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Capítulo 03 - Little monster e KatyCat

Nada é tão ruim que não pode ficar pior. Foi o que eu descobri no dia seguinte, quando pisei dentro da sala de aula para ter minha primeira lição de canto.

Primeira lição DA VIDA, diga-se de passagem.

Segunda-feira tinha sido até um dia ok. Melhor do que eu estava esperando. Depois que nós entregamos nossas inscrições, Lila achou que seria uma belíssima ideia me levar para conhecer o acampamento, visto que eu fiquei tão chocada com a existência de uma academia.

Fiquei mais chocada ainda ao descobrir que aquele quintal horrendo era, na verdade, cheio de atrativos. Havia uma piscina aquecida (o que era ótimo, visto que o frio não deixou barato pelo resto do dia), um salão de jogos e uma grande quadra de futebol. Onde, aparentemente, seria feito o acampamento. Porque haveria um acampamento de verdade. Tipo em barracas. Eu também não sabia disso.

― Sorte sua que eu trouxe uma barraca grande o bastante para nós duas - Lila comentou, rindo da minha cara, coisa que parecia ser sua nova atividade favorita.

  Especialmente quando ela se juntava com Eduardo e Gustavo. Aí eu era alvo de piadas sem fim por parte do trio. Quer dizer, por parte de Gustavo e Lila. Eduardo se dignava apenas a dar pequenos sorrisinhos lá e cá.

 Eu não estava mais aguentando ter que conviver com aqueles dois. Na verdade, nada contra Gustavo em si. Porém, ele com Lila era uma dinâmica que não me deixava plenamente confortável e eu nem sabia bem a razão. Eduardo não falava o suficiente para ser considerado boa companhia. Ou qualquer tipo de companhia. Ele estava mais para um rodo ambulante. Só que com uma peruca ruiva.

Quando eu acordei para primeira aula de canto, tive esperanças. A maior delas era que eu pudesse sentar no fundo da sala e dormir.

― Bem vinda! Eu estou fazendo uma pesquisa pra faculdade. Será que você pode preencher esse formulário para mim? - alguém me interceptou quando eu mal cruzei a soleira da porta.

Foi nesse momento que minha esperança morreu. Na verdade, que todas as minhas esperanças morreram e foram enterradas.

Olhei na direção do folheto estendido na minha direção e depois para quem me estendia. No folheto dizia "Lady Gaga e sua percepção no meio leigo musical". No rosto de quem me estendia, se lia "melhor você pegar ou vou furar seu olho com esses lápis". O garoto responsável pela pesquisa era mais ou menos da minha altura e segurava entre os dedos uma série de lápis pontudos que me faziam lembrar as garras do Wolverine. Ele tinha o cabelo batido e era negro. Sua tez contrastava com seus dentes branquinhos, que sorriam forçosamente, me compelindo a pegar o papel. Quando finalmente cedi e peguei, ele fez um malabarismo com suas garras e me estendeu um lápis, dizendo:

 ― Muito obrigado mesmo. Isso é, tipo, muito importante para mim. Quando acabar, por favor, me devolva o lápis e a folha. Não precisa colocar seu nome, se não quiser.

 Eu com certeza não queria.

Levantei os olhos para sala e avistei a última cadeira livre no final dela. Saí correndo até ela, porque já tinha estourado minha cota de socialização com o Little Monster que me recebeu na porta.

Baixei os olhos para seu questionário, a fim de me livrar logo do martírio e salvar meus olhos daquelas pontas afiadas.

1) Qual é sua música preferida da Lady Gaga?

Bad Romance - escrevi de primeira, pensando que talvez isso não fosse tão ruim.

2) Lady Gaga: diva ou louca? Discorra.

Discorra???? Como assim discorra? Eu estou fazendo uma prova e não sei?

Louca, que nem você - quis escrever, mas me contive por medo da cegueira. Eu não tinha fundamento suficiente para considerá-la diva. Bati com o lápis contra mesa, sem saber o que fazer. Por que raios eu tenho que classificar a mulher? Ela não pode ser diva e louca? Ninguém é 100% nada nessa vida...

DIVLOUCA, porque ninguém é 100% nada nessa vida. - escrevi. Tomei distância e analisei. Isso ia ter que servir como discorra. Próxima.

 3) Qual foi o melhor modelito utilizado por Gaga:

a) vestido de carne

b) vestido estrela-cadente

c) jaqueta branca e calcinha

d) máscara preta com roupa branca e sujeira

Finalmente uma múltipla escolha, porém eu não tenho nem ideia? Eu mal me lembro dela usar esses modelitos... Mas não deve ter uma resposta certa, né? É questão de opinião... Que droga de pesquisa é essa? Que tipo de informação ele pretende obter? O nível de insanidade de alguém? A probabilidade de alguém resolver sair por aí usando um açougue pendurado? Que seja. Vou marcar letra A.

4) Você acredita nos boatos sobre a vida de Lady Gaga que postam na internet?

Não sei. Eu deveria acreditar?  - respondi, meio sacana. Então resolvi sacanear mais ainda: Quando você toca o CD dela ao contrário também da pra ouvir o pacto que ela fez com o demônio, que nem a Xuxa?

5) De 0 a 10, quão fã você é da Lady Gaga?

Eu não aguento mais. Até que número vai esse formulário?! Segui os olhos até o final da página e encontrei uma setinha. Virei a página com medo e lá estavam: mais questões. Eram 25 no total e eu já estava pensando em arriscar uma luta com Little Monster. Talvez eu ganhasse. Porém, meus olhos tinham chances de sair intactos? Pouco provável.

Resolvi seguir em frente, oscilando entre respostas sérias (você acha que Lady Gaga é um ícone da luta contra a homofobia? Sim. Qualquer um que tem coragem de quebrar tantos tabus é um ícone contra qualquer tipo de discriminação, especialmente um tabu tão entranhando - erroneamente - na sociedade como a homoafetividade) e respostas não tão sérias assim (você estaria disposto a pagar quanto para ir em um show da Lady Gaga? Minha vaga nesse acampamento. Simplesmente porque qualquer coisa era melhor do que esse acampamento. Eu trocaria até se fosse pelo show do Michel Teló, sinceramente).

Eu tinha acabado de terminar o bendito formulário quando o professor entrou. Little monster o cercou e eu mal acreditei quando vi o professor assentir e pegar um lápis e um formulário. Enquanto ele caminhava entretido com as perguntas até sua mesa, aproveitei para andar até Little Monster, que já tinha se sentado um pouco (na verdade muito) mais a frente e entregar o formulário.

Ele pareceu chocado.

― Obrigado. Mesmo. Obrigado...

Ele procurou meu nome pelo folheto, mas olhou para mim em busca de respostas quando não achou.

  ― Amanda. - era falta de educação deixar alguém no vácuo até para pessoas com pouco trato social, como eu.

 ― Obrigado, Amanda.

Felizmente o professor tocou uma espécie de sino em sua mesa, o que foi uma deixa perfeita para eu cair fora antes de ter que falar mais qualquer coisa com aquele pesquisador.

―  Bom dia, queridos alunos! Estou muito feliz por vocês terem escolhido a aula de canto! É a melhor aula do acampamento, visto que é a única aula que ministro - risos da turma. Eu me encolhi na cadeira. - Gostaria que cada um de vocês subisse na cadeira, dissesse seu nome, seu cantor ou banda preferida e qual é sua experiência com a música - eu me encolhi mais ainda na cadeira, mas houve uma avalanche de gente subindo nas cadeiras. - Calma. Em ordem. A começar por aqui.

  E assim começou o suplício. No quinto jovem que subira na cadeira eu já estava 1) extremamente entediada e 2) certíssima de que ter escolhido canto foi uma péssima ideia.

Eu tinha ficado incerta quando nós tínhamos recebido a resposta no dia anterior e eu descobri que consegui as vagas para flauta e canto. Enquanto Lila pulava pelo quarto porque também tinha entrado para as aulas que queria, eu sentia uma ligeira vontade de vomitar com a ansiedade.

O que agora, eu vejo que era perfeitamente justificável. Todos os jovens que subiram nas cadeiras antes de mim tinham vastas experiências com musicais, bandas, aulas de canto e corais... Eu tinha experiência em cantar no chuveiro. Apenas.

 Foi isso que eu disse quando foi minha vez de subir na cadeira. A sala inteira riu, mas eu permaneci impassível. Ora essa, não era uma piada. Todos continuaram me olhando como se eu fosse dizer "hehehe brinks, na verdade já estrelei um musical na Broadway". Todavia, ao invés de fazer isso, eu desci da cadeira e me sentei. Todos os rostos se voltaram na direção do professor, adquirindo feições que se assimilavam ao pavor. Foi a vez do professor rir, dizendo:

― Às vezes nós nos surpreendemos com os talentos ainda não descobertos. Às vezes vocês estão aqui achando que são grandes cantores e, no final do curso, vão descobrir que são péssimos. Às vezes Amanda é ótima e todos os vizinhos param os afazeres para ouvi-la quando ela está no banho e ela não sabe. A vida é cheia de surpresas. A vida artística, mais ainda. Próximo, por favor.

 A próxima menina, sentada na primeira fila, subiu na cadeira com certa dificuldade e já começou dizendo:

 ― Eu também não tenho nenhuma experiência com canto, nem mesmo no banheiro. Escolhi essa aula para testar meus limites - olhou por cima do ombro para mim e sorriu. - Sou KatyCat, o que significa que sou fã incondicional da Katy Perry. E meu nome é Ana Julia. Quem fizer piadinha com a música do Los Hermanos vai encarar meu ódio eterno. E pode não parecer, mas meu ódio eterno é algo que todos deveriam temer.

Não parecia mesmo. Ana Julia era uma criatura minúscula, de cachinhos dourados e pele alva. Parecia ter saído de um conto de fadas bobo. Só que aparentemente ela era uma criatura vingativa. E que não sabia cantar.

Eu já queria ser amiga dela.

Talvez eu tenha cochilado durante a apresentação dos demais alunos. Era tudo muito chato e repetitivo. Até que eu ouvi una voz conhecida ressoando pela sala (ainda que eu não tenha ouvido essa voz muitas vezes).

― Meu nome é Eduardo, minha banda preferida é Whitesnake e minha experiência com música envolve ter sido o cantor suplementar de uma banda. Porém, sou muito mais baterista do que cantor.

  O que ele estava fazendo na minha sala?????? Aff!!!! Stalker! Aposto que ele olhou por cima do meu ombro ontem quando eu estava preenchendo a inscrição! Mas será possível que ele tenha escolhido canto só para me pentelhar? Devo acreditar nos rumores que minha própria cabeça formula sobre Eduardo ou isso é tão ruim quanto acreditar nos boatos que surgem na internet sobre a vida da Lady Gaga?

~~~

Quando a aula acabou, Eduardo saiu em disparada pela porta antes que eu possa sequer pensar em ir falar com ele. Ao mesmo tempo, Little Monster (que agora sei que se chama Igor, por conta de sua apresentação) aparece da mesma forma veloz na minha frente, sorrindo de orelha a orelha de forma aparentemente genuína.

― Gostei muito das suas respostas, Amanda. Elas foram as mais sinceras que recebi.

― Ah. Obrigada, eu acho.

― Qual é sua outra aula? Você tem algo para fazer agora? Quer almoçar?

― Posso ir também? - Ana Júlia/KatyCat que perguntou, juntando-se a conversa. - Minha outra aula é piano.

― A minha é violão - comenta Igor.

―  Flauta - limitei-me a dizer, olhando meu celular e vendo uma mensagem da Lila:

“Gus tá na minha sala de dança! Defina sorte!!!! Vou almoçar com ele depois que acabar. Você não se importa, né? Nos vemos depois! Bjbj.”

  ― E sim, almoço. Ótima ideia.

 Especialmente se minha melhor amiga vai ser sugada pelo monstro dominador Gustavo. Até quando, senhor?

 ~~~

Eu estava distraidamente mexendo no celular, esperando meus novos colegas voltarem. Igor tinha ido buscar uma sobremesa e Ana Júlia retocar o batom vermelho. Eu continuei sentada no refeitório, impossibilitada de me mexer depois de comer tanto. Taí uma coisa maravilhosa do acampamento: a comida. Enfim, eu estava de boa fazendo minha digestão quando Eduardo sentou na minha frente, tomando uma latinha de coca-cola.

― Oi Eduardo - eu disse, já que ele não disse nada.

― Estamos fazendo canto juntos - ele comentou. Como se eu não tivesse percebido.

― Eu sei. Imaginei que você soubesse que eu sei, visto que todo mundo teve que subir na cadeira idiota.

― Não sei. Você é muito distraída. Aparentemente nem ouviu o professor dizer que o lance da cadeira é para...

 ― Tirar o medo de ser o centro das atenções. Claro que ouvi. Não sou tão distraída quanto você pensa.

 Não sou distraída o bastante para não reparar em Eduardo, especialmente porque, por causa do seu cabelo, ele é facilmente notável.

Também não sou distraída o bastante para não reparar a forma como a mão dele abre e fecha sobre a lata, como se ela estivesse gelada ou como se... Ele estivesse nervoso.

Por que ele estaria nervoso? Isso é idiota.

― Não vejo a hora de te ouvir cantar - ele comentou com um pequeno sorriso.

― RÁ! Espere sentado! Vou adiar esse momento o máximo possível!

Especialmente agora que ele está na minha sala. Minhas cantorias seriam uma fonte interminável de piadas. Ele com certeza narraria com detalhes para Gustavo. Provavelmente ele até gravaria.

― Não quer quebrar os vidros da sala inteira? Fica calma, isso deve ser exclusividade da flauta.

Minha vontade é de me debruçar sobre a mesa e virar aquela lata de coca-cola na camisa dele. Porém, como se previsse meu movimento, Eduardo desliza a lata na minha direção e eu estico a mão para pará-la.

― Te vejo por aí, Amanda.

Eu desci os olhos para a lata vazia.

Quanto mais Amanda, melhor.

Três segundos depois, ana Júlia estava se sentando do me lado e dizendo:

― Nossa, quem era aquele ruivo maravilhoso? Por acaso era o da nossa sala de canto?

  Eu tenho vontade de rir porque de maravilhoso Eduardo não tem nada. Quer dizer, exceto o cabelo. E aquelas sardinhas são meio fofas. E...

 ― Quem é maravilhoso? - Igor apareceu do meu outro lado.

  ― Um menino da nossa sala de canto que eu conheço e Ana Júlia achou bonito, não sei como.

 Ana Julia começou a descrever Eduardo para Igor, porém utilizando-se de uma série de adjetivos que eu nunca usaria para defini-lo. Igor disse que sabia de quem ela estava falando, mas a lista de adjetivos continuava. Igor ajudou, complementando. Eu encarava os dois, sem saber o que falar. Se eles achavam Eduardo esse ser maravilhoso, não sei nem o que eles usariam para definir Bruno, que realmente era um ser maravilhoso.

~~~~

Mais tarde naquele dia, eu e Lila estávamos caminhando para piscina. Já era praticamente noite quando ela finalmente apareceu, cheia de fofocas para contar sobre o dia que passou com Gustavo. Nós duas resolvemos sair para a piscina para fofocar e aproveitar os benefícios do acampamento. No caminho, quando ela ainda estava suspirando pelos cantos, passamos pelo jardim, que tinha vista para a academia, visto que a sala dos aparelhos era rodeada por paredes de vidro.

O cabelo de Eduardo foi a primeira coisa que eu vi quando olhei naquela direção. Ele nos viu também e levantou a mão para acenar, sem parar de correr na esteira. Lila acenou efusivamente e eu estirei meu dedo do meio. Ele riu.

Quando olhei para a esteira do lado, vi Bruno. Ele começava a abaixar a mão, meio constrangido, que aparentemente estava acenando para mim. Opa! Eu acenei de volta, tentando explicar que o dedo médio não era pra ele, e sim para Eduardo, aquele idiota. Acho que ele não entendeu nada, mas pelo menos acenou de novo, dando um pequeno sorriso. Ele ficava ainda mais maravilhoso correndo, com os cabelos sendo jogados para todos os lados e todos os seus músculos em exibição.

Ai, ai... Subitamente estava calor. Talvez eu precisasse mesmo de uma piscina fria, mesmo com todo frio de Teresópolis.

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