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26 (liz)

— Ugh! Sai para lá, suas mãos estão com cheiro de alho! — Cassie exclama quando Sarah tenta ajudá-la a se livrar de uma mecha de cabelo que cai sobre os seus olhos enquanto ela prepara a massa de biscoitos em uma tigela.

Sarah abre a boca, indignada.

— Ei! É isso o que eu ganho por preparar um banquete para o jantar?

— Eu não sei se chamaria uma simples macarronada de "banquete". — Pontua.

— Tudo bem, agora eu estou oficialmente ofendida. — Sarah fala, com um ar dramático.

Cassie ri.

— Não fique. Estou fazendo cookies por sua causa.

Consigo observá-las da sala, enquanto Daisy e eu terminamos de arrumar os colchões no chão e tentamos decidir o que iremos assistir, embora eu já saiba que no final, acabaremos assistindo alguma comédia romântica dessas que já vimos um milhão de vezes, ou alguns episódios de Sex and the city. No fundo, isso não importa. O propósito dessa noite é apenas nos divertirmos como nos velhos tempos, sem pensar ou falar de nossos problemas atuais, o que veio em boa hora.

Quando Sarah nos contou que Daisy estava prestes a se mudar de Redgrove, senti como se fosse o fim definitivo de uma era. Não que as coisas entre nós estivessem muito normais antes. A melhor era de nossas vidas já vinha se despedaçando aos poucos há semanas, talvez meses. Mas agora, com a separação oficial de uma de nós, sinto que as coisas realmente mudaram, de um jeito impossível de ser restaurado, tipo quando se vira adulto e, quase que do dia para a noite, precisa aceitar de uma vez que o mundo que você conhecia e a forma como viveu a vida toda até então já não vai servir mais pelo resto de sua vida dali para frente.

Não sei se choque foi uma das coisas que sentimos diante da notícia, mas certamente uma sensação de melancolia e, de certa forma, até de luto. Ficamos em silêncio, processando os fatos enquanto atravessávamos todos os cinco estágios da montanha-russa emocional: negação, raiva, barganha, depressão, e, por fim, a aceitação. No último estágio, Sarah decidiu ser a primeira a se levantar e sacudir a poeira, e sugeriu que fizéssemos uma despedida surpresa para Daisy, o que foi uma sugestão estranha porque as duas haviam acabado de voltar de uma suspensão e não estavam nem mesmo se cumprimentando quando se viam no corredor naquela semana. Talvez, parte dela só tenha sugerido isso tão rápido porque se sentia culpada pela briga entre as duas, que extrapolou todos os limites pela primeira vez na história de nosso grupo. Quando éramos mais novas, vez ou outra brigávamos por alguma futilidade, mas as discussões se resumiam a troca de bilhetinhos durante as aulas e ao final do último período, a paz costumava já ter se reestabelecido por completo. Como ainda não conhecíamos o procedimento para uma briga física consideravelmente mais grave do que qualquer outra que já tivemos antes, Cassie e eu não sabíamos exatamente como reagir ou o que esperar disso tudo. Então, quando Sarah sugeriu uma noite das garotas como nos velhos tempos, para nos despedirmos de Daisy com uma memória boa, ficamos confusas, mas não contestamos. A ideia não parecia tão ruim, afinal. Ao menos, parece ter sido a desculpa perfeita para ela e Daisy voltarem a se falar depois de alguns dias.

Para a nossa surpresa, Daisy aceitou o convite com animação. Achamos que, ainda que a ideia parecesse agradável, ela não iria concordar em passar uma noite inteira fingindo que as coisas ainda são como antes. Mas, ao que parece, Daisy também gostaria de levar boas memórias da nossa amizade, ao invés de todo esse caos no qual nos metemos nos últimos tempos.

Então, no sábado, nos reunimos na casa de Sarah e organizamos uma festa do pijama como nos velhos tempos, para finalmente termos uma noite de diversão. Cassie disse que estava mais para "noite da negação". No fim das contas, o nome não importa, contanto que isso faça algo pela nossa sanidade mental. A única regra da noite era não falar sobre nada que pudesse estragar o clima de alegria (e negação) desse momento. Nada sobre o acidente, ou a foto, ou o corpo, ou a polícia, ou a briga das garotas, ou até mesmo sobre o encontro que tive com Colin para descobrir mais detalhes sobre aquela noite. Até agora, não tive a chance de falar com as garotas sobre isso, e sinto que todos esses pensamentos estão derretendo o meu cérebro. Sinto que estava mais certa sobre a inocência de Noah enquanto ainda estava com Colin, porque é difícil acreditar que Noah tem alguma chance de ser culpado quando colocado em comparação com Colin. Mas agora que nenhum dos dois está aqui, confesso que minha mente viaja oscilante por todas as possibilidades, incluindo a possibilidade de que Noah não esteja me contando tudo sobre aquela noite, e, contra todas as probabilidades, a possibilidade de que Colin estivesse me dizendo a verdade.

Mas essa noite não é sobre isso. Suspiro fundo, tentando me convencer de que eu consigo não pensar nisso por uma noite. Vai ser bom. Vai ser um alívio.

— Ei! Não pensem que eu não percebi que vocês estão enrolando aí na sala para não ter que nos ajudar com o jantar. — Grita Cassie, em direção a nós. Daisy e eu nos entreolhamos.

Dou de ombros.

— Em minha defesa, eu disse que deveríamos ter comprado umas pizzas.

Cassie revira os olhos.

— Mas essa é uma ocasião especial! Daisy vai nos deixar, ela merece um jantar feito com carinho... e mais alho do que deveria, aparentemente.

Daisy ri, mas Sarah responde à indireto com um olhar fuzilante direcionado a Cassie.

— Pizza é especial! — Defendo.

— Vocês não tem senso culinário. Tenho pena de vocês. — Zomba Cassie.

Sarah ergue as mãos no ar, como se estivesse se rendendo de vez.

— Tá legal, Daisy, vou precisar que me substitua aqui na cozinha. A Sargento Biscoito está me enlouquecendo. — Sarah fala, tirando o avental e colocando-o sobre o balcão antes de enfiar o dedo com cheiro de alho no nariz de Cassie, que se contorce pela cozinha, reclamando.

Daisy e eu rimos, então ela se levanta e corre até a cozinha para substituir Sarah, que caminha até mim e se joga no colchão ao meu lado.

— Já vou avisando que não quero filmes que vão me fazer chorar no final. Estou cansada disso. — Diz, enquanto vasculho o catálogo do streaming pela terceira vez, sem sucesso.

— O que você sugere? — Pergunto.

Ela curva os lábios para baixo, como quem não sabe exatamente o que quer.

Quatro amigas e um jeans viajante? — Sugiro então, quando fica claro que passaremos a noite toda tentando decidir isso se não começarmos agora.

Sarah faz uma careta.

— Eca. Odeio esse. É tão sem graça!

Cartas para Julieta? — Continuo.

— Não. Me lembra que eu não tenho um namorado e não estou passando as férias na Itália. — Rebate.

Dou risada.

— Certo. Legalmente loira?

Ela reflete por alguns segundos, e enfim, dá de ombros.

— É, talvez. — Responde, mas não soa tão animada.

— E que tal Meninas malvadas? — Faço uma tentativa final. Já estou começando a ficar sem opções.

— O musical? — Ela pergunta.

Dessa vez, eu é quem faço uma careta.

— Ugh, não.

— Então pode ser. — Concorda, por fim.

Da cozinha, ouvimos Daisy e Cassie rindo sobre a decoração dos cookies.

— Como acha que Cassie está lidando com isso? — Sarah cochicha para mim.

Franzo o cenho, confusa.

— Como assim?

— Ah, você sabe. Sempre fomos um grupo, mas... as duas têm um vínculo especial. Como nós duas. Eu ficaria arrasada se você fosse embora. Choraria por semanas. Mas de um jeito legal, você sabe.

Dou risada.

— "De um jeito legal"? — Pergunto, confusa.

— Sim, eu choraria com estilo. Usaria roupas pretas e maquiagem pesada para simbolizar o luto e passaria semanas usando óculos escuro para esconder meus olhos inchados. Mas de um jeito que as pessoas confundiriam isso com estilo, sabe? — Explica Sarah.

Minha risada aumenta. Ela é maluca.

— Obrigada, isso foi muito fofo, eu acho.

— É, eu posso ser fofa às vezes. — Fala, antes de voltarmos a observar as duas na cozinha.

Suspiro.

— Acho que Cassie vai ficar bem, dentro do possível. Daisy já não passa tanto tempo com a gente como antes, e isso deve ter dado a chance dela se acostumar aos poucos com sua ausência. Mas também acho que isso marca o fim definitivo das coisas como eram antes, o que não é fácil de aceitar. — Reflito.

— É, isso é uma droga. — Sarah resmunga, antes de ficarmos em silêncio.

— Estou ficando deprimida. — Comento.

— Eu também. Vamos mudar de assunto. Quer um refri? — Pergunta ela.

Dou de ombros.

— Bom, já que está se oferecendo para se levantar e ir buscar para mim, então, sim.

Ela aperta os olhos.

— Quando foi que ficou tão preguiçosa? — Questiona.

— Me dê um desconto, machuquei a perna recentemente e ainda estou me recuperando! — Exclamo, sendo dramática.

Sarah ri, observando a cicatriz em minha coxa, parcialmente exposta pelo shorts do meu pijama.

— Essa cicatriz já está completamente fechada, Elizabeth, não me venha com essa desculpinha! Isso pode colar com a professora de ginástica, mas comigo não.

Elizabeth. Theodore realmente sabia o que estava fazendo quando escolheu me chamar assim. É quase inevitável não pensar nele agora. Mas que droga!

— O que foi? — Sarah pergunta, notando que minha expressão se fechou por um instante.

— Nada. — Respondo, balançando a cabeça para afastar o pensamento. — Só me lembrei de que preciso falar com a professora essa semana. — Minto. Na verdade, essa questão já está resolvida. Eu posso passar um mês sem fazer as aulas da ginástica se entregar um trabalho escrito sobre os benefícios da ginástica para jovens em desenvolvimento. Por mais irritante que seja, ainda prefiro isso a dar voltas na quadra durante o frio. Mas não consigo falar a verdade sobre o que estou pensando agora. Não consigo falar sobre isso ainda. Nem ao menos consegui falar sobre o fato de que acordei no quarto de Theodore na manhã passada. É estranho e confuso demais, e essa noite é para evitar os assuntos confusos. — E, para a sua informação, ainda não me recuperei completamente. Ouvi dizer que esforço em excesso pode romper a cicatriz, porque ainda é uma camada de pele muito frágil, então pode me fazer esse favor? — Peço, fazendo um beicinho, na esperança de que isso a convença.

Sarah revira os olhos.

— Tá legal. — Resmunga, levantando-se e indo até a cozinha para buscar o refrigerante.

— Essa não. Você não voltou para cozinhar, não é? — Zomba Cassie, ao vê-la se aproximar novamente.

— Ha ha. Engraçadinha. É melhor torcer para esses cookies ficarem bons, ou vai ter que me ouvir falar disso a noite inteira.

Cassie inclina a cabeça, como se Sarah tivesse dito a coisa mais absurda do mundo.

— Confio em minhas habilidades culinárias. Vão ser os melhores cookies que vocês já comeram. — Responde, confiante.

Sarah mostra a língua para ela e lhe dá as costas, retornando até mim e deitando-se ao meu lado. Conversamos sobre as mesmas coisas bobas que costumávamos conversar antes, como se nada tivesse mudado. Cassie nos atualiza sobre as tendências da moda, falamos sobre lançamentos de séries que queremos assistir, Sarah lista os atores de Hollywood com quem se casaria, falamos sobre a vida amorosa da Taylor Swift e testamos as máscaras faciais coreanas que Daisy trouxe antes de jantarmos o macarrão com queijo que Sarah preparou. Apenas coisas que um grupo normal de amigas faria. Senti muita falta disso. Em meio a noites caóticas e conversas apavorantes, nem me lembrava de como era estar com minhas amigas de um jeito normal e agradável. Acho que Daisy também não se lembrava, o que tornava mais fácil ir embora. Mas agora, vez ou outra a flagro nos olhando com certo pesar, e até mesmo lágrimas nos olhos.

— Ao menos agora Daisy vai poder namorar um garoto britânico e postar fotos com a letra de London Boy na legenda. — Cassie fala, animada com a ideia. Apesar de constantemente dizer que a última coisa que quer em seus "anos dourados" é um namorado, no fundo, ela é uma romântica incurável.

Daisy ri.

— Nunca entendi essa coisa de sotaque britânico, quer dizer, é só um sotaque, não é?

Cassie franze o cenho.

— Ah, fala sério! O sotaque deles é lindo. Já ouviu Harry Styles dando entrevistas? É impossível não se derreter.

O resto de nós assente em concordância.

— Bom, eu não sei. Para ser sincera, acho que tenho uma queda por australianos. De preferência, surfistas. — Daisy diz, mordendo um pedaço do cookie que Cassie preparou. Embora Sarah odeie dar o braço a torcer, precisa reconhecer que de fato, é o melhor cookie que já comemos.

Cassie dá de ombros.

— Nada mal também. Mas o sotaque não é dos melhores. E não existe uma música com o nome "Sydney Boy", então devia pensar bem.

Damos risada. Gostaria que ficássemos assim para sempre, ou que essa noite não acabasse nunca. Mas não importa, porque o tempo não deixa de passar apenas porque queremos.

Depois de longas horas de conversas leves, risadas, biscoitos e jogos de mímica, finalmente nos deitamos para dormir. Cassie e Daisy ocupam o enorme sofá da sala de Sarah, e nós duas nos deitamos no colchão estendido sobre o chão. Assistimos Meninas malvadas pela milésima vez, e depois, como eu havia previsto, colocamos alguns episódios de Sex and the city para cair no sono de vez. Ao menos, funciona para a maioria de nós.

Fico deitada durante duas horas, persistindo em adormecer, mas não consigo. Viro-me de um lado para o outro no colchão, até que Sarah, sonolenta, resmunga algo sobre eu estar puxando toda a coberta para mim, e então volta a dormir.

Por fim, desisto. Sinto como se houvesse uma pulga atrás da minha orelha que me deixa inquieta, incapacitada de pegar no sono. Por mais que odeie admitir, não consigo parar de pensar em Noah e em tudo o que Colin disse a seu respeito. Parte de mim está completamente cética. A ideia de Noah ser capaz de fazer as coisas que Colin falou é intragável para mim. Mas há uma parte de mim que está tão exausta dessa história toda, que tende a acreditar que todos são capazes de tudo, inclusive Noah.

Suspiro, cansada. A melhor parte da noite parece ter se encerrado agora que todas estão dormindo, e estou de volta à dura realidade da qual não consigo escapar por muito tempo, por mais que tente. Posso fingir que nada está errado por algumas horas, mas não para sempre. Sozinha, no silêncio da noite, as vozes da minha mente começam a falar sem parar.

Levanto-me devagar do colchão e atravesso a sala e a cozinha na ponta dos pés até chegar à porta de vidro que leva aos fundos da casa de Sarah. Abro-a lentamente, tentando não fazer muito barulho, e saio para fora enrolada na coberta, sentando-me na borda da piscina iluminada por luzes de led coloridas.

Passo alguns minutos encarando o meu próprio reflexo sobre a água enquanto o vento cortante me faz estremecer sob a fina coberta. Ainda assim, prefiro estar aqui. Ao menos, consigo me concentrar no frio que estou sentindo ao invés de me concentrar em todos os outros pensamentos acelerados que passam pela minha cabeça.

— Quer companhia? — Uma voz pergunta de repente, fazendo meu coração acelerar de susto. Viro-me em sua direção, e vejo Sarah parada atrás de mim, enrolada em sua coberta e com duas canecas com um líquido fumegante, oferecendo-me uma delas.

— É, acho que sim. — Respondo, aceitando a bebida enquanto ela se senta ao meu lado. — O que é isso?

— Chá de hortelã com mel. — Ela fala, bebericando um pouco do seu.

— Nossa. De repente me sinto com oitenta anos.

Ela sorri.

— Foi divertido, não foi? Fingir que nada está errado, como antigamente. — Fala.

Dou de ombros.

— Sim, foi. Só foi... foi um pouco estranho também. — Admito.

— Eu sei. É como pintar o cabelo de vermelho. — Reflete Sarah.

Faço uma careta, confusa com a analogia.

— O quê?

— Ah, você sabe. Quando você pinta o cabelo de vermelho, é preciso muito esforço para removê-lo do cabelo depois. Anos e anos depois, você ainda encontrará aquelas manchas avermelhadas no cabelo, mesmo que tenha tentado escondê-las com uma tinta preta logo depois.

— Você está dizendo que o acidente foi como pintar o cabelo de vermelho? — Pergunto, tentando assimilar e contendo uma risada. É a coisa mais boba que eu já ouvi.

— É. Hoje à noite foi como se tivéssemos pintado o cabelo de preto para esconder tudo, sabe, mas o vermelho ainda está lá.

Solto uma gargalhada.

— Preciso saber quanto vinho você bebeu hoje à noite. — Zombo.

— Não seja má, foi uma ótima analogia. — Ela rebate, orgulhosa.

— Bom, mais ou menos.

— Então, no que está pensando? E por que precisa ser no ar gelado aqui de fora? — Sarah pergunta por fim, encolhendo-se dentro da coberta.

Reflito rapidamente sobre me abrir com ela. Não falar sobre isso com certeza não está me ajudando em nada, e uma outra perspectiva sobre a situação pode me ajudar a ver as coisas com mais clareza.

— Podemos quebrar a única regra da noite? — Questiono, já que a ideia geral era nos mantermos longe dos assuntos complexos.

Sarah dá de ombros.

— Claro. Tecnicamente a noite acabou à meia noite, e agora já são duas e meia da manhã. — Rebate.

Sorrio. Ela sabe o que dizer como encorajamento.

— É que... ainda não tivemos a chance de falar sobre o encontro com Colin. — Começo a dizer, e ela assente para que eu continue. — Ele disse que naquela noite, Dylan foi empurrado na frente do carro...

Sarah arqueia as sobrancelhas, processando a informação. Consigo ver seus olhos se moverem de um lado para o outro, como se estivesse juntando as peças de um quebra-cabeça mental.

— Então... a culpa não foi nossa? — Ela se atreve a perguntar. Ao que parece, cometeu o mesmo engano que eu.

Comprimo os lábios como quem não tem notícias animadoras.

— Bom, não seria se não tivéssemos...

— Claro. É. Faz sentido. — Ela interrompe, antes mesmo que eu termine a frase. Parece estar se esforçando para não parecer tão devastada quanto se sente por perder a última faísca de esperança que lhe restava. Reconheço bem o sentimento.

— Colin disse que Dylan foi empurrado por Noah. — Concluo, encarando fixamente a borda da piscina no lado oposto.

Sarah franze o cenho, sentindo a mesma estranheza que eu ao ouvir isso.

— Acredita mesmo nisso? — Indaga.

Dou de ombros e suspiro.

— Honestamente, eu não sei — Admito. — Quer dizer, ele também falou sobre você e Dylan estarem em um relacionamento, o que é verdade, então, como vou saber se estava mentindo sobre isso?

Sarah balança a cabeça.

— Eu não sei. Talvez quisesse mexer com você, e sabe que essa seria a melhor forma de fazer isso. Se misturar uma verdade em meio às mentiras, talvez tudo soe como verdade. Mas não quer dizer que seja mesmo. — Pondera ela.

Esfrego o rosto, pensando que o que deveria ser uma ajuda, se tornou uma confusão ainda pior, o que me faz sentir que o meu esforço de ter ido até lá foi vão e poderia ter sido poupado.

— Lizzie, qual é. Você conhece o Noah. E conhece o Colin. Quer dizer, sabe que eu sempre sou a favor de nos mantermos cautelosas, mas... não entendo como isso possa ser uma dúvida real para você a essa altura.

— Eu sei lá. Acho que tenho medo de pensar que Colin está mentindo e... ser surpreendida. Não sei se suportaria isso. — Confesso.

Sarah assente, aproximando-se de mim.

— Lizzie, adoraria dizer que não existe nenhuma chance disso acontecer, mas não posso, porque... pessoas são pessoas. E são falhas, e cometem erros... bem como nós. Mas se Noah não for quem você pensa no final das contas, você vai sobreviver. Vai se levantar, e se recompor, porque é isso o que você faz. É isso o que nós fazemos. E nunca te deixaríamos sozinha nessa. — Sarah fala, e abro um sorriso suave. — Mas, se quer saber a minha opinião... — Ela continua. — acho pouco provável que Colin esteja falando a verdade sobre Noah. Quer dizer, esse é o mesmo garoto que tentou te beijar a força. Por que de repente está dando tanta credibilidade a ele?

Suspiro. Sinto-me mal por ter deixado Colin entrar na minha mente dessa forma, fazendo-me duvidar de Noah.

Quer dizer, é o Noah. Eu o conheço. Eu o amo. E odeio me sentir desconfiada como estou me sentindo agora depois de tudo que ele já fez por mim.

Isso é ridículo.

— Acho que tem razão. — Digo, balançando a cabeça. — Acho que estou surtando à toa.

— Provavelmente. — Concorda, bebendo um gole de chá. — E quanto ao corpo?

O corpo.

Acho que fiquei tão fissurada tentando decidir se acreditava mesmo na história de Colin sobre aquela noite, que acabei me esquecendo de que esse também foi um dos motivos pelos quais concordei em ir até o encontro, no final das contas.

Dou de ombros, virando um gole do chá que a essa altura, já está mais morno do que quente.

— Ele pareceu genuinamente perturbado por acharmos que ele teve alguma coisa a ver com isso. Parecia ter sido tão pego de surpresa quanto nós. Então acho que não foi Colin.

Vejo uma ruga de preocupação surgir entre as sobrancelhas de Sarah.

— Mas isso não faz sentido. Colin era a única outra pessoa que sabia sobre o corpo e que queria usar isso contra nós.

A essa altura, já fico feliz só de não encontrar um polegar de Dylan sob o meu travesseiro.

— Colin acha que foi Noah. — Falo, como se isso não fosse nenhuma surpresa.

Sarah revira os olhos.

— Fala sério. Então é isso? Estamos de volta ao ponto inicial?

Comprimo os lábios, desesperançosa.

— É, parece que sim. — Respondo, levantando os olhos para o céu. As estrelas estão escondidas sob camadas de nuvens, mas ainda consigo ver as mais fortes brilharem persistentemente.

Sarah massageia o espaço entre as sobrancelhas, como se estivesse começando a ter uma dor pontual na cabeça, e suspira.

— Eu sinto muito, Liz. — Fala, de repente. Olho para ela e vejo seus olhos cheios de lágrimas. Vê-la chorar já está quase se tornando normal. Ao menos já não é tão assustador quanto antes.

Não preciso saber do que exatamente ela está falando. Basta saber que ela sente muito, e sei que é verdade. Assinto, apoiando a cabeça em seu ombro.

— Eu sei. Eu também.

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