9
A moça me olhava com olhos cansados e tristes. Seu corpo parecia muito abatido, o que eu considerava normal depois da caminhada, do sangramento e da febre. Ela levou a mão até a marca e ia coçar, quando a impedi.
-O médico pediu para você não mexer aí até cicatrizar completamente.
-Mas coça muito.
-Calma, vou pegar a pomada.
Fui até a mesa onde estava a tigela de mingau e abri a gaveta, dentro dela havia um pequeno pote com uma pomada branca.
Passei delicadamente o creme no losango em sua testa, os olhos arregalados da moça me mostraram que ela se esforçava para não sair correndo dali.
-Qual é seu nome?
-Mariene
-É um nome bonito. Doutor Pastin tinha me pedido para acorda-la, mas você se adiantou. Trouxe um mingau para você.
Ela estendeu as mãos, mas elas tremiam.
-Não precisa, eu posso te alimentar, a comida já está morna.
-Desculpe.
-Não tem pelo que se desculpar, vamos levantar você um pouco. Pode me ajudar?
Ela balançou a cabeça afirmativamente. Eu a puxei para cima e coloquei os travesseiros em pé. Peguei o mingau e sentei na beirada da cama. Ela estava tão assustada, achei que deveria conversar, ou pelo menos falar, para que ela se distraísse um pouco.
-Você sabe onde está?_disse pegando uma colher do mingau.
Ela balançou a cabeça negativamente.
-Aqui é Pinha, uma vila bem pequena.
Ela comeu o mingau, não respondeu nada, então achei melhor continuar falando.
-Apesar disso, temos uma quantidade até que variada de serviços. Estamos na taberna, ela é do meu futuro sogro. Eu trabalho na padaria, os doces de lá são maravilhosos. Você gosta de doces?
Ela balançou a cabeça afirmativamente.
-Então vou trazer alguns para você qualquer dia desses, é só me dizer quais são seus preferidos.
Mariane tentou sorrir, mas não conseguiu.
-Aqui também temos a escola, minha irmã mais nova ainda tem treze anos, então ainda frequenta. Há o armarinho, onde compramos os tecidos, linhas e agulhas. Temos até uma pequena biblioteca.
Os olhos da menina se arregalaram de surpresa.
-Sim, realmente incrível. Um velhinho que morava na capital do condado se mudou para cá e trouxe seus livros, como ele viu que as pessoas daqui sabiam ler, mas não tinham nada, criou essa biblioteca. Nós pagamos três cobres por mês e podemos pegar um livro por semana. Apesar de puxar um pouco no orçamento todas as famílias são filiadas, geralmente dividem uma conta só e revezam a vez de ler.
Mariane começava a parecer mais interessada na conversa, aquilo me fez sorrir.
-Aí temos os fazendeiros e os lenhadores e é isso._ ignorei propositalmente a igreja._ A vila é uma praça, onde ficam esses serviços e cinco ruas que levam até as casas e a estrada. A minha fica na rua que leva até a estrada, a número 5. As que levam até as fazendas são as 2 e 3. E em volta de tudo isso fica a floresta.
Nesse ponto o mingau tinha acabado, limpei a boca da menina, que agora eu via que era mais nova que eu e coloquei a tigela na mesinha.
-Você quer que eu fique com você?
Ela assentiu.
-Você quer continuar conversando?
Mais um aceno.
-Prefere falar de você ou de mim?
-De Você.
Dessa vez fui eu quem balançou a cabeça.
-Posso ao menos saber quantos anos você tem?
-Quinze.
Aquilo partiu meu coração, ela era tão nova e tinha precisado enfrentar tudo aquilo. Tive instantaneamente vontade de abraçá-la, porém Mariane ainda estava tão assustada que achei melhor não.
-Bem, eu tenho dezesseis.
-Mas você não está noiva?
A participação dela me deixou positivamente surpresa.
-Sim, vou me casar mês que vêm com o filho mais novo do dono da taberna, o Pablo. Você já está convidada.
-Vocês devem se amar muito para que se case tão nova.
Eu apenas dei um sorriso falso.
-Bem, eu tenho duas irmãs. Uma mais velha, Ester e uma mais nova, Elise. Eu e Ester não nos damos muito bem atualmente, embora eu tenha esperança de que as coisas melhorem. Já Elise e eu somos muito próximas, acho que isso deixa Ester um pouco ressentida, ela diz que sou uma má influência para minha irmãzinha. Mal sabe ela que nossa irmã mais nova já tem a mente muito bem formada para ser influenciada.
Esperei que ela sorrisse, ma não aconteceu. Nesse momento Bolinho pulou para o meu colo.
-Ah, esse é Bolinho, meu gato.
-Ele tem uma cor tão bonita, nunca tinha visto um gato como ele.
Mariane parecia hipnotizada e eu sabia como era a sensação. Bolinho virou de costas para ela, deitou e pareceu dormir imediatamente.
-E os seus pais?
-Bem, eles morreram de gripe três anos atrás.
-Sinto muito.
-Está tudo bem.
Segurei a mão dela e a apertei em um gesto que esperava que passasse confiança. Mariane apertou de volta. Não demorou muito e ela pegou no sono.
Estava quase dormindo também quando uma batida na porta me despertou. Levantei, fazendo Bolinho pular e me olhar com raiva e saí, era Pá.
-Oi, Pá. Ela comeu e voltou a dormir.
-Acho que isso é um bom sinal. Felipe veio aqui pedindo para falar com você, levei ele para o seis e disse que veria se estava disponível.
-Tudo bem, vou vê-lo.
Pá pegou a tigela vazia da minha mão, me puxou para um abraço rápido e desceu para a taberna. Fui até o quarto seis, bati para anunciar minha presença e fechei a porta na cara de Bolinho.
-Oi.
-Oi. Soube do que aconteceu.
-Olha, Felipe não estou para receber crítica nenhuma sobre o que eu fiz.
-Não ia fazer isso_disse Felipe segurando minhas mãos._ Ia dizer que você foi muito corajosa, a maioria não teria feito o que fez.
Dei de ombros e cheguei um pouco mais perto dele. Felipe me abraçou e eu me deixei ficar ali.
-Você é uma mulher incrível, Ellie.
Felipe afastou meu rosto e olhou profundamente em meus olhos. Os dele pareciam cheios de carinho, aquelas íris castanhas eram tão familiares. Passei a mão em seu rosto, afastando a mecha loira escura. Ele me puxou gentilmente e me beijou.
O beijo estava doce e delicado, movíamos nossas bocas lentamente, as línguas com toques suaves. Enrolei minhas mãos em seu pescoço e ele acariciou minhas costas e cintura.
Era daquilo que eu precisava depois de ter visto tanto horror, carinho. Fomos andando em direção à cama, ele soltou minha blusa da saia e começou a desabotoá-la. Soltei meus braços de seu pescoço para que ele tirasse a blusa.
Felipe beijou meu pescoço, lambeu a região até alcançar meu ombro onde depositou outro beijo. Eu suspirava e abria sua blusa xadrez. Passei os dedos em seu abdômen trincado, roçando em cada gomo. Cheguei mais perto dele e mordi sua orelha levemente.
Ele me colocou na cama e despiu minha saia, estava apenas com minha anágua branca e botas. Ele as tirou beijando meus tornozelos. Felipe fez cócegas no meu pé, eu ri e enlacei sua cintura com as pernas.
Felipe me beijou mais, tirou sua calça e os sapatos sem parar de me beijar. Ele passou as mãos em meus seios, apertando suavemente, sugou um deles por cima do tecido fino e assoprou. Gemi baixinho e coloquei a mão em seu pênis. Ele também gemeu quando sentiu minha pele deslizar na sua.
Felipe retirou minha anágua por cima da cabeça e segurou meus cabelos. Voltamos a nos beijar e ele entrou em mim.
-Ai Felipe.
-Estava com tanta saudade, Ellie.
Nos moviamos lentamente, eu enlacei sua cintura novamente, gemíamos baixinho. Senti estar chegando perto, cada vez mais perto. Ele e eu alcançamos o ápice juntos.
-Eu te amo, Ellie. Sempre vou te amar.
Escondi meu rosto no travesseiro e esperei nossos espasmos passarem sem falar nada.
Ele se deitou ao meu lado e ficamos abraçados por um longo tempo, com ele fazendo cafuné em mim.
-Eu preciso ir.
-Tudo bem.
Cada um colocou suas roupas e dei um beijo leve de despedida em seu rosto.
-Pode passar aqui amanhã?
-Mas e o seu sogro?
-Não tem problema.
Seu olhar cintilou com raiva.
-Eles, essa família.
-Chega_cortei-o.
-Nunca vou entender.
-Provavelmente não, boa noite.
-Boa noite.
-Ele não gosta muito das prliminares, não é?
Assustada virei para trás e encontrei Riwty com as pernas cruzadas em cima da cama.
-Ah, porque você faz muito melhor, não é mesmo?
-Sim, muito melhor. Mas coitado, ele é apenas um humano e eu já tive algumas centenas de anos para treinar.
Aquilo me assustou um pouco. Quantos anos um fae vive? Perguntei isso para ele.
-Um fae normal vive por volta de três mil anos, mas os fae reais nós não temos uma estimativa. Nosso rei atual acabou de festejar seu aniversário de dez milênios.
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