30 (liz)
— Garota, você sabe que horas são? — Cassie resmunga, sonolenta, do outro lado do celular. Pela chamada de vídeo, consigo ver que ela já estava dormindo profundamente, com parte do rosto amassada pelo travesseiro e o cabelo preso em um coque desgrenhado.
Solto um riso da cena enquanto Sarah, fazendo as unhas, tenta ajeitar o celular em uma posição que não a atrapalhe.
— Como foi o jantar? — Ela pergunta, enquanto lixa as unhas. Aparentemente, não recebeu o meu recado.
Levanto os olhos para o teto do meu quarto, tentando encontrar o adjetivo que melhor descreva essa noite.
— Foi... desconfortável. — Falo, sucinta. Talvez essa palavra seja boa o bastante para resumir a coisa toda.
— Como assim? — Sarah questiona, parando de pintar as unhas por um segundo para olhar a tela do celular e tentar ler a minha expressão facial, em vão.
— A mãe dele é um amor, mas... o pai dele é... estranho.
Sarah arqueia as sobrancelhas, mas não torna a olhar para a câmera. Está concentrada demais em passar camadas de esmalte preto em suas unhas, tentando fazer o mínimo de sujeira possível.
— Bom, pelo menos ele tem pai. — Zomba.
Cassie revira os olhos.
— Sarah! — Exclamamos em uníssono.
— O que foi? Eu estou brincando. Tenho licença para fazer esse tipo de piada.
Balanço a cabeça.
— Você é ridícula.
— Lizzie, o que quer dizer com "estranho", exatamente? — Cassie pergunta, sentando-se em sua cama. Seu cérebro parece estar despertando agora.
Curvo os lábios para baixo, confusa.
— Isso importa?
Ela esfrega o rosto. Ao que tudo indica, não removeu a maquiagem antes de dormir, porque seus olhos ficam manchados por um resquício de rímel presente em seus cílios.
— Acho que sim. Tem o estranho inofensivo e o estranho... você sabe...
— Ofensivo? — Sugere Sarah.
Cassie fecha os olhos e sorri.
— É. Obrigada, Sarah. — Concorda, embora obviamente esse não fosse o termo que ela estava procurando. Talvez nem esteja correto.
Dou de ombros.
— Bom, eu sei lá. Ele é meio indiscreto. Arrogante. Claramente tem preferência por um dos filhos e não tem vergonha de demonstrar isso. Ele parece sempre disposto e pronto para deixar as pessoas ao redor desconfortáveis de alguma forma, só por diversão, e tudo o que ele diz parece sempre ter um fundo de... intenção maliciosa. Não sei bem como descrever.
Sarah faz uma careta.
— Ai, que nojo.
— Não desse jeito! — Exclamo, supondo que ela entendeu a coisa toda de um modo diferente.
— Mesmo assim! — Ela rebate.
— Bom, sim, é bem desagradável. — Concordo. — Acho que ele não gostou muito de mim.
Ela e Cassie parecem analisar as circunstâncias.
— Acho que se uma pessoa babaca não gosta de você, é sempre um bom sinal. — Argumenta Cassie.
Sorrio.
— É, eu pensei o mesmo. — Admito.
Cassie franze o cenho, intrigada.
— Então não foi isso o que te incomodou? — Questiona.
— Eu não iria tão longe. Foi bem incômodo, sim. Só não foi o pior. — Respondo.
Ela arqueia as sobrancelhas, surpresa.
— Minha nossa.
— O que mais aconteceu? — Sarah pergunta, passando a segunda camada de esmalte nas unhas. Apesar de estar concentrada em outra coisa, parece estar bem atenta à nossa conversa também.
— É que... Noah não pareceu muito incomodado com nada disso durante o jantar. — Revelo.
— Uh-oh. — Cassie resmunga, como se já soubesse o que isso significa.
— Quer dizer, ele até chamou a atenção dos pais vez ou outra, quando o tópico se tornava inconveniente para ele, mas... ele não discordou do pai tanto quanto achei que discordaria. Não pareceu se incomodar quando ele foi indiscreto comigo ou com Theo, o que me fez questionar se, no fundo, Noah pensa da mesma forma que ele sobre a maioria das coisas, ou tudo.
Cassie balança a cabeça.
— Deixa eu adivinhar: Noah é o filho preferido? — Supõe.
— É. — Afirmo. — Surpresa?
— Nem um pouco.
— E então? — Sarah pergunta, parecendo estar bem envolvida na história a essa altura.
— Depois do jantar nós subimos para o quarto dele e...
— Hum... — Elas zombam.
— Nada disso. — Interrompo-as, antes que as ideias malucas sobre isso comecem a surgir. — Nós só vimos um filme.
— Qual filme?
— 10 coisas que odeio em você. — Respondo, sem saber porquê isso parece relevante para elas.
Sarah arqueia as sobrancelhas, com um risinho malicioso nos lábios.
— É sério? O que você fez para ele concordar em assistir esse filme? — Insinua.
Dou risada, envergonhada, mesmo sabendo que nada disso é verdade.
— Parem com isso, está bem? Não fizemos nada. Nós só assistimos ao filme mesmo. Noah dormiu na metade do filme, então eu vim embora para a casa.
— Sozinha? — Estranha Sarah.
Comprimo os lábios, ciente do que ela vai achar sobre a minha resposta.
— Não. Theo me trouxe até em casa. — Revelo.
Sarah fica estática do outro lado da tela, como se fosse incapaz de reagir a isso.
— Espere, o irmão do Noah? Estou perdendo alguma coisa aqui? — Indaga Cassie, perdida em meio à conversa.
Sarah solta um riso debochado.
— Você não sabia? Liz está pensando em trocar de Thompson. — Zomba.
— O quê?! — Cassie grita do outro lado da linha, perplexa.
Reviro os olhos. Isso é ridículo e está passando dos limites.
— Não! Pare com isso, Sarah! — Exclamo, zangada. — Ele só estava acordado e me ofereceu carona, só isso. Theo e eu somos só amigos.
Consigo sentir seu olhar reprovador me atingir através da tela do celular.
— Mas você se lembra que um dia você e Noah também foram "só amigos", não é?
Cassie permanece boquiaberta por algum tempo, digerindo a notícia.
— Nossa. Por quanto tempo ficou naquela enfermaria para se tornarem amigos tão rápido? — Pergunta, e ela e Sarah riem.
— Meninas, parem, por favor. — Peço, massageando as têmporas. — Isso não tem graça.
— Está bem, está bem. Mas falando sério, Lizzie, sabe que nós te amamos, mas você não acha isso tudo um pouco estranho? — Cassie diz. Tem um jeitinho mais sútil do que Sarah de manifestar sua opinião sobre as coisas, mas sempre encontra um modo de fazê-lo.
Suspiro. Para ser honesta, esse nem era o principal ponto desta conversa e não tenho mais energia para discutir isso com mais profundidade. Não é como se importasse, de qualquer forma. Poderia citar uma lista inteira de razões bem plausíveis pelas quais Theodore e eu jamais poderíamos nos tornar algo além de apenas amigos.
— É, talvez seja um pouco estranho. — Admito. — Mas não tão estranho quanto isso. — Falo, tirando da bolsa a identidade falsa que encontrei no quarto de Noah, e torcendo para que isso seja o suficiente para mudarmos de assunto.
As duas parecem confusas, aproximando os rostos da tela do celular para enxergar melhor o item que estou segurando em minhas mãos.
— O que é isso aí? — Pergunta Cassie, apertando os olhos. — Quem é Jake Romanov?
Retiro o polegar de cima da foto, e as duas soltam um ruído de perturbação.
— Liz, o que é isso?
— Não é óbvio? Uma identidade falsa. — Explico.
— Acha que isso significa alguma coisa? Quer dizer, nós também temos...
— Ele não estava usando isso para comprar bebida, Sarah. — Interrompo, antes que ela termine a frase. Retiro a chave e o recibo do depósito da parte de trás do documento, mostrando a elas, que ficam perplexas, como era de se esperar.
— O que acha que ele guarda lá? — Indaga Cassie, receosa sobre supor algo tão terrível sobre alguém tão importante para mim. Mas a essa altura, já não tenho otimismo algum sobre essa situação.
— O que você acha? — Retruco. Todas nós estamos pensando a mesma coisa: o corpo de Dylan está desaparecido há semanas, e, se não foi Colin o responsável por dar um fim nele, só poderia ser outra pessoa que sabia exatamente onde encontrá-lo antes mesmo da polícia. Alguém que estava conosco naquela floresta, mesmo sem percebermos. A mesma pessoa que não queria que voltássemos lá. A mesma pessoa que não me julgou quando contei o que aconteceu naquela noite, talvez por saber que era capaz de fazer muito pior do que nós fizemos.
Sarah suspira, esfregando o espaço entre as sobrancelhas como se isso a ajudasse a raciocinar melhor.
— Precisamos ir até lá. — Fala, por fim.
Cassie arregala os olhos, nervosa.
— Acho que já concluímos que isso nunca dá certo. — Argumenta.
Sarah franze o cenho, como se não fizesse ideia do que ela está falando.
— Por quê não?
— Bom, da última vez que tentamos bancar as detetives, Liz terminou a noite na enfermaria de uma universidade com seis pontos na perna.
— Mas também descobrimos que foi Colin quem enviou a foto para ela.
— E que não foi ele quem tirou o corpo da cova. — Completo.
— Acha que ele estava falando a verdade quando disse todas aquelas coisas sobre Noah? — Indaga Sarah.
Suspiro, sentindo o peso da desesperança em meu peito.
— Eu não sei. Talvez. Não acredito que estou mesmo dando algum crédito a algo que saiu da boca de Colin, mas... não acho que reste muitas opções para nós a essa altura.
— No pior dos casos, talvez a gente descubra que ele tem um depósito para colecionar gnomos de jardim. — Sarah diz, e Cassie solta uma gargalhada.
— Isso ainda seria estranho e assustador. De um jeito completamente diferente, mas seria. — Falo, rindo enquanto tento imaginar a cena de uma centena de gnomos de jardim olhando para nós assim que abríssemos o depósito.
Sarah ri.
— Só quero dizer que, de uma forma ou de outra, certamente não será em vão.
Sei o que ela está fazendo. Está tentando me consolar com antecedência, porque, no fundo, também espera o pior. Está tentando amenizar o impacto da queda do meu coração contra o chão, para reduzir os danos.
— Podemos ir amanhã depois da escola. — Sugere Cassie. — Até lá, Liz, acha que consegue agir normalmente com Noah para que ele não desconfie de nada?
Oof. Essa parece ser uma missão complicada na qual eu já reprovei inúmeras vezes. Não sou boa em esconder o que sinto, especialmente com Noah. Até onde sei, ele tem uma habilidade impressionante de ler minhas ações e expressões. Tive sorte de escapar sem levantar suspeitas hoje, o que talvez só tenha acontecido graças ao seu desejo de super-compensar a explosão que teve durante a nossa conversa.
— E-eu não sei, acho que sim. — Respondo no automático quando ouço batidas na janela do meu quarto e viro o rosto em sua direção para me certificar de que foi apenas um galho da árvore, mas, para a minha surpresa, não foi.
Meu coração dispara de susto quando o vejo em minha janela, utilizando-se dos galhos da árvore para ficar na altura do meu quarto. Arregalo os olhos diante da cena.
— Não se preocupem, vou dar um jeito. Tenho que ir. — Digo às pressas, tentando evitar o escândalo que minhas amigas fariam se soubessem que me tornei próxima o suficiente de Theodore Thompson a ponto dele achar que pode simplesmente aparecer em minha janela de madrugada porque somos amigos, ao invés de julgar como uma coisa assustadora de se fazer.
As duas concordam em encerrar a conversa por aqui sem questionar, provavelmente por causa do horário. Acabo de me dar conta de que já são 01h47 da manhã.
— Está bem. Boa noite, suas malucas. Sonhem com o Leo.
Cassie franze o cenho, confusa.
— Sarah, quem é Leo?
— Leo DiCaprio! — Ela exclama, como se devesse ser óbvio para nós.
— Sabe que só pode se dar esse luxo até os seus vinte e quatro anos, não é? Aos vinte e cinco, você se torna velha demais para ele. — Zomba Cassie.
Ela revira os olhos.
— Tenho só dezoito. Ainda tenho muita lenha para queimar.
— Você é lunática. — Cassie comenta, rindo.
— Beijinhos. — Ela se despede, e desligamos a ligação.
Por fim, corro até a janela e a abro o suficiente para que ele entre em meu quarto através dela. Quando se coloca de pé sobre o carpete, parecendo orgulhoso de suas habilidades terem sido suficientes para fazer com que ele esteja aqui, olha ao redor, admirando o quarto como se estivesse visitando o cenário de um filme que já assistiu milhões de vezes, e fosse tão mágico quanto ele esperava que fosse.
— Quarto legal. — Fala, com naturalidade.
Fico o observando boquiaberta por alguns segundos, sem saber direito o que perguntar primeiro.
— O que está fazendo aqui? — Balbucio, ainda em choque.
— É que eu... — ele começa a dizer, mas para de repente ao colocar os olhos em mim, como se tivesse perdido o fôlego ou a coragem, ou então as duas coisas.
Arqueio as sobrancelhas, intrigada, esperando que ele continue.
Theo suspira, e olha para além de mim, repentinamente hesitante sobre o que tem a dizer, como se antes estivesse cheio de coragem e lhe parecesse a coisa certa a se fazer, mas agora, já não tivesse tanta certeza disso.
— Gosto de você, Liz. — Ele diz então, bem quando eu já estava perdendo as esperanças de saber o que é que ele tinha a dizer que era tão importante a ponto dele estar aqui agora.
Engulo em seco, completamente em choque. De todas as coisas que imaginei que ele poderia me dizer, não imaginei que seria isso.
Theo prossegue, eufórico, antes que o momento de coragem escape novamente:
— Gosto de você desde que você foi àquela festa e passou a maior parte da nossa conversa me encarando com seus olhinhos julgadores, e eu sabia que merecia aquilo, está bem? E sim, eu sei que sou uma pessoa terrível por me apaixonar por você quando você está com o Noah, e sim, não existem desculpas para mim, eu sou o pior. E você merece alguém bom. Você merece alguém como o meu irmão, que é alguém decente e que jamais faria o que estou fazendo agora. — Ele admite, com certo pesar. — Mas... eu não consigo parar de pensar em você, e eu me sinto terrível. Não consigo parar de ouvir sua risada, eu sonho com ela quase todas as noites e eu acordo extasiado, desejando poder abrir os meus olhos e ver você ali. Eu não consigo parar de pensar no seu cabelo curto e de me perguntar qual deve ser a droga do shampoo que você usa, porque tem cheiro de chocolate, e por alguma razão parece ter ficado no meu travesseiro desde a única noite em que você esteve no meu quarto, o que é maluquice! — Ele faz uma pausa, ofegante, aproximando-se de mim. Não recuo. Talvez esteja perplexa demais para conseguir mover os meus pés, ou talvez, bem lá no fundo, nas partes mais escuras e inacessíveis da minha mente, eu entenda exatamente o que ele está dizendo por sentir o mesmo. Seja lá qual for o real motivo, permaneço imóvel, com o coração acelerado, sentindo-me incapaz de identificar quais emoções estão se espalhando pelo meu corpo nesse momento. — Eu gosto de tudo em você. Gosto da sua teimosia, do seu nome, do seu senso de humor, e da sua companhia. Eu gosto que você é genuinamente gentil, doce e inteligente. E gosto da sua voz. Gosto de te ouvir falar, e até mesmo de quando grita comigo porque eu disse ou fiz algo estúpido, e por alguma razão eu realmente desejo ser melhor quando você me mostra que estou sendo estúpido, e eu nunca senti isso antes por ninguém, o que é assustador e tremendamente inconveniente, porque... você não é minha. — Ele diz, suspirando. Theo me olha nos olhos com uma intensidade penetrante, como se quisesse ter certeza de que estou prestando atenção em cada palavra que ele está dizendo, porque talvez nunca mais possa dizê-las novamente. — Eu não planejei isso, Liz. Mas acho que preciso encarar o fato de que... eu gosto muito de você. Para ser sincero, eu até acho que eu...
— Por favor, não diga isso. — Peço, interrompendo-o, antes que seja tarde demais.
Ele assente, engolindo suas palavras. O "eu te amo" fica pendente no ar por alguns segundos, mesmo sem ter sido dito.
— É terrível, eu sei. Eu não poderia ter escolhido uma dinâmica mais complicada para isso. E eu sinto muito. — Ele reconhece, diante da minha ausência de resposta. — Mas eu não posso mais fingir que não sinto isso por você. Eu não espero que sinta o mesmo, eu só.... só queria muito te falar isso. — Diz, aproximando-se ainda mais de mim, a ponto de nossos rostos se tocarem, mas não tenta fazer nada que não deveria, apesar de engolir em seco, como se lutasse contra seus instintos. — As pessoas nunca esperaram muito de mim, Elizabeth. E eu estava acostumado com isso até você chegar. Você foi a primeira a esperar algo de mim e a acreditar que eu poderia alcançar suas expectativas. Então, obrigada. Você me fez uma pessoa melhor apenas por acreditar em mim.
Por alguma razão, sinto lágrimas brotarem em meus olhos, talvez por ser a coisa mais bonita que alguém já me disse de forma sincera, ou por saber que, independentemente de como me sinta de verdade sobre ele, jamais poderiamos ficar juntos dessa forma.
Penso em Noah e em como, apesar de sentir que nem mesmo o conheço agora, ainda não seria capaz de fazer isso com ele. Penso em como é irônico que durante todos esses anos só tive olhos para ele, e me atrevo a me perguntar se seria diferente se Theodore sempre estivesse estado por perto. Se Theo nunca tivesse ido para Rosefield, seria ele? Ele sequer prestaria atenção em mim se eu não fosse a garota por quem Noah sempre foi apaixonado? Ainda teríamos desenvolvido a mesma conexão rara, e no fim, acabaríamos juntos? Se o acidente nunca tivesse acontecido, e eu apenas vivesse o tipo de vida normal na qual Theo poderia facilmente ser inserido, nossos obstáculos pareceriam pequenos o suficiente para que nos déssemos uma chance?
Suspiro, com pesar, sentindo uma pontada no estômago e um nó se formando em minha garganta.
— Theo, eu... eu não posso. — Respondo, enfim.
Ele assente, em concordância, seu rosto ainda tocando o meu, impedido apenas pela barreira invisível do bom-senso.
— Eu sei. — Fala, engolindo em seco. — Mas se pudesse...
Tento formar um sorriso gentil.
— Acho que isso não importa, não é? — É a conclusão a qual eu chego no final das contas. Apesar de não conseguir evitar pensar em todos os "se" que poderiam ter acontecido, a única realidade final é essa. Eu sei disso, e Theo parece saber também.
— É. Têm razão. — Concorda.
— Sinto muito.
— Eu também. — Ele diz, afastando-se a passos lentos. — É melhor eu ir. — Conclui, caminhando de volta até a minha janela.
Assinto, no fundo, desejando que ele fique, especialmente porque sinto que isso é um adeus. Mas às vezes, amar significa fazer a coisa certa, e a coisa certa é deixá-lo ir.
Então ele vai.
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