Aquela era uma luta perdida. Eu sabia que não teria forças para revidar, mas decidi insistir erroneamente. Ergui-me com um grito preso entre os dentes e dei o primeiro passo em direção a minha própria queda.

Era como andar em brasa, eu me queimava enquanto tentava ficar de pé. Por meses, ignorei como cada vez mais eu parecia ir para fora do caminho que havia traçado.

— Alba, não consegue ver que ela se foi? Você fica tentando afogar as mágoas saindo por aí, acha que ela gostaria disso?

Sentia-me em uma corda bamba, uma atração principal em um circo do inferno, realizando a travessia em completo desequilíbrio. Uma música sem harmonia era trilha sonora, incentivando as apostas de quando eu cairia.

A plateia estava ávida e era composta de meus maiores medos e problemas. Todos que eu não conseguia lidar.

Em algum momento, percebi-me cansar, parei de me defender das lufadas de ar que me balançavam e simplesmente caí. Senti garras sedentas se fecharem em minha garganta ao decidir que, por uma noite, faria o espetáculo que desejavam.

Quando pedi por um shot no bar, sabia que estava tirando meus medos para dançar.

— É a segunda vez que Duda fica esperando! Que tipo de tia faz uma promessa e não cumpre? Eu não quero ver minha filha magoada de novo, Alba.

Engoli a brasa líquida, escolhendo colocar mais fogo em minhas queimaduras. Meu coração martelava em meus ouvidos, quase abafando a música que explodia de alto falantes. Abri a boca, forçando a voz para me fazer ouvida:

— Mais um, por favor.

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