não reconhecia aquela área.
Ele iria pegar um ônibus, mesmo que o carro de Jeon estivesse bem ali em frente. Mas quando ele ia iniciar uma passada até o ponto, seu pulso foi segurado, e isso gerou uma descarga de ódio em seu coração.
- Não me toca! - grunhiu, puxando a mão do aperto de Jungkook. - Não me toque nunca mais! - e o empurrou com força para longe.
Seu interior revirava e fervia, por não poder abraçar a pessoa que amava, por ser obrigado a repeli-lo, sem poder se sentir feliz com seu contato.
- Eu não posso exigir que entre no meu carro - Jungkook pediu, sua voz calma, mas com um forte sinal de angústia. - Mas eu vou insistir que vá pra casa.
Ele tirou do bolso da calça umas notas de dinheiro, as oferecendo à Jimin. - Pegue um ônibus, mas pra casa. Por favor.
Jimin o olhou nos olhos por míseros segundos, notando sua pele pálida e olheiras. Estava em conflito com si mesmo, mas pegou o dinheiro da mão dele, seguindo para o ponto de ônibus, e quando entrou no veículo, deixou as lágrimas descerem, como elas geralmente faziam.
Amava Jungkook, e não podia mais amar Jungkook.
Perder a confiança em Jungkook quase doía tanto quanto perder alguém amado, pois de certa forma, o homem que conhecera, à quem se entregara, não existia mais. Era assim que ele via.
Era como se Jeon Jungkook tivesse ido embora, no coração de Jimin havia este tipo de sentimento, algo complicado de compreender. Não sabia o que havia restado daquele rapaz, e não sabia se algum dia seria capaz de vê-lo por inteiro.
Pensando bem, Jungkook nunca fora plano, era esférico, não podia-se ver todas suas faces. Era também como um interminável poliedro, sua incontáveis vértices confundiam a cabeça de Jimin. Jeon escolhia um lado e o mostrava, deixando escondida a parte ruim, a parte feia.
Dentro do ônibus, ele escondeu o rosto com as mangas da blusa e sentiu o maldito cheiro do amaciante que Jungkook usava, e quis arrancar aquela roupa de seu corpo, quis apagar toda memória. Lágrimas romperam por seus olhos mais uma vez, e a sensação era lamentavelmente muito conhecida.
Ele tentou controlar o choro quando uma menina se sentou ao seu lado, mas os soluços escapavam com facilidade, impossíveis de disfarçar. Tudo estava tão frágil e deteriorado em seu interior, tudo tão fácil de quebrar.
- Está chorando? - a menina ao lado perguntou, olhando curiosa, indicando seus 15 ou 16 anos de idade. - O que aconteceu?
Jimin não respondeu, ele tentou enxugar as lágrimas e manteu o olhar direcionado ao que ocorria fora do ônibus. Mas a garota retornou a se pronunciar: - Está tudo bem chorar. É o que nos resta, afinal.
Park então a olhou, e tentou entender o porquê dela falar daquela forma. Ela sorriu e disse: - Eu choro quando não consigo dormir e eles ficam me insultando.
- Quem? - perguntou, confuso.
- Eu não sei explicar - ela suspirou, mexendo a cabeça de forma aleatória. - Ninguém mais os ouve me xingando, mas eu não sou surda. A verdade é que meus pais não se importam, eles dizem que não é real, mas é porque eles não querem me ajudar. Não acha?
Jimin encostou os braços no banco da frente, e a olhou: - Eu não sei.
- Por que estava chorando? - ela retornou a questionar.
Suspirando, ele disse: - Mentiram para mim.
- Para mim também! - ela apontou para si mesma, eufórica. - Tentaram me enganar. - e apressada, ela abriu a mochila que carregava, tirando de lá um vidro pequeno repleto de remédios. - Disseram que era para minha gripe, mas eles são iguais aos que o médico da clínica me dava antes.
Jimin logo reconheceu o tipo de comprimido, e não, não eram para gripe. - Você devia tomá-los.
- Não! Você está louco? - a garota o olhou com um brilho de irritação nos olhos. - É veneno. Eles me avisaram, é veneno! Querem que eu durma, durma para sempre.
Jimin sentiu uma dor de cabeça o atingir, e sentiu as pálpebras cansadas, respirou fundo e decidiu não responder a menina, pois tentar entendê-la parecia insensato. Mas ela disse: - Jogue-os pela janela.
Ela entregou à ele o recipiente com as pílulas, abrindo o vidro, deixando o vento frio entrar. - É veneno, não presta, jogue-os fora.
Indiferente, Jimin retirou a tampa e despejou os comprimidos pela abertura, os assistindo cair na rua. Mas não deixou que tudo fosse jogado fora, ele apanhou três daquelas bolinhas brancas e as guardou no bolso da jaqueta, devolvendo o frasco à garota. - Por que você pegou? Eu disse que é veneno.
- Não é - disse Jimin, focando a visão no banco à frente. - Pra mim não.
- Você é maluco - ela sussurrou, arregaçando a manga do casaco para coçar o braço, revelando suas incontáveis mutilações ao longo do pulso. - Mas não tenha vergonha de chorar, moço, pois se você parar para pensar, é só água, não custa nada. E é inevitável, de qualquer modo.
Jimin encostou a cabeça no banco e ficou em silêncio, mas sentindo o ônibus parar, ele viu a garota se levantar e descer naquela parada, parecendo discutir com alguém ao lado dela, e na verdade, não havia ninguém ali.
Park só pôde torcer para que ela ficasse bem.
Durante o caminho, ele se pegou pensando que, se fosse outra pessoa a mentir, e fosse outra mentira a ser contada, neste momento, ele estaria ligando para JJ, pedindo sua ajuda.
Ele desceu no próximo terminal, e buscou água no banheiro, engolindo dois comprimidos, mesmo sem saber para que distúrbio eram, e qual seus miligramas.
Ele então, caminhou até a casa de Gae-hyung, o mesmo rapaz que o encontrara no shopping umas semanas atrás, e que lhe dissera barbaridades, com quem Jungkook brigou em sua defesa.
Ele bateu na porta e abaixou a cabeça quando o rapaz o atendeu, imediatamente soltando uma gargalhada em sua cara. - Eu te disse que teu conto de fadas não duraria muito mais.
- Me deixe ficar aqui - pediu, se sentindo humilhado, mas também, encurralado.
- Olhe, eu não devia, não depois do soco que seu namoradinho ciumento me deu - o olhou com rancor. - Mas acho que você sabe como se desculpar. Certo?
Sem vontade, Jimin assentiu com a cabeça, sendo puxado para dentro do apartamento, sentindo o cheiro de mofo, fumaça de cigarro e maconha, também a acidez do álcool.
- Tire a roupa - Gae-hyung mandou. - Eu vou acender um embolado.
Jimin se sentou no sofá todo manchado, e começou a se despir, sentindo os olhos quentes com as lágrimas, e um bolo na garganta, também os movimentos ficando mais lentos por conta dos comprimidos da menina.
- O que o bonitão fez? - Gae-hyung retornou a sala, com o cigarro de ervas em mãos. - O que aconteceu com seu belo namoro?
Jimin se recusou a responder, ele terminou de puxar a roupa íntima para fora de seu corpo, e suspirou, vendo Gae-hyung parar em sua frente. - Ah, Jimin, eu te disse... Essa é sua vida, não tem como fugir.
Jimin sentiu a mão dele agarrar seu cabelo e puxar sua cabeça de encontro com sua virilha. - Me chupe, putinha.
Jimin fez tudo que ele queria naquela noite, sem o mínimo de desejo sexual, sentindo a ânsia de vômito realmente subir sua garganta diversas vezes, até que fosse vencido pelo torpor dos remédios, adormecendo com o corpo nu e sujo sobre o sofá nojento daquela casa.
Foi no dia seguinte, que ele acordou sentindo todos seus membros pesados, e cambaleou até o banheiro, onde tomou um banho rápido e se vestiu. Porém, atravessando a sala, sentiu uma fraqueza o puxar para o chão, onde caiu e se encontrou em uma paralisia do sono.
Sua mente variava entre memórias verdadeiras e falsas. Em um segundo ele podia ver Jungkook beijando seu corpo, dizendo que o amava, e noutro, o via rindo com o telefone entre a boca e o ouvido, enquanto Jimin chorava no outro lado da linha, pedindo que JJ o ajudasse.
Ele então desmaiou, poucos minutos antes da porta daquele apartamento ser arrombada por policiais, e estes gritaram para Gae-hyung, dando voz de prisão, o motivo parecia ser o porte de drogas.
Jimin, inconsciente, mais uma vez, não percebeu quando paramédicos o levaram para a ambulância, e quando ele foi posto no soro.
Você sabe que, por algum motivo, nenhum tipo de droga foi capaz de tirar Jungkook da mente de Park. Talvez porque, sem perceber, ele havia se tornado adicto de Jeon também.
//i don't think you understand
eu queria me desculpar pela demora, mas nem adianta mais, então, ta, foi mal
eu espero que vocês entendam que desde o início dessa fic eu venho tentando ser o mais fiel possível aos sentimentos reais de uma pessoa. ENTÃO, se vocês chegaram até aqui, espero que não abandonem a fanfic por causa dessa fase punk, pois na verdade, sua vinda já era prevista desde a sinopse.
eu não estou segura com esse capítulo, mas foi o que deu pra eu fazer ?? é.
tô tão ansiosa pro comeback dos meninos, jesus cristo
A FANFIC CHEGOU À 50 MIL VOTOS! É MUITO COISA! EU TÔ MUITO FELIZ! OBRIGADA DEMAIS!!!
PRA NÓS DARMOS UMA COMEMORADINHA, EU VOU DEIXAR AQUI O LINK DE UM FMV INSPIRADO EM ADDICT! EU AMO ELE, E ESPERO QUE VOCÊS GOSTEM TAMBÉM, POIS A EDITORA DELE FEZ COM UM ENORME CARINHO.
agora, é sério, me desculpem pela imensa demora, mas sabe, não é fácil escrever os capítulos dessas fanfics, pois eu tento dar meu melhor, e passar os sentimentos pra vocês, eu também ando me distraindo demais (uma tentativa de fugir da minha realidade), então acabo passando horas sem dar atenção a escrita. me desculpem, eu vou tentar adiantar as atts.
mas eu quero agradecer muito a quem lê fielmente essa história, e me da todo o suporte, vocês são incríveis! muito obrigada!
lembrem-se de votar! <3//
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