Querido diário, hoje eu me f...
ACHADOS E PERDIDOS
Tudo teria ficado bem se Yang Jungwon não fosse o pior amigo de todos. Tudo teria ficado bem se Jo Kyungmin não fosse um implicante e se Park Jongseong não fosse tão burro — e, principalmente, tudo teria ficado bem se Kim Sunoo não tivesse ficado amigo do garoto que gosta.
A vida de Sunoo estava um mar de rosas — ou quase isso, mas ele sempre gostou de se iludir — até a manhã de hoje, quando se arrumou para escola com um entusiasmo nunca antes visto antes das oito da manhã e até mesmo passou alguma maquiagem no rosto pálido antes de sair de casa, não se esquecendo de guardar o querido diário dentro da mochila. Chegou cedo para as aulas e ainda teve tempo de escrever alguma coisa no diário antes de a primeira aula começar e, é claro, escreveu sobre ele — Park Sunghoon.
Acabei de chegar na escola e no caminho vi o Sunghoon bebendo água. Ele é tão lindo!!!!!!!! O cabelo platinado tava caindo nos olhos dele enquanto ele bebia água, e o jeito que ele arrumava o cabelo... Ah... Por que ele precisa ser tão perfeito?!
É até difícil passar por ele sem suspirar, mas ele não pode perceber que eu quero ser muito mais do que um amigo. Se ele perceber, vai achar que eu me aproximei dele e fingi ser amigo dele só por gostar dele! Foi meio que isso, no início... Mas agora eu juro que acho ele muito legal!!!! Só que ser amigo dele só me faz gostar mais ainda dele, o que eu faço?!
Hoje depois da aula vai ter o treino de tênis do Jay, e vamos ficar pra assistir. O Sunghoon vai estar e vou tentar sentar do lado dele... Vai que rola alguma coisa???
Vou ter que parar agora, a chata da professora de artes chegou. Até mais tarde~~
O diário foi guardado de volta na mochila, mas o sorriso gigante não saiu dos lábios. Foi mesmo muito suspeito que tudo estivesse tão feliz, Sunoo deveria ter imaginado. Até mesmo Jongseong, que geralmente chega às aulas com a pior expressão de todas, chegou animado para aula hoje, mesmo que estivesse atrasado e recebendo bronca da professora.
As coisas começaram a desandar um pouco na hora do almoço, mas Sunoo se esforçou muito para não enxergar.
— Se você tivesse seguido o meu conselho e não o do Jungwon, agora você poderia ter alguma chance com o Sunghoon — Jongseong dizia, exasperado após ouvir Sunoo falar do plano mirabolante para se aproximar de Sunghoon mais tarde.
— Ei! Se fazer de amigo dá certo, sim! — Jungwon se defendeu.
— Mas eu me aproximei dele — Sunoo rolou os olhos, continuando a comer e ignorando a burrice de Jongseong.
— Sim, como amigo. Parabéns pela genialidade, agora vocês são best friends forever — o mais velho parecia realmente bravo com o pobre Kim. — Agora toda vez que o Sunghoon se aproxima eu sou obrigado a aturar você todo se chegando pra cima dele e-
Ele foi interrompido por um chute de Kyungmin sob a mesa, pois Sunghoon estava se aproximando da mesa deles. Não que Jongseong tenha se importado com isso quando a preciosa canela dele estava latejando como o inferno, e ele teria voado no pescoço do garoto mais novo se não fosse pela divina interrupção de Sunghoon.
— Tudo de pé pra hoje mais tarde?
O sorriso dele, os olhos dele, a presença dele, tudo é tão lindo que Sunoo podia sentir os olhos brilhando apenas com essa visão.
— Claro, hyung — ele respondeu com o maior dos sorrisos, ignorando Jungwon e Kyungmin claramente querendo rir ao lado dele.
— Ótimo — ele sorriu para Sunoo. Sorriu para mim!, o garoto pensava, feliz. — O Jake vai ficar com a gente também, pode ser?
— Mas ele não tem treino do time de futebol? — Jongseong perguntou, mas a mente de Sunoo já estava longe (junto ao sorriso dele, que praticamente se desmanchou).
Se Jake estivesse junto, tudo o que ele planejou iria pelos ares. Porque, sim, Sunghoon tem dois melhores amigos inseparáveis: um é Jongseong, e o outro é Jake. A diferença é que Jongseong é amigo de noventa por cento dos alunos da escola e não passa o tempo todo grudado aos melhores amigos, enquanto Jake e Sunghoon são os dois introvertidos que parecem que vão passar mal se andarem desgrudados por uma horinha sequer. Sunoo deveria ter percebido que as coisas estavam boas demais para ser verdade, afinal, em que mundo que Sunghoon iria fazer algo sem a outra metade da laranja dele?
Ele foi tirado dos pensamentos fúnebres quando Jongseong e Sunghoon fizeram o aperto de mão esquisito deles.
— Só não esquece que o treino é fechado e se vocês se atrasarem não vão mais poder entrar — Jongseong o lembrou, mas Sunghoon já estava sorrindo (lindo, tão lindo!) e acenando para ir embora.
— E lá se foi o seu plano de ficar grudado no Sunghoon hyung durante o treino — Kyungmin implicou, tendo total apoio de Jungwon.
Mas Sunoo resolveu que não iria se deixar abalar por aquilo, não hoje. E daí que Jake estaria com eles? Seria um pouco mais complicado ficar ''a sós'' com Sunghoon, mas não seria nada impossível, porque mesmo que Jake não saiba da paixão platônica de Sunoo pelo Park, ele é alguém muito legal e fácil de convencer.
A gota d'água para o melhor dia do mês dele ir pelo ralo estava prestes a acontecer, mas ele sequer sabia disso, ao que resolveu que aproveitaria para escrever no diário enquanto esperava pelos amigos, sozinho sentado na classe vazia após as aulas. Com um sorriso nos lábios ele mudava a cor da caneta a cada vez que escrevia o nome de Sunghoon, rodeado de corações e estrelinhas, cantarolando alguma música qualquer que ouviu no Tik Tok.
— O que é isso aí?
— Que susto, garoto! — Sunoo deu um pulo, fechando o diário com tanta força que o barulho ecoou pelo ambiente vazio.
— Tá devendo? — Kyungmin seguiu implicando, tentando ver o que Sunoo estava fazendo. — Não me diga que tá escrevendo naquele diário de novo.
— Sim, estou! Agora dá licença e sai da minha sala — ele empurrou o garoto para o lado para alcançar a mochila, mas o outro foi mais rápido em tomar o caderninho das mãos dele. — Kyungmin, me devolve isso agora!
— Só deixa eu ver rapi- Ai, hyung! Para de me socar!
Não é que no diário tenha algo que Kyungmin nunca o tenha escutado falar antes, mas não deixa de ser constrangedor ter alguém lendo as coisas que ele escreve sobre o crush no garoto mais velho.
E tudo aconteceu rápido demais para a mente irritada de Sunoo processar. Em uma hora ele estava a ponto de colocar as mãos no pescoço de Kyungmin e enforcá-lo, e em outra os garotos estavam entrando na sala junto de Sunghoon, e Sunoo não queria parecer tão patético na frente do garoto que é sempre tão composto e educado, e por isso — e apenas por isso, porque ele não tinha nenhuma outra razão para parar de agredir Jo Kyungmin — ele tentou disfarçar, tirando as mãos de cima de Kyungmin, aproveitando que os garotos não tinham percebido ainda que ele estava a poucos segundos de matar o amigo, e tentando pegar o diário uma última vez, o que resultou no caderno caindo no chão e indo para atrás do armário.
— O que vocês tão fazendo? O treino já vai começar — Jongseong se aproximou dos dois, e só então Sunoo percebeu que o mais velho já estava com o uniforme de tênis.
Sunoo queria muito se queixar para o hyung, muito mesmo, queria fazer a caveira de Kyungmin e assistir de camarote Jongseong dando um esporro nele, mas infelizmente ele não podia falar naquele momento o que Kyungmin estava fazendo um minuto atrás, porque Kyungmin pode ser bem chato e imprevisível quando quer e a última coisa que Sunoo queria que acontecesse era Sunghoon descobrir da existência de um caderno cheio de fotos dele com legendas de ''fofo'', ''ily'', ''o melhor''.
— Vamos logo, gente — Jungwon apressou, já virando para a porta da sala para sair.
Kyungmin, no mais estúpido ato de implicância, empurrou o diário com o pé e o objeto foi para ainda mais distante, ainda debaixo do armário, e saiu andando para sair da sala também. No momento em que Sunoo se preparou para ir pegar o diário sem que Sunghoon visse, sentiu braços ao redor dos ombros dele.
— O que foi, Sunoo? Vamos logo ou você vai perder a oportunidade de sentar colado no Sunghoon — o mais velho falou próximo ao ouvido dele com um sorriso, o puxando para longe dos armários.
— Ouvi meu nome? — Sunghoon virou para trás para ver do que Jongseong e Sunoo estavam falando, acompanhado dos olhos curiosos de Jake, e Sunoo riu de nervoso.
Kyungmin saiu da sala ao lado de Jungwon, e mesmo relutante Sunoo se deixou ser guiado por Jongseong. Ele até tentou murmurar para o amigo que ele deixou a diário dele caído no chão da sala, mas ou Jongseong não entendeu a gravidade do problema ou não escutou direito o que Sunoo estava tentando falar, porque o Park seguiu o arrastando para fora da sala.
O melhor dia do ano dele estava, então, por um triz. Sunoo não conseguiu relaxar por um segundo sequer durante o treino de Jongseong, com a mente ainda dentro da sala de aula e no diário dele largado no chão. Não conseguiu focar em Sunghoon sentado ao lado dele nem no que os amigos estavam falando ao redor. Jungwon achou aquilo um pouco estranho, porque ao invés de Sunoo estar fazendo o possível para ficar sozinho e isolado com Sunghoon, ele estava olhando para o Yang em um quase desespero.
JUNGWONIE
por causa do kyungmin eu deixei meu diário na sala de aula
pega pra mim pf
[15:07]
não quero sair no meio do treino do jay hyung
[15:07]
POR FAVOR! vai ser rápido!!
[15:07]
pq não vai você então?
[15:08]
Jungwon com certeza viu a expressão de desespero e raiva no rosto do Kim, porque depois ele tornou a mandar mensagem.
se a gente sair, não pode entrar de novo
[15:11]
Sunoo não falou mais nada, resolveu engolir a ansiedade que estava começando a crescer e deixá-lo mais nervoso que o recomendado e tentou prestar atenção ao jogo. Sunghoon falou algumas coisas, mas tudo o que Sunoo conseguiu fazer foi sorrir como um bobo, sem prestar atenção de verdade.
Qualquer pessoa poderia entrar na sala de aula, porque as aulas terminaram mas a escola não fechou, e sempre ficam alguns alunos até depois do horário para estudar mais ou para reunião de clubes. Se alguém pegasse o caderno dele, iria devolver sem abrir? Não, porque o nome dele está dentro do caderno, então a pessoa teria que procurar o nome de Sunoo, e disso para folhear o caderno e se deparar com todas as fotos de Sunghoon e todas as declarações de amor que Sunoo escreveu... Ahh!
Foi um tortura assistir ao treino de tênis, que perdurou até estar escurecendo lá fora. Quando tudo terminou, Sunoo foi andando sozinho pelos corredores da escola, porque Jungwon não quis ir com ele e Kyungmin não é mais uma opção — Sunoo não quer nem mais ouvir o nome do garoto depois da palhaçada que ele fez! Se algo der errado, é tudo culpa de Jo Kyungmin.
A escola já tinha fechado, os únicos alunos autorizados a permanecer dentro da escola eram aqueles que ficaram para os treinos de tênis e futebol, e a parte das salas de aula estava fechada, mas Sunoo tinha negócios importantes a resolver. Ele teve que negar caminhar com Sunghoon até o ponto de ônibus para poder ir em busca do bendito diário, então ele esperava que o caderno estivesse no mesmo lugar de mais cedo, intocado, para valer a pena dispensar caminhar sozinho ao lado de Park Sunghoon.
O que, ao abrir a porta da sala escura e entrar com a mera iluminação da lanterna, ele percebeu que não era o caso. Com o coração na boca e tão nervoso que nem pensou nos riscos de ser pego, Sunoo acendeu a luz da sala e se ajoelhou no chão para enxergar melhor sob os armários, mas não tinha mais nada ali.
Será que alguém achou e colocou nos achados e perdidos? Será que alguém abriu pra ler? Como que o diário dele sumiu em um intervalo curto de tempo, ainda mais depois do horário das aulas?!
Sunoo não fazia ideia do que fazer, só o que restava era rezar para terem deixado o caderno nos achados e perdidos, e que não tivessem olhado o conteúdo — pelo bem da sanidade mental dele.
Não deixaram o caderno nos achados e perdidos. Ninguém viu o tal caderno de capa amarela com adesivos do sistema solar, e foi por isso que Sunoo passou a manhã inteira a um passo de chorar no colo de Jungwon.
— Calma, eu duvido que alguém tenha lido seu diário — o mais novo tentou consolá-lo no horário de almoço, parecendo até estar mesmo preocupado com o estado do amigo.
Sunoo jogou na cara de Jungwon o fato de ele ser o pior melhor amigo da história da humanidade, que se ele tivesse ao menos tentado ajudá-lo no dia anterior, nada disso estaria acontecendo, e o mais novo apenas aceitou todas as acusações e até se desculpou. Só que não havia mais nada a ser feito; o diário de Sunoo já sumiu e ele ficaria em crise até descobrir aonde foi parar, com medo até de passar por Sunghoon, com a paranóia de que a pessoa que encontrou o diário leu tudo e contou para o Park.
— Se a pessoa pegou o meu diário e não levou pro achados e perdidos, o que ela vai fazer com aquilo então, Jungwon? Enfeitar a prateleira de casa que não é.
É, Sunoo estava certo. Se Jungwon achasse um diário de alguém da escola ele com certeza pegaria para ler e sabia que Sunoo também faria o mesmo, mas não era o melhor momento para falar a verdade.
Com muito drama e sem querer ficar perto de Kyungmin — que sem arrependimento nenhum se sentou à mesa com Sunoo e Jungwon —, Sunoo resolveu sair para dar uma volta pela escola enquanto o horário de almoço não terminava, ir beber uma água ou chorar no banheiro por ser tão idiota ao ponto de perder o diário dentro da escola. E foi o que ele fez — apenas a parte de ir beber uma água, porque ele não sentiu muita vontade de chorar, mesmo estando aterrorizado e nervoso. Na tentativa de ficar um pouco sozinho mexendo no celular, se arrastou até o corredor dos clubes, na expectativa de ficar em paz em uma das salas vazias.
Sozinho na sala do clube de matemática, ele entrou em todas as redes sociais e grupos do Kakao Talk, em busca de alguma pista de que alguém já estava com o diário dele, mas não encontrou nada. Talvez, quem pegou o diário dele foi algum funcionário da limpeza muito gente boa que esqueceu de colocar nos achados e perdidos e só está esperando alguém ir procurar. Ou, pode ter sido o moço que passa nas salas depois do horário para garantir que não tem ninguém escondido no escuro. Ou...
— Posso falar com você?
Um garoto o chamou e Sunoo levantou os olhos do celular para olhá-lo.
— Sim?
Sunoo conhece esse garoto, já o viu andando pelos corredores da escola e até acha que ele é do time de futebol ou coisa parecida. Ele é o aluno vindo do Japão, dois anos mais novo e muito, muito bonito, alto o suficiente para ser notado e novo demais para Sunoo pensar em se aproximar. Ele poderia até ser o mais bonito da escola, se não fosse por Sunghoon e pelo próprio Sunoo.
O garoto se aproximou de onde Sunoo está, parecendo ficar ainda mais alto a cada passo.
— O que foi? — Sunoo perguntou assim que percebeu o sorrisinho nos lábios dele.
— Ontem eu tava passando pela sua sala de aula e achei uma coisa que é sua — a forma como ele diz isso, com um sorrisinho nos lábios e os olhos nos de Sunoo, olhando o mais velho de cima, faz com que Sunoo entenda tudo.
E agora, depois de toda a sequência de fatos do dia anterior até esse momento, é por isso que ele está nessa situação. Pelo sorrisinho nos lábios do garoto alto, Sunoo sente o sangue parar de circular e a mão que segura o celular tremer um pouco, porque tem certeza que esse tal Nishimura Riki leu alguma coisa, está escrito na testa dele.
— O que você tava fazendo na minha sala depois das aulas? — ele se levanta da cadeira, de alguma forma se sentindo intimidado pelo garoto alto demais para a idade. Mesmo de pé, ainda precisa levantar o rosto para olhá-lo. — O que você leu? — Sunoo pergunta, já com a expressão completamente modificada. Ele olha ao redor só para se certificar de que não tem ninguém ali para os escutar falando sobre isso, mas sente o coração na boca, porque Riki pode contar para qualquer um sobre o que ele leu. Riki pode tirar fotos do diário dele e usar isso para ameaçá-lo... — Me devolve meu diário.
O garoto mais alto ri e Sunoo acaba formando um bico. O pior pesadelo dele aconteceu e ele sente o coração acelerado de nervosismo, mas também sente vontade de amassar o rostinho bonito desse garoto mais novo.
— Me responde! Cadê meu diário?!
— Calma, hyung, calma — o garoto debocha, e então se encosta na parede mais próxima de onde estão, parecendo feliz e relaxado. — Eu não li seu diário... Ainda — um sorriso de lado é direcionado ao mais baixo, que se sente mais nervoso a cada momento. — Peguei o caderno na sua sala e abri em uma página qualquer, sabe, só por curiosidade, e achei uma página muito interessante, cheia de fotos...
— Cala boca! — Sunoo fala alto, o rosto quente de vergonha. É claro que Riki viu fotos de Sunghoon, porque Sunoo faz questão de colar fotos dele em absolutamente todas as páginas, de forma que parece que o diário é dedicado a Park Sunghoon. E, meio que é, na verdade...
— Pra que esse estresse todo? — o japonês se faz de desentendido. — Enfim, eu vou te devolver seu diário, mas com uma condição.
— Não tem essa de condição não, garoto — Sunoo se estressa, apontando para o peito dele. — O diário é meu e você vai me devolver, tem que me devolver, ou eu conto pra direção que você roubou uma coisa que é minha!
— E se você fizer isso eu leio o que tem escrito naquele diário e conto pra todo mundo da escola.
— N-Ninguém vai acreditar em você — ele responde rápido, mas acaba gaguejando devido ao nervosismo. Só de imaginar todo mundo da escola sabendo das coisas que ele escreve sobre Park Sunghoon... E se o próprio Sunghoon souber, Sunoo compra uma passagem para o interior e não volta nunca mais, vai passar a vida cuidando de galinhas.
Mas, Riki dá de ombros.
— Eu posso mostrar. Posso tirar foto e postar na internet — Riki cruza os braços, olhando de cima para o mais velho emburradinho.
— Quem me garante que você não leu mesmo o que escrevi? — Sunoo também cruza os braços, mas sentindo que não tem muita escolha.
— Eu garanto — Riki dá de ombros novamente, e Sunoo bufa.
— Grande coisa — o mais baixo reclama em um murmuro, pensando. — O que você quer pra me devolver meu diário de uma vez?
Se esse garoto quiser qualquer coisa, Sunoo pode dar, seja dinheiro, resposta de questões de prova, ou seja lá o que a mente maquiavélica desse menino que o olha parecendo ter diversos planos malignos é capaz de pensar.
— Um beijinho — o mais novo diz com uma voz forçada e aponta para a própria bochecha, o sorrisinho nunca abandonando os lábios.
O queixo de Sunoo vai ao chão, tão indignado que chega a abrir a boca. Ele quer gritar e bater nesse garoto, porque é dois anos mais velho que esse menino abusado. Ele não é só um hyung mas um sunbae pra ele, e além de ameaçá-lo Riki ainda o chantageia por um beijinho?
Ele respira fundo para não voar no pescoço de Riki. A possibilidade de esse garoto sair contando por aí que Kim Sunoo gosta de Park Sunghoon e escreve sobre ele num diário é assustadora, então isso basta para Sunoo se decidir. Mesmo com raiva da imaturidade do japonês, não é nenhuma tragédia ter que beijar um garoto bonito.
Riki se surpreende quando o mais velho se aproxima e realmente o dá um beijinho rápido sobre os lábios e logo se afasta de novo, os olhos afiados e uma mão esticada.
— Vai, agora me dá.
O japonês esconde a surpresa de realmente ter conseguido o que queria e, sem pensar duas vezes, pede outra coisa.
— Só vou devolver se ganhar um beijo.
Sunoo olha bem para a cara de pau dele, sem acreditar nisso. Não é possível, ele deve estar escutando coisas.
— Como é? Nishimura, me dá o meu diário agora!
— Ah, então você sabe o meu nome? — o sorrisinho do japonês aumenta ainda mais, e Sunoo não entende que grande diferença faz ele saber o nome dele ou não, afinal, estudam na mesma escola e não é como se Sunoo fosse um isolado que não conversa com outras pessoas. De qualquer forma, o sorrisinho presunçoso de Riki o perturba, porque as coisas que Sunoo mais detesta são ser controlado e perder, e no momento ele sente que as duas coisas estão acontecendo. — Sem beijo, sem diário. Você que sabe.
Novamente Sunoo se aproxima do garoto, precisando ficar um pouco nas pontas dos pés para alcançá-lo e então segura os dois lados do rosto dele e gruda os lábios com raiva em um beijo estalado, fechando os olhos com força. Mas, assim que se afasta e abre os olhos, se depara com o sorriso sacana de Riki
— Eu quero um beijo de verdade.
Com pressa e já perdendo toda a paciência que já não tinha no início dessa conversa, Sunoo dessa vez não pensa antes de puxar o garoto pelo colarinho da camisa do uniforme e unir os lábios novamente.
Que humilhação, meu Deus, ele choraminga mentalmente, sem acreditar que está beijando um garoto dois anos mais novo — que está sendo chantageado por ele.
Riki solta um suspiro assim que os lábios se chocam e imediatamente segura a cintura de Sunoo, que aperta ainda mais o colarinho da camisa dele quando sente as mãos do mais novo nele.
Não acredito que estou fazendo isso pelo meu diário, a mente de Sunoo fica repetindo, mas não por muito tempo. O japonês troca de posição, ainda segurando Sunoo pela cintura e o encostando de contra a parede, e a partir disso a mente do Kim fica em branco.
O garoto alto é quem toma a iniciativa de evoluir o beijo para algo mais real, sequer pedindo passagem entre os lábios úmidos de Sunoo e já invadindo a boca dele, de forma que Sunoo nem sabe quando que o aperto na camisa de Riki se transformou nas mãos dele segurando os ombros do garoto, na tentativa de manter o equilíbrio.
Sunoo deixa que o garoto mais novo guie o beijo — que surpreendentemente não é ruim para uma criança mal educada e chantagista —, o segurando firme no lugar e deixando pequenos selares entre um beijo e outro, até que Sunoo está se sentindo sem fôlego e quer se afastar de uma vez, porque era apenas um beijo e ele não foi capaz de contar, mas acha que já beijaram demais.
É quando Riki suspira novamente entre os lábios deles, aperta a cintura de Sunoo e deixa uma mordidinha no lábio inferior dele, que Sunoo junta todas as forças que ele (finalmente) se lembra que tem e empurra o loirinho, virando o rosto e recebendo um último beijo molhado na bochecha por causa da tentativa de Riki de continuar o beijando.
— Chega — ele começa a falar, e só então percebe que realmente está quase sem fôlego. E, se ele estiver como Riki, também está com os cabelos bagunçados e as bochechas coradas. — Já te dei o beijo, agora me dá meu diário — ele exige, tomando espaço do garoto para respirar melhor e ajeitar os fios pretos bagunçados. — E nem vem com outro pedido porque eu não vou fazer mais nada!
Riki passa as costas da mão sobre a boca, limpando os resquícios da saliva de Sunoo com um sorrisinho, e o mais velho quase se sente envergonhado pelo que eles acabaram de fazer — quase, porque ele tem outros sentimentos maiores no momento, como os de ansiedade e nervosismo.
— Não tô com seu diário agora, mas posso trazer se você merecer.
— Você mentiu pra mim?!
— Não, eu não disse que tava com o diário aqui e agora — Riki ri ainda mais, e essa é a gota d'água para Sunoo, que o empurra de contra a parede e sai da sala batendo pé e a porta, gritando um ''babaca!'' e soltando fumaça pelas narinas.
Como foi burro! Aquele idiota se aproveitou dele para trocar uns beijos e nem tem o que Sunoo quer, e com certeza não vai devolver tão cedo. Sunoo não consegue acreditar que recusa tantos garotos — muito mais interessantes que aquele pirralho! — para no fim ficar aos beijos com aquela peste em troca de nada!
Ele volta para a sala de aula com pressa, sem perceber que está com os lábios visivelmente inchados e as bochechas vermelhas, a raiva o consumindo. Não faz ideia do que fazer para obter o diário de volta, mas espera que pelo menos esses beijos tenham servido para que o garoto fique quieto.
O fim do dia e a noite são preenchidos por um Sunoo desesperado, andando de um lado para o outro do quarto, em ligação com Jungwon. Ele contou tudo para o amigo, é claro, e perguntou se o Yang conhece Riki ou sabe alguma coisa dele, qualquer coisa. Foi um pouco inútil, porque Nishimura Riki é próximo apenas de umas garotas japonesas, estas que Sunoo nunca se aproximou na vida.
— Mas como assim você não sabe nada dessa tal Hikaru? — Sunoo pergunta, um pouco indignado.
— Ela é da minha turma mas isso não quer dizer que eu tenho que saber da vida dela — Jungwon se defende do outro lado da linha. — Não acha melhor falar com o Jay hyung?
Jungwon vem insistindo nessa história de falar com Jongseong desde que soube que Sunoo foi chantageado porque, segundo ele, Jongseong é mais velho e parece assustador, então poderia facilmente fazer Nishimura Riki desistir da ideia de ser um tremendo babaca e finalmente devolver o diário de Sunoo. O Kim achou a ideia péssima, porque Jongseong não assusta nem uma mosca e Riki poderia muito bem contar para os sete ventos o que ele leu sobre Park Sunghoon no diário, de qualquer forma.
— Ah, ele pode estar lendo meu diário agora... — Sunoo choraminga, caindo na cama de forma dramática.
— O que você escreve naquele caderno é tão vergonhoso assim? — o amigo ri e Sunoo resmunga.
Eles se falam até a hora de dormir, e Sunoo acaba sonhando com coisas estranhas e bizarras, tendo uma péssima noite de sono. Como pode dormir em paz sabendo que os segredos dele podem ser revelados a qualquer momento por um garoto sem palavra?
No dia seguinte, Sunoo só sai de casa depois de garantir que não tem nenhuma fofoca no fórum da escola sobre ele e Sunghoon. Um mensagem do Park o assusta, mas ele logo se sente derreter quando percebe que é uma mensagem de bom dia (e, em seguida, um pedido para que Sunoo não esqueça o livro dele de história que foi emprestado na semana anterior, mas Sunoo gosta de se iludir e pensar que foi o primeiro pensamento da manhã de Sunghoon e que ele quis mandar um bom dia porque gosta de Sunoo).
As aulas passam normalmente, mesmo que o garoto se sinta como uma espécie de criminoso, com medo de ter os crimes revelados a qualquer momento. Ele odeia essa sensação, ainda mais por não ter mais o que fazer sobre isso.
Ele espera esbarrar com Riki pelos corredores para quem sabe o garoto o devolver o diário de repente, num surto de bondade, mas não vê nem sinal do garoto alto de cabelos loiros pelos corredores. Na hora do almoço ele come junto aos amigos — ainda ignorando Kyungmin, com toda certeza — e não para de olhar ao redor para verificar se o tal japonês não está por perto. Cenas catastróficas de Riki entrando no refeitório com o diário dele em mãos e indo até a mesa dele e mostrando o diário para Sunghoon preenchem a cabeça de Sunoo, que sente o estômago embrulhar. Talvez ele devesse ir atrás do garoto por conta própria?
É difícil escolher entre ficar sentado ao lado de Sunghoon, apreciando-o comer e ouvindo a voz dele tão de pertinho e ter que ir atrás de um pirralho sem noção que está com algo que o pertence. Para facilitar a escolha, o celular dele vibra.
número desconhecido
[imagem]
quer de volta?
tô no mesmo lugar de ontem
[12:22]
A careta que se forma no rosto de Sunoo ao ver emojis de beijinhos e piscadinhas é inevitável.
— Que foi? — Sunghoon, ao lado dele, percebe a careta feia que o mais novo formou.
De perto Sunghoon consegue ser ainda mais lindo. Sunoo consegue ver as pintinhas dele com mais clareza, as sobrancelhas bem marcadas contrastando com os cabelos descoloridos e os olhos dele que, quando direcionados a Sunoo, parecem ainda mais lindos. O embrulhar do estômago que estava sentindo antes por causa de Riki se desfaz, sendo substituído por borboletinhas que o deixam com frio na barriga.
— Nada não — ele sorri bobo para o mais velho, chegando a quase fechar os olhos. — Só vou ali rápido e já volto.
— Quer que eu vá com você? — Sunghoon sugere, já pronto para se levantar, mas infelizmente Sunoo vai ter que negar novamente ter a presença de Sunghoon ao lado dele.
— Não precisa — ele se apressa em dizer, e pode notar os olhares de estranheza de todos os amigos, porque ele nunca nega a presença de Sunghoon. — É que eu quero ir ao banheiro — ele se justifica, um pouco sem graça.
— Ah, tudo bem então — Sunghoon parece entender e desiste da ideia de se levantar, e Sunoo aproveita para se afastar de uma vez.
Certo, ele vai direto para a sala do clube de matemática, vai pegar o diário, vai colocar dentro da mochila e vai trancar a mochila dentro do armário da sala de aula. A chave do armário não vai sair de perto dele até a hora de irem embora e então Sunoo nunca mais vai levar o diário para a escola.
Como sempre, o corredor das salas dos clubes está vazio, então não é difícil para Sunoo enxergar a cabeleira loira através do vidrinho da porta do clube de matemática. Assim que ele entra na sala, a atenção de Riki já está sobre ele.
— Cadê? — o mais velho vai direto ao ponto assim que vê o japonês abrindo a boca para falar alguma coisa.
— Boa tarde pra você também — ele implica, se levantando de uma das mesas em que estava sentado e Sunoo rola os olhos.
Sunoo procura com os olhos o diário, mas não encontra o caderno amarelo em canto algum, muito menos nas mãos de Riki.
— Chega de gracinhas — o menor cruza os braços. — Me dá logo o que é meu pra eu nunca mais ter que olhar na sua cara.
— Ah, mas por quê? — o garoto faz um beicinho, e Sunoo repara em como os lábios dele são bem rosados, se lembrando da maciez deles. — Do jeito que me beijou ontem, pensei que fosse querer me ver mais vezes.
— Há! — Sunoo não segura a risada forçada, sem acreditar na cara de pau. — A última coisa que eu quero é ter que te ver mais vezes, pode acreditar. Agora anda logo que eu tenho mais o que fazer, me dá o meu caderno.
— Huum... — o outro força uma expressão pensativa. — Tem mais o que fazer com o Park Sunghoon?
— Você leu! — Sunoo praticamente dá um pulo na direção do garoto, o empurrando com raiva. — Você disse que não tinha lido nada! Seu babaca!
Riki fica surpreso com o nervosismo do mais velho e acaba rindo um pouco, quase que com admiração.
— Eu não li — ele diz, rindo. — Só que eu vi as fotos dele no seu diário, não precisei de muito mais pra entender do que se tratava — a voz risonha dele parece perturbar ainda mais o Kim, que já tem as bochechas vermelhas de raiva. — Mas eu ainda posso ler... — Sunoo respira fundo, jogando os cabelos para trás num gesto nervoso.
— Garoto...
— Eu vou te devolver seu querido diário agora mesmo... Se você me der outro beijo.
— Você só pode estar brincando.
— Não estou.
— Você não tem vergonha, não?
— Não.
— Qual é, você tem alguma obsessão comigo? — a irritação na voz de Sunoo é palpável, porque ele não quer acreditar, não consegue acreditar, que justo ele está tendo que passar por uma situação dessa.
— E se eu tiver? — o mais novo diz, nunca deixando o sorriso morrer.
— Por que você quer tanto ficar me beijando por aí? Você sabe que eu não quero te beijar e que só estou fazendo isso pelo meu diário, não é?
— Porque você é bonito — o mais alto começa a se aproximar e Sunoo fica parado no lugar, porque não esperava uma resposta dessas. — Porque você é fofo e faz meu tipo — ele deixa um aperto em uma das bochechas gordinhas de Sunoo, que tenta se afastar. Ouvir que ele faz o tipo de um garoto mais novo não deveria causar reação nenhuma nele além de vontade de rir, então por que raios ele está engolindo a seco? — E você não parecia não querer me beijar ontem — e, novamente, aquele sorrisinho ladino que perturbou a mente de Sunoo desde o dia anterior.
— Claro que eu não queria, você me forçou — a voz de Sunoo é mais baixa agora, talvez sendo efeito de estar em choque pelo abuso do japonês.
— Quem iniciou todos os beijos foi você — ele ri. — Eu só retribuí — e o dar de ombros dele faz Sunoo respirar fundo novamente.
— Eu não vou te beijar de novo.
— Mas você quer seu diário, não quer?
— Quero, mas não vou te beijar de novo.
— Então deixa que eu te beijo.
Em um piscar de olhos as mãos de Riki estão ao redor de Sunoo e os lábios deles estão pressionados. Sunoo tenta se soltar, se debatendo entre os braços do outro, mas este não o solta, pelo contrário, apenas o segura mais de contra si.
Sunoo sente que está sendo carregado até um canto da sala porque Riki o levanta minimamente do chão e tudo o que Sunoo pode sentir — além dos lábios insistentes pressionados de contra os dele — são as pontas dos pés se arrastando minimamente pelo chão, até que ele sente as costas de contra a parede.
O garoto tenta aprofundar o beijo, mas Sunoo é teimoso em não abrir os lábios dessa vez. Percebendo isso, Riki o segura com uma mão na cintura e a outra leva até a nuca do mais velho, onde segura um pouco dos cabelos macios de Sunoo e os puxa para trás, de forma que Sunoo abre bem os olhos, chocado, e também abre os lábios para reclamar com o japonês, este que ri de contra os lábios do mais baixo e aproveita para aprofundar o beijo como queria desde o início.
O garoto mais novo beija bem, isso Sunoo tem que admitir. A atitude dele, o jeito que ele consegue manter Sunoo entretido com o beijo mesmo estando irritado é algo que deixa Sunoo surpreso, porque ele (secretamente) pode aproveitar o beijo. Isso somado ao fato de que ele é muito bonito, é claro.
Sem nem perceber, Sunoo já cedeu ao beijo. Alguns barulhos molhados ocupam a sala ao passo que os garotos beijam até sentirem os lábios dormentes, mas ninguém se afasta. Pelo contrário, Riki segura os pulsos de Sunoo e posiciona ambos os braços dele ao redor do próprio pescoço, e Sunoo apenas o segue, como uma marionete, e até fica um pouco na ponta dos pés para facilitar o beijo, mesmo que Riki esteja inclinado para baixo para alcançá-lo.
Os lábios do garoto mais novo são grossos e macios, além de bem espertos. Riki o beija com tanta sede e destreza que Sunoo se pergunta como esse garoto pode ter tanta experiência em beijar, e se nega a ficar pensando sobre isso, porque ele pouco se importa com a vida amorosa do Nishimura. Por um momento, a imagem de Sunghoon surge na mente de Sunoo. Ele se pergunta se a textura dos lábios do Park é parecida com a dos lábios de Riki, porque ambos têm os lábios grossos. Pensar em beijar Sunghoon parece acordar Sunoo e trazê-lo de volta à realidade, porque ele desenrosca os braços do pescoço de Riki com pressa e tenta se afastar, mas a mão do garoto que o segura pela nuca não o solta, apenas o prende no lugar, e qualquer tapinha que Sunoo dá no peito do mais alto é inútil, porque Riki intensifica ainda mais o beijo, praticamente o devorando, e logo Suno está suspirando novamente e cedendo aos lábios macios e úmidos do garoto; os pensamentos sobre o querido diário dele se perdendo no fundo do subconsciente.
Eles observam, de longe, Kim Sunoo sair de dentro da salinha, vermelho como um tomate e agarrado a um caderno.
— Você não me disse que ele também gostava de mim? — a voz tristonha do garoto parte o coração do amigo, que coloca um braço ao redor dos ombros dele em forma de consolo.
— Desculpa, cara. Eu tenho certeza que ouvi ele falando com o Jungwon sobre você, mas agora acho que entendi errado...
Logo o outro garoto sai da sala, e Jake o conhece, pois são do mesmo time de futebol, mas não se lembra nenhuma vez de ter visto Riki com Sunoo antes. Para Jake, Riki era hétero, porque sempre o viu andando apenas com algumas meninas japonesas... É, ele deveria ter desconfiado antes.
— Não precisa se desculpar. Vai ver, ele gosta de garotos mais novos.
ACHADOS E PERDIDOS
happy sunki day atrasado :(
espero que tenham gostado <3 eu tenho um desenvolvimento pensado pra essa fic, por isso foi um pouco difícil colocá-la em formato de oneshot. não pretendo escrever um bônus, porque se eu for escrever algo a mais, será uma continuação para transformar essa one em short ou longfic, e no momento tenho outros projetos em andamento e não terei tempo para ela <3
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