Capítulo único
"Que tempo é esse que passa voando?
E esse amor só aumentando
Já não sei o que fazer
Agora é tarde, já passou da hora
Não consegue, vai embora
Ou paga pra ver..."
Kakashi não podia dar o braço a torcer, Sakura era linda e ele gostava dela. Contudo, não podia deixar transparecer, trabalhando há dois anos como segurança da família Haruno. Teve tempo suficiente para se apaixonar por aquela patricinha divertida que todos caiam de amores, inclusive ele.
Manteve a postura indiferente, o rádio na mão para qualquer eventualidade. Nada de ruim podia acontecer na festa junina chique que foi organizada pela família mais influente do país. Kakashi queria fugir dali para não presenciar a cena que tanto machucava seu coração. Sakura dançando agarradinho ao som de Falamansa com Sasuke Uchiha. O filho de ricaços que poderia comprar até o ar que Kakashi respirava.
Frustrado, desviou os olhos para o restante da festa. Todos se divertiam, alguns ao redor da fogueira, outros dançando e comendo comidas típicas que eram vendidas nas bancas. Enquanto ele estava ali somente para cuidar da segurança da princesinha Sakura. Por um instante desejou não ter se apaixonado por ela, mas foi inevitável.
Sakura ficava exibindo suas curvas na piscina, quase levando Kakashi à loucura. Depois desfilava somente de toalha pelo jardim, como se ele nem existisse. Estava difícil controlar seus sentimentos por ela, Kakashi ponderava se deveria continuar naquele emprego — que pagava muito bem — no entanto, que acabava com seu psicológico. Em momentos como aquele, onde Sakura o encarava como se o enxergasse, Kakashi queria mandar o autocontrole para o ralo. Tomá-la nos braços e beijá-la como se não houvesse amanhã. Em outros, quando ele percebia que ela só o estava provocando, ao passo que sua atenção realmente era do Sasuke. Ele queria mandá-la se lascar. Ela entendia o que fazia com o coração dele? Que tipo de sádica provocaria um homem na situação de Kakashi?
Ele não tinha certeza se era provocação, mas não fazia sentido que Sakura escolhesse justamente o ângulo em que ele ficava para se curvar na hora de forrar uma toalha na beira da piscina. Existiam aquelas cadeiras de praia em volta para que? Ou quando ela passava só de biquíni, enxugando os longos cabelos e abria um sorriso sapeca bem na direção de Kakashi.
Ela queria matá-lo ou somente testar o próprio poder de sedução? Às vezes ele queria confrontá-la para descobrir. Mas não podia correr o risco de ser demitido. Precisava daquele dinheiro, do emprego em si, para cuidar do pai doente. Não poderia se dar ao luxo de perdê-lo por causa de uma garota. Ainda que a garota em si fosse Sakura Haruno, a menina mulher que roubou seu coração.
Suspirou, tentando se manter no controle das próprias emoções. Vendo Sakura se afastar sozinha, enquanto Sasuke ia atrás de uma outra garota de cabelos vermelhos. Foi quando uma menina bonita, de olhos enormes e claros, veio em sua direção.
— Está acontecendo uma briga na prisão, você precisa ajudar! — Kakashi nem respondeu, apenas a seguiu até o local da suposta briga.
Ele entrou na prisão improvisada para a festa junina, era afastada da festa, porque o intuito era justamente deixar alguém preso ali por algum tempo. Olhou em volta, estava escuro e ele não via nenhuma briga. Hesitante, foi caminhando na prisão e ouviu o um barulho de cadeado em seguida.
A garota deu um sorriso travesso e disse sorrindo:
— Aproveite a estadia.
— O que você está fazendo? — Sua voz soou mais grave do que ele se lembrava. — Cadê a briga?
Hinata se afastou aos risinhos e ele ouviu atrás de si:
— Não tem nenhuma briga. — Aquela voz suave e melodiosa.
Era Sakura.
Seus pelos se arrepiaram quando ela tocou suas costas, mesmo por cima do uniforme ele conseguiu sentir o calor de suas mãos.
— Senhorita Haruno? — perguntou confuso e foi se virando lentamente.
Estava realmente escuro ali, a iluminação da festa não chegava completamente à prisão improvisada. O som alto abafava um pouco suas vozes, mas era possível ouvi-la com perfeição. Kakashi reconheceria aquele som em qualquer lugar de todas as formas. Tentou se acostumar com a escuridão para conseguir enxergar o rosto dela, então as nuances se tornaram visíveis. Ele pôde vislumbrar os olhos incrivelmente verdes refletidos pela luz da lua que os iluminava parcialmente. O nariz pequeno e delicado, a boca carnuda, o lábio inferior levemente mais cheio do que o superior. Seu coração disparou como um cavalo de corrida, o que estava acontecendo ali?
— O que você faz nesse lugar? — Kakashi conseguiu articular, mesmo com dificuldade de raciocinar direito por causa do perfume de Sakura o envolvendo ao som de história de amor do Falamansa.
— Eu planejei tudo isso para conseguir me aproximar de você sem que ninguém visse. — Ela sussurrou dessa vez tocando o peito de Kakashi.
Ele segurou suas mãos, afastando-as de si.
— Por que você faria algo irresponsável assim? — indagou sem entender o sentido daquilo tudo. Se os pais de Sakura soubessem que estavam sozinhos daquele jeito, ele seria demitido. Não podia correr esse risco. — Eu preciso ir embora.
— Não! — Sakura gritou, porém a música estava alta e abafou. — Eu não sei mais o que fazer para chamar sua atenção, Kakashi. Pensei que gostasse de mim. — Despejou, ganhando a atenção total dele.
— O que está dizendo? — Kakashi queria fugir dali, mas também queria ficar e puxá-la para mais perto de si. Colar seu corpo ao dela e beijá-la enquanto a lua iluminava tudo.
Balançou a cabeça, indo em direção a saída da prisão que estava fechada, óbvio. Hinata cuidou daquele detalhe.
— Você não pode ir embora, eu não vou deixar. — Sakura usou um tom de autoridade, se arrependendo imediatamente após.
— Claro, a patricinha mimada não pode ser contrariada, estou certo? — Ele riu com escárnio. — Mesmo que eu corra o risco de ficar sem emprego por causa do seu capricho. — As palavras jorraram como flechas envenenadas.
Kakashi também se arrependeu disso, ao notar os olhos de Sakura ainda mais brilhantes. Indicando as lágrimas que queriam escorrer.
— Achei que você não pensasse assim de mim, não você. Pensei que me enxergasse de verdade, além de tudo isso... — Ela fungou e Kakashi precisou fazer um esforço sobrenatural para não confortá-la em seus braços. — Eu conheço sua situação, sei do seu pai e... — Sakura receou tocar naquele assunto e ser erroneamente interpretada. — Me mantive distante por isso, mas o que eu faço com o amor que sinto por você?
Kakashi sentiu uma pontada no peito ao ouvi-la mencionar a palavra amor. Borboletas imaginárias passando a dançar forró dentro de si, enquanto sentia um leve tremor em seu braço direito, que começava a se espalhar por todo seu corpo. Ele também a amava, agora estava claro.
— Eu não sou indiferente a você. — Foi o que conseguiu dizer, sem se comprometer no total. — Seria impossível ser, você é a garota mais linda que eu já vi. — A garganta queimou ao resumir Sakura em uma garota linda. Ela era mais que isso, muito mais. Ela era tudo, tudo o que ele queria para si.
— É só atração que sente por mim? — Sakura aproximou-se sorrateiramente dele, voltando a tocar seu peito com a palma da mão.
Ela era muito mais baixa, então ele precisou se inclinar para continuar olhando em seus olhos. Sua boca chamou pela dela, ele umedeceu os lábios tentando controlar o desejo de beijá-la.
— Não, não é — Kakashi respondeu, sua voz soando incrivelmente baixa por causa da situação em si. — Sou apaixonado por você há dois anos, desde que assumi a segurança da sua família.
Ela sorriu e foi como se o sol de repente estivesse no interior de Kakashi. Tudo se aqueceu.
— Era só o que eu precisava saber — afirmou, ficando sugestivamente na ponta dos pés — Porque eu sou apaixonada por você desde que te vi pela primeira vez. Desde quando meu pai nos apresentou e disse que você seria o meu protetor.
Kakashi finalmente venceu a distância existente entre eles, experimentando um arrepio na espinha ao sentir os lábios macios de Sakura nos seus. Então extravasou seu desejo reprimido há muito tempo, tomando-a em seus braços. Ele a puxou para si o máximo que pôde, embrenhando os dedos em seus longos cabelos. Como sempre desejou fazer, enquanto Sakura amolecia em seus braços. Kakashi manteve-se firme para não desabar também, com a mão direita ele a segurou pela cintura. Enquanto a esquerda estava perdida na nuca de Sakura.
Movimentou os lábios com mais urgência, explorando e conhecendo sem pensar nas consequências. Aquilo só podia ser um sonho, do qual Kakashi não queria acordar. Ouvia os suspiros de Sakura rente aos seus lábios, embaralhando seu raciocínio lógico e o levando à beira da loucura.
— Como eu desejei isso... — Ele sussurrou, mordendo levemente o lábio inferior dela. — Você não tem ideia.
— Tenho sim, pois eu desejei igualmente e já pensava que você não me queria. — Ela respondeu, fazendo um biquinho. Kakashi já conseguia enxergá-la melhor por causa da luz pálida da lua que agora adentrava cada vez mais a prisão improvisada. — Pensei que precisaria andar nua na sua frente para ganhar sua atenção.
Kakashi podia jurar que ela disse aquilo para provocá-lo, mesmo assim sentiu os músculos enrijecerem diante da possibilidade.
— Só se você quisesse que eu caísse morto. Sakura, você não tem noção do efeito que exerce sobre mim. Não precisava de nada disso, eu já sou seu desde muito tempo. Só não podia, não posso... — Corrigiu, se dando conta do que estava fazendo. — Não podemos, eu preciso desse emprego. Eu te amo, mas não posso. — Essa segunda frase saiu sem que ele percebesse.
Sakura arregalou levemente os olhos ao ouvi-lo.
— Você me ama? — perguntou baixinho.
Kakashi suspirou, decidindo que não adiantaria mais esconder ou negar.
— Sim, eu te amo e quase morri de ciúmes ao te ver com aquele garoto. — confessou mordendo o lábio.
Sakura riu.
— Sasuke? Ele é gay, eu só o ajudo a não levar bronca dos pais. Em troca ele me ajuda a fazer ciúmes em você. — Ela cutucou o peito de Kakashi.
— Gay?
— Super.
Ele balançou a cabeça, assimilando a informação.
— De qualquer forma, não podemos ficar juntos, Sakura — explicou, sentindo o coração doer. — Seus pais me demitiriam se soubessem, e é bem capaz de eu não encontrar outro emprego se a notícia que eu fiquei com a filha do meu patrão se espalhar. Meu pai precisa de mim. — ponderou, para que ela entendesse o porquê de sua hesitação.
Não era um covarde, abandonaria tudo por ela. Desde que esse tudo não fosse a única família que ele tinha.
— Eu entendo e é isso que mais admiro em você. — Sorriu, acariciando o rosto de Kakashi. — Vamos aproveitar essa noite, para que ela fique para sempre em nossas lembranças...
Kakashi não esperou a conclusão, tornou a beijá-la com devoção e desespero. Erguendo Sakura em seu colo, ele a levou para o mais distante possível da claridade vinda da lua.
Pedindo internamente que aquela noite não tivesse fim. Ele segurou o sonho de tê-la em suas mãos e não saberia se teria força suficiente para soltá-la.
— Vamos dar um jeito, Sakura. — Sussurrou em seus lábios. — Eu não vou abrir mão desse amor.
Fim.
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