Capítulo 40
Alisson Avery
-Eu vou no banheiro.- Jane percebe que é sério.
Ela sai e eu cruzo os braços vendo o pai de Nick no meio da minha sala, fico um pouco apreensiva e logo acho que aconteceu algo com Nick.
Mas ele não viria me contar algo assim. Então eu me acalmei e tentei não me deixar levar pelas emoções, e sim pela razão que eu devia ter.
-Acho que ninguém vai começar a falar.- ele junta as mãos.- Então, eu quero falar com você.
-Sobre?- levanto as sobrancelhas.
-Meu filho.- ele sorri.- Você sabe que é um menino imaturo. Não sabe o que realmente é bom para ele.
-Está falando de mim.- sorrio.- Bem. Ele já é grandinho, sabe...
-Eu não vim com o intuito de conversar, menina.- ele me observa.- Eu vim oferecer algo.
-Não quero nada de você.- engulo em seco.
-Ah, mas vai aceitar de um jeito ou de outro.- o pai de Nick se aproxima.- Vai deixar Nick em paz, parta o coração dele, faça ele se afastar...
-Eu não vou fazer isso.- falo com raiva.
-Sua madrasta está grávida, não é?- ele olha para o corredor.- Seria una pena se ela e seu pai perdessem o emprego....o que seria da criança?
-Você não pode...
-Posso.- ele pega o telefone.- Com um telefonema eu posso fazer a faculdade demitir ele e a empresa na qual ela trabalha vai demiti-la também.
-Acha que vou acreditar que pode fazer isso?- franzo as sobrancelhas.
-Posso fazer isso....ou...seu pai pode se promovido e sua madastra ganhar um emprego melhor.- ele sorri convencido.- O que você escolher.
Fico calada, ele não pode estar falando sério, ninguém em sã consciência faria isso com o próprio filho...pedir para alguém se afastar dele, quebrar seu coração em pedaços.
-Eu não vou fazer isso.- balanço a cabeça.- Magoar seu filho não é uma opção.
-Então a opção que resta é destruir a vida da sua família.- ele começa a digitar os números.
-Espere!- grito quando ele vai apertar o botão.
-É bom ver que você pensa.- ele parece satisfeito.- O quanto antes melhor...talvez hoje.
-Como pode fazer isso com ele?- pergunto.
-Eu não vou fazer nada, Alisson.- ele começa a se afastar.- Você vai.
-Eu...
-Vou fazer as ligações, seu pai e sua madastra terão um emprego melhor até o fim da semana.- ele abre a porta e então olha para mim profissionalmente.- Foi bom negociar com você.
Então logo eu estou sozinha na sala de casa, abraça ao meu corpo e tentando pensar no que eu acabei de fazer comigo e com Nick principalmente.
Não posso destruir a vida do meu pai, nem de Jane, nem do filho deles.
Passo a mão pelo rosto e percebo que estou chorando, quando isso acontece já é tarde demais, sento no sofá me acabando de chorar e Jane chega.
-Pronto, querida.- ela me abraça do jeito que pode.- Sinto muito.
-Você ouviu?- pergunto.
-Sim.- ela beija minha cabeça.- Não sei nem como deve estar se sentindo...
-O que eu faço, Jane?- me afasto e olho para ela.- Não vou conseguir fazer isso...
-Seu pai e eu precisamos dos empregos.- ela fala baixinho.
-Eu sei.- viro para frente de novo.- Eu acho que sei o que vou fazer.- me levanto.
-Alisson...
-Só quero ficar sozinha.- entro no meu quarto e fecho a porta.
Pego os envelopes e limpo minhas lágrimas com raiva, sento na cama e respiro fundo esperando a hora que Nick vai chegar aqui para estudar.
Coloco o cabelo atrás da orelha e fecho meus olhos, não acredito que vou fazer isso depois de tudo que fizemos e prometemos um para o outro.
☁️
Nicholas Matthews
Aperto a campainha, algo ser eu não precisaria, mas o carro do pai de Alisson está aqui, e ele não gosta quando vou entrando.
Ouço alguma coisa lá dentro e logo Alisson abre a porta com uma cara nada boa, ela sempre fica assim quando eu acordo ela do sono.
-Advinha.- levanto o envelope de Havard tentando animar ela.- Recebeu o seu?
-Recebi.- ela fala séria.
-Ainda bem, não ia aguentar esperar o seu para abrir.- falo sorrindo.- Já abriu o seu?
-Nick...
-Ótimo, vamos ver.- tento entrar e ela fica na minha frente.- Alisson.- a observo.
-Eu não passei, Nick.- ela suspira.
-Em Havard?- pergunto e ela assente, meu peito se aperta.- Mas Yale é só duas horas de lá...
-Eu vou ficar aqui.- ela fala e não tenho reação.- Berkeley me aceitou. Vou ficar aqui.
-Mas...
-E eu...- ela pisca algumas vezes.- E eu acho melhor a gente parar de se ver.
-Tá de brincadeira, não é?- sorrio tentando não chorar.- Diz que isso é uma brincadeira de muito mau gosto.
-Não é.- ela me observa.- Vou ficar aqui. Berkeley. Meu pai precisa de ajuda.
-Espera, Alisson.- seguro o pulso dela.- Tem várias outras. Você falou que se inscreveu...e na Brown?
-Eu preciso ficar com minha família.- ela continua.
-Ok.- respiro fundo.- Cadê?
-O que?- ele parece nervosa.
-Cadê a carta?- olho para dentro.- Quero ver a carta.
-Você não vai ver a carta.- ele fala com raiva.- Você vai embora e me ignorar esse último mês inteiro.
-Para de falar bosta, Alisson.- tento entrar.
-Vai embora, Nick!- ela me empurra e eu arregalo os olhos.- Vai embora!
Nos encaramos e ela vira o rosto para limpar as lágrimas, odeio ver ela chorar assim, não estou entendendo por que ela está fazendo isso.
-Alisson...
-Eu...- ela limpa a garganta.- Eu só queria o dinheiro das aulas.
-E todas as conversas?- franzo as sobrancelhas.- E o que prometemos um para o outro...
-Foi idiotice, nunca ia dar certo.- ela se abraça.- Eu não gosto de você. Nunca gostei. Gostava de como me fazia sentir.
-Então é isso?- sorrio com raiva.- Você nunca...
-Nunca.- ela assente.
-Ok, então.- começo a me afastar.- Boa sorte nessa merda de cidade.
Me viro e começo a ir até o carro, ouço a porta bater e me sinto horrível, sinto um enjoo enorme e não sei como isso é possível.
Entro no carro e bato a bota com raiva, então rasgo o lacre do envelope, pego a carta e começo a ler, sorrio com amargura e me sentindo um burro.
-Pelos menos eu vou sair desse inferno.
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