Capítulo 5
Nicholas Matthews
Estou observando Alisson ir de um lado para o outro, ela está corrigindo minha redação e eu não estou nada feliz com a expressão dela.
-Fala logo que ficou uma merda.- murmuro.
-Não, ficou bom.- ela fala lentamente.- Você só não usou os argumentos direito.
-Como assim?- pergunto.
-Aqui.- ela senta ao meu lado.- Invés de desenvolver todo esse argumento ótimo, você preferiu desenvolver a explicação.
-Mas não é pra fazer isso?- olho para ela comprimir os lábios.
-Sim, mas no último parágrafo, aqui você podia usar para esse argumento.- ela circula.- Você vai fazer de novo.
-Ah, sério....
-Sério.- ela fala irritada.- Por que? Tem um jogo muito importante?
-Não.- a observo.- Por que me odeia tanto?
-Não odeio você.- ela coloca a redação no meu colo e levanta.- Só odeio jogadores de futebol americano.
Ela pega os livros de matemática e senta na cama, eu pego os meus e fico me perguntando por que ela odeia jogadores de futebol americano.
-E por que?- pergunto.
-Página sete.- ela abre o livro dela.
Suspiro abrindo meu livro e logo depois o caderno, pego a caneta e começo a fazer as contas, pelo menos algo eu sei fazer, matemática é meu forte, não preciso estudar muito para isso.
-Já teve um namorado jogador de futebol americano?- continuo e ela bufa.- Ou seus pais ensinaram você a não gostar de futebol americano...
-Aconteceu uma coisa na minha antiga cidade.- ela começa.- Envolvia o time de futebol americano. Agora volte a fazer.
Observo ela colocar os cabelos atrás da orelha e voltar a escrever no caderno, suas contas são mais rápidas que as minhas e em pouco tempo ela já está terminando.
Me concentro na tarefa e ficamos em silêncio, aproveito para olhar o quarto dela, tem muita coisa azul clara e várias fotos com uma outra mulher na parede, acho que é a mãe dela.
Da última vez que peguei uma das fotos ela surtou, então nem já tentar fazer isso de novo.
Outra coisa que via muito era livros, ela realmente gostava de ler, em todos os cantos tinham livros e mais livros, assim como algumas pinturas feitas a mão.
O quarto dela era bem bonito na verdade, o típico quarto feminino americano, mas ainda sim era bem bonito, ainda mais por causa das pinturas dela.
-Ally.- a porta abre e um homem de mais ou menos trinta anos me encara, os mesmos olhos azuis que ela.- E um menino.
-Não surta, pai.- ela sorri.- Nicholas, esse é meu pai. Estou ajudando ele.- ela explica.
-Nick.- levanto da cama e estendo a mão.
-Sr.Avery.- ele não aperta minha mão.- Porta aberta e você senta na escrivaninha.- ele explica.
-Sim, senhor.- balanço a cabeça.
-Vai querer pizza, querida?- ele pergunta.
-Sim.- ela fala distraída.
-E você, vai jantar aqui?- ele me encara e fico nervoso.
-Claro.- respondo e ele deixa a porta aberta enquanto sai.
-Devia ter dito não.- ela murmura e sento na cama de novo.- É melhor você ir para a escrivaninha.- ela me empurra com o pé.
-Meu Deus, você é sempre tão chata assim?- levanto as sobrancelhas pegando minhas coisas.
-Só quando eu vejo que alguém está desconfortável.- ela sorri fechando o livro.- Cadê suas contas?
-Ainda não terminei.- murmuro né curvando para fazer as contas.
Ela deita na cama abrindo um livro e eu continuo fazendo as contas, não sei o motivo, mas me sinto bem confortável em silêncio com ela aqui.
Na metade das vezes tento preencher o silêncio, mas com ela nem preciso, sei lá, ela só é mais legal de ficar calado junto do que falando.
-Já tem amigos?- pergunto.
-Hãn?- ela ergue os olhos.
-Amigos. Escola.- lanço palavras chaves sorrindo.
-Ah. Acho que sim.- ela mexe os ombros.- Comecei a conversar com uma garota.
-Deixa eu adivinhar, vocês conversam sobre seu ódio mútuo por futebol americano?- falo.
Os olhos dela brilham e um sorriso malicioso toma seus lábios enquanto ela senta na cama e me encara divertida.
-É exatamente isso.- fala sorrindo.- E sabe quem deles é o que mais odiamos?
-Ah, nem consigo imaginar.- entro no jogo.
-Nicholas Matthews. Conhece?- levanta a sobrancelha.
-Ele é um cara legal. Bem bonito. Gente boa.- me defendo em terceira pessoa.
-Ah, sério? Estamos falando do mesmo?- ela cruza os braços.
-Tenho quase certeza que sim.- assinto.
-As contas.- ela estende a mão.- Até que você não é tão burro.- ela murmura olhando para o caderno.
-Achou que eu era burro?- levanto as sobrancelhas.
-Do jeito que você implorou para eu te dar aulas, sim, achei.- ela parece bem satisfeita.- Mas suas contas são perfeitas, então não focaremos muito em álgebra.
-Ótimo, por que tem uma festa amanhã e não quero faltar.- fecho meu caderno.
-Amanhã não é álgebra, é inglês.- ela lembra.- Hoje é álgebra. Você tem estudado o horário?
-Claro, fico horas e horas olhando para aquela página com algumas palavras.- falo óbvio.
-Você é tão imbecil.- ela bufa.- É por isso que tira notas ruins, não se organiza.
-Eu só preciso das notas para a faculdade, ok?- mexo a mão.- Havard não aceita qualquer um para quarterback.
-Ah, claro, pensei mesmo que você só iria entrar na faculdade por isso.- ela balança os ombros.
-Quer parar de me alfinetar?- levanto as sobrancelhas.
-Quase impossível.- ela coloca os cabelos para trás.
-Ok, mas pega leve comigo.- peço.- Você é muito agressiva nas piadas.
-Ah, eu sou?- ela pergunta.
-Sim.- assinto.- Lembre que não sou qualquer jogador de futebol americano da sua cidade.
-Podemos não tocar mais no assunto?- ela fica desconfortável bem rápido.
-Só se me disser o que aconteceu.- apoio os braços nas coxas e a observo esperando.
Alisson morde o lábio e olha para a colcha da cama passando os dedos pelo fio solto na ponta, parece que fica muito desconfortável com o assunto.
Mas agora já abriu minha curiosidade, quero saber o que os jogadores da cidade dela fizeram, não pode ser tão ruim...tem gente que odeia a gente de graça...
-Uma menina da cidade foi estuprada pelo time.- ela fala baixinho.- O time inteiro.
Fico calado. Meu Deus. Uma raiva enorme sobe em mim e fecho as mãos em punho, não sei por que fiquei com tanta raiva, aqueles filhos da puta...
-Ela...
-Nunca mais ouvi falar.- Alisson balança a cabeça.- Por sorte saiu daquele inferno.
-Ela denunciou?- a observo e Alisson engole em seco.
-Como ela faria isso, Nick?- pergunta.- Os caras do time são respeitados em todos os cantos. E o técnico defendeu eles...
-Mas isso não é justo.- fico indignado.- A polícia devia ter provas, não? Do estupro...
-Até tinha, muitas.- ela coça a bochecha.- O time inteiro se fez de coitado. A menina ficou como mentirosa. Já odiavam ela de todo jeito. Então foi embora...
-Você era amiga dela?- pergunto com calma.
-Não.- algo na voz dela me diz que mente.- Mas é sério... esqueça isso...
-Fica meio difícil...
-A pizza chegou, meninos!- uma mulher grita.
Sabia que o nome dela era Jane, devia ser namorada do pai de Alisson, elas parecem se der bem, nunca vi nada demais.
Apesar de a familiar de Alisson não ser a ideia, eles se dão bem, muito diferente da minha, que brigava sempre.
Saímos do quarto e vamos até a cozinha, o pai dela está arrumando a mesa enquanto Jane está colocando a pizza lá em cima.
-Refrigerante?- ela pergunta.
-Claro.- assinto.
-Então, está ajudando ele em que?- Jane pergunta doce enquanto Alisson sentei ao meu lado.
-Estudos.- ela diz amplamente e agradeço mentalmente por isso.
-Você é grandão. Atleta?- o pai de Alisson pergunta.
-Futebol Americano.- digo e ao mesmo tempo Jane e o pai dela olham para Alisson.
-Vai esfriar, gente.- ela abre a caixa da pizza.
Começamos a comer e Jane fala de como o time de futebol americano da escola dela era horrível e nunca ganhava um jogo.
E bem, meu time era ótimo, e como eu era o capitão sempre exigia o melhor deles, e sempre disse que se algo acontecesse eles seriam expulsos.
Meu técnico é bem rigoroso, se acontecesse algo como aconteceu na antiga escola de Alisson...todos seriam expulsos, mesmo que não tivesse mais time.
-E você é de que posição?- o pai dela pergunta.
-Quarterback.- informo.
-Ah, será que estamos com o futuro jogador famoso?- ela franze as sobrancelhas sorrindo.
-Eu pretendo ser famoso. Então aproveitem esse momento.- brinco e o pai de Alisson sorri fraco.
-Ele vai ser famoso por minha causa.- Alisson fala descontraída e sorrio.- E nem venha dizer que não.
-Eu prometi que ia falar de você no discurso, né?- levanto as sobrancelhas.
Alisson ri e o pai dela começa a perguntar para onde eu quero jogar, ainda não decidi e com certeza não vão me chamar agora, tem tantas opções de times incríveis da NFL.
É o primeiro jantar que eu realmente gosto de participar, minha família nunca janta junto a não ser para se fazer de boazinha e isso está legal.
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