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PRÓLOGO

Ingrid chorava sem parar e André não sabia mais o que fazer. Já havia lhe dado leite e remédio para dor de barriga, mas nada acalentava sua filha, nem seu colo. Ele não podia culpá-la por não se sentir bem com ele, já que o mesmo, não demonstrava tranquilidade. Com uma vida traumatizada desde os dez anos, ele já não era mais o mesmo menino doce, gentil e estudioso, o orgulho dos pais. Ficou rebelde, frio e depois de anos, se sentiu obrigado a morar com Suellen por conta de sua gravidez. Eles se tornariam pais. A felicidade não durou muito, a vida dos dois andava uma droga.

- Vou ter que te deixar aqui para buscar sua mãe. Por favor, fique quieta. - Ele implorou para a criança como se ela entendesse.

Colocou Ingrid no berço e foi buscar a mulher que já não era sua há meses. Ela vivia no bar, bêbada e nem sempre voltava para casa. André torcia para que ela estivesse lá, precisava terminar com esse relacionamento que havia se tornado um pesadelo para os dois. Decidiu dar a guarda de Ingrid para sua mãe, sua querida mãe, que apesar dos problemas de André, nunca o abandonará, mesmo depois de ele puni-la, culpando-a do que aconteceu a ele no passado. Ele balançou a cabeça afastando o pensamento dolorido.

- Ah, você está aí! - A pegou pelo braço. - Vamos! Você devia, pelo menos, beber em casa! Sua filha não para de chorar e nem ao menos sei o motivo! - Suellen só ria e pelo jeito, não entendia nada do que André falava, de tão bêbada que estava.

Ele a puxou quando um homem o empurrou e os dois caíram.

- Ela não vai a lugar nenhum com você, antes de me pagar o que deve! Ela vem comigo!

Enquanto, no bar, André tentava levar Suellen para casa, os vizinhos escutaram o choro da bebê e tentaram abrir a porta. Como não conseguiram, ligaram para a polícia, que ao chegar, verificou a casa e constatou que não havia movimento. Então arrombaram. Perguntaram aos vizinhos se sabiam quem eram os pais e os mesmos os entregou, dizendo que eles estavam no bar. A polícia resgatou a criança e entregou aos paramédicos para examiná-la. Um dos guardas foi para o bar acompanhado de outro.

No bar, André batia boca com o homem enquanto Suellen estava sentada no chão, rindo e chorando ao mesmo tempo.

- Parados! Polícia! - Todos levantaram as mãos, até a bêbada que ria, menos André.

- André? - chamou o guarda para ver de quem se tratava.

- Sou...

- Calado! Você está preso! - Antes mesmo de André reivindicar o motivo, eles já o deitaram no chão e o algemaram. Suellen, nem mesmo pôde ser algemada direito, de tão bêbada que estava.

Na delegacia, André e Suellen ficaram sabendo que seus vizinhos os denunciaram. Ele tentou se explicar mas os policiais nem deram ouvidos, e os acusaram sem dar a chance de qualquer explicação, por abandono de menor incapacitado. Julgaram ser por horas, já que o estado de embriaguez de Suellen, era avançado. Isso o daria cadeia e sem fiança. Teria um processo para tirar deles a guarda da filha. O mundo de André já era ruim, mas depois dessa noite, com certeza ele se sentiu e estava... Acorrentado.

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