Capítulo 2
Alisson Avery
Deixo a última caixa no chão e me jogo na cama, viro de costas e encaro o teto, nem acreditava que eu estava aqui de novo depois de tanto tempo.
Minha mãe e meu pai tinham se separado, então eu fui morar com ela na costa leste, em Atlanta, cresci praticamente lá.
O único contato que eu tinha com meu pai eram as vídeo chamadas e os telefonemas, mas nunca deixei isso afastar a gente, éramos bem próximos mesmo assim.
O problema foi que minha mãe adoeceu, foi devagar, quando eu tinha treze diagnosticaram ela com câncer e alguns dias antes do meu aniversário de dezessete, ela morreu.
E agora eu tinha voltado para a costa oeste, Santa Mônica, para ficar com meu pai e terminar o colégio, então só iria ficar um ano aqui.
Meu pai foi bem legal, ele deixou eu ficar com o quarto grande da casa, e ainda comprou uma cama novinha e enorme para mim.
-Filha?- ele chega na porta do quarto.- Jane quer saber se você quer comer algo?
Jane era a namorada dele, era uns sete anos mais nova, mas se fazia meu pai feliz, então eu gostava dela.
-Não, estou sem fome.- sento.- Obrigada por pintar o quarto para mim.
-Não foi nada.- ele sorri.- Se precisar de algo, me chame.
-Ok.- sorrio.
Ele vai embora e eu encaro a parede na minha frente pintada de azul claro, vou até a escrivaninha nessa mesma parede e pego o estilete.
Começo a abrir as caixas e colocar meus livros na estante ao lado da cama, arrumo minhas coleções e então a caixinha de música da minha mãe.
Em algum tempo metade das caixas já estão amassadas e meu quarto agora parece mais meu que antes.
Vou até a janela e vejo a árvore na frente da casa, até que é bem legal, não lembrava de ser tão bonito aqui, mas estou me surpreendendo.
Meu pai é professor em uma universidade local, o salário dele é bom, dá pra sustentas a casa e comprar o necessário.
Jane também trabalha, ela é secretaria de uma imobiliária, então os dois tem uma renda boa, mas mesmo assim ainda quero arrumar um emprego antes das aulas começarem.
Não lembro muito da cidade, então é uma boa hora para começar a explorar, já que amanhã eu já tenho que ir para as aulas.
Eu já dei uma lida no conteúdo, e por sorte eu já fiz uma revisão dele todo ano passado, então eu estou bem a frente da escola, o que é bom.
Ainda vou fazer as provas apenas para o boletim, mas sei que já está no papo, pelo menos o primeiro semestre.
Eu não sou uma daquelas pessoas inteligentes, apenas estudo muito e faço várias revisões, até slides se for preciso, entra mais fácil.
Pego meu casaco e a bolsa, saio do quarto e passo pelo corredor, tem quatro portas, o quarto de Jane e do meu pai, o escritório do meu pai, o banheiro e a cozinha.
-Eu vou sair!- falo pegando as chaves de casa.
-Cuidado!- meu pai grita de volta.
Abro a porta da frente e caminho até a calçada, o sol de Santa Monica é forte, então eu faço uma nota mental.
Quando conseguir meu dinheiro, comprar roupas que dê para usar em Santa Monica.
Coloco as mãos nos bolsos e caminho pelo bairro de casas completamente iguais, mais a frente começa a entrada no centro, vejo os mercados e as praças.
As pessoas aumentam mais no centro mesmo, vou de loja em loja para saber se alguém está procurando um funcionário, mas parece que ninguém está procurando.
Entro em uma loja de discos antigos e vou vendo os de pop, um garoto ao meu lado está cantando baixinho enquanto procura um disco.
-Não vai achar nada de bom aí.- ele fala distraído.
-Como?- me pega de surpresa.
-Esses discos são os mais chatos.- explica.- Devia tentar os dali.- ele aponta para o canto.
-Trabalha aqui?- pergunto.
-Não.- ele ri.- Eu só venho muito aqui. Você é nova por aqui? Nunca vi você.- ele me olha com mais atenção.
-Eu acabei de me mudar.- coloco o cabelo atrás da orelha e vejo os discos.
-Ficou com o colégio perto da praia ou com o da floresta?- ele pergunta e eu sorrio fraco.
-Praia.- encontro um disco legal.
-Ah, deixa eu adivinhar.- ele coloca as mãos dentro do casaco marron claro.- Alisson Avery?
-Sim.- o encaro rapidamente.
-Eu não sou perseguidor.- ele se defende.- Meu diretor recomendou você para me dar aulas particulares.
Eu dava aulas particulares em Atlanta por que minha mãe dizia que era importante ensinar outras pessoas se eu tinha conhecimento.
Mas desde que ela morreu eu decidi não dar mais essas aulas, mesmo que o dinheiro fosse ótimo e eu estivesse precisando dele.
-Eu não dou aulas.- falo séria enquanto vou para o canto.
Ok. Estou certa de que me livrei dele. Então encontro um disco do Kiss, vejo o preço e passo direto, ao mesmo tempo que vejo ele se aproximar.
-Eu pago bem.- ele continua.- Cinquenta por hora?
-Não.- balanço a cabeça.
-Cem?- ele não parece achar isso muito.
-Eu não dou mais essas aulas, cara...
-Eu realmente estou precisando.- ele fica na minha frente e não me deixa sair.- Por favor?- ele sorri de canto e covinhas aparecem.
Ele pode achar que vai me ganhar com esse sorriso, mas eu sou imune aos meninos do colégio, ele só é um idiota, provavelmente atleta pelo porte.
-Cento e cinquenta por hora.- ele aumenta e rio.- Eu estou desesperado aqui, Avery.
-Sinto muito por isso, mas não é mais meu lance.- coloco as mãos dentro do casaco.- Até mais, atleta.
Ele bufa frustrado e eu saio da loja, sinto meu nariz queimando assim como minhas bochechas e começo a passear pelas lojas.
A beleza do centro de Santa Monica é incrível, é tenta cor, tanta gente diferente, tanta música, tanta brisa. Você consegue sentir o cheiro do mar daqui.
Entro em uma livraria e vou até a seção do romance, pego um livro do canto, Orgulho e Preconceito. A capa antiga feira a mão é perfeita.
-E que tal se eu comprar um livro pra você?- ele reaparece.
-Ai, garoto, aprece assombração.- murmuro e ele sorri.
-Obrigado por me chamar de assombração. Vou perdoar quando aceitar minha...
-Qual é o seu problema?- devolvo o livro.
-Uma menina aqui não quer aceitar ser minha professora por um livro e cento e cinquenta reais por hora.- ele explica.- Consegue entender ela?
-Deve estar se controlando para não bater em você na frente de toda essa gente.- falo fingindo inocência.
-Ok, então.- ele passa por mim e o observo.- Até amanhã, novata.
É como se fosse uma promessa de perturbação eterna até eu aceitar ensinar ele, mas era oficial, eu não ia mais ensinar ninguém.
Coloco os cabelos para trás e minha franja toca a bochecha, mordo o lábio sentindo pena dele, mas não posso voltar atrás agora, sou muito orgulhosa.
Observo ele se afastando, cumprimenta algumas pessoas com o sorriso de lado e as covinhas, o cabelo preto brilha no sol e a pele levemente bronzeada quase brilhava.
Balanço a cabeça, outra coisa que prometi para mim esse ano foi não ter distrações, Yale era bem crítica com quem entrava no seu programa.
Eu e minha mãe planejamos tudo para a chegada em Yale, até mesmo a comemoração quando eu fosse aceita.
Ela e eu iríamos comemorar com um piquenique e ver o por do sol, mas em Atlanta quase não era possível, então não sabia se tinha sido o destino me avisando.
Volto a andar pelas calçadas e percebi algumas meninas olhando para mim, eles sempre sabem quem é novo aqui ou é só impresso minha?
Ignoro tudo isso e continuo conhecendo tudo, acho que esse ano vai ser mais calmo em relação aos outros, então Yale está no papo. Assim espero.
Avisos!!!
Oi, pessoal, o que estão achando até agora?
Só para o feedback mesmo para ver se tem futuro esse história kkkk
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro