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4 (liz)

Acordo em um sobressalto, respirando com dificuldade. Estou tão suada que quase poderia dizer que realmente estive no fundo do mar por um tempo. Meu corpo inteiro está tremendo e minha boca está seca, como se eu estivesse andando no deserto há cinco dias sem beber um gole de água sequer. Passo a mão pelos meus cabelos, molhados de suor, e decido me levantar e tomar outro banho.

Dessa vez, tomo banho na água fria, apesar de não gostar muito. Já estou suficientemente suada e sufocada, não preciso do vapor quente abafando o ambiente e dificultando ainda mais a minha respiração. Molho primeiro meus pés e meu rosto, e então, entro de uma vez debaixo da água passando a mão pelos cabelos e pelo corpo, tirando todo aquele suor de mim. Torço para que a água seja capaz de lavar o meu cérebro também, que com certeza está em chamas de tanto pensar na mesma coisa. E como não pensar? Queria não me importar tanto. Mas infelizmente, não é possível. Algumas coisas demoram para ir embora, e essa coisa com certeza ficará comigo por um bom tempo. Não estou pronta para me perdoar, e não sei se algum dia estarei.

Permito que algumas lágrimas escorram pelo meu rosto durante o banho. Pelo menos, elas já serão lavadas aqui mesmo e meu rosto não ficará inchado quando o dia clarear.

Quando acabo, desligo o chuveiro, me enrolo na toalha e caminho para fora do boxe. Dessa vez, o espelho não está embaçado, e consigo me ver nitidamente. Já não sou a mesma, com certeza. É engraçado como tudo pode mudar rapidamente. Agora tenho olheiras escuras debaixo dos olhos, claramente cansada, mas incapaz de ter uma boa noite de sono sem ser perturbada por fantasmas criados pela minha consciência pesada. Sinto-me estranhamente diferente por dentro também, como se eu já não estivesse mais no controle de nada, e isso é assustador para mim.

Passo a mão pelos meus cabelos longos novamente. Desde aquele sonho tenho estado inquieta em relação a eles. Sinto um calafrio repentino. Decido que não quero mais ter esse cabelo. O cabelo que tive durante a minha vida inteira, e, principalmente, o cabelo que o fantasma do Dylan agarrava violentamente em meus pesadelos, me levando às profundezas. Só quero deixar tudo isso para trás, de certa forma. A garota de cabelos longos refletida no espelho já não sou mais eu.

Saio do banheiro, visto roupas íntimas e uma camiseta velha que costumava ficar grande demais em mim, mas agora serve perfeitamente. Então, volto para o banheiro. Paro diante do espelho pela terceira vez, dessa vez, com uma tesoura na mão, prestes a mudar o reflexo que eu havia visto durante todas as vezes em que me posicionei ali. Não sei bem se isso vai dar certo e não tenho plena certeza de que é mesmo uma boa ideia. Com certeza é algo totalmente fora da minha zona de conforto, lugar que eu não costumo visitar muito. Em toda a minha vida, nunca cortei meu cabelo tão curto, muito menos sozinha.

Ignoro todas as questões em minha mente que sejam capazes de trazer de volta o meu bom senso, e, cedendo completamente a um lapso de juízo momentâneo, divido meu cabelo no meio, como se soubesse exatamente o que estou fazendo. Separo uma mecha e levo a tesoura até a altura do meio do pescoço, onde eu pretendo cortar. Por um instante, congelo, de olhos arregalados, hesitante. Um frio na barriga toma conta de mim e quase desisto, mas antes que tenha tempo de pensar duas vezes, fecho os olhos e corto aquela mecha, depois a assisto cair sobre a pia.

E é aí que sou atingida pelo tamanho da idiotice que estou fazendo.

"Droga, droga, droga!", é a primeira coisa que penso quando volto a raciocinar direito. Vejo meu reflexo no espelho novamente: a maior parte do cabelo ainda está longo, mas a parte curta já é grande o suficiente para que eu já não possa mais transformá-la em uma franja, caso queira disfarçar. Percebo que agora já é tarde demais para voltar atrás, e as únicas duas opções que me restam são: a) deixar o cabelo assim, exatamente como está, e todos vão concluir que eu enlouqueci antes mesmo de eu enlouquecer de fato, ou, b) terminar de cortar tudo, apesar de não fazer ideia do que estou realmente fazendo.

Ainda com raiva de mim mesma por ter começado a fazer o que fiz e não ter coragem suficiente para continuar com o processo, passo cerca de cinco minutos andando de um lado para o outro no banheiro, pisando com força, esfregando os olhos e parando de dois em dois minutos na frente do espelho, na esperança de que, se eu olhasse com misericórdia suficiente para o meu próprio reflexo, toda essa bagunça seria desfeita. Meu cabelo cresceria novamente e eu teria me causado um problema a menos. Obviamente, não é o que acontece. Então, quando me canso de reclamar da bagunça que mais uma vez eu fiz, tomo a tesoura em minhas mãos novamente, e, com um frio na barriga incessante e as mãos ainda mais trêmulas do que antes, apenas continuo a cortar uma mecha atrás da outra até que todo o meu cabelo esteja completamente curto, na altura do pescoço, flutuando sobre meus ombros. Como já era de se esperar, não consigo deixar tudo exatamente reto e da mesma altura, o que não contribui para que eu goste mais do corte.

Quando acabo, fico parada, encarando meu reflexo no espelho, emburrada como uma criança.

Eu odiei.

Deixo a tesoura de lado e observo aquele monte de cabelos castanho claros jogados sobre a pia branca, se destacando. Totalmente arrependida, junto tudo e os jogo no lixo, com uma tremenda raiva de mim mesma por ter feito o que eu fiz. Às vezes, acho que eu devia ser proibida de tomar decisões. Talvez fosse ótimo se alguém mais sensato pudesse tomá-las para mim de vez em quando. O problema é que eu achei que era sensata, mas agora não pareço tanto assim.

Encosto-me na porta, de frente para o espelho, mas a alguns passos de distância. De longe, até que não parece tão ruim. Mas se eu der três passos a mais, vou ver de perto o resultado de uma decisão muito mal tomada, da qual irei me arrepender pelos próximos meses, até que meu cabelo volte a crescer.

Em um nítido sinal de arrependimento, olho para o teto, depois para o espelho, para o teto e o espelho um milhão de vezes, sem conseguir acreditar no que eu fiz. Não apenas me sinto como uma criança, mas também me pareço com uma. A raiva que estou sentindo dentro de mim adoraria escapar em forma de lágrimas, mas não consigo mais chorar por hoje. Sinto que já chorei o suficiente pela semana inteira. Então, apago a luz e saio do banheiro, me esforçando ao máximo para não bater violentamente a porta atrás de mim e acordar todas no quarto. Deito em silêncio, como se nada tivesse acontecido.

— Você está legal?

Estremeço com a voz de Sarah, que surge do nada em meio ao silêncio.

"Legal" não é exatamente um sentimento. Estar legal não é o mesmo que estar bem.

— Uhm-hum. — Murmuro, surpresa por ela já estar acordada. Então me ocorre que talvez ela nunca tenha dormido.

Mesmo deitada, consigo vê-la se sentar no colchão, e esfregar os olhos. Ainda há um pouco de rímel em seus cílios, e ele se espalha, manchando a pele ao redor de seus olhos.

— Liz? — Ela chama, quase num sussurro. — Você dormiu?

— Muito mal. E você?

— Não consegui. — Admite. — Acha que seremos como aquelas pessoas que nunca mais conseguem dormir sem a ajuda de medicamentos? — Ela divaga.

— Ou álcool. — Completo. — É, talvez. A culpa e o remorso são sentimentos horríveis, e é cientificamente comprovado que pessoas que lidam com esse tipo de emoção sem ajuda terapêutica, são mais propensas ao uso de drogas e...

— Deus, você é tão nerd! — Ela me interrompe, rindo.

— Foi mal. — Digo, sem graça.

— Não é ruim. — Fala, explicando que, de uma forma estranha, aquilo era um elogio.

Sorrio no escuro, pensando na confusão que era Sarah, e como isso devia ser uma das coisas que atraem tanto as pessoas para ela. Ter a sua aprovação, por alguma razão, era muito legal.

Depois disso, ela se deita novamente, e Daisy se mexe no colchão, ao seu lado. Abre os braços e as pernas, imersa em um sono profundo, e passa a ocupar a maior parte do colchão. Fico com a impressão de que Sarah queria falar algo, mas não falou. Talvez por falta de coragem, talvez por escolha. É como se algo tivesse ficado suspenso no ar, pairando sobre nossas cabeças. Fico em dúvida se devo perguntar ou se a deixo em paz. Se ela quisesse mesmo falar sobre algo, provavelmente já teria falado.

Suspiro.

— Sarah? — Chamo-a.

Ela não responde, mas sei que está me ouvindo.

— Pode me ajudar com uma coisa? — Pergunto.

Ela torna a se sentar no colchão. Dessa vez, também me sento.

Leva alguns segundos até que ela finalmente perceba o que há de errado. A luz do abajur parece estar ficando mais fraca depois de uma noite inteira ligada, mas ainda é o suficiente para iluminar nossos rostos. Em meu rosto, a luz alaranjada e fraca revela um enorme arrependimento, e, em seu rosto, uma enorme surpresa. Seus olhos se arregalam tanto que parecem estar prestes a saltar para fora de seu rosto, e sua boca está ligeiramente aberta. Ela a cobre com a mão. Parece ficar uma eternidade paralisada assim, ainda processando a informação não verbal que havia acabado de receber. Não era preciso que eu dissesse nada: a mudança em mim era nítida. Enquanto ela se mantém em estado de choque, eu me pergunto se ela odiou o corte tanto quanto eu. Pelo menos, Sarah é honesta. Não é o tipo de pessoa que consegue fingir gostar de algo quando, na verdade, não gostou. Quando tenta mentir para nos agradar, seu rosto denuncia a verdade. Mas dessa vez, não consigo decifrar exatamente o que está se passando em sua cabeça, porque nem mesmo a expressão em seu rosto é muito clara.

— Ai meu Deus... — a voz sai de sua boca num sussurro. — Você enlouqueceu?!

Isso não parece um bom sinal. Fecho os olhos e espero até ouvir comentários sinceros até demais sobre a loucura que eu havia acabado de fazer e sobre como eu havia acabado de arruinar minha foto do anuário do último ano.

Mas ela não diz nada. Apenas se levanta, e se aproxima, sentando-se na cama, de frente para mim. Toca as pontas do meu cabelo e as analisa de perto, como se nunca tivesse visto um cabelo curto antes. Chega a ser estranho.

— Isso está... bem torto. — Conclui.

Aperto os olhos, esperando que ela diga mais alguma coisa, mas não diz. Nem ao menos esboça qualquer reação.

— Eu sei. Por isso preciso da sua ajuda. Não consegui cortar a parte de trás direito.

Primeiro ela se afasta e me olha como se eu fosse louca de confiar uma responsabilidade como essa a ela. Depois, provavelmente conclui que não há como piorar minha situação, ou tem uma grande ideia do que fazer para tornar a situação melhor e parece se animar.

— Tudo bem. — Ela diz, dando de ombros e caminhando até o banheiro. Quando percebe que não a sigo, para na porta e me espera.

Entro cansada no banheiro, arrastando os pés como se não aguentasse mais fazer aquela rota, o que, de fato, já estava começando a me irritar. Sento-me de lado no vaso, impossibilitada de ver o meu próprio reflexo no espelho. Sarah se senta na beira da banheira, atrás de mim, e, assim que lhe entrego a tesoura, me faz prometer duas coisas: A primeira, é que vou confiar nela. A segunda é que nunca mais vou me atrever a fazer uma coisa dessas.

Cuidadosamente, como uma mãe que arruma a bagunça de uma filha, ela corta o meu cabelo, tentando ao máximo manter o novo comprimento. Demora uma eternidade. É como se ela estivesse cortando fio por fio, mas não me atrevo a reclamar. Prometi que confiaria nela. Vez ou outra, fecho os olhos ao som do barulhinho da tesoura e a respiração quente de Sarah bem no meu ouvido, extremamente concentrada. Enquanto trabalha, ela não diz coisa alguma. Então, de cinco em cinco minutos, abaixo a cabeça e acabo por quase cair no sono, e ela pacientemente segura a minha cabeça e a coloca de volta na posição anterior: olhando para a frente, para os azulejos brancos e vazios do meu banheiro.

Sarah e eu nos conhecemos no sexto ano. Fiquei no time dela durante uma partida de futebol, e uma garota que, tanto Sarah quanto eu, simplesmente não conseguimos lembrar o nome atualmente, não parava de me derrubar. Era um tanto agressiva. Sarah se irritou tão profundamente com a garota, que chegou a ser assustador até mesmo para mim, que estava sob sua defesa. Ela empurrou a garota com tanta força, que a garota chegou a cambalear para trás. Talvez tivesse caído se fosse tão baixinha quanto eu. Sarah era ligeiramente menor do que a garota, mas estava tão enfurecida que conseguiu assustá-la facilmente. Ela jurou arrancar todos os fios de cabelo de sua cabeça se não me deixasse em paz. Do chão, consegui ver as bochechas da minha agressora enrubescerem, talvez de raiva, talvez de vergonha ou medo. No final, todas nós fomos parar na sala da diretora, mas não tivemos problemas porque Sarah cuidou de tudo. Era muito decidida e opinativa para sua idade, o que era impressionante e intimidador ao mesmo tempo. Mas, se você estivesse do lado dela, isso costumava ser algo bom.

Até hoje, não consigo entender a razão pela qual Sarah decidiu agir em minha defesa. Até então, não éramos amigas, e naquele dia, me senti escolhida por ela, já que depois disso, ela estava sempre por perto para "me meter em encrenca, mas também me proteger". Talvez tivesse feito aquilo simplesmente porque ter uma jogadora que sempre ia parar no chão estivesse atrapalhando o desempenho de seu time, e ela sempre foi extremamente competitiva. Mas parte de mim acredita mesmo que ela só me defendeu porque Sarah tem o coração mole, apesar de sempre ter sustentado a pose de durona. Desde aquela época, ela já parecia estar destinada a ser quem é: a garota popular que todos conhecem e de certa forma, até temem. A amiga atenciosa que tenta parecer fria quando se sente ameaçada de descobrirem o quão frágil ela é.

Às vezes, ser amiga da Sarah é estranho. Quer dizer, na maioria das vezes, é ótimo. Mas às vezes, me sinto como se estivesse presa em uma montanha-russa, e nem sempre se está com humor para esse tipo de brinquedo. Há poucas horas, eu mal podia suportar seu comportamento. A maneira como ela trata certas coisas importantes com descaso me irrita mais do que eu posso colocar em palavras. Mas agora, e acima de qualquer momento que tenha desejado o contrário, estou feliz que ela esteja aqui, e, mais do que nunca, estou feliz que sejamos amigas.

Quando finalmente termina, ela me deixa olhar no espelho. Tenho uma surpresa ao ver que o corte, quando cortado adequadamente, até que fica bem legal. Ao menos me sinto menos arrependida do que antes. Acho que consigo sobreviver assim. O corte subiu um dedo, mas ainda permanece na altura do pescoço, apesar de a parte de trás parecer estar mais curta. Sarah diz que é porque agora está reto e decente, diferente de antes.

Voltamos para o quarto e nos deitamos. Do lado de fora, o céu já está começando a clarear. Não sei que horas são, mas também não sinto vontade de saber.

— Sarah? — Chamo-a novamente, já deitada em minha cama.

— O quê? — Ela sussurra de volta.

— Obrigada. — Agradeço.

No escuro do quarto, consigo imaginá-la sorrindo do jeito mais "Sarah" possível ao dizer:

— Não me agradeça ainda. Quando o outono chegar, você vai sentir frio no pescoço.

Solto um riso fraco, e ficamos em silêncio. Torço para que eu consiga dormir um pouco melhor agora.

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