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18

Acordei no dia seguinte cansada por ter costurado até tarde, ainda faltava tanto, pensei desanimada.

Tomei só um copo de leite e coloquei um pouco para bolinho porque precisava passar no armarinho e não tinha conseguido levantar mais cedo.

Precisei colocar uma blusa de gola alta, para tampar o corte da noite anterior. Ela era de um rosa claro com um laço amarrado no pescoço. Completei com uma saia azul e meias de lã compridas, pois o dia tinha amanhecido frio.

Cheguei ao armarinho e sorri para a senhora que trabalhava lá, ela era baixinha e gorducha, com grandes bochechas rosadas. Ela tinha uma verruga na sobrancelha direita e olhos azuis. O cabelo branco estava preso em um coque com um palito de madeira, sempre me perguntei como ela fazia isso.

-Oi dona Maria, tudo bem com a senhora?

-Olá, Ellie. Tenho passado bem.

Ela não me tratava mal, nunca me desrespeitou ou se recusou a me atender quando outra cliente estava na loja, mas também não era simpática.

-Eu gostaria de 5 metros de tira de renda preta e meio quilo de contas brancas.

Compraria a mais para bordar depois.

-Temos dois tipos de tiras de renda, a com rosas e a com margaridas.

Olhei os dois tecidos e escolhi a de rosas.

-7 cobres.

Arregalei os olhos, aquilo era muito dinheiro. As vezes também achava que ela cobrava mais caro para mim.

-Eu trouxe 3, posso pagar o resto amanhã?

Ela assentiu com a cabeça. Saí de lá me sentindo assaltada, precisaria pedir a discriminação dos produtos no dia seguinte para cobrar o valor certo para as meninas. Por esse tipo de coisa que eu pedia para as minhas irmãs comprarem os tecidos que eram para uso pessoal.

Quando estava saindo vi um tecido de algodão vermelho, um tom bem escuro, lindo. Nunca tinha visto algodão vermelho, instintivamente toquei-o.

-Você não vai comprar isso, não é? Você ainda não chegou nesse ponto, não é cor para pessoas decentes.

A raiva fervilhou em mim, meu rosto esquentou e eu me virei para ela.

-Não sabia que pessoas decentes tinham cor específica, mas sei que não é decente cobrar a mais de um cliente só porque não gosta dele, mas sabe que precisa dos seus produtos. Passar bem.

Saí bufando do armarinho, falaria para Ester ou Elise entregarem os 4 cobres que faltavam. Velha desgraçada.

Pensei naquele lindo tom de vermelho e lembrei que era o terceiro dia de atraso do meu sangramento. Senti meu sangue gelar, instintivamente segurei minha barriga. Precisava trabalhar, não ia pensar nisso agora.

Fui para a padaria com meu embrulho e encontrei Dona Gema e Beto já trabalhando.

-Estou atrasada?

-Não, minha florzinha, nós começamos mais cedo hoje.

-Estamos fazendo os testes, amanhã começaremos o trabalho de verdade_ completou Beto.

-Experimente esses.

Dona Gema me entregou um bolinho com uma calda vermelha por cima, mordi na expectativa de que fosse de cereja, mas era de morango. Mesmo assim estava delicioso.

-Vovó isso está perfeito.

-É uma receita do Beto.

Olhei para ele e o vi corar, sorrindo envergonhado.

-Que bom que gostou.

-Beto, eu adorei, mas o próximo podia ser de cereja.

Todos rimos e eu comecei meu trabalho. Precisei fazer o pão, os doces tradicionais. Esses dias a padaria ficaria com o básico.

Trabalhei muito até o horário do almoço, mas resolvi ficar ali. Não queria ir para a taverna e encontrar Pablo ou Pá. Não queria pensar na minha provável gravidez, no meu casamento iminente. Comecei a tremer.

-Ellie.

Beto veio correndo até mim e me deu um copo d'água. Fomos para a porta dos fundos e ficamos sentados nos degraus. Dona Gema havia cochilado no banquinho, coitada, era muito idosa para trabalhar tanto.

-O que aconteceu?

-Tive uma briga hoje e ainda estou abalada, só isso.

-Quer conversar sobre o que aconteceu?

-Não.

Beto assentiu e segurou minhas mãos, deixei minha cabeça cair em seu ombro, sempre me sentia calma com ele.

-Miau
(Oi Ellie)

-Bolinho, o que você está fazendo aqui?

-Miau
(Vim te ver)

Ele roçou o corpo em minhas pernas e depois pulou no meu colo, então começou a esfregar a cara no meu rosto.

-O que deu em você hoje?

-Ele parece bem carente.

-Sim.

Bolinho não quis sair dali, dona Gema deu leite e carne para ele. Não entendia porque as pessoas davam carne para ele, era um dos alimentos mais caros.

Bolinho comeu, rolou pelo chão, falou, falou e falou, mesmo que só eu entendesse.

-Miau
(Quantos anos essa velhinha tem? Ela já perdeu vários dentes. Isso vai acontecer com você se continuar comendo tanto doce)

Sinceramente não sabia qual era o problema de Riwty com a minha alimentação, mas resolvi ignorar.

O dia chegou ao fim e eu estava exausta, uma das meninas apareceu para ver como estavam os preparativos e perguntar sobre os vestidos. Desconversei, não queria dizer que faltava muita coisa e que provavelmente um não ficaria pronto.

Beto insistiu em me acompanhar até em casa novamente e dessa vez segurou meus pacotes, os doces e salgados que eu estava levando para casa e os aviamentos para os vestidos.

-Você falou ontem que as pessoas colocam oferendas para os fae não os escolherem.

-Sim.

-Mas também há morte para os que são escolhidos?

-Nossa, não. Até porque não e culpa da pessoa, quem escolheu foi o fae.

Olhei para ele com muita admiração, se um dia precisasse contar para alguém poderia falar para ele. Talvez Beto me ajudasse caso estivesse com problemas.

Bolinho me olhou como se soubesse o que eu pensava e desaprovasse, dei de ombros para ele. Quem Riwty era para dar opinião? Ele mesmo era a fonte desse problema.

-Então se não era proibido não havia ninguém que quisesse ser escolhido?

-Sim, algumas pessoas queriam. Elas também levavam oferendas, mas em vez de fazer uma prece e fugir da floresta, essas sentavam ao lado dos animais e esperavam o fae aparecer.

-Isso trazia resultado?

-Sim, mas não necessariamente o esperado.

-Como assim?

-Algumas dessas pessoas sumiam. Nós nunca soubemos se elas haviam sido escolhidas e foram embora ou se haviam sido devoradas.

-Miau
(Acredito mais na segunda opção)

Olhei feio para o gato.

-Miau.
(O que foi? Elas estavam se oferecendo em sacrifício)

Quase joguei o bicho no chão, mas me controlei e continuei prestando atenção em Beto.

-Na maioria dos casos essas pessoas simplesmente voltavam desapontadas.

-Mas Você sabe de alguém que foi escolhido?

-Sim, conheci dois homens. Um deles é um velho de mais de 90 anos, ele é extremamente recluso e se nega a falar qualquer coisa sobre os fae além de que ele foi escolhido por um. Seu olhar é muito perdido e ele não parece estar de todo presente.

-E o outro?

-Ele era um amigo meu.

Não pude deixar de notar a frase no passado e senti um aperto no coração. Não o pressionei para falar, então ele demorou alguns minutos para dizer alguma coisa.

-Meu amigo era obcecado pelos fae. Ele era alguns anos mais velho que eu, mas desde que me lembro ele queria ser um escolhido. Não sei quantos dias e até mesmo noites ele passou naquela floresta, mas um dia aconteceu. Ele chegou com uma coruja amarela de olhos laranjas no ombro, que o seguia para toda parte. As pessoas ficavam incomodadas com o bicho por saberem o que ele era de verdade, então muitas se afastaram do Alberto.

-Você chegou a ver a forma verdadeira do fae?

-Nunca, nem eu nem ninguém além dele, nem mesmo sua esposa e filhos. Ele conseguiu tudo o que sempre quis, a mulher que ele amava e estava noiva de outro, riqueza, poder. Enquanto alguns tinham se afastado outros se aproximaram na expectativa de conseguir alguma coisa. Ele mudou muito.

-Imagino, ele teve tudo o que queria.

Pensei que Riwty não tinha me oferecido nada dessas coisas. Será que faes diferentes atendiam pedidos diferentes?

-Um dia, a coruja sumiu.

-Miau
(Ele abandonou o humano, a ligação foi quebrada)

Arregalei os olhos para Riwty, ma não podia perguntar nada. Não sabia que isso acontecia.

-Ele ficou completamente enlouquecido. Gritou e brigou com as pessoas acusando de roubar ou matar o bicho. Ele passou um mês completamente desvairado, até que um dia um lenhador ouviu um choro na floresta. Alberto estava usando o próprio filho, de meses, como oferenda.

Fiquei completamente em choque, até Bolinho pareceu endurecer em meu colo.

-O lenhador conseguiu tirar os dois de lá e Alberto seria internado, mas ele se matou antes.

Chegamos na minha casa, eu estava em choque. Não consegui me despedir direito de tão perdida que me sentia.

Entrei e coloquei o pacote de comida na mesa da cozinha.

-Boa noite, Ellie. Dona Maria deixou algo para você, coloquei na sua cama.

Olhei para Ester com uma cara assustada, o que ela poderia querer comigo depois de hoje?

Fui para o quarto e encontrei um embrulho, desamarrei o laço e encontrei alguns metros de um tecido de algodão vermelho.

-Por quê?

-Ela disse que não tinha três cobres para te dar de troco, então cortou esse tecido para você.

Senti meus olhos se encherem de água, passei a mão delicadamente pelo pano, sentindo a textura, admirando a cor.

-Eu não acho que esse tanto de tecido pague três cobres...

Desliguei minha mente do que minha irmã falava quando achei um bilhete ali dentro.

"Pessoas decentes não usam uma cor específica, tanto é que eu não tenho sido decente contigo. Sinto muito, aceite esse tecido como uma oferta de paz. Espero que o use com orgulho."

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