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8 (liz)

Apesar de saber que a relação com seu pai sempre foi complicada, é difícil aceitar que uma garota como Sarah, que se esforça para parecer durona o tempo todo, também se conforme com tão pouco. Apesar de saber que ela odeia falar sobre coisas que possam despertar o menor sentimento de pena nas pessoas, e de ter me segurado muito para não deixar transparecer o quanto ouvir aquilo partia o meu coração, tenho certeza de que ela acabou percebendo. Sarah não é idiota. Seu sistema de autodefesa está sempre em alerta, o que significa que ela está sempre pronta para afastar as pessoas que chegam perto demais de descobrir os verdadeiros sentimentos debaixo de sua máscara.

Permanecemos em silêncio durante todo o caminho até a casa de Dylan, porque sei que Sarah não deve estar nem um pouco a fim de continuar falando sobre seu pai ausente. Apesar do silêncio, dezenas de coisas se passam pela minha cabeça de uma vez só, fazendo o maior barulho dentro de mim. Enquanto o rádio reproduz uma música qualquer que eu nunca ouvi antes, penso em como a ideia de voltar à casa de Dylan depois do que fizemos na noite passada me causa arrepios. Talvez por isso, tenha tentado adiar a tarefa até o dia de amanhã, mas também não é como se amanhã fosse me causar menos arrepios. Talvez, quanto mais demorássemos, pior seria. Tento me conformar com isso durante todo o caminho, e aceitar que a culpa é minha. Se tivesse sido um pouco mais insistente na busca pelos sapatos de Sarah naquela noite, não teríamos que voltar agora. Provavelmente teria sido mais efetiva se não estivesse distraída com a presença de Noah, que, à propósito, é um outro assunto que estou tentando evitar, já que eu continuo sem saber o que fazer a seu respeito. Não consigo acreditar nem por um segundo que ele seja o responsável pela foto, mas convencer as garotas disso não vai ser um trabalho fácil. Enquanto isso, elas continuarão o julgando, e eu continuarei tentando manter uma distância segura entre nós dois, apesar de isso partir meu coração. Talvez seja melhor assim, afinal. Não quero que ele tenha problemas por minha causa.

Afasto todos os pensamentos quando nos aproximamos da casa de Dylan. Me ajeito no banco, nervosa, e minhas mãos começam a suar frio.

— Você está bem? — Sarah pergunta, notando o meu nervosismo, apesar de parecer estar nervosa também. Ela agarra o volante com uma força desnecessária, de modo que suas unhas estão cravadas nas palmas de suas próprias mãos.

Respondo que sim com um gesto de cabeça, embora minha cara diga outra coisa. Felizmente, ela finge acreditar na resposta e parece deixar para lá, já que não poderia fazer nada para me fazer sentir melhor, de qualquer forma.

Sarah estaciona o carro no estacionamento que parece ainda maior agora que está vazio. Nos entreolhamos, indecisas, antes de descer do carro. Ela desce primeiro, e eu apenas a sigo enquanto ela parece caminhar até a porta com uma determinação que não existia há alguns minutos. Por fim, ela bate na porta. Paro atrás dela, e esperamos alguns segundos, até que uma mulher atende a porta. Não é muito alta, tem bochechas rechonchudas, olhos escuros cansados e parece carregar uma espécie de peso invisível sobre as costas curvadas. Parece estar usando um uniforme, o que provavelmente indica que ela trabalha na casa. Não diz nada, provavelmente esperando que nos apresentemos.

— Olá. — Sarah cumprimenta, voltando a ficar nervosa — Somos amigas do Dylan...

— Dylan não está em casa. — A mulher a interrompe, falando como se isso fosse comum para ela. Talvez Dylan não passasse muito tempo em casa, e as pessoas ao seu redor já estivessem acostumadas com isso, o que provavelmente as levaria a demorar a se preocuparem de verdade com sua ausência. Me sinto estranhamente mal e aliviada ao mesmo tempo.

— Tudo bem, eu só preciso pegar meus sapatos que deixei na festa de ontem.

Tenho a impressão de que a mulher revira os olhos ao ouvir a palavra "festa", talvez porque a festa de ontem seja o principal motivo de seu trabalho duro hoje. De qualquer forma, ela parece ocupada demais para nos encher com mais perguntas, e apenas diz para entrarmos, pegarmos o que estamos procurando e sairmos, voltando ao trabalho logo em seguida, sem se importar com o fato de que somos duas completas estranhas que podiam ou não ser realmente amigas de Dylan.

Sarah me segue até o andar de cima, e eu a guio até o quarto dos fundos, onde, supostamente, os sapatos deveriam estar jogados em qualquer canto, mas não estão. Procuramos em todos os lugares: debaixo da cama, no chão do banheiro, dentro do armário, mas não o encontramos. Vejo o rosto dela corar de raiva e talvez, um pouco de desespero. Me sinto culpada. Ela deita na cama perfeitamente arrumada, parecendo ter desistido. Também quero desistir, mas movida pelo sentimento de culpa, continuo em busca dos sapatos até nos lugares mais improváveis.

Abro cada gaveta do armário, apesar de me sentir estranha xeretando cada peça de roupa do garoto que havíamos enterrado. Quando não encontro no armário, começo a mexer nas gavetas da escrivaninha, esperando que uma delas seja destinada a uma espécie de "achados e perdidos". Mas ao invés de me deparar com os sapatos, me deparo com uma outra coisa, em meio a um bando de papéis que não fazem o menor sentido para mim: uma carta. Não uma carta qualquer, uma carta de Sarah para Dylan. Estreito os olhos, curiosa. Fico tentada a abri-la e ler o seu conteúdo. Talvez, se estivesse sozinha, o faria. Mas então, ouço a voz de Sarah atrás de mim, e estremeço, devolvendo a carta ao monte de papéis onde a encontrei.

Achei! — Ela exclama, comemorando com uma dancinha, com os sapatos nas mãos. Aparentemente, a cama também é uma espécie de baú, onde as roupas de cama ficam guardadas de um lado, e uma caixa com um bando de coisas de todos os tipos, como os sapatos de Sarah, do outro.

Ainda agachada diante das gavetas da escrivaninha, viro o rosto para ela, forçando um sorriso. Tenho dificuldades para esconder minha curiosidade sobre a carta, mas Sarah parece feliz demais para notar que há algo de errado em minha expressão.

Descemos as escadas rapidamente, e, paramos na cozinha apenas para avisar que havíamos encontrado o que procurávamos e já estávamos de saída. Ainda parecendo ocupada demais com outras tarefas, a mulher nos olha de soslaio, nos despachando com um "tudo bem, boa noite".

Ao entrarmos no carro, Sarah parece se sentir aliviada. Vejo um sorriso de comemoração crescer em seu rosto enquanto ela joga os sapatos no banco de trás, junto das roupas que havia pegado comigo mais cedo, e escolhe atentamente a música no rádio. Ela até canta animadamente alguns trechos da música, balançando a cabeça para lá e para cá enquanto dirige, o que me preocupa, mas não digo nada. Não consigo dizer nada. Estou presa em uma espiral de perguntas sem resposta dentro da minha cabeça, e a principal delas é: por que diabos Sarah enviaria uma carta a Dylan? Até onde eu sabia, nenhuma de nós era tão próxima assim dele.

Penso nisso durante todo o caminho, de modo que quase não percebo quando ela estaciona o carro em frente minha casa.

— Liz... — ela toca meu braço antes que eu possa descer, me fazendo voltar — obrigada. Por hoje e por tudo.

Sorrio para ela como quem diz "não há de quê", mas não consigo dizer nada de volta. Estou com a cabeça muito cheia para conseguir bolar qualquer tipo de discurso fofo agora. Felizmente, Sarah parece não se importar com isso, já que não falou isso esperando ouvir uma resposta.

Desço do carro e a assisto partir, já ciente de que devo fingir que isso nunca aconteceu e nunca mais falar sobre este evento. Esse é o grande lance em nossa amizade: sabemos exatamente quando certos assuntos devem ficar apenas entre a gente.

Entro em casa, imaginando que não encontraria ninguém, mas vejo meu pai na sala, parecendo entretido demais em um livro de psicologia para notar que eu havia acabado de chegar.

— Liz? — Para a minha surpresa, ele me chama de volta ao notar uma sombra passando pelo corredor.

Paro na porta, encostada no batente, sem dizer coisa alguma.

— Está melhor? — Ele pergunta.

Estreito os olhos. Demoro a associar a pergunta ao fato de que eu havia saído mais cedo da escola, alegando não estar muito bem. Quando finalmente me dou conta de que é sobre isso que ele está falando, respondo com um enfático sim.

Ele se levanta e se aproxima de mim, deixando o livro de lado.

— Bom, eu gostaria de me explicar sobre a minha reação hoje de manhã... acabei me expressando mal e não quero que fique chateada... — ele gesticula demais e parece ter dificuldades em encontrar as palavras certas, gaguejando e atrapalhando-se de vez em quando, o que torna difícil para que eu compreenda do que ele está falando.

— Pai... — interrompo-o, quase tão confusa quanto ele — do que você está falando?

— Do seu cabelo. — Ele esclarece — Bom, eu não quero que pense que eu odiei seu cabelo, eu só... bom, eu fiquei surpreso, quer dizer... eu não te vejo assim desde que você era bem pequena, e... ver você assim e perceber que já cresceu me assusta um pouco... — ele parece nervoso, e finalmente entendo de onde vem essa minha dificuldade em me expressar.

— Pai, tudo bem. — Digo, sorrindo e o impedindo de continuar falando, para o seu consolo. — Eu também odiei.

— Eu-eu não odiei. — Ele parece desesperado para se justificar, o que quase chega a ser engraçado — Na verdade, eu gostei muito. Você está linda. Me lembra de quando você ainda era pequena o suficiente para subir nas minhas costas e brincar de cavalinho. — Dou risada diante da memória, e ele também — Agora você já está crescida e prestes a ir para a faculdade, e... bom, não posso deixar de me sentir meio... você sabe. A casa vai ficar vazia.

Apesar de ter me perdido um pouco na conversa, consigo entendê-lo. Solto um riso e o abraço, sem dizer mais nada. Ele para de falar, e me abraça também. Sinto que uma eternidade tem se passado desde a última vez que abracei meu pai, e só então percebo o quanto precisava disso, especialmente após os últimos acontecimentos. Embora ele não saiba de nada, seu abraço é consolador. De certa forma, sinto que pelo menos aos olhos de alguém, ainda sou a mesma garotinha de sempre. E isso é a melhor coisa que eu poderia desejar no momento.

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