CAPÍTULO 15
ALEX
Após ter certeza que Alice e sua filha estavam bem, pensei em ligar para Adam, mas os telefones ainda estavam sem sinal. Fiz uma anotação mental para procurar aparelhos que fossem independentes das operadoras de sinal.
Uma das enfermeiras sensibilizadas com tudo, me arrumou algumas roupas secas. Ela ainda comentou que com a minha aparência, seria facilmente confundido com alguns dos médicos. Ri, e não prolonguei muito o assunto, estava ansioso para ver a bebezinha.
Lembrava vagamente que Tyler já havia comentado o nome escolhido, mas não lembrava. Acertei os detalhes burocráticos e segui a enfermeira até o quarto onde elas estavam instaladas.
Ao entrar, notei que somente a bebê, junto de uma enfermeira se encontravam no quarto, mas ouvi barulho de chuveiro ligado.
— Ela está tomando um banho. — a enfermeira comentou, ao notar que olhei para a cama, e não vi ninguém. — Enquanto isso estou fazendo companhia para a filha de vocês. — pensei em corrigi-la, mas não o fiz.
Não mudaria nada no momento. Me aproximei e acabei sorrindo ao olhar o rostinho gordinho e todo rosado. Diferente do momento em que nasceu. A enfermeira fez menção em me entrega-la, e eu somente estiquei os braços.
Eu nunca havia segurado um bebê antes. Não ao menos que eu conseguisse me lembrar. E pensar que eu fui a primeira pessoa a segurar esse pequeno ser, até mesmo antes de sua mãe, que a gerou por nove meses, me deixava com um sorrisinho bob, além de me sentir importante.
Assim que a segurei em meus braços, ela se retorceu e gemeu. Eu sorri. Era tão pequenininha, parecia sumir em meus braços.
— Oi mocinha. — falei baixo. — Estou feliz em te ver novamente. — ela abriu a boquinha bocejando, e quis chorar. — Achei que você também ficaria feliz em me ver, afinal sou a primeira pessoa que você conheceu. Isso deve valer alguma coisa, não acha? — ela se retorceu um pouco em meus braços e desistiu do choro. — Isso boa menina. — à porta foi aberta, e Sara entrou trazendo as malas e um sacola, provavelmente o que pedi.
— Só achei essas duas malas na sala. — ela coloca as malas que Alice falou que precisaria perto do sofá. — O porteiro perguntou se estava tudo bem, falei que sim. — ela olhou para os lados. — Está?
— Creio que sim, Alice está tomando banho. — minha secretária me olhou e sorriu. Ela se aproximou.
— Olha que linda. — Sara falou baixinho. — Já tentei falar com eles, mas nada. As operadoras ainda estão fora de sinal.
— Quer segurar? — a enfermeira perguntou ao se aproximar. — Logo ela irá mamar, então terão que sair, ter um ambiente tranquilo é essencial nas primeiras mamadas. Somente o pai será permitido ficar. — Sara me olhou de um jeito estranho, eu nada falei.
— Agradeço, mas não. Apesar de ter inúmeros e incontáveis sobrinhos, só peguei cada um deles no colo depois de dois anos. — a cara que a enfermeira fez, foi hilária.
— Terá que aprender, se um dia pretende ter os seus. — falei.
— Ter filhos, ser mãe, não é algo que esteja nos meus planos. — fiquei surpreso com a revelação. — Nasci para ser titia. E sou a melhor. — ela falou convicta.
A porta do banheiro foi aberta, e Alice saiu de lá sentada em uma cadeira de rodas, com o auxílio de uma enfermeira. Ela parecia estar bem abatida, olhou para mim uma única vez, desviando o olhar logo em seguida.
As duas enfermeiras a ajudaram a deitar na cama, e Sara foi abraçá-la. As duas ficaram conversando um pouco antes as enfermeiras pedirem para que ela saísse, eu fui até Alice, e lhe entreguei sua filha.
Alice estava chorando. Eu não entendia o motivo, se era por tudo que passou essa noite, ou se outro motivo, mas sabia que deveria sair e deixa-la ter esse momento com a filha.
— Alex...
— Não chore, deu tudo certo. — ela concordou, e limpou as lágrimas. — Agora você tem que descansar e cuidar dela. — ela sorriu ao olhar para a filha.
— Isabella. — falou passando a ponta do dedo pelos cabelinhos escuros da bebê.
— Minha avó tinha esse nome. — lembrei de uma promessa feita por mim e meu irmão em seu leito de morte, que o primeiro a ter uma filha colocaria seu nome, em homenagem. — É um lindo nome.
— Foi Tyler quem escolheu. Fiquei surpreso por ele ter feito essa escolha. — Obrigada. — sorri. As enfermeiras saíram, avisando que já voltariam. Então aproveitei o momento. Fui até a sacola que Sara trouxe.
— Esse é para você. — ela não compreendeu, mas assim que tirei o que estava dentro, e ela viu a embalagem com um hambúrguer, seus olhos brilharam. — Aproveite enquanto sua amiga não chega com a dieta dela. — Alice riu. — Eu vou estar lá fora, até que algum deles cheguem. — as enfermeiras voltaram e uma delas olhou com reprovação para a embalagem. — O médico dela autorizou. — falei antes de sair.
ALICE
Eu sei que estava pagando por todas as mentiras que contei. Ter Alex ao meu lado nesses momentos, pareciam ser uma pegadinha, mas eu sabia que era Deus me mostrando que independente das minhas intenções, a vontade dEle iria prevalecer.
Quando ele me mostrou a embalagem minha boca chegou a salivar, mas simplesmente não consegui comer. Parecia ter um nó na minha garganta, que me impedia de comer, e de falar tudo o que tinha vontade.
Toda a verdade.
Não sabia quanto tempo eu estava divagando sobre tudo, mas deveria ser muito tempo, porque Tina entrou chorando. Foi o que bastou para que as minhas lágrimas voltassem a cair.
— Alice. — ela veio me abraçar. — Meu Deus.
— Eu sou a pior pessoa que existe na face da terra. — confessei enquanto recebia o carinho da minha amiga. — Depois de tudo, eu não consegui. — ela se afastou e me olhou assustada.
— Do que está falando?
— Alex. — ela sorriu.
— Ele acabou de ir embora, queria ter a certeza que você não ficaria sozinha. — ouvir isso me desmontou. — Alice?
— Eu não mereço ele. — falei me afundando na cama.
— Ei. Ei. Ei. — ela segurou minha mão. — Não sei de tudo o que aconteceu, eu quis vim logo ver vocês, mas não fala isso, você é a melhor pessoa que já conheci. — ela sorri. — E, olha que eu conheço gente pra caramba, então sei do que falo. — eu nego. — Sobre vocês, não é o melhor momento de refletir, você acabou de passar pela maior experiência da vida, te de um desconto.
— Foi ele que fez meu parto. — falei e ela ficou de boca aberta. — Não deu tempo de chegar aqui por conta da chuva, e tudo, o médico disse que o banho que tomei em casa induziu a dilatação e facilitou tudo. E mesmo ele trazendo a filha ao mundo, eu não contei a verdade. — ela compreendeu e me abraçou.
— Calma, ficar assim não vai ser bom, pense agora na minha bolotinha. — ela começou a olhar para os lados. — Afinal onde ela está?
— A enfermeira levou para fazer alguns exames. — ela me olhou assustada. — Não aco tnteceu nada, está tudo bem, são exames de rotina, após o parto. — ela concordou. — Não chame minha filha de bolota. — Tina ri.
— É bolotinha. — ela voltou a falar o apelido que deu a Isabella. — É a minha bolotinha. — reviro meus olhos. — Mas não pense muito sobre tudo isso, só pense que deu tudo certo. No demais as coisas se encaixam com o tempo.
— Mas o que eu faço se ele quiser se aproximar? — ela respirou profundamente e me olhou.
— Fuja de toda e qualquer situação. Não tem porque ele se aproximar. Eu acho.
Três meses e meio depois...
— Onde estão os pedidos que deixei aqui na mesa? — escuto a voz de Tina vindo da sala. Acabo rindo, porque sei que na mesa foi o último lugar que ela teria colocado. — Achei! Nossa como eles vieram parar aqui?
— Sua dinda não bate muito bem, você sabe disso não é? — falo com Isabella enquanto troco sua fralda. Tyler entra no quarto.
— Onde está minha princesinha? — ele fala parando ao lado do trocador. — Não queria falar nada, mas o apelido de bolotinha está fazendo total sentido. — encaro meu eterno cunhado, e ele ri da cara que faço. Não querendo prolongar o assunto, desvio o foco.
— Onde estavam os documentos dessa vez?
— Em cima do micro-ondas. — Ty, me empurra para o lado, e pega Isa. — Vem com o titio, está na hora do nosso passeio matinal.
Sorri.
Era impossível não sorrir com esse carinho todo. Ele estava desempenhando o papel de melhor tio e padrinho que alguém poderia querer. Tyler parecia outra pessoa, agora ele vivia em função do trabalho e da sobrinha. Eu tinha tanto orgulho dele. Se alguém hoje me falasse que ele tinha o titulo de maior galinha da cidade, eu jamais iria acreditar.
Ele colocou Isabella no canguru e pegou a pequena bolsa, e saiu do quarto como fazia todas as manhas, antes de ir trabalhar. Ele tinha o costume de ir até o parque com ela. Sai do quarto pronta para mais um dia da minha vida.
— Eu já falei que não. — Adam respondeu a minha amiga.
— E, eu já falei que vamos. — ele a encarou e eu fingi que nem ali estava, fui servir meu café. — Vai ser bom para o nome da loja.
— Já falei que deveria aproveitar o fato de eu conhecer a maior parte de todos os empresários dessa cidade, não precisa ficar mendigando espaço por aí.
— E dever algum favor a você? Nem morta. — ela pareceu perceber minha presença. — Alice vai comigo então. — olhei para eles, antes de colocar a caneca de café na boca, e sentir o calor gostosinho nos lábios.
— Do que vocês estão falando? — perguntei.
— De um evento que vai ter e eu achei bom nós comparecermos. Mas o mala aqui acha que não somos dignas. — Adam revira os olhos e se levanta.
— Não distorça minhas palavras, só acho que poderiam pular essa parte de procurar clientes dessa forma, mas se não quer. — ele levantou as mãos. — Mande para mim depois os dados, tenho que encaixar na minha agenda. — então ele saiu em direção ao quarto dele.
— Prontinho. É tão fácil conseguir as coisas dele, é só colocar você no meio. — minha amiga riu e eu acabei rindo.
— Não me ponha no meio do rolo de vocês, e você joga sujo, sabe que ele iria, somente para que eu não precise ir.
— Eu sei, mas você sempre será minha carta na manga. — ela se levantou e pegou um morango da cesta de frutas. — Veja se come melhor hoje.
— Sim, senhora.
— Sei que tem evitado tudo que é relacionado ao Alex, mas semana que vem temos o casamento da irmã dele, tem certeza que vai querer ir mesmo?
— Não posso fazer essa desfeita. — ela concordou. Tina me deu um beijo na cabeça e saiu.
Desde o nascimento de Isabella, eu tenho evitado toda e qualquer situação que envolvesse Alex. Sei por Ty, que vez ou outra ele pergunta como estou, e pergunta por Isabella. Mas somente isso.
Mas eu estava com uma inquietude nesses últimosdias, que eu não sabia explicar. Por isso nem comer eu estava conseguindo. Eu sentia que algo iria acontecer. E não saber se era bom ou ruim me deixava ansiosa.
Eu fiquei na dúvida de como terminar esse capítulo, e resolvi por terminar assim. Porque no próximo Alex vai recobrar a memória, então vou deixar as fortes emoções para o próximo...
E aí o que vcs acham que ele vai fazer???
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro