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7 (sarah)

Apesar de saber que Liz está me evitando e profundamente irritada comigo, passo em sua casa depois da escola para pegar minhas roupas da noite passada, levando outra caixa de donnuts como oferta de paz. Fico me perguntando se uma simples lavada nas roupas irá bastar ou se devo queimá-las. A segunda opção me chateia um pouco.

Paro o carro em frente a sua casa. Bato na porta, mas ninguém atende. Seus pais devem estar trabalhando. Tento ligar para ela, mas concluo que deve ter desligado o celular. Irritada, me agacho ao lado do vaso de planta e o levanto, tateando o chão em busca da chave da porta. Isso seria ilegal se não fôssemos tão próximas. Olho ao redor, para checar se não estou sendo julgada por nenhum vizinho, e então, entro. Passo direto pela sala e pela cozinha, e subo as escadas em direção ao seu quarto. Bato na porta, e ela resmunga algo do lado de dentro. Entro no quarto e a vejo espalhada sobre a cama. Provavelmente acabei de acordá-la. Me jogo em cima dela, e ela resmunga ainda mais alto.

— O que você quer? — Pergunta, com a cara enfiada no travesseiro.

— Eu trouxe donnuts, de novo. É uma oferta de paz.

No momento em que digo a palavra "donnuts" ela abre os olhos e se senta na cama. Liz é movida a açúcar.

— Sinto muito se eu forcei a barra hoje. — Digo. Ela não esboça nenhuma reação. — Não precisamos falar sobre isso, se você não quiser. Eu só... não consigo imaginar outra pessoa que possa ter feito isso, Liz.

Ela assente com a cabeça, parecendo mais calma agora.

— Eu sei. Mas sinto que Noah não é o responsável por isso, e preciso que dê uma chance ao garoto antes de sair o acusando. Confie em mim, ele não é como vocês pensam. — Ela fala.

Nos encaramos em silêncio durante alguns segundos desconfortáveis, e quando fica claro que temos opiniões diferentes sobre o assunto e que poderíamos passar um dia inteiro discutindo sobre isso, decidimos mudar de assunto. Dividimos os donnuts e reclamamos sobre as aulas mal terem voltado e já termos testes marcados para a próxima semana. Apesar de tentarmos evitar o assunto, não conseguimos deixar de falar sobre o caso de Dylan. Fingir que isso não me afeta está me matando, mas sinto que de alguma forma, está a matando ainda mais. Então, tento consolá-la alegando que tanto a polícia de Redgrove quanto a de Rosefield são péssimas, e levariam muito tempo até descobrirem o que aconteceu. Até lá, já estaríamos formadas na faculdade, morando bem longe daqui. Ela sorri de maneira delicada. Não sei se realmente acredita em minhas palavras, mas pelo menos finge que sim. Talvez, para ela, não se trate apenas de não sermos pegas, mas também do fato de que teremos que conviver com essa culpa para sempre, e quanto a isso, embora eu queira consolá-la, não sei como fazê-lo, e nem se há muito o que eu possa fazer. De uma forma muito estranha, ainda estou tentando lidar com a minha própria culpa.

Quando já não sei mais o que dizer, me levanto e tento mudar de assunto novamente.

— Tenho que ir. Na verdade, só vim pegar as minhas roupas de ontem, ou o que sobrou delas.

Ela se levanta e me guia até o banheiro, onde me entrega as roupas sujas de sangue e terra, dobradas e empilhadas, como se estivessem limpas e prontas para serem guardadas de volta na gaveta. Discutimos por alguns minutos sobre quem é a verdadeira dona da saia que ela estava usando na noite passada, e defendo a ideia de que é minha até que ela me prova o contrário, mostrando-me a costura que havia feito com linha rosa no lado de dentro, há muito tempo atrás.

— Os sapatos estão dentro do armário. — Ela diz, sorridente após ganhar a discussão. Mostro a língua para ela.

Vou até o armário para pegá-los, mas só encontro três pares.

— Está faltando um. — Constato. — Onde colocou?

Liz, que ainda estava no banheiro, sai com os olhos arregalados e cara de culpada.

— O que foi? — Pergunto, assustada.

— Por favor, não surta. — Ela pede, e meu coração acelera de medo — Eles... ficaram na festa. Provavelmente ainda estão lá, não é nada demais. Eu vou buscá-los amanhã, está bem?

E aí, já é tarde demais, já estou surtando. Cubro o rosto com as mãos. Poderia gritar de raiva e desespero.

— Nada demais? Liz, se eles ficaram na festa, alguém pode tê-los roubado!

— Não estavam exatamente na festa. Ficaram no andar de cima, em um dos quartos. Ninguém entrou lá. Aposto que ainda estão lá.

— Que droga! — Resmungo. — Temos que buscá-lo.

Ela faz uma careta, olhando pela janela e vendo que o sol estava quase indo embora.

— Agora? — Questiona — Sarah, qual é? Podemos ir amanhã depois da aula. Agora já está quase anoitecendo!

— Liz, eu não quero esperar até amanhã, está bem? Eu quero ir agora. Por favor.

Ela me olha com um olhar de quem julga uma garota mimada, o que eu entendo completamente.

— Qual é o seu problema com esse sapato? É só um sapato, isso pode esperar até amanhã!

Passo a mão pelo rosto, impaciente. Sei que estou sendo ridícula, e sinto que devo me explicar, embora não queira.

— Olha só, eu sei que para você isso parece bobagem. Na verdade, é bobagem, até para mim. — Sento-me na beirada da cama, e ela se senta ao meu lado. Odeio a sensação que me preenche no momento, me fazendo sentir mais idiota do que nunca — Mas esse sapato foi a única coisa que eu ganhei do meu pai nos últimos três anos, junto com um cartão de "feliz aniversário", já que ele não estava aqui. E eu sei que isso é ridículo, mas... eu sei lá, ele ter se lembrado... foi importante para mim. — Admito, e me lembro imediatamente de como me sinto desconfortável falando sobre sentimentos. A sensação é desagradável.

A cara que ela faz me dá um nó no estômago. Reconheço essa cara. Liz está sentindo pena de mim, por me apegar a algo tão pequeno e idiota, como se isso fosse muito. Ela sente tanta pena que me olha como se quisesse me abraçar. De alguma forma, isso é o suficiente para que eu mude de ideia.

Respiro fundo.

— Quer saber? — Me levanto bruscamente da cama, e Liz quase é jogada para trás — Deixa para lá. Você estava certa. Não é nada demais mesmo. Podemos ir amanhã.

Ela franze o cenho, assustada com a minha mudança repentina de humor.

— Podemos ir hoje... — ela começa a dizer, se levantando também.

— Não. — Interrompo-a — Já está escuro, o dia foi longo...

— Sarah — ela me olha nos olhos, como se pudesse enxergar dentro de mim, e quase me encolho. — nós vamos hoje. — Afirma determinada, já cruzando a porta do quarto.

Suspiro, agora levemente contrariada. A essa altura, nem mesmo eu sei o que realmente quero fazer sobre isso. Fico parada no meio do quarto de Liz por alguns longos segundos enquanto tento avaliar se aqueles sapatos são mesmo tão importantes assim. De repente, sou levada de volta para minha infância. Meu pai sempre viajou muito a trabalho. Sempre priorizou o trabalho ao invés da família. Me lembro de que, no começo, ele sempre me trazia algo de suas viagens, e eu achava isso legal porque sabia que ele havia se lembrado de mim. Estava longe, mas estava pensando em mim.

Eu me lembro do dia em que ele me deu aqueles sapatos. Ele havia acabado de voltar de uma viagem de duas semanas na França e já estava prestes a partir de novo. Minha mãe não parecia muito contente. Ele me mostrou os sapatos e eram deslumbrantes, mas ainda ficavam grandes demais para mim. Disse que eram especiais, e que um dia eu cresceria o bastante para que eles me servissem perfeitamente. Ele sugeriu que eu os guardasse até que fizesse dezesseis, e então faríamos uma grande festa e eu poderia finalmente usá-los. Fiz exatamente o que ele sugeriu, mas quando fiz dezesseis, ele não apareceu para me ver usando os sapatos.

Foi a última coisa que ele me deu. Depois disso, nunca mais trouxe coisa alguma. Mal aparecia, e nas poucas ocasiões em que voltava para a casa, ele e minha mãe brigavam por qualquer coisa, talvez porque já estivessem irritados um com o outro há muito tempo. Um dia, ele apenas parou de voltar, sem aviso prévio ou despedida. Então me apeguei à última parte sua que eu tinha, e que me lembrava de que um dia ele esteve ali. Um dia ele me amou o suficiente para voltar para casa com presentes.

Minha mãe nunca gostou da palavra "divórcio". Ao invés de aceitar a dura realidade de uma vez, sempre preferiu usar o termo "dar um tempo", o que, em minha opinião, é muito pior. Um tempo deveria implicar que em algum momento as coisas se resolveriam e voltariam ao normal. É só um tempo. Mas a essa altura, nós duas já sabemos que isso não vai mais acontecer. As coisas nunca mais voltarão ao normal, porque, com o tempo, o presente se torna o novo normal, e meu presente não inclui o meu pai há muito tempo.

Liz está parada na porta, me encarando quase como se estivesse ordenando que eu me mova e a siga em direção a essa missão furada de resgate. E então eu o faço, não apenas porque a ideia foi minha, para início de conversa, mas porque é o que fazemos. Nós resolvemos as coisas juntas, independentemente de quem seja o problema. No entanto, odeio saber que ela está fazendo isso por pena. Com sentimentos conflitantes, finalmente vou atrás dela, me arrependendo profundamente de ter iniciado esta conversa. Durante todo o caminho, deixo o rádio ligado em uma música aleatória, para evitar que a conversa se estenda ou que algum outro tópico profundo surja novamente.

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