14
Passei a manhã lendo para nós duas, Bolinho ficou sentado no meu colo ronronando. Eu ainda estava chateada com todas aquelas coisas cruéis que ele havia dito.
Perto da hora do almoço levantei Mariane e andamos pelo quarto. Ela ainda caminhava devagar, mas para três dias a recuperação tinha sido incrível.
Pablo chegou com nosso almoço e levou a louça da manhã. Ele me olhava de uma maneira diferente desde o aparecimento de Mariane, quase com uma devoção.
O almoço de hoje era carne de carneiro com molho de tomate e legumes cozidos. Eu bebia cerveja escura com limão e Mariane água. Ela conseguiu cortar e comer tudo completamente sozinha, o que me deixou imensamente feliz.
Apesar da tristeza, ela parecia gostar do ambiente. Minha maior preocupação nesse momento era com sua saúde mental, o risco dela se matar após o trauma era muito grande.
Coloquei os pratos sobre a mesinha e sentei ao seu lado na cama. Peguei suas mãos e apertei.
-Como você está?
-Estou maravilhosa, nunca imaginei que ficaria tão bem.
-Sim, sua recuperação foi ótima. Mas como você está emocionalmente?
Seu sorriso sumiu, ela colocou a mão na testa para esfregar, mas eu a retirei do rosto. Peguei a pomada e apliquei na marca, infelizmente não podia fazer nada por aquilo.
-Eu estou triste. Desde ontem eu estou tentando não pensar no que aconteceu. Agora foco no que vai ser daqui para frente. Eu ganhei um emprego, tenho um teto, pessoas que eu já posso chamar de amigas. Além do mais eu preciso agradecer por estar viva e com recuperação completa, tenho que focar nisso.
Uma lágrima escorreu do seu rosto e ela secou com o braço.
-Talvez fosse bom você falar sobre o que aconteceu, ou qualquer coisa sobre o seu passado.
Ela pensou sobre o assunto, acho que ficamos meia hora ali, eu com sua mão esquerda entre as minhas. Ela com um olhar perdido e secando as lágrimas esporádicas com o braço direito. Por fim, ela assentiu com a cabeça.
-O nome dela era Anna.
Não precisava perguntar sobre quem ela estava falando.
-Ela era linda. Ela era muito branquinha, com cabelos loiros claros e fininhos, sempre divididos em duas tranças. Anna era gordinha, tinha as maiores bobechas que já vi, e eram muito rosas, ela nunca usava chapéu.
-Anna era filha de um fazendeiro, ele plantava legumes, ela foi prometida para o filho do fazendeiro vizinho. Nós nos conhecemos há dois anos, minha família tinha se mudado para essa vila. Nós duas ficamos amigas em poucos dias, gostávamos das mesmas coisas, destávamos as mesmas pessoas, nossas opiniões sobre a política do reino eram iguais.
-Um dia nós nos beijamos e simplesmente não paramos de nos beijar. Obviamente nos apaixonamos. Nós não sabíamos o que fzaer, ela dependia do dinheiro do pai, então começou a tirar algumas moedas que não fariam falta, eu poupei tudo o que consegui do meu salário, nós íamos fugir.
-Eu não sei se você sabe, mas a política para transviados não é nacional, cada condado decide como proceder. Alguns condados retiram os bens, alguns enforcam, alguns fazem como o nosso e existem três condados que permitem a relação entre pessoas do mesmo sexo. O casamento não é permitido, mas as pessoas não são perseguidas.
Aquilo me deixou muito surpresa, não sabia sobre isso.
-Nós estávamos juntando dinheiro para ir para um desses condados, mas o pai dela nos flagrou um dia. Nós duas imploramos, a mãe dela também. Eu disse que sairia da vila. Nada adiantou, ele nos denunciou para o sacerdote e nós fomos punidas. Ela não sobreviveu.
-Meus pais me ajudaram, mesmo sendo contra a lei. Eles mandaram um charreteiro para nós no dia seguinte para nos deixar à um quilômetro daqui. A infecção da Anna já tinha se espalhado e ela não resistiu à caminhada.
Eu a abracei, não conseguia entender como um pai condenava a própria filha a morte. Mariane deitou e eu simplesmente não soube o que dizer. Resolvi pegar um cobertor e cobri-la.
-Vou trazer um chocolate quente para você.
Mariane não respondeu nada. Saí e tranquei a porta do quarto.
Enquanto andava pelo corredor encontrei Felipe.
-Ellie.
-Oi, Felipe.
-Como você está?
-Bem, e você?
-Com saudade.
-Miau.
(Vai rolar com o direto ao ponto de novo?)
Olhei feio para Bolinho, para variar não o tinha visto chegando. Felipe se abaixou para coçá-lo, mas o gato o arranhou.
-Ai.
-Miau.
(Não encosta em mim, apressadinho.)
-Ele é meio arisco.
-Percebi.
-Eu preciso ir.
-Não vá embora. Fica comigo um pouco.
Suspirei.
-Por favor.
Segui Felipe para o quarto e fechei a porta na cara de Bolinho, não que aquilo fosse adiantar, mas me fazia sentir melhor.
-Vi George falando com Pablo que vai levar você e Ester para comprarem o enxoval na capital.
-Sim, Pá já tinha falado comigo.
Não perguntei o porque pois sabia que Felipe iria começar a ladainha sobre o casamento.
Sentei na cama e arranquei as botas. As mulheres da vila não pintavam as unhas, só as prostitutas faziam isso, mas uma delas me disse uma vez que em alguns lugares todas as mulheres pintavam. Olhei para o meus pés sem meias, elas sempre ficavam presas nos sapatos na hora de retirá-los. Imaginei as unhas vermelhas, ia pedir um vidro de esmalte para uma das meninas, não tinha muito a perder mesmo, mas só pintaria os pés, não era tão audaciosa assim.
-Ellie?
-Oi?
-Você pareceu distante.
-Estava divagando.
-O que acontecerá conosco quando você se casar?
-Isso vai depender de você.
-E os riscos de Pablo descobrir?
-Ele já sabe, e não se importa.
Ele ficou furioso, começou a andar de um lado para o outro, passando a mão no cabelo.
-Por que, Ellie? Por que você se contenta com isso? Eu posso ser muito mais para você.
Esta história já estava me deixando nervosa, quando eletinha decidido que queria ir além do nosso caso?
-Felipe, nós já conversamos sobre isso, chega, por favor.
Felipe começou a chorar, ele virou de costas para a parede quando viu que eu percebi e socou a parede.
-Droga, Ellie.
-Talvez devêssemos nos afastar, Felipe.
Ele se virou para mim e me abraçou com muita força.
-Eu não posso viver sem você, pou aprender a me contentar em ser o segundo na sua vida.
-Felipe, não...
-Pelo menos não me negue isso.
Deixei meus braços pendendo e ele me beijou com uma necessidade assustadora. Felipe puxou meu rosto e enfiou uma mão em meu cabelo.
Eu retribuí o beijo com a mesma intensidade, passei a mão por seu pescoço e enlacei seu corpo com minhas pernas.
Ele subiu minhas saias e passou as mãos nas minhas pernas, roçando os dedos lentamente por minhas coxas. Ele dava leves beliscões me fazendo suspirar.
Felipe mordeu meu pescoço e rasgou minha calcinha, ele abriu as próprias calças quando me lembrei do que Riwty disse. Empurrei seu rosto.
-Ah, acho que podíamos tentar algo diferente dessa vez.
-Como o quê?_ele parecia um pouco confuso.
-Acho que poderíamos usar a boca para outras coisas.
Seu olhar brilhou com entendimento e seu rosto ficou vermelho, com seu constrangimento eu também fiquei. Pelo que eu tinha lido aquilo não era nada demais, muito menos controverso do que ele achou que eu estava fazendo com Matias e Pablo na floresta.
-Bem, podemos tentar.
Antes de eu conseguir responder ele se abaixou e cobriu a cabeça com minha saia.
Tremi com o primeiro toque, era diferente do que eu havia imaginado. Sua lingua passeava pelas minhas dobras, a sensação era muito agradável. Não era tão bom quanto achei que seria, mas era relaxante, estava gostando, me sentia flutuando na sensação até que Felipe mordeu meu clitóris.
-Ai. Sai daí.
-Desculpa, Ellie.
-É melhor eu tentar.
Eu o afastei das minhas pernas, ignorando a dor no clitóris e saí da cama. Ele se sentou e eu me ajoelhei na sua frente.
Tirei seu pênis para fora e comecei a lamber a cabeça, eu já havia visto três na minha vida. O de Pablo parecia um cogumelo, com a cabeça grossa e o tronco fino. O de Matias era comum em todos os aspectos, tinha mais ou menos o mesmo tamanho de Pablo, mas era proporcional. O de Felipe era o mais grosso e maior também, ele tinha uma veia saltada que corria da base até perto da cabeça.
Quando ia colocá-lo na boca, após algumas lambidas, Felipe me tirou dali.
-Não. Eu não posso fazer isso.
-Eu iz algo errado?
-Não, mas isso não é coisa que moça decente faça. Mil desculpas, não deveria ter deixado isso acontecer.
-Mas estava ruim?
-Não, só que não é essa questão. Eu não quero mais falar sobre isso.
Ele começou a se vestir, seu rosto estava quase roxo de tanta vergonha.
-Perdoe-me pelo que fiz Ellie, até outro dia.
Ele saiu rapidamente e eu me vi sentada na cadeira encarando o nada e sem entender coisa alguma.
Só voltei a perceber o ambiente quando ouvi a risada de Riwty. Ele estava jogado na cama com o corpo balançando com a força da gargalhada.
-Nossa, isso foi maravilhoso, a melhor peça de comédia que eu já vi. Realmente, é melhor ele ir direto ao pote mesmo.
Aquilo me irritou absurdamente. Quem ele era para ficar espiando meus momentos de intimidade?
Fui até ele e bati em seu rosto com a maior força possível e ao mesmo tempo caí para trás. Minh bochecha ardia e eu me lembrei de que não podia machucá-lo sem me machucar.
Riwty tinha um olhar cínico.
-Você nunca vai conseguir me machucar.
-Quero que você vá embora.
-Sinto muito, você perdeu a oportunidade. Agora só na próxima vez que eu te fizer um favor e eu estou me divertindo tanto que talvez fique até o fim da sua vida.
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