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12

Eu encarei aqueles hipnóticos olhos verdes e tentei dizer a palavra óbvia, mas ela não saía. Claro que eu queria que ele fosse embora, eu precisava disso. Mas tudo o que saiu da minha boca foi:

-Não.

Um lento sorriso se espalhou no Rosto malicioso de Riwty.

-Então ficaremos mais um tempo juntos.

Eu me sentia hipnotizada, eu queria que ele fosse. Por que não consegui dizer isso? Um sentimento de desespero atingiu meu peito, quanto mais tempo ele passasse comigo mais chances eu tinha de ser morta.

Riwty estava deitado na grama alta da floresta, estávamos em uma parte que eu não conhecia. Alguns pássaros azuis cantavam no topo de uma árvore. Riwty puxou duas maçãs de um galho com magia, mordeu uma e me entregou a outra.

A fruta estava linda, completamente vermelha. Quando eu mordi o suco escorreu pelo meu queixo, eu havia deitado ao lado de Riwty e não notei até que fosse tarde demais o fae lambendo meu pescoço. Meu corpo inteiro se arrepiou com aquele toque macio e quente.

-Docinha.

Corei em um nível inimaginável.

-Não te autorizei a me tocar assim.

-Também não proibiu.

-Vou voltar para a taberna.

Joguei a fruta no chão e comecei a caminhar quando ele segurou meu braço.

-Ninguém te viu sair, vai ser estranho se aparecer chegando.

Bufei para o desgraçado e deixei que me levasse de volta naquele redemoinho.

Bati na cama assim que cheguei ao quarto, fechei os olhos e os apertei esperando o mundo parar de girar.

Quando saí da vertigem, Riwty havia se transformado em gato e eu estava com muita raiva.

Destranquei a porta do quarto e resolvi dormir. Apenas arranquei as botas e deitei na cama. Bolinho pulou para cima de mim, mas eu o empurrei.

-Miau
(Não acha que está exagerando?)

-Não.

-Miau
(Foi só uma lambida)

-Você não entende.

-Miau
(Não mesmo)

-Então só aceite que vai dormir no chão.

Bolinho chiou, mas eu o ignorei. Cobri meu corpo com o cobertor de ovelha e fiquei quieta até dormir.

Mãos tocavam minha cintura, elas passeavam pelas laterais do meu corpo, massageando lentamente. As mãos desabotoaram minha blusa amarela, cada botão deslizando me fazia suspirar.

Minha blusa foi aberta e as mãos circularam meus seios por cima da minha anágua branca. O algodão deixava passar o calor daqueles dedos.

As mãos desceram para baixo das minhas saias e deslizaram por minhas canelas. Eu não usava meias fora da época de frio então houve um contato de pele com pele.

Eu me sentia ferver, meu corpo formigava. As mãos subiram pelas minhas coxas e alcançaram minha virilha, porém saíram de todo e eu suspirei.

As mãos foram para o meu pescoço e enroscaram meu cabelo. As mechas foram afastadas e senti uma língua roçar minha nuca. Tudo em mim se arrepiou, então os olhos tão verdes que eu só tinha visto em uma pessoa me encararam.

Acordei pulando de susto e meu coração e corpo pulsavam. Eu tentei me acalmar, mas meu corpo pedia alívio.

Passei os olhos pelo quarto e vi Bolinho na beirada da cama me encarando. Aqueles pontos verdes tinham invadido minha mente.

Levantei e ia sair do quarto quando percebi que minha blusa estava aberta e minhas saias levantadas. Senti vergonha pelo meu estado até me lembrar que Riwty já me espiara com Felipe. Alinhei minha roupa com raiva e saí do quarto sem olhar se o gato me seguia.

Quando cheguei à cozinha percebi que eram sete da noite, tinha dormido muito tempo.

Peguei uma panela e os ingredientes e fiz um mingau para Mariane, minha comida não era tão boa quanto a de Pá, mas essa hora a taberna estava cheia e minha irmã se preparando para voltar para casa.

Desci as escadas para o andar dos quartos e entrei no de Mariane. Encontrei-a dormindo e John parado em sua cabeceira olhando-a com uma mistura de nojo e raiva.

-O que você está fazendo aqui?

-Olhando a transviada.

-Ela está dormindo e não te deu autorização para observá-la como um psicopata.

-A casa é minha, posso entrar nos quartos.

-Até seu pai morrer a casa é dele. Por favor, saia.

-Hoje você está pedindo por uma surra.

Aquilo me assustou. John era do tipo que batia em mulher?

Bolinho chiou para ele. Foi então que eu reparei no machucado que tomou uma boa parte do rosto de John.

Quando ele viu o gato seu rosto se transfigurou de tanta raiva e ele chutou o bicho.

-Não_ eu gritei empurrando-o e deixando o mingau cair no chão. _Saia daqui.

John me olhou com um sorriso cínico e saiu andando lentamente. O que aquele desgraçado estava fazendo aqui até essa hora? Ele deveria estar na fazenda.

Mariane acordou com o barulho e me olhou assustada, eu estava com lágrimas nos olhos.

-Ellie, o que aconteceu?

-Eu, eu acabei cochilando enquanto esperava seu mingau esfriar e tive um pesadelo, derrubei o prato no chão.

Alguém bateu na porta e logo em seguida Pablo entrou.

-Está tudo bem? Estava no corredor quando ouvi você gritar e John...

Sacudi a cabeça para que ele não terminasse a frase, não queria assustar ainda mais Mariane.

Peguei Bolinho no colo, vi que ele estava bem e sussurrei em seu ouvido para cuidar da garota.

-Pablo, eu deixei cair o prato de mingau da Mariane, vamos lá fora buscar um pano para limpar tudo.

Saímos do quarto e enquanto pegávamos as coisas para limpar o chão eu conteu o que tinha acontecido. Pablo foi ficando cada vez mais pálido e xingou no final, mas não comentou nada.

Enquanto eu limpava o chão ele saiu para fazer mais mingau para Mariane. Ela não puxou assunto e eu também não falei nada.

Pouco tempo depois ele chegou e trouxe mingau para ela e comida para mim.

-Obrigada, Pablo. Você poderia trazer uns cobertores? Um livro também? Vou dormir aqui.

-Não tem necessidade, Ellie.

-Tem sim.

-Claro, vou lá buscar para você.

-Aquele era seu noivo?

-Ele mesmo.

Ela fez uma cara estranha e pareceu pensar, mas não disse nada.

Pablo chegou com as coisas que pedi, trouxe também uma garrafa com água e dois copos.

-Pablo, vem aqui fora comigo um instante?

-Sim.

Saímos e fechamos a porta, mas ficamos em frente ao quarto.

-Pablo, eu preciso tomar um banho, fica vigiando a porta para mim?

-Claro, Ellie.

-Depois você pode passar na minha casa e pedir para a Elise pegar uma blusa e duas roupas de baixo para mim? Vou ficar aqui mais uns dois dias.

-Posso, nunca pensei que algo assim pudesse acontecer, mas depois de hoje acho prudente.

Tomei um banho rápido, para não prender Pablo e fui para o quarto. Arrumei meus cobertores ao pé da cama de Mariane e me sentei para ler.

-Quer que eu leia para você?

-Eu adoraria.

-Tudo bem. Madeline era uma órfã que vivia em uma casa amarela...

Li até que ela pegasse no sono, também estava sonolenta apesar de ter dormido tanto. Fechei o livro, apaguei a lamparina e deitei, após uns quinze minutos peguei no sono.

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