Capítulo 4
Nicholas Matthews
É engraçado quando você percebe que uma pessoa fica tão irritada com a sua presença que as bochechas dela assumem um tom de vermelho que eu nunca vi.
Alisson sai da aula e me vê ali, imediatamente suas bochechas ficam vermelhas e com certeza, se tivesse algo nas mãos, iria me matar sem pensar duas vezes.
-Podemos conversar?- pergunto.
-Não.- ela termina de colocar o casaco.- Me esquece.
-Impossível, já que você partiu meu coração em mil pedaços depois de dizer que não tinha passado em Havard.- falo em tom de voz alegre e ela bufa.- Pode bufar quantas vezes quiser. Mas eu não vou sair daqui...
-Você é tão...- ela para e eu também.- Nick, vai embora, eu não quero você aqui.
-Eu difícil fingir que não quer me agarrar no meio essa gente?- dou um passo na sua direção.- Porque eu sei que esse brilho nos olhos não é de raiva.
-Some, Nick.- ela coloca as mãos dentro dos bolsos e volta a andar.
-Claro, vou considerar fazer isso se me contar por que ficou dois anos sem falar comigo por causa de uma mentira idiota e de mau gosto.- caminho ao lado dela.
-Eu já falei pra você.- ela parece bem irritada.
Ótimo, quanto mais eu irritar ela mais a chance dela soltar o motivo sem querer, e não, não precisa falar, eu sou o maior gênio de todos os tempos.
Seria melhor se descobrisse sem nem precisar que ela falasse, mas aí eu já teria que ler mentes, então vou ficar com a tarefa de irritar ela.
-Eu só queria ficar longe de você.- ela coloca os cabelos para trás.
Percebo que seja cabelos estão mais curtos, não a ponto de chegar aos ombros, mas também não era tão grande quanto antes. Mesmo assim estava linda com ele.
-Isso não é resposta.- seguro o pulso dela e paramos.
Só toquei ela uma vez desde que nós encontramos, e eu estava de luvas e ela estava de casaco, mas agora pegando seu pulso.
A pele dela estava quente nos meus dedos, quase consegui sentir ela arrepiando, suas bochechas ficam mais rosadas e eu percebo que não é mais raiva.
-Alisson, eu estou com raiva, mas se me contar...
-Se você está com raiva, então fique, não quero que me perdoe.- ela solta o pulso.- Me deixa em paz.
-Quer mesmo que eu deixe você em paz?- corro até a frente dela e Alisson bufa de novo.- Me diz, olhando nos meus olhos, que quer que eu vá embora e nunca mais perturbe você.
Ela comprime os lábios, então abre a boca e meu coração começa a bater mais rápido, mas logo fecha a boca e suspira abaixando a cabeça.
-Sabia.- sorrio.- Me conta, Ally.
-Não.- ela admite então que tem algo.- É mais que só a gente, Nick.
-Então o que é?- franzo as sobrancelhas confuso.- É Quinn?- ela balança a cabeça.- Seu pai?- ela para de balançar.- Ele que disse para se afastar.
-Não.- ela suspira.- Quer dizer, é por causa dele, mas não foi ele quem pediu.
-Quem pediu?- me aproximo mais.- Quem pediu para você se afastar de mim?
-Para com isso.- ela se afasta.- Preciso ir para a aula.
-Ok, então.- coloco as mãos dentro do bolso da calça.- Vejo você mais tarde.
-Nada de mais tarde!- ela fala irritada.
-Ok, passo no seu dormitório.- sorrio dando tchauzinho.
Ela revira os olhos indo embora e passo uma das mãos pelo cabelo, ótimo, agora preciso descobrir onde é o dormitório.
Isso é fácil, apesar de ser algo "sigiloso", eu podia muito bem ir na secretaria e pedir de acordo com o nome de Alisson, saberia onde era em alguns minutos.
Essa era a coisa boa de ser um atleta aqui.
☁️
Alisson Avery
-Olha, o que quer que seja...você deveria contar.- Callie fala pintando as unhas.
-Se eu contar, ele vai direto brigar com os pais.- explico.- E então, eles vão saber que fui eu, e depois...
-Seu pai, sua madrasta e sua irmã se fodem.- Callie percebe e assinto.- Que idiota.
-Eu sei.- encaro o teto.- Eu gostava muito dele. Nesses dois anos eu aprendi a deixar para trás.
-Só que...- ela espera.
-Só que assim que eu vi ele...- balanço a cabeça.- Ele era um gato antes, agora parece que aumentou cem vezes mais.
-Nossa, até eu quero conhecer ele agora.- ela brinca e rio.
-Pois é.- mordo o lábio.- Eu não sei mais o que fazer.
-Ignora ele, então.- ela dá ideia.- Consegue?
-Não, ele me irrita demais e me faz falar demais.- viro de lado e a encaro da minha cama.- Parece que eu voltei a ser aquela menina de dezessete.
-É, mas agora você tem vinte e precisa agir como adulta.- ela respira fundo.- Então seja firme quando disser a ele que está se sentindo perseguida e não quer ele te seguindo.
-Isso é bom.- gosto do que ela falou.- Boa, Callie.
-Eu sei.- ela sorri soprando as unhas da mão.
Batidas na porta me acordam dos devaneios e levanto, acho que deve ser a monitora do andar procurando pela décima vez os óculos que ela sempre deixa em algum lugar.
Viro a chave e abro a porta, Nick está encostado no batente com as duas mãos dentro dos bolsos frontais da calça, os cabelos estão molhados e o sorriso é incorrigível.
-Como sabe que eu estava aqui?- pergunto.- Quinn não falaria...
-Não, não foi ela.- ele me observa.
Não estou muito arrumada, estou com uma calça xadrez verde e vermelha e uma blusa de mangas cinza escura, meus cabelos estão presos mas metade está solto.
-Então, como conseguiu?- franzo as sobrancelhas.
-Tenho meus meios...
-Ah, claro, esqueci que é a próxima aposta de Havard.- falo com irritação e ele assente sem se importar.- Perdeu seu tempo, eu não estou...
-Podemos conversar?- ele olha por cima do meu ombro.- Oi! Nick Matthews.
-Callie.- ela levanta apertando a mão dele.- Bem, minhas unhas estão...- ela começa a sair.- Eu vou lá fora, acho que secam melhor.
Traidora.
Nick sorri agradecido quando ela passa por nós e fecha a porta, então ele olha envolta e observa o quarto que divido com Callie desde o início.
Não é grande, tem apenas duas camas, uma janela entre elas, duas escrivaninhas e a cama é um daqueles guardadores que serve de armário e é bem prática.
-Então...- ele senta na minha cama.- O que fez durante esses dois anos?
-Estudei.- falo vaga e ele sorri me encarando. Odeio o sorriso dele.- Eu estou fazendo designer publicitário. E me inscrevi em um curso de aprimoramento de desenho.
-Já consegue fazer uma mão direito?- ele pergunta vendo os desenhos presos do lado da minha parede.
-Sempre consegui.- me defendo.
-É, claro.- ele sorri e então volta a me encarar.- Não vai perguntar o que eu fiz?- levanta as sobrancelhas.
-O que você fez?- pergunto séria.
-Treinei muito. Sabe que já tenho agentes interessados?- ele pergunta e balanço a cabeça.- Tenho um jogo na quinta a noite. Quer ir?
-Não...
-Pense bem.- ele me interrompe.- Não quero apressar você.
Não evito sorrir e Nick parece ganhar mais confiança, porque levanta e começa a se aproximar lentamente, dou um passo para trás e bato as costas contra a porta.
Maldito quarto pequeno!
-E você...- ele coloca as mãos ao lado da minha cabeça me trancando.- Tem alguém?
-Não.- balanço a cabeça.- Mas eu já fiquei com um monte de gente.
-Ah, Avery, não machuca meu coraçãozinho.- ele fala nada machucado.
-Você também, não é?- pergunto e ele fica sério.
-Sim.- ele assente.
-Olha.- fico séria e me preparo para fazer o que Callie disse.- Não estou confortável com você me seguindo.
-Quer que eu pare?- ele pergunta.
Abro a boca e não sai nada, logo fico com raiva quando o sorriso dele surge, o empurro e sento na cama com raiva dele e de tudo.
-Eu tenho aula amanhã.- explico.- Então...
-Eu vou embora.- ele abre a porta.- Mas amanhã, eu vou estar na sua cola. E depois de amanhã. E depois depois de amanhã...
-Eu entendi.- o encaro com rau a.
-Que bom.- ele começa a sair.- Tchau.
Não falo nada e ele vai embora. É oficial, Nick não iria desistir de descobrir, e no fundo não queria que ele cansasse. Mas ao mesmo tempo não podia fazer isso com meu pai, Jane e Maddy.
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