CAPÍTULO 04
ALICE
— Você só pode estar de brincadeira. — falei sem acreditar no que acabara de ouvir. Dilan pareceu sair de um transe e me olhou.
— Infelizmente, não. — ele começou a andar pelo ambiente.
— Infelizmente? — comecei a segui-lo. — Seu pai é um dos homens mais influentes dos Estados Unidos, e você diz, infelizmente? — ele parou e me olhou.
— Você acha isso bom, pelo visto. — eu não sabia o que dizer, ainda estava absorvendo as novidades. — Eu não.
— Meu Deus, o que levou você a trabalhar como um segurança? — olhei para os lados vendo tudo. — Você tem infinitas possibilidades.
— Foi a forma que ele encontrou pra me castigar. — uma voz diferente, surgiu atrás de mim, e quando me virei encarei o senhor Thompson.
Aí meu Deus!
Ele estava em carne e osso na minha frente.
— Nem tudo tem haver com você. Pai. — Dilan falou e senhor Thompson sorriu e me encarou.
— Isso é o que você diz. — ele se aproximou. — Prazer, Joffrey... — ele estendeu a mão para mim.
— O prazer é todo meu senador Thompson. — ele sorriu e olhou para Dilan.
— Ao menos ela gosta de mim. — senti a cutucada entre eles. Dilan revirou os olhos. — Pode me chamar somente de Joffrey, para meu filho ter trazido você até aqui, deve ser alguém especial. — senti meu rosto começar a esquentar com as possíveis conclusões que ele estava tirando.
— Ah! Não, eu e o seu filho, nós não... — o sorriso dele se expandiu e escutei Dilan rir.
— Ele sabe quem você é Alice, ele só está brincando. — senti um alívio e acabei rindo junto.
— Me desculpe, mas eu ainda espero o dia que ele traga uma namorada para me apresentar. — eu concordei. Olhei para Dilan, e a cara dele não demonstrava nada.
Outras vozes foram ouvidas, e de repente uma menininha entrou na sala, e correu na direção do Dilan.
— Papai. — ela gritou e se jogou nos braços dele.
Ok! Aqui eu buguei.
Papai?
Ele a pegou no colo e a abraçou.
— Que bom que chegou. — ela disse. — Hoje você vai dormir comigo? — Dilan segurou na ponta do seu nariz, e apertou. — Diz que sim, diz que sim!
— Claro. — ela sorriu e o abraçou. — Mas isso se você encontrar a educação, que você deve ter deixado em algum lugar. — ela riu e me olhou, tratou de descer do colo dele e veio em minha direção.
— Oi, eu sou a Elle. — me abaixei e apertei sua mãozinha.
— Oi Elle, eu sou Alice. — ela sorriu.
— Igual aquela do desenho? A que corre atrás do coelho? — sorri.
— Acho que sim. — ela sorriu e se aproximou.
— Minha professora de literatura, disse que ela corria atrás de saber quem ela era, já que o coelho representa a maturidade que ela não tinha. — ela voltou para perto do Dilan. — Eu ainda vou achar o meu coelho, você já achou o seu? — eu abri a boca algumas vezes sem saber ao certo o que responder. Dilan e seu pai começaram a rir.
— Elle, já lavou as mãos? O jantar será servido daqui a pouco. — uma moça apareceu, na porta e sorriu ao me cumprimentar.
— Tchau Alice. — ela passou por mim toda sorridente.
— Tchau, foi um prazer te conhecer. — falei acenando para ela. Voltei minha atenção aos dois homens parados a minha frente. — Adorável. — os dois riram.
— Me diga isso amanhã pela manhã, e eu levarei em consideração. — senhor Joffrey falou rindo. — Alice, sinta-se a vontade, se me derem licença, tenho umas coisas a resolver antes do jantar. — falando isso ele saiu em direção as escadas. Olhei para Dilan.
— Meu Deus, tem mais alguma coisa sobre você que será revelado hoje? — ele começou a rir. — Você tem uma filha? Onde está a mãe que não conheci? — o sorriso dele sumiu.
— Ela não é minha filha, é minha sobrinha. Filha da minha irmã mais nova. Amelie. — o semblante dele mudou. — Ela e o marido morreram ha sete anos. Elle só tinha meses quando isso aconteceu.
— Oh meu Deus, eu sinto muito. — ele sorriu e respirou fundo.
— Ela me chama de pai desde que fui a uma apresentação na escola dela, onde várias amiguinhas estavam com seus pais, e eu não a corrigi. — ele deu de ombros. — É assim até hoje. Pra mim não faz diferença. — senti o ar me faltar.
— Que atitude linda. — ele ficou pensativo e então me olhou.
— Venha, vou instalar você em um dos quartos, assim poderá descansar.
Subimos as escadas, e ao entrar no quarto, que por sinal era lindo. Senti uma paz. Eu estava olhando algumas fotos, e não tinha percebido que ele havia saído, e quando entrou estava com algumas roupas nas mãos.
— Acho que vai servir, eram de Amelie, se não se importar é claro. Amanhã poderá sair e comprar o que precisa. — me aproximei da cama onde ele colocou as roupas.
— Obrigada. Eu só preciso ter uma noite de sono tranquilo, e pensar no que fazer pela manhã. — ele ficou me encarando.
— Eu te ajudei a sair do hospital porque sabia que poderia cuidar de você melhor aqui fora, mas dependendo da decisão que tomar, eu não vou pode ajudar mais. — ele falou sério. Eu estranhei.
— Como assim?
— Quando invadi o sistema para saber como Sophia havia entrado, olhei seu prontuário. — ele fala então compreendo. — Eu precisava saber como você estava.
— Entendo. — me sentei. — Então você sabe que estou grávida? — ele concordou.
— Você pretende... — ele ficou sem jeito de terminar a pergunta.
— Se você está falando em me manter viva e meu bebe seguro, sim eu pretendo fazer o que for preciso. — falei, porque sabia que ele estava na dúvida se eu levaria a gravidez adiante. — O que você pensou nunca passou pela minha cabeça. — ele pareceu respirar aliviado. — Quando pedi para Adam manter segredo, é porque tenho medo do que essa louca é capaz de fazer quando souber, já que ninguém consegue pará-la.
— Você pretende contar ao Alex?
— Quando me sentir segura, sim. Por enquanto ele saber não vai fazer muita diferença, ele não lembra de nós. — ele compreendeu. — Sophia já mostrou do que é capaz. Primeiro sumiu com meu irmão, como um aviso, e falou para que eu me afastasse do Alex, eu não dei importância, ai ela tentou me matar. E de quebra enviou para o hospital as flores que eram para meu velório. Eu não consigo imaginar até onde ela é capaz de ir, e isso me dá medo, ela parece estar em todos os lugares, isso é assustador, Dilan. É como se eu não tivesse um lugar seguro para me esconder. — respirei fundo e levei as mãos até a cabeça.
— Então você faria qualquer coisa para se manter segura, e assim que Alex recuperar a memória falar tudo a ele?
— É a única coisa que mais quero. — pensei por um segundo. — E, claro quero que Alex recupere logo a porcaria da memória. — ele acabou rindo. Lembrei do que Tyler falou. — Porque você falou para eles que eu havia atravessado a rua sem olhar?
— Porque as imagens que poderiam revelar algo sumiram, e as que estão disponíveis, mostra você indo de encontro ao carro, provavelmente a pessoa que te empurrou ficou escondida em um ângulo diferente.
— Meu Deus!
— Ela fez tudo pensando nos mínimos detalhes, infelizmente. — ele ficou parado com as mãos nos bolsos pensando, sabe-se lá no que.
Elle apareceu na porta, e olhou para Dilan.
— Fique a vontade Alice, qualquer coisa é só chamar.
— Obrigada. — agradeci e dei um tchau para a linda garotinha de cabelos loiros.
Aproveitei para tomar um banho, e usei um vestido longo todo florido que estava entre as roupas. Quando me chamaram para descer e me juntar a família para jantar, pensei em recusar, porque queria ficar sozinha e não queria atrapalhar a interação entre eles.
Mas quando Elle bateu na porta, sabia que essa opção estava fora de cogitação. E diferente do que pensei que ocorreria no jantar ao ver a forma como Dilan tinha se referido ao pai, o jantar foi agradável.
O que me deixou mais intrigada sobre eles. Após o jantar Elle fez Dilan ir até a parte externa da casa, onde tinha um balanço e aproveitou a presença do tio ou pai como ela gostava de se referir a ele.
Quando a babá, apareceu para que ela fosse tomar o banho antes de dormir, ela o fez prometer que não demoraria. Após a pequena sair, aproveitei que estávamos sozinhos e perguntei o que me deixou intrigada.
— Alex sabe de quem você é filho? — ele negou. — Merda, como vou guardar esse segredo? — ele riu e se sentou ao meu lado no banco. — Eu não posso mentir.
— Não precisa mentir. — ele me olhou. —Eu acredito que vocês nunca vão entrar nesse assunto. — ponderei o que ele falava.
— E, como ele nunca descobriu? Na verdade ninguém descobriu, porque minha amiga, ela fez uma busca sobre informações a seu respeito. — ele ficou intrigado e começou a rir. — Claro que não podemos comparar como as pastas que você entrega ao Alex, mas creio que muitos por aí tem condições melhores que ela pra saber de algo.
— É a vantagem de se ter o serviço secreto a seu favor. — sim, o pai dele sendo senador, tinha tudo em suas mãos. — Eu não uso o sobrenome dele, somente da minha mãe. E quando meu pai acabou com minha carreira militar, ele apagou muitos dados que constavam sobre mim.
— Então é daí que vem a mágoa. Pelo que ele fez? — ele concordou.
— Quando minha irmã morreu, ele fez de tudo para que eu largasse o serviço secreto e vivesse a vida da forma como ele achava mais seguro. — ele abaixa a cabeça. — Eu entendo as intenções dele, ele tinha medo de perder o único filho vivo, mas ele não tinha o direito de fazer o que fez. — eu o entendia.
— Eu te entendo. — ele me olhou. — Por isso ele falou que trabalhar como segurança foi a forma que você encontrou de castigar ele? — ele concordou.
— Mas não foi por isso somente por isso, eu gosto do que faço. Ele vai ter que entender isso.
— Mas olha só, eu aqui toda trabalhada na inocência, achando que só eu tinha problemas. — rimos.
— Para você ver. — ele pegou uma pedrinha no chão e jogou para frente. — Todos sa família Colth são pessoas boas, me sinto bem trabalhando lá.
— Dilan, já que estamos conversando, posso te fazer uma pergunta mais pessoal? — ele concordou. — Porque nunca cedeu as investidas da Samantha? — ele não pareceu surpreso. — Ela me contou algumas coisas, no dia em que ela foi atacada no labirinto, e eu cheguei a cogitar que você se sentia inferior a eles, mas vejo que não é isso.
— Lidar com pessoas é complicado. — ele já havia me falado isso uma vez, quando estávamos no central park.
— Você não sente nada por ela? — ele respirou fundo.
— Não é uma questão de sentir, Alice. — ele falou. — É mais saber o que se busca disso tudo. Ela? Eu não faço ideia. Eu sei que fujo de todo esse holofote que ela busca. — ele pontuou. — E, eu acredito que isso seja somente mais um capricho dela, de ter algo que quis e não conseguiu.
— Você acha que ela só quer um momento? — ele deu de ombros.
— A imaturidade dela, não me permite ver outra coisa, esses joguinhos que ela faz, eu não tenho paciência, essa é a verdade. — ele parecia irritado. — Trabalhar para Alex é fácil, ele não gosta dessa parte, então eu faço meu trabalho e pronto. Tyler não liga, então não faz diferença, mas Samantha ela gosta de aparecer, das festas, de estar na capa de revistas, de ser o centro de toda essa bajulação que o status deles proporciona. Eu perderia a pouca liberdade que consegui nesses anos. — respirei fundo entendendo ele perfeitamente. — Então eu não sei vale a pena, amanhã ela se cansa, e eu?
— É, você tem razão quando fala que lidar com pessoas é difícil. — ele sorriu concordando.
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