Boa leitura!

Jimin suava frio, seu queixo tremia e seus olhos estavam molhados e inchados, ele sentia uma pressão no corpo enquanto tentava se segurar. Sentia como se pudesse explodir a qualquer momento.

- Continue na linha, por favor! - pediu com desespero ao homem no outro lado da ligação. - JJ, por favor, não me deixe! Fique na linha!

- Não irei há lugar algum, Jimin - respondeu a única voz que conseguia acalmar o jovem rapaz. - Estou aqui. Tente se acalmar.

- Mas JJ... - Jimin foi interrompido por um soluço dolorido. - Eu preciso! Eu preciso, você sabe! Me ajude!

- Não precisa, Jimin - respondeu a voz. - Afaste-se daí.

Jimin estava em frente a casa do seu fornecedor, estava encostado no muro, sentado na calçada molhada e suja. Suas pernas encolhidas e trêmulas, seu cabelo colado na testa por conta da chuva.

- Volte para casa - a voz pediu. - É o melhor que você pode fazer, volte para casa.

Mas Jimin sentia aquela necessidade difícil de evitar. Ele sabia que não devia, mas o vício o fazia perder o controle de sua vida.

- Jimin - JJ pediu com aquele tom, aquele tom que fazia Jimin sentir-se culpado. - Você aguentou vinte e cinco dias sem as pílulas, você consegue aguentar mais. Você é forte, eu sei.

Mas Jimin era assim, ficava um mês sem usar a droga e então tinha uma recaída, e permanecia sem falar com JJ por uns quinze dias, e depois voltava, feito uma criança malcriada, pedindo desculpas e ajuda.

- Respire - JJ pediu e Jimin tentou inspirar. - Respire, com calma. Feche seus olhos.

Jimin fechou os olhos e respirou com o máximo de calma que conseguiu encontrar. Estava tão frio e forças negativas pareciam tentar puxá-lo para a porta do fornecedor.

- Relaxe o corpo - JJ deu mais uma instrução, e Jimin deixou as pernas esticadas na calçada, sua cabeça pendendo um pouco para o lado. - Cante uma música. Cante uma música para mim. Sua voz é linda.

Jimin suspirou, demorou um tempo, e começou a cantarolar uma música para JJ. Não estava afinado, mas ainda assim era adorável.

- Agora levante-se - disse JJ e Jimin o ebedeceu. - Saia daí, de vagar. Ande de vagar, e continue cantando.

Jimin seguiu lentamente o caminho oposto a casa de seu fornecedor, cantando para seu psicólogo. Suas pernas pareciam durar e a chuva fazia-o se encolher todo.

Pegou um ônibus e sentou-se no fundo, apenas ouvindo a respiração calma de JJ.

Com a cabeça encostada no vidro, viu três jovens sentados mais a frente, todos rindo e se divertindo, visivelmente saudáveis. Jimin sentiu inveja, sentiu vontade de ser um deles, queria não ter nem um problema, queria voltar a ser um adolescente sem peso nas costas.

- E-eu... - Jimin tentou dizer enquanto descia do ônibus, quase em frente a sua casa. - Me desculpe, JJ. Por favor, me perdoe.

- Não precisa se desculpar - disse JJ no outro lado. - Estou aqui para lhe ajudar, você não me deve nada.

Jimin subiu as escadas de casa, sentindo-se cansado e atordoado.

- Mas eu sinto que lhe decepciono - Jimin disse, sua voz chorosa e os lábios em um biquinho triste e involuntário. - Devo ser seu paciente mais idiota.

- Não pense essas coisas sobre si mesmo - JJ tentou confortá-lo. - Você tem fraquezas, assim como qualquer criatura no mundo.

Jimin queria concordar com seu psicólogo, com seu amigo, mas ainda sentia-se um babaca.

- Eu acho que já ocupei tempo demais - Jimin teve que forçar-se a dizer aquilo, não queria se despedir, mas precisava ser coerente. - Temos que desligar, não é?

- Temos - JJ não estava feliz em dizer aquilo. - Mas eu tenho certeza que você está bem.

Jimin não tinha a mesma certeza.
- Muito obrigado, JJ - disse Jimin, tentando passar o máximo de sua sinceridade pelo telefone. - Você me salvou de novo.

- Eu só dei uma mãozinha. Toda a força que precisa estar dentro de você. - JJ sorriu tristonho. - Se precisar, me chame.

- Você sabe que eu vou chamar - Jimin sorriu também, mas queria voltar a chorar. - Por favor, atenda!

A idéia de não ter JJ para ajudá-lo o deixava nervoso e sem rumo.

- Irei atender - JJ tranquilizou-o. - Boa noite, Jimin.

- Boa noite, JJ - Jimin sentiu-se vazio ao encerrar a ligação de quase três horas.

Jimin jogou o celular na cama e retirou a jaqueta molhada, iria tomar um banho para ver se melhorava.

Mas parou no caminho quando viu pela janela, seu vizinho, sentado em frente ao computador em seu quarto, com a cabeça jogada para trás e os olhos fechados.

- Ah, Jeon Jungkook - suspirou feito uma mocinha. - Porque tão bonito?

Mas saiu da janela e foi tomar seu banho. Havia sido mais um dia difícil.

//Bom, espero que tenham gostado, se sim, deixem um voto e comente se quiser. Ainda não sei com que frequência irei postar, mas não demorarei, isso eu prometo!♡//