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22 (liz)

Meu coração acelera conforme Sarah se aproxima do estacionamento do boliche de Rosefield, onde Colin determinou que nos encontraríamos. Por um lado, não consigo parar de pensar que esse é um péssimo local para um encontro, mas por outro, agradeço internamente por esse ser o lugar menos romântico que ele poderia sugerir, o que talvez torne a situação menos pior.

Solto um grunhido quanto ela finalmente para o carro em frente a entrada.

— É a sua deixa, conquistadora. — Ela fala, dando um tapinha em meu joelho, como meu pai faria. Lanço-lhe uma careta pela atitude estranha, e só então me dou conta de que ela também não está totalmente confortável com isso, provavelmente porque sabe que eu preferiria estar em qualquer outro lugar, com qualquer outra pessoa, menos aqui, com Colin, e saber que dessa vez não há nada que ela possa fazer para me tirar dessa situação ou me proteger de alguma forma como sempre procura fazer, deve estar tirando-a do sério.

— Não diga isso. Soa como uma velha. — Resmungo, olhando pela janela. Seria a hora perfeita para saltar para fora do carro, mas a verdade é que não quero.

— Não vai descer? — Ela questiona, e sei que é exatamente o que ela faria em meu lugar. Agiria rapidamente, para não prolongar o sofrimento ou sequer ter tempo para pensar a respeito do quanto está incomodada com a situação, o que até seria uma atitude esperta. Eu poderia fazer isso, em um lapso de pensamentos. Mas não consigo. A ansiedade já tomou conta de mim há tempo demais para que eu possa simplesmente ignorá-la agora.

— Vamos só... esperar essa música acabar. — Falo, identificando o início de Rude no rádio. Tento arranjar qualquer desculpa que me mantenha por um pouco mais de tempo no carro, porque ao contrário de Sarah, sou do tipo que tenta evitar o inevitável.

Ela percebe o que estou fazendo, então apenas fica em silêncio, e depois, aumenta o volume do rádio, recostando a cabeça no banco, como eu.

...Can I have your daughter for the rest of my life? Say yes, say yes, cause I need to know... — Ela começa a cantar baixinho, junto da música.

...You say I'll never get your blessing 'til the day I die, 'Tough luck my friend, but the answer is no'... — Continuo, baixinho, sem olhar para ela, enquanto esperamos chegar no refrão.

Why you gotta be so rude? Don't you know I'm human too? Why you gotta be so rude? I'm gonna marry her anyway... — Cantamos juntas, não muito alto, mas com um sorriso no rosto e movimentos sucintos. A música me lembra dos dias de verão, e por um momento, fecho os olhos e consigo fingir que não estou aqui. Sou tragada de volta para as melhores lembranças de todos os verões que já tivemos juntas desde que nos tornamos amigas, e foram muitos até agora.

Quando a música se aproxima do fim, recosto-me novamente no banco e respiro fundo, me preparando para descer.

— Obrigada pela carona. — Agradeço, reconhecendo o fato de que Sarah precisou pegar o carro escondida da mãe, já que está de castigo. Mas quando soube que eu havia aceitado o convite de Colin, não pensou duas vezes antes de se oferecer para me trazer até aqui, só para que eu não precisasse entrar no mesmo carro que ele. Além disso, a presença dela aqui nesse momento me traz um grande alívio.

Ela dá de ombros.

— Bom, seria estranho se Noah te trouxesse até aqui, então... — Brinca, e é a gota d'água. Eu a empurro levemente no banco, e finalmente abro a porta, saltando para fora do carro. — Como vai embora? Quer dizer, você sabe que eu te esperaria, mas... preciso devolver o carro antes que a minha mãe chegue em casa e perceba que eu saí.

— Eu sei. — Digo, tranquilizando-a. Sei bem que se pudesse, Sarah não optaria por me deixar aqui sozinha, e, na verdade, consigo ver o quanto isso a incomoda. — Provavelmente vou voltar de trem.

— Acha seguro? — Pergunta, quase como uma mãe.

— Mais seguro do que entrar em um carro com Colin. — Rebato, e ela assente, mas ainda consigo ver o nervosismo em seu rosto.

— Vou ficar bem, Sarah. Não se preocupe. — Asseguro, torcendo internamente para que isso seja mesmo verdade.

Ela me encara por alguns segundos, como se não acreditasse que realmente estou tão segura disso quanto tento dizer a ela que estou. Por fim, abre o porta-luvas do carro e tira um frasco pequeno de spray de pimenta e o entrega em minhas mãos.

— Nunca se sabe. — Ela diz, dando de ombros.

Dou risada, torcendo para que não aconteça o tipo de situação que me obrigaria a usá-lo, mas curiosa para ver o efeito disso em Colin, se necessário.

— Obrigada. — Digo, guardando-o no bolso da calça. — Acha que essa roupa está muito chamativa? — Pergunto, antes de partir de vez.

— Não, você está linda. Ele vai se apaixonar de vez. — Ela responde, olhando-me de cima abaixo.

Inclino a cabeça, indicando que essa não é exatamente a resposta que eu gostaria de ouvir.

— Isso não tem graça, está bem? Não quero que ele fique me encarando daquele jeito estranho de sempre. — Digo, sentindo meu estômago embrulhar ao pensar nisso.

Sarah solta um riso.

— Liz, eu estava sendo gentil, está bem? Você está parecendo uma professora de artes de meia idade indo para um encontro com um cara da internet com essas calças ridiculamente largas.

Dou risada.

— Ok, agora isso foi específico demais. — Falo, batendo a porta do carro e finalmente caminhando para dentro do prédio.

Já estive aqui antes. Não temos pistas de boliche em Redgrove, então esse é o tipo de programa que precisamos vir até Rosefield para encontrar. Não é como se fosse a coisa mais interessante do mundo, mas ainda assim, é mais do que temos em nossa pacata cidade. Mesmo estando familiarizada com o local, me sinto pequena e assustada feito uma criança ao cruzar a porta, como se nunca tivesse estado aqui antes, como uma garota em uma cidade nova, tentando se enturmar.

Contenho o impulso de olhar para trás, porque sei que se me permitir olhar, a vontade de voltar irá apenas crescer dentro de mim, portanto, sigo em frente.

O local é mal iluminado, exceto pelas faixas de led coloridas no teto e as placas de luz neon nas paredes do longo e estreito corredor. Talvez isso seja o mais próximo de uma balada que alguém de Redgrove irá conhecer. O som é alto, mas não o suficiente para abafar os sons dos pinos de boliche sendo derrubados a cada tentativa de um jogador.

Meus pés me guiam entre as pistas cheias, ignorando o restante do meu corpo tenso, que daria qualquer coisa para sair daqui.

Tento me distrair assistindo as pessoas se divertirem umas com as outras, algumas mais competitivas, outras mais comedidas. Vejo uma garota e um garoto que parecem estar em seu primeiro encontro, e então me dou conta de que, tecnicamente, Noah e eu nunca tivemos um primeiro encontro. Ao menos, não desde que decidimos que teríamos um relacionamento. A última vez em que saímos juntos ainda éramos amigos. Sim, nos beijamos pela primeira vez. Mas agora, isso parece tão distante. Tantas coisas aconteceram desde então, que já mal consigo me lembrar da sensação de estar em um encontro com um garoto de quem gosto sem me preocupar com todas as coisas que vêm ocupando minha mente nos últimos meses, e, agora que pensei a respeito, percebo como sinto falta disso.

O garoto e a garota, ambos tímidos, finalmente iniciaram a partida. Ele demonstra a melhor forma de jogar, instruindo-a com gentileza sobre tudo o que ela precisa fazer. A garota assente, parecendo nervosa. Me pergunto se ela não sabe mesmo como fazer isso, ou se está apenas deixando que ele pense que está mesmo ensinando algo novo a ela. A garota respira fundo e lança a bola pela pista, esforçando-se ao máximo para seguir as dicas que lhe foram passadas. Ao que parece, ela realmente não sabe fazer isso, ou então, finge muito bem. O garoto cruza os braços e assiste o resultado de suas instruções colocadas em prática, torcendo por ela, mesmo quando a bola acerta apenas dois pinos. Sorrio. São uma graça.

Do outro lado, um grupo de amigos comemora com mais fervor a queda de todos os pinos de boliche, com gritos, pulos e abraços de alegria. Pelo que entendi, trata-se de uma aposta, e quem perder, vai ter que pagar a conta de todos.

Já estou quase relaxando quando uma voz exclama bem atrás de mim, e nem preciso me virar para saber que é ele.

— Ah, você veio!

Meus ombros se enrijecem quando me dou conta de que agora, mais do que nunca, é tarde demais para me arrepender e voltar atrás. Solto um suspiro e me viro para ele.

— É. Eu vim. — Respondo, séria. O fato dele agir naturalmente e como se minha presença aqui fosse uma surpresa para ele me incomoda mais do que consigo demonstrar, porque nós dois sabemos bem que não estou aqui apenas porque quero.

— E então, prefere jogar antes ou podemos escolher uma mesa? — Ele questiona, e as duas opções me parecem desagradáveis. Tudo se torna desagradável quando ele está por perto.

Avalio rapidamente as minhas opções. Por um lado, escolher uma pista para jogarmos parece bom, porque me permite não ter que encará-lo diretamente ou ter de trocar muitas palavras. Por outro lado, sei que isso apenas irá prolongar essa situação, já que a principal razão pela qual estou aqui é para ouvi-lo e descobrir o que sabe sobre aquela noite, apesar da ideia de passar mais de dois minutos ouvindo Colin falar me deixar tonta de raiva.

Forço meus lábios a esboçarem um sorriso gentil.

— Uma mesa. — Respondo. — Você deve ter muitas coisas para falar. — Insinuo.

Colin solta um riso, e se eu não o odiasse tão profundamente, provavelmente me derreteria por ele.

— Quase tantas coisas quanto você. — Ele retruca, e sinto uma onda de nervosismo tomar conta de mim, embora me recuse a deixar isso transparecer.

Solto um resmungo, como se achasse graça da situação de alguma forma, mas sinto a palma da minha mão começar a suar enquanto o sigo até a área das mesas. Tento tranquilizar a mim mesma buscando por pontos positivos de estar ali:

É a área mais bem iluminada do prédio, e ao menos não estarei sozinha no escuro com Colin.

Posso concentrar minha atenção em qualquer outro lugar ao invés de seu rosto cheio de más intenções.

Posso ignorar suas perguntas enquanto finjo estar concentrada em minha comida, embora seja uma tática da qual ele também dispõe, o que pode me fazer perder uma grande quantidade de tempo aqui, coisa que não pretendo fazer.

Deixo ele puxar a cadeira para que eu me sente, para lhe causar a impressão de que também considero essa porcaria de noite um encontro. Quando ele finalmente se senta de frente para mim, já estou pronta para ouvi-lo contar sua versão daquela noite. Fixo meus olhos sobre ele, tentando intimá-lo silenciosamente a falar, atitude que ele ignora ao pegar o cardápio sobre a mesa, passando os olhos lentamente sobre cada refeição ali escrita.

Fecho os olhos e respiro fundo, tentando manter a calma. Sei que Colin está fazendo isso de propósito, e me recuso a permitir que ele consiga qualquer atitude que espera de mim.

— E então, o que vai querer? — Questiona, notando meu incômodo com seu silêncio.

Pego o outro cardápio sobre a mesa. Percorro os olhos por ele, mas não consigo realmente prestar atenção em nada do que estou lendo, e, para ser sincera, nem estou com muita fome. Passei a maior parte do dia de hoje com um nó persistente no estômago que mal me permitiu ter outra refeição além do café da manhã.

— Uma porção de batatas-fritas. — Respondo, deixando o cardápio de lado.

Ele levanta os olhos para mim.

— Só isso? — Indaga.

Assinto.

— Parece uma refeição curta. — Colin diz, como se suspeitasse que estou fazendo tudo que posso para tornar esse encontro o mais breve possível, o que é exatamente o que estou fazendo.

Dou de ombros.

— Não estou com muita fome. — Digo, e ele finge acreditar, chamando a garçonete até nós com um simples gesto.

A garota, que aparenta ser pouco mais velha do que nós, caminha apressadamente até nossa mesa, pronta para anotar o pedido. Enquanto Colin fala e ela anota freneticamente nosso pedido, presto atenção em seus cabelos loiros como os de Cassie, e tento imaginar sua história. As marcas escuras sob seus olhos revelam discretamente seu cansaço, e imagino que talvez, não esteja vivendo o melhor momento de sua vida. Me ocorre que talvez, se juntássemos todos os jovens de Redgrove e Rosefield em um saco plástico, poucos estariam vivendo suas vidas vazias plenamente.

Eu a assisto partir para longe de nós e depositar nosso pedido em um balcão, onde um garoto lê tudo roboticamente e o entrega na cozinha através de uma janelinha minúscula.

Quando volto minha atenção para Colin, seus grandes olhos verdes estão fixos sobre mim, como se esperasse que eu começasse a falar, o que, de certa forma, me deixa confusa. Entendo que ainda podem lhe restar algumas dúvidas sobre aquela noite, mas até onde sei, ele é quem me deve algumas respostas. Colin sabe sobre grande parte dos acontecimentos, porque estava lá quando aconteceram. E decidiu até nos fazer o favor de registrar tudo em uma fotografia que tem sido um pé no saco em nossas vidas desde então.

Engulo em seco, porque não gosto da maneira como ele me olha. Não gosto que ele me olhe de qualquer forma, mas seu olhar acusador realmente é como um dedo na ferida. Me sinto como uma criança que sabe que fez algo que não devia, e agora está prestes a levar uma bronca.

Abaixo os olhos até a mesa.

— Quando quiser começar a falar, sou toda ouvidos. — Digo, esperando que isso o incite a começar a falar de uma vez.

Ele ri, cruzando os braços e recostando-se na cadeira ridiculamente desconfortável na qual estamos sentados. Não parece que tem qualquer intenção de facilitar as coisas.

— Não, não, não. Primeiro, você fala, e depois, eu falo.

— Você viu o que aconteceu. Não preciso falar nada. — Rebato, sem a menor disposição para revisitar minhas memórias daquela noite mais uma vez.

Ele dá de ombros.

— É, mas ver algo é diferente de saber de algo, e quero saber sobre o que vi. Parece ter sido uma noite um tanto interessante para vocês.

— Não é bem esse o termo que eu usaria para definir aquela noite.

— Como tudo aconteceu, Liz? — Ele questiona, cruzando as mãos sobre a mesa e se inclinando sobre ela, parecendo se aproximar de mim quando seus olhos param sobre os meus.

Suspiro, incomodada.

— Não há muito para dizer. Quando a polícia chegou na festa, fugimos até nossos carros, como todo mundo... — começo, e quase vejo um sorriso se formar no canto de seus lábios, como se Colin estivesse se divertindo enquanto me faz revisitar memórias torturantes — ...a única diferença é que seguimos por caminhos diferentes, e foi quando...

— Quando vocês mataram o meu melhor amigo. — Ele me interrompe, para soltar a frase que me atinge como uma facada no estômago.

— Foi um acidente! — Reforço, mas não parece ser um detalhe importante para ele.

— Foi mesmo? Até quando arrastaram o corpo até o porta-malas para se livrarem dele? — Indaga, em tom acusador, e tenho vontade de me encolher até desaparecer. Lembro-me da imagem de Sarah arrastando o corpo ensanguentado de Dylan pela rua áspera, como se aquilo não fosse nada, e sinto um embrulho no estômago. Talvez sua missão essa noite seja apenas me fazer sair daqui acreditando que sou uma pessoa horrível, e, para ser honesta, ele está conseguindo.

Percebo que é inútil tentar rebater sua provocação ou provar a ele que não temos orgulho do que fizemos naquela noite. Colin não se importa com nada disso, e não faria a menor diferença.

Tento manter a calma.

— Sua vez. — Falo, quando não aguento mais sentir o peso de seus olhos sobre mim. — Qual é a sua versão dessa história toda?

Nesse momento, a garçonete surge, trazendo nosso pedido, e sou obrigada a me acalmar e mudar o tom da conversa para que não pareça suspeito. Forço meus lábios a formarem um sorriso que direciono a ela como agradecimento pelo serviço, porque é mais fácil do que direcioná-lo a Colin, que simplesmente me tira do sério apenas por existir.

A garota posiciona os pratos na mesa e sai o mais rápido possível, provavelmente sentindo a tensão palpável entre nós. Colin a chama de volta e decide investir os minutos seguintes falando sobre os molhos do restaurante. Ela parece confusa a respeito de onde ele espera chegar com isso, vez ou outra me lançando olhares sutis em busca de alguma ajuda.

— Colin. — Eu o chamo, tentando fazê-lo parar de falar sem parar a respeito de como a textura do ketchup está diferente, mas ele me ignora e continua a tagarelar, deixando a garota desconfortável. Tenho vontade de pegar minha bolsa e me levantar, saindo daqui sem ao menos olhar para trás, mas talvez minha compaixão pela garçonete seja a única coisa que me mantém aqui nesse momento. — Não tem nada de errado com a droga da textura do ketchup! — Exclamo, incapaz de conter a onde de irritação pela qual sou tomada, e ele finalmente para de falar, virando o rosto para mim em silêncio.

A garota, ainda parada ao nosso lado em silêncio, dá um passo para trás, constrangida e incerta sobre o que fazer em seguida. Consigo vê-la ponderar se deve ir ou ficar, e consigo até me imaginar em seu lugar. Também não saberia bem como agir.

— Obrigada, querida. — Digo a ela, tentando formar um sorriso, indicando que ela já pode ir, se quiser, o que ela prontamente faz.

Conforme caminha para longe, consigo ver os músculos de suas costas relaxando, e concluo que ela estava tão tensa que talvez mal estivesse respirando.

Colin molha uma batata no ketchup do qual estava reclamando agora mesmo e a enfia na boca.

— E então, o que quer saber? — Ele pergunta, por fim, abrindo uma brecha que pode se fechar a qualquer momento.

— Tudo. — Respondo rapidamente, antes que a brecha se feche.

Sem levantar os olhos para mim, Colin franze o cenho, como se eu estivesse lhe pedindo algo absurdo.

— "Tudo" é coisa demais. Você sabe que seria necessário mais de um encontro para isso, não sabe?

Sinto os pêlos do meu corpo se arrepiarem diante dessa perspectiva, mas me esforço para permanecer inexpressiva.

— Eu achei que você quisesse respostas específicas. Então vou repetir a minha pergunta: o que você quer saber, Liz?

A maneira como ele fala me deixa tensa, como se estivesse recebendo uma chance única e não pudesse desperdiçá-la, porque nunca mais terei essa oportunidade novamente. Colin realmente sabe como fazer você se sentir dessa forma — como se não pudesse desperdiçar uma chance com ele. Agora entendo por que as garotas do colégio são malucas por ele. Ele sabe como te manipular para te fazer sentir que realmente há algo sobre ele que não pode ser desperdiçado.

Engulo em seco, sob pressão. Nós merecemos saber as respostas, porque são as nossas vidas que estão em jogo, mas como tudo nessa noite já deixou claro, Colin não está aqui para facilitar o meu trabalho, então perco algum tempo tentando imaginar o melhor caminho por onde começar, enquanto ele me observa com certo divertimento.

— Certo. Por que não começamos pelo momento em que a polícia chegou a festa? Acho que foi quando tudo começou a dar errado. — Sugiro.

Colin me encara impassível, como se estivesse ponderando sobre dizer realmente a verdade ou me enrolar aqui por mais tempo, só para se divertir. Só para provar a si mesmo que, agora, pode ter o controle sobre mim se quiser. Por fim, após um longo suspiro, começa a falar:

— Naquela noite, quando a polícia chegou, fugi para a floresta ao redor da casa, porque parecia menos trabalhoso do que entrar em meu carro ir embora ás pressas, como todos os outros. Além disso, eu estava muito bêbado para dirigir. Mas ao menos eu tinha consciência disso, não é? — Ele provoca, sorrindo. Permaneço séria. — Bom, acontece que... eu não fui o único a fugir para a floresta. — Conta, fazendo uma pausa para tomar um longo gole de seu refrigerante e me deixar esperando por uma resposta. — Dylan também estava lá. Ele era o dono da casa, e se ficasse, teria problemas com a polícia. Então também fugiu para a floresta até que eles fossem embora e ele pudesse voltar. Mas havia outro garoto, também.

Franzo o cenho, confusa.

— Um garoto? Que garoto? Você viu quem era? — Pergunto, exasperada. A última coisa de que essa história precisa é de mais pessoas envolvidas.

Colin sorri de lado, como se já esperasse que eu reagisse dessa forma.

— Ah, essa é a melhor parte. Sim, eu vi quem era. Mas se eu te disser, não vai acreditar.

— Por que não me diz logo e eu decido se acredito ou não? — Rebato, irritada com sua atitude.

— Não se preocupe com os detalhes, querida. Se for paciente, chegaremos lá. — Diz, esticando o braço sobre a mesa para tocar o meu queixo, e sou invadida pela maior onda de desprezo que imaginei que seria capaz de sentir um dia.

Afasto-me, recostando-me na cadeira e começando a sentir um desconforto físico que vai além do metal duro e gelado contra as minhas costas.

— Bom, eu estaria mentindo se dissesse que sei o motivo pelo qual o acontecimento seguinte rolou, mas o que sei é o que vi. — Ele diz, novamente fazendo uma pausa, como se a história toda já não fosse misteriosa o suficiente. — Você não acha estranha a forma como Dylan surgiu do nada na frente do carro? Não acha que ele, talvez, possa ter sido... empurrado? — Sugere.

Fecho os olhos processando as informações e tentando decidir o quanto disso pode mesmo ser verdade.

— Está dizendo que o garoto que também estava na floresta empurrou Dylan na frente do carro de Sarah? — Pergunto, tentando entender.

— Exatamente. — Afirma.

Não diria que sou do tipo de pessoa instintiva, que sempre tem pressentimentos aguçados sobre as coisas. Mas algo nessa história me parece estranho, embora não saiba exatamente o quê.

— Conveniente para você, não acha? — Pondero.

Colin franze o cenho, confuso.

— O que quer dizer?

Dou de ombros, reflexiva.

— Como vou saber que você mesmo não empurrou Dylan e está tentando se livrar disso colocando a culpa nas costas desse garoto sem nome?

Isso seria tão baixo. Seria tão Colin.

Ele estreita os olhos, quase como se estivesse ofendido com o fato de eu pensar que ele também tenha culpa nessa história toda, como se fosse a coisa mais implausível do mundo.

— Primeiramente, eu não faço as coisas sem um motivo, e com certeza não tinha motivos para querer eliminar Dylan. Eu não me arriscaria a estragar minha vida inteira por algo tão sem propósito. — A frieza com a qual ele fala essas palavras quase beira a sociopatia. Sinto calafrios percorrerem o meu corpo. — E, segundamente, não é um garoto sem nome, Liz. Eu sei exatamente quem estava com a gente na floresta naquela noite.

Curvo os lábios para baixo, como quem ainda não acredita.

— Eu ainda não ouvi um nome.

— Como eu disse, chegaremos lá. A questão aqui é que Dylan foi empurrado, e provavelmente ainda estaria vivo se não fosse pelo garoto.

Meu coração acelera com suas palavras. Pela primeira vez em muito tempo, sinto esperança. Já nem me lembrava de como era a sensação. Saboreio-a por alguns instantes, tentando me recordar do sabor que a vida tinha antes daquela noite catastrófica.

— Espere, então... a culpa não foi nossa? — Atrevo-me a perguntar, engolindo em seco.

Colin ri, debochado.

— Eu não iria tão longe com essa esperança. A culpa não seria de vocês se não tivessem tocado naquele corpo. Mas, já que decidiram que precisavam cuidar disso sozinhas, então, tecnicamente, a culpa é de vocês também. — Aponta.

"Mas que droga!", praguejo mentalmente.

Vejo minha esperança escapar pelos vãos dos dedos tão rápido quanto me inundou. Foram bons segundos. Respiro fundo, recompondo-me do baque.

— Bom, eu estou curiosa... — digo, de repente — já que estava assistindo a tudo isso, você não pensou em ajudar o seu, assim chamado, melhor amigo?

Ele revira os olhos, o que, por alguma razão, faz eu me sentir burra.

— Acha que as coisas aconteceram em câmera lenta, Liz? Foi tudo rápido demais! Antes que eu terminasse de processar a situação vocês já estavam o arrastando para dentro do carro como um saco de ossos. — Responde, defensivo. — Além disso, o garoto não sabia que eu estava ali, observando tudo. Se soubesse, talvez eu também não estaria aqui agora.

Tento reprimir o pensamento que cruza a minha mente dizendo "quem me dera". Ainda que Colin seja um completo idiota, desejar sua morte me parece um pouco demais.

— E aí eu decidi segui-las, é claro. — Ele prossegue — Queria saber o que fariam com o corpo. Então as segui até a floresta de Rosefield, que, por acaso, é próxima à casa dos meus pais. Deviam ter checado melhor a área ao redor, foi uma escolha de local bem arriscada. — Ele fala, e eu reviro os olhos. O que ele esperava? Não é como se fôssemos especialistas no assunto. — Percebi que poderia ter uma visão melhor do que estavam fazendo lá do sótão, então subi e...

— E tirou a foto para usá-la contra nós. — Completo.

— É isso aí. — Afirma, como se não fosse nada. — De que outra forma eu poderia usar isso ao meu favor? Saber disso tudo sem ter provas seria irrelevante. E se eu não tivesse tirado aquelas fotos, você e eu não estaríamos aqui, em um encontro.

Eu é quem reviro os olhos dessa vez. Patético!

— Bom, agora que já conseguiu o que queria, vai nos entregar para a polícia? — Pergunto o que realmente importa, a razão pela qual me sujeitei a estar aqui essa noite. Parte de mim acredita que se Colin quisesse mesmo nos entregar, já o teria feito. Mas a sua imprevisibilidade me deixa desconfortável.

Ele recosta-se na cadeira desconfortável, me encarando no fundo dos olhos, como se pudesse enxergar minha alma e todo o medo que a situação me causa. Sob a mesa, sinto nossos joelhos se tocando, e odeio isso. Me sinto vulnerável, e apesar de sentir que deveria sustentar seu olhar como se não me sentisse intimidada, acabo desviando os olhos para a porta de vidro atrás dele, desejando sair daqui o mais rápido possível.

— Eu diria que agora isso está em suas mãos. Só depende de você. — Ele fala por fim, e franzo o cenho, ciente de que o que quer que ele diga em seguida, não será nada bom. Não é como se eu esperasse que Colin fosse tomado por uma onda de compaixão e simplesmente nos deixasse escapar ilesas, como se nada tivesse acontecido, mas sei que também não estou preparada para suas condições para manter nosso segredo.

— O que você quer, afinal? — Pergunto, cansada de jogar seu jogo.

— Não é óbvio? Quero que você me dê uma chance. — Ele fala, segurando minhas mãos estendidas sobre a mesa.

Quase como um reflexo, puxo minhas mãos para longe das suas.

— Eu tenho namorado! — Exclamo, horrorizada com a simples ideia de trocar Noah por um cara como Colin.

Ele dá de ombros, colocando mais batatas na boca.

— Bom, isso não é problema meu. — Fala, sorrindo de lado, e para mim, é a gota d'água que faz o copo da minha impaciência transbordar.

— Você é nojento. — Digo, pegando minha bolsa na cadeira ao lado. Me levanto tão rapidamente que minha visão escurece por alguns segundos. De qualquer forma, me recuso a me sentar novamente na cadeira. Apenas lhe dou as costas e começo a caminhar para longe, em direção à porta.

— O que está fazendo? — Ele tem a audácia de perguntar, enquanto me assiste partir.

— O que acha que estou fazendo?

— Espero que não esteja indo embora, porque ainda sei de muitas coisas que você não sabe. — Colin diz, assim que chego à porta de vidro, onde me detenho por alguns segundos, segurando a maçaneta e ponderando se devo ficar. — Sabia que sua amiga e Dylan tiveram um relacionamento?

Nesse instante, sou obrigada a olhar para trás, para as cadeiras vazias ao redor da mesa onde estávamos sentados.

— É, eu sei. — Respondo, sem me impressionar com a informação.

Colin sorri, como quem sabe que ainda tem algumas cartas na manga. Não gosto disso.

— E por um acaso já tem alguma ideia de quem era o garoto na floresta? Já conseguiu juntar as peças? — Ele pergunta, levantando-se da cadeira e caminhando lentamente em minha direção, o que me faz sentir ameaçada como um animal que está prestes a ser atacado por um leão. — Você não faz ideia, não é? Sua fé na bondade das pessoas te deixa cega para a verdade.

Balanço a cabeça, irritada.

— Do que você está falando?

— Vamos lá, Liz. Você consegue. Pensa um pouco. — Ele provoca, diante do meu silêncio, ciente de que não faço ideia da resposta.

— Dá para parar de ser um babaca por um segundo e me dizer logo?

Colin sorri, se aproximando mais e mais.

— Tudo bem. Por que não pergunta ao seu namoradinho o que aconteceu quando a polícia chegou?

Levanto os olhos para ele, confusa. Agora, ele está perto o suficiente para que eu me considere encurralada entre ele e a porta.

— Está me dizendo que o garoto era Noah?

Colin sorri como se eu tivesse encontrado a peça que faltava de um quebra-cabeça enorme, mas me sinto como um pássaro que caiu numa armadilha. Solto um riso cético.

— Eu ouvi muitas coisas estúpidas essa noite. — Digo, calmamente — Mas essa, de longe, foi a mais estúpida de todas.

Ele dá de ombros.

— Acredite o que quiser, Liz. Mas a verdade é essa: o seu bom e maravilhoso namoradinho é um assassino.

A palavra "assassino" fica pairando no ar durante alguns segundos, como se ecoasse dentro da minha cabeça. Fico em silêncio, incapaz de responder coisa alguma. Parte de mim não acredita nem por um segundo na possibilidade de Noah ter feito todas as coisas que Colin está dizendo. Isso é ridículo. Colin claramente está se aproveitando das lacunas que tenho sobre aquela noite para dar um jeito de se livrar da presença de Noah em minha vida, o que de alguma forma, parece vantajoso para ele. Mas a outra parte de mim, a parte que já está exausta de todo essa caos e não sabe mais em que acreditar, começa a sentir o incômodo da desconfiança se espalhar por todo o meu corpo, fazendo as palmas das minhas mãos suarem, o coração palpitar e o ar, de alguma forma, não chegar aos meus pulmões.

Mas então me dou conta de que quem está me dizendo isso é Colin Wright, alguém sem credibilidade alguma para mim nessa história toda. Ou no geral.

Na verdade, é um plano perfeito. É claro que ele iria dar um jeito de culpar Noah de alguma forma. Se uma coisa ficou clara nessa noite é que Colin é mias inteligente do que parece, e não parece fazer nada sem um motivo. Cada um de seus passos até agora foi perfeitamente calculado para que ele tivesse poder sobre nós – sobre mim, em especial – e conseguisse exatamente o que queria. Agora, seria conveniente para ele colocar um alvo nas costas de Noah e culpá-lo por todo esse caos na, esperança de que ele saia do caminho e mais uma vez, Colin dê um jeito de conseguir o que quer, saindo ileso de toda essa bagunça e com as cartas certas na manga.

Mas o que ele não sabe é que eu conheço Noah muito bem. Sei que ele faria de tudo para me proteger, e que jamais seria capaz de matar alguém, e, ainda que o tivesse feito, nunca seria capaz de guardar esse segredo e nos deixar acreditar que a responsabilidade era nossa. Se Noah tivesse feito essas coisas, ele assumiria o erro e nos diria, simplesmente porque é assim que Noah é.

Colin, por outro lado, é capaz de fazer qualquer coisa para conseguir o que quer. É o tipo de pessoa que sabe bem como jogar sujo, desde que no fim, o prêmio acabe em suas mãos. E foi exatamente assim que acabamos aqui essa noite.

Avalio as minhas opções e percebo que nem mesmo existe alguma dúvida aqui. Não é difícil decidir se vou acreditar na inocência de Noah ou nas palavras manipuladoras e mentirosas de Colin.

Observo a expressão maliciosa em seu rosto, esperando que eu engula cada uma de suas palavras. Concluo que ele está tentando entrar na minha mente e me desestabilizar através das pessoas que eu amo, até que ninguém seja confiável, até que o certo pareça errado, até que eu perca qualquer noção do que é real. Não vou deixar que ele use Noah, ou qualquer pessoa com quem eu me importe, como uma peça em seus joguinhos mentais contra mim.

Solto um riso irônico. Não acredito que me permiti vir até aqui sob chantagem apenas para ouvir mentiras, respostas rasas e ser ainda mais chantageada. Eu devia saber que essa noite não passaria de um enorme desperdício de tempo.

— Eu não acredito em uma palavra do que você diz. — Falo, aproximando o rosto dele com segurança pela primeira vez. Talvez seja a adrenalina de sentir que preciso defender a honra de uma pessoa que eu amo, mas pela primeira vez, não me sinto ameaçada por Colin, mesmo estando encurralada por ele. Me sinto grande, irritada e capaz de socá-lo em qualquer região de alto nível de dor por me fazer perder o meu tempo vindo até aqui e por cuspir essas baboseiras todas a troco de nada. — Nem sei por que me dei ao trabalho de vir até aqui para ter uma conversa com um garoto que foi capaz de tirar o corpo da cova só para brincar com as nossas mentes em benefício próprio! — Exclamo, dando-lhe as costas para partir.

Nesse momento, a mão de Colin alcança o meu pulso, puxando-me para trás com rapidez. Minha coragem desaparece com um simples movimento. Sinto o mesmo temor que senti na festa, quando ele fez o mesmo movimento brusco, prendendo-me contra a porta. A pior parte é que dessa vez, Noah não está aqui para me ajudar. Mas para a minha surpresa, quando os meus olhos arregalados sobem até o seu rosto, Colin parece quase tão espantado quanto eu, como se eu fosse a predadora, e ele, a presa. Sinto que estou perdendo alguma coisa, porque não entendo do que isso tudo se trata, mas já que ele me vê como alguém que, de repente está com a vantagem, decido fazer bom uso dela. Ergo o queixo e o encaro com certo julgamento, o que não é difícil. Me recuso a parecer assustada, mesmo sentindo as minhas mãos tremerem de pavor.

— Do que você está falando? — Ele pergunta, abaixando o tom de voz. Se não estivesse tão perto de mim, eu provavelmente não seria capaz de escutá-lo.

— Quando voltamos à floresta naquela noite, quando descobrimos que você era quem estava por trás das fotos, a cova estava aberta. E o corpo, obviamente, não estava lá. — Respondo, como se já devesse ser óbvio para ele.

Colin parece perplexo diante da acusação. Olha ao redor assustado, para ter certeza de que ninguém ouviu coisa alguma.

— E vocês acham que eu fiz isso? Que tipo de maluco acha que eu sou? — Indaga, enquanto ele me encara como se a única aqui maluca fosse eu. Não gosto disso.

— Precisa mesmo que eu responda? — Rebato, impaciente.

Ele parece atordoado. Pela primeira vez nessa noite, quem parece estar incomodado é ele. Por um lado, é satisfatório. Mas por outro, fico preocupada. Se Colin parece tão incrédulo com a perspectiva do desaparecimento do corpo, o que isso significa, afinal?

Analiso cada traço de seu rosto, tentando decifrar o que ele está pensando, e se está sendo honesto quanto a isso, ao menos. O problema é que, se Colin realmente não tem envolvimento algum no desaparecimento do corpo, quem teria feito isso? E, se ele está falando a verdade, existe alguma chance, ainda que remota, de que todas as outras coisas sejam verdade também?

— Que droga de história é essa, Liz? O que te faz pensar que eu mexeria no corpo? Ficou maluca? — Ele pergunta, quase num sussurro agora. — Tudo o que eu sei sobre essa história é por pura conveniência, e não me envergonho disso. Se eu vejo uma vantagem, gosto de usá-la ao meu favor, e como eu disse, é por isso que nós dois estamos aqui agora. Mas eu jamais tocaria em um cadáver. Isso me faria muito mais envolvido nessa história do que eu gostaria de estar, e não tenho motivos para buscar isso. Não me levaria a nada. Na verdade, poderia até me causar problemas, que droga! — Colin exclama, parecendo mais frustrado do que nunca. — Precisamos resolver isso antes que...

— Antes que o que? Antes que essa bomba acabe explodindo nas suas mãos, no fim das contas? — Pergunto, interrompendo-o. — Não tem nada que a gente possa fazer sobre isso, Colin! Você não entende? Isso é o que acontece quando se está do outro lado. Até agora, você tinha o controle sobre a situação. Tinha uma foto que comprovava o acontecimento de um crime, e isso te dava alguma vantagem. Agora, está tão ferrado quanto o resto de nós. A sua foto não vale de nada se não há um corpo. E você ainda espera que eu te ajude com isso? Qual, é. Está com medo porque não sabe o que pode te acontecer? Bem-vindo ao clube, jogador.

Colin me observa irritado e impotente, quase tão confuso e perturbado quanto eu. Talvez esteja percebendo agora que isso diminui consideravelmente o poder que tinha sobre nós, já que agora, existe uma foto, mas não existe um corpo. Talvez isso não anule completamente a sua vantagem, mas certamente a corta pela metade. Consigo ver o medo surgindo gradativamente em seu olhar conforme ele pensa nas possibilidades do que isso pode significar para ele. "Prove do seu próprio veneno, babaca", é o que eu penso, embora o fato de ele não ser o responsável por isso não ser exatamente uma vitória para mim também. Mas por hora, decido apenas saborear o fato de que, pela primeira vez nessa história, Colin se sente tão mal quanto nos fez sentir até aqui.

— Liz, me escute com atenção. — Ele me chama de volta à realidade, interrompendo os meus pensamentos. — Se por um acaso eu tiver problemas por causa disso, e se esse problema for jogado nas minhas costas de alguma forma, eu vou contar tudo o que sei à polícia. Não me interessa se você e as suas amigas vão ter problemas por causa disso, eu não vou ser acusado de uma coisa que eu não fiz! — Ele exclama, com uma nítida irritação que faz uma veia saltar em sua testa. Fico imóvel, incapaz de respondê-lo.

Isso não é nada bom. Mas, novamente, não tem nada que eu possa fazer a respeito disso, porque não existe nada nesse mundo que possa convencer Colin Wright a agir em favor de outra pessoa que não seja ele próprio.

Cansada de olhar para ele e determinada a não perder mais nem um minuto em sua presença, dou-lhe as costas e abro a porta de vidro do restaurante, afastando-me dele a passos largos. Leva alguns segundos para que meus olhos se adaptem ao ambiente ao meu redor. A ausência de luz do lado de fora e o barulho dos pinos de boliche sendo atingidos com força são como um choque para mim, que por alguns instantes, havia até me esquecido de que estava aqui, cercada por um mundo completamente diferente do restaurante no qual estávamos. A mudança drástica me causa uma breve e estranha sensação de tontura, mas, de qualquer forma, me recuso a parar de caminhar, porque percebo com o canto do olho que Colin está vindo atrás de mim. Todo o meu corpo se enrijece, ficando tenso e alerta diante da sua presença, como se ele fosse um predador e eu, a sua presa. De repente me lembro do spray de pimenta em meu bolso e o seguro estrategicamente em minha mão. Nunca se sabe, ecoa a voz de Sarah em minha mente.

— Aonde está indo? — Ele grita em meio à música alta e as dezenas de pinos sendo derrubadas.

— Estou indo embora! — Grito de volta, sem ao menos olhar para trás.

— O encontro ainda não acabou. Se for embora agora, ainda vai ficar me devendo. — Ele diz, audaciosamente, quando percebe que continuo obstinada a sair daqui.

Sorrio como quem acabou de ter um enorme peso retirado de seus ombros. Como quem sabe que, ao menos por enquanto, está parcialmente livre de Colin Wright.

— Sim, acabou. — Afirmo. — E nós dois sabemos que eu não te devo nada.

Colin solta um riso debochado, provavelmente sentindo que perdeu seu tempo vindo até aqui, bem como eu me sentia minutos atrás. Mas agora, começo a concluir que talvez não tenha sido completamente em vão. Sair daqui vendo Colin se sentir frustrado e assustado, quase faz a noite toda ter valido a pena.

Caminho confiante em direção a porta dos fundos, vez ou outra olhando para trás apenas para me certificar de que não estou mais sendo seguida. O fato de que agora Colin sumiu do meu campo de vista me deixa nervosa, como se a qualquer momento pudesse ser surpreendida com a sua presença. Não gosto de pensar do que ele seria capaz agora que está irritado. Ele não parece ser muito bom em lidar com esse tipo de sentimento.

Estou tão distraída com o meu trauma de ser perseguida por Colin que não percebo quando estou perto demais de esbarrar em um garoto com um copo enorme de bebida nas mãos, e, quando percebo, já é tarde demais. Bato com a cabeça em seu peito e o copo de bebida em sua mão se amassa, fazendo com que o líquido se espalhe sobre nós.

— Ah, meu Deus, me desculpe! — Exclamo observando o copo, agora vazio e a mancha roxa que o líquido deixa em ambas as nossas camisetas, antes mesmo de olhar para o garoto.

— Está tudo bem, Liz. — Ele diz gentilmente, o que me pega de surpresa e me força a levantar os olhos para o seu rosto, que me observa com um sorriso. — O que faz por aqui, Encrenca?

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