Capítulo 16 - Talvez você tenha deixado eu ir, para ter o gosto de me ver aqui
[EDITADO]
Pessoal, vi pelos comentários que este capítulo estava RUIM e editei. Colei novamente o texto. Não sei porque isso aconteceu, visto que originalmente ele estava NORMAL. Peço que, POR FAVOR, se isso voltar a acontecer em algum outro momento ou em algum outro capítulo, me mandem inbox!!! Não consigo acompanhar sempre todos os comentários, mas não quero que vocês fiquem sofrendo para entender um capítulo por causa de um bug mucho loko. Espero que vocês aproveitem o capítulo direitinho agora! <3 Qualquer coisa é só falar. BEIJOS ENORMES E OBRIGADA PELO CARINHO
~~~~~~~~~~~~~~~~~~
― Bom dia, Amanda – Maurício disse com um sorriso quando eu entrei na sala de canto. – Precisamos conversar.
Eu achei que estava indo para uma aula de canto. Só reparei que não tinha mais ninguém na sala além de Maurício, Igor e Eduardo quando já estava lá dentro e não tinha mais como sair.
Era cedo demais para uma discussão, mas Maurício não estava de acordo. Aparentemente sábado, às oito da manhã, era o novo momento perfeito para conversar coisas sérias. E por coisas sérias, nesse caso, você pode entender o fato de que faltavam três dias para a apresentação e nós ainda não tínhamos uma música.
Mas eu não sabia que isso era sério o bastante para cancelar a aula para o restante dos alunos. Ora essa, todos eles já tinham a apresentação perfeitamente fechada? Que humilhação.
― Igor pediu essa reunião extraordinária e eu concordei que era um bom motivo para cancelar a aula do dia. Todo mundo estava muito empolgado com o acampamento de mais tarde para me dar atenção, de qualquer forma – Maurício se justificou. – Olha, precisamos escolher uma música.
Claro que o que eu realmente gostaria de ouvir seria: "Olha, desculpa, mas vou ter que cortar o dueto de vocês do programa". A ideia de ter que cantar com Eduardo na frente de sei lá quantas pessoas me fazia passar quase tão mal quanto a possibilidade de termos que dividir uma barraca durante essa noite.
Mentira, a parte da barraca me fazia passar bem pior.
Piorava quando Eduardo estava sentado logo ali do meu lado, a um braço de distância. Será que se eu implorasse, Igor e Anna Júlia me levariam com eles quando fugissem essa noite?
― Er, sim – respondi, quando percebi que todos me encaravam esperando minha opinião. – Acho que precisamos mesmo.
― Igor disse que vocês já vetaram Nicki Minaj, Paralamas do Sucesso e a música Alejandro – Maurício pontuou, olhando para Igor pedindo confirmação. – Porém também não se empolgaram com nenhuma das outras opções apresentadas.
― Eu ainda tenho direito a vetar mais uma música – comentei, para que não esquecessem isso. Estava guardando meu veto para o momento mais oportuno.
Leia-se: o momento de maior desespero.
E eu sabia que cedo ou tarde ele chegaria.
Provavelmente cedo, já que Murphy não largava do meu pé.
― Vamos tentar ir cortando as possibilidades, então – Maurício disse. – Vocês preferem cantar em inglês ou português?
Eduardo e eu respondemos ao mesmo tempo:
― Português – eu disse.
― Inglês – ele disse por cima.
― Ok, talvez essa não tenha sido a melhor pergunta para começarmos... – Maurício disse, tentando acalmar Igor, que parecia prestes a chorar. – Vocês preferem um dueto ou um mash-up? – Ele tentou de novo.
― Um o quê? – Perguntei, percebendo só depois que soei desesperada.
Maurício suspirou, jogando os papeis na mesa. Olhou de mim para Eduardo por alguns segundos, antes de perguntar:
― Não tem nenhuma música que tenha história para vocês dois? Não sei... Algo que vocês já tenham cantado juntos, que os dois gostem, que não vá ser um suplício cantar...
Tão cedo assim, Murphy?
Eu olhei para Eduardo implorando silenciosamente. Por favor, Eduardo, não. Ele devolveu meu olhar, mas ignorou meus pedidos implícitos. Tenho certeza que ele sabia o que eu estava silenciosamente pedindo, especialmente por conta do seu sorrisinho. Por favor, Eduardo, essa música não. Preferia que ele falasse Vai Ter Que Rebolar e me fizesse passar aquela vergonha novamente, na frente de bem mais pessoas. Era melhor do que falar o que eu sabia que ele queria falar. Continuei encarando-o, como se meu olhar desesperado pudesse fazê-lo voltar atrás de uma decisão já tomada.
― Thinking Out Loud – ele finalmente disse.
Desviei o olhar para minhas botas, em pânico. Não acredito que ele tinha dito, realmente. Não havia mesmo a menor condição de cantarmos essa música. Não havia. Não. Havia. Eu seria forçada a realmente sair correndo na direção dos muros e tentar escalá-los. De maneira nenhuma eu ia subir no palco para cantar essa música COM EDUARDO.
A sensação que essa música me trazia SOZINHA já era complexa o bastante. Não precisamos adicionar um dueto dela com o cara que eu potencialmente estou interessada amorosamente, obrigada. Não precisamos fazer com que eu tenha vontade de dançar lentamente com ele pelo palco, obrigada. Não precisamos fazer com que eu tenha vontade de beijá-lo novamente, obrigada. Não tenho interesse de ser humilhada em público quando ele se afastasse e me olhasse com cara de "agora é tarde demais", OBRIGADA.
― Por que vocês nunca sugeriram isso antes? – Igor perguntou, irritado.
― Porque eu veto – eu respondi, tentando manter o tom neutro, mas provavelmente soando como se isso fosse uma questão de vida ou morte.
Praticamente era. Havia grande possibilidade de eu precisar de atendimento da Socorro, a socorrista, se fosse obrigada a cantar essa música com Eduardo.
― Você veta? – Igor perguntou e eu me encolhi crente que ele ia me dar um tapa na cara.
― Vai gastar seu último veto com isso, Amanda? – Maurício perguntou.
― Sim.
Sim, mil vezes sim. Esse era o motivo pelo qual estava guardando esse veto com tanto zelo. Eu sabia que cedo ou tarde essa música ia entrar na roda e eu não podia, realmente não podia concordar em cantá-la.
Eduardo não disse nada novamente. Abaixou a cabeça, quieto e pensativo. Igor e Maurício começaram a discutir outras opções, mas eu ainda estava nervosa demais para prestar atenção, pensando no caos sentimental que seria ter que cantar Thinking Out Loud com Eduardo. Se já era complicado demais dançar com ele.
Fui obrigada a cantar muitas músicas naquela manhã e, depois, naquela tarde. Até cover de Grease nós tentamos fazer, mas eu comecei a achar que o nosso problema não era especialmente a música. Era como eu tinha passado a me comportar perto de Eduardo. Pânico definia relativamente bem.
Na parte da tarde, Maurício decidiu que devíamos trabalhar somente em Escreve Aí, do Luan Santana. Claro que eu não conhecia a letra, mas depois de ouvi-la tantas vezes, acho que sou capaz de cantá-la de trás para frente agora. A situação de cantar essa música com Eduardo também não era nem um pouco agradável, mas pelo menos eu conseguia deixar meu desespero oculto. Quer dizer, mais ou menos.
Era muito difícil me manter minimamente racional para lembrar a letra recém-aprendida quando ele cantava, olhando para mim daquele jeito. Com seu típico pequeno sorriso, como se soubesse a forma como me deixava por dentro.
― O teu sorriso me desmonta inteiro. Até num simples estalar de dedos. Talvez você tenha deixado eu ir, para ter o gosto de me ver aqui, fraco demais para continuar, juntando forças para poder falar que eu volto. É só você sorrir.
~~~~~~~~
Para variar esses ensaios me impediram de almoçar. No final da tarde eu já estava prestes a avançar em cima de alguém, de tanta fome, frustração e raiva. Não tive nem forças para dizer não quando Eduardo me levou para o restaurante e me transformou numa pessoa minimamente social novamente. Depois de umas dez bombas de chocolate e provavelmente uns três quilos a mais, eu conseguia conversar novamente. Não que Eduardo estivesse muito conversador. Ele tinha dessas bipolaridades, em que num momento estava sugerindo que cantássemos Thinking Out Loud e no momento seguinte parecia achar que eu tinha uma doença infectocontagiosa incurável.
Nos despedimos perto das cinco, depois do lanche, sabendo que íamos nos encontrar novamente no acampamento. Comecei a tentar escapar do evento. Anna Julia e Igor nem terminaram de ouvir meu pedido e já o negaram, dizendo que eu precisava me concentrar totalmente na apresentação nessa reta final e que com certeza ia querer ir embora para sempre se saísse com eles. Karine, a monitora também abalada por Bruno, me disse que não havia a menor possibilidade de dormir no prédio, visto que todos os monitores ficariam escalados para o acampamento. O segurança da entrada disse que de forma alguma me deixaria sair, mesmo que só por algumas horas.
Então não tinha jeito. Seria uma noite trancada na barraca com Eduardo.
A única torcida que eu conseguia fazer era para que a versão dele durante a noite fosse aquela que gostava de mim e não aquela que achava que eu tinha lepra.
Se bem que eu nem sei o que seria pior. Compartilhar uma barraca com alguém que gosta de mim, mas não retribuía o restante dos meus sentimentos também parecia uma opção terrível.
Será que ele sequer estava ciente que teria que dividir a barraca comigo?
~~~~~~~~
Eu nunca tinha participado de um acampamento, mas fiquei satisfeita ao perceber que poderia contar com uma fogueira, marshmallows e histórias de terror. A parte das histórias de terror eu dispensaria, mas fazia parte do pacote, então tudo bem.
A verdade é que as histórias pareciam mais de comédia do que de terror na companhia de Lila, Gustavo e de Eduardo. Ele estava novamente na sua versão que parecia me achar muito divertida e nós dois estávamos dando gargalhadas das histórias contadas. Nós quatro fazíamos sempre uma série de comentários para desacreditar a parte aterrorizante das histórias.
As horas foram passando e eu, sinceramente, tinha até esquecido que no final daquilo eu teria que dividir a barraca com Eduardo. Afinal, ele sabia? Por que não tinha comentado nada? O que eu deveria fazer? Abrir o zíper da barraca dele e falar "ei, oi, tudo beleza? Minha amiga e seu amigo estão usando minha barraca. Tudo bem se eu dormir aqui?".
Dormir? Muito improvável que eu conseguisse dormir.
Lá pelas tantas, Karine apareceu ao lado da fogueira, dizendo que seria a próxima a contar uma história de terror. Ela começou a narrar uma história, sobre uma garota linda, divertida e inocente que achava estar apaixonada por um cara lindo, sensual e envolvente e só descobriu que ele era uma pessoa terrível, que se utilizava de mentiras e provocações para conquistar o afeto e o corpo da menina quando já era tarde demais. Tarde demais no nível acordar passando mal no dia seguinte no quarto dele, dormente, abusada e humilhada.
― Tenham sempre muito cuidado com quem vocês se envolvem, para quem se entregam e em quem confiam – Karine disse. – As histórias de terror do dia-a-dia são muito piores daquelas que são contadas em volta da fogueira, vez ou outra.
Nenhum de nós fez piada sobre essa história.
Karine continuou falando, mas minha atenção foi desviada para algo que acontecia atrás dela. Bruno estava sendo escoltado para fora pelos seguranças do Acampamento, seguido de Luiza/menina do pirulito/recepcionista da academia. Para ser mais correta, os dois estavam praticamente sendo empurrados para fora. Levantei-me e fui em direção a cena, querendo olhar mais de perto.
Tentei ser silenciosa mas quando me aproximei, Bruno me viu. Nossos olhares se cruzaram por alguns segundos e ele parou de andar. Os seguranças que o acompanhavam também pararam confusos pela interrupção. Seu olhar era uma mistura de ódio, confusão e, talvez essa parte seja por minha conta, mas eu juro que via uma parcela de arrependimento.
― Melhor sair em paz ou iremos escoltar você direto para a polícia – ouvi o segurança dizer, empurrando-o para que continuasse andando.
Eu sorri e Bruno baixou a cabeça, continuando sua caminhada da humilhação.
― Amanda? – Ouvi Eduardo me chamar.
Virei-me na sua direção, ainda com um pequeno sorriso.
― Tudo bem? Você está arrependida? – Ele andou na minha direção, esticando o braço para tocar meu ombro, daquele jeito de sempre.
― Estou ótima, Eduardo. Não estou nem um pouco arrependida – respondi, tocando sua mão em meu ombro. – Obrigada por me ajudar a não deixar minha história terminar igual a que Karine contou.
Ele sorriu, entrelaçou seus dedos nos meus em meu ombro por alguns segundos e então soltou nosso contato. Voltamos em silêncio para a fogueira. Qual foi nossa surpresa ao perceber que Gustavo e Lila não estavam mais no local onde estávamos. Fiquei mais surpresa ainda quando Eduardo, ao invés de achar a situação muito estranha, simplesmente perguntou:
― Você acha que eles foram para nossa barraca ou para de vocês?
― Para nossa... – engasguei. – Para minha e a de Lila, digo.
Ele assentiu, sentando-se novamente no tronco onde originalmente estávamos sentados. Nenhum de nós falou mais no assunto nem em assunto nenhum e permanecemos sentados, calados, até as histórias cessarem e todos começarem a se despedir e entrar nas barracas.
Dois problemas decorram dessa situação. O primeiro era que eu realmente ainda não sabia como lidar com o fato de que nós dois íamos ter que dormir juntos e o segundo era que agora eu estava morta de medo por causa das histórias que foram contadas, já que não havia ninguém para transformá-las em cômicas ao invés de medonhas, uma vez que Eduardo estava calado.
― Eu vou dormir do lado de fora – ele finalmente disse, levantando-se.
― Claro que nã... — eu comecei a dizer me levantando atrás dele.
― Vamos só passar na barraca, eu pego as coisas que preciso e você pode ficar lá – Eduardo me interrompeu, andando na direção das barracas.
― Não precisa, Eduardo. Vamos ficar bem. A barraca vai comportar nós dois em paz. Tem espaço, não tem necessidade nenhuma de você fazer isso. Não estão deixando dormir no quarto, você não vai dormir do lado de fora nesse frio, que besteira – fui dizendo, sem vírgulas, sem pausas e sem fôlego, correndo atrás dele.
Eduardo não disse nada, simplesmente ficou sacudindo a cabeça de um lado para o outro, negando tudo que ouvia. Chegamos à barraca, ele abriu o zíper e passou para dentro, segurando o pano aberto para que eu passasse.
Tudo bem, a barraca não era TÃO grande assim. Eduardo não cabia em pé nela e não havia TANTO espaço para que fosse possível dormirmos totalmente distantes um do outro. Mas, ainda assim, eu não podia deixar que ele dormisse do lado de fora. Mesmo com o pânico que me dava só de pensar em dividir aquele lugar com Eduardo, era absurdo ele dormir do lado de fora.
A barraca era dele! Se alguém precisava dormir do lado de fora, deveria ser eu e não ele. Eu tentei argumentar isso e mais um monte de outras coisas, mas ele continuava me ignorando, sacudindo a cabeça e catando cobertas e travesseiros.
― Eduardo, por favor... – eu implorei, quando ele já estava abrindo de novo a barraca para sair.
Ele parou. Uma perna para dentro, outra para fora.
― Você quer que eu fique? – Perguntou.
― Eu não quero que você durma do lado de fora – respondi.
― Isso não é querer que eu fique – ele deu um sorriso e terminou de sair da barraca, fechando o zíper atrás dele.
Fiquei olhando para aquele zíper fechado, sem saber o que fazer. Sentei no colchão da barraca, querendo chorar. Por que esse nosso relacionamento tinha que ser sempre tão complicado? Estava cansada de medir minhas palavras e de tentar interpretar as dele. Eu precisava falar tudo. Tudo mesmo. Mas não conseguia nem formular na minha cabeça o que era exatamente esse "tudo".
Como se imitasse a tempestade na minha cabeça, uma tempestade se formou no céu. Claro que, do lado de dentro da barraca, eu não via, mas ouvia. Raios e trovões estouravam no céu e eu me encolhi no canto da barraca escura, morta de medo com lembranças das histórias. Alguns minutos depois, comecei a ouvir a chuva caindo com força no teto barraca, ao redor dela e, basicamente, em todo lugar. Arrastei-me na direção do zíper, tentando abri-lo para chamar Eduardo.
Quando finalmente consegui, ele já estava do lado de fora, olhando para mim.
Como se estivesse ali parado desde sempre, esperando que eu o chamasse para dentro de volta.
Segurei o pano da barraca, puxando o travesseiro e cobertor de sua mão e dando espaço para que ele entrasse. Ele pingou a barraca inteira. Sua camisa colada no corpo e seu cabelo colado na testa de uma maneira que eu nunca tinha visto antes e nem sabia que era possível.
Também não sabia que era possível sentir tanta vontade de beijá-lo.
Sério. Era enlouquecedor.
~~~~~~~~~~~~
Gente, esse capítulo era pra terminar mais tarde, mas acabou ficando muito grande! Assim sendo, resolvi cortá-lo em dois! A boa notícia é que pretendo postar o restante no SÁBADO, se vocês colaborarem e fizerem o capítulo chegar a 80 estrelas até lá! Será que rola?! Aposto que sim! Todo mundo deve estar muito curioso para saber o que vai acontecer nessa barraca.
Como vocês devem ter percebido, peguei as duas músicas que foram mais votadas na nossa enquete e coloquei nesse capítulo. Já decidi qual vai ser a música do Show Final, mas não vou contar. Pode ser uma dessas e pode ser que não, segredoooooo :)
Obrigada novamente pelas estrelas, comentários e leituras! Fico sempre muito feliz quando recebo uma notificação daqui do wattpad. Vi que recebi muitos leitores novos e quero receber vocês todos com meu coração aberto e feliz!
Quero saber se tem alguém de Poços de Caldas lendo!!! Fiz muita divulgação do Wattpad lá, inclusive saí no G1 falando dele! Vou postar o link nos comentários para vocês lerem. Participei de uma mesa fantástica sobre literatura e internet lá na Filipoços e também falamos muito daqui.
Então, até sábado? TOMARA!
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro