Capítulo 9
Estou atrás de uma placa de compensado que um dia foi branca, escondida e totalmente nervosa. Depois de assistir a nove jogos e ter treinado bastante já estou bem melhor, mas o nervosismo parece até que faz parte de mim.
Fico com a arma levantada e pronta para colocar a cabeça fora daqui e tentar avistar algum inimigo, mas sinto um corpo se juntar imediatamente ao meu, seguido por um tiro atrás de mim, na madeira. Esfrio completamente e olho devagar para o lado, só consigo avistar um sorriso.
— Te assustei? — Ele sussurra. Reviro os olhos.
— Claro que sim. E quase recebeu um tiro também.
— Eu sei, mas valeu a tentativa.
— Cala a boca. — Falo sorrindo e não preciso olhar em seu rosto novamente para saber que também está com um sorriso.
Ponho a cabeça na lateral do compensado e avisto que a área está limpa. Coloco devagar meu corpo para fora e ando de costas, logo batendo com outra pessoa.
— Vim pra te dar cobertura. Como você planeja fazer tudo sozinha, recruta? — É ele novamente. Hugo.
Rio enquanto balanço a cabeça. — Ok, temos uma encoberta mútua então. Não deixe ninguém atirar em mim.
— Sim senhora. Mas que fique bem claro que eu sou o comandante. — Apenas concordo e sorrio balançando a cabeça.
Andamos devagar entre as folhas secas no chão, mas parece que todos estão muito bem escondidos. Me sinto realmente mais segura com o Hugo atrás de mim, tanto é que o medo já até se esvaiu. Sempre é mais fácil guerrear quando alguém está ao seu lado.
Ouço passos rápidos atrás de mim e me viro em uma velocidade luz com a arma já preparada para atirar, mas a pessoa acaba de ser atingida pelo Hugo. Não conheço a garota, mas ele arqueia as sobrancelhas para ela como se dissesse "Não foi por mal, apenas fiz meu dever!", então compreendo que já se conhecem. Ela sai e nós continuamos em dupla. Não preciso mais me esconder, ou pelo menos não com muita frequência, agora que tenho reforço.
Olho ao redor e vejo a quantidade de pessoas que estão assistindo a tudo, a vista deles é bem melhor que a nossa, já que veem praticamente o campo completo. Passo a vista por todos tentando encontrar Samuel ou Lia, ou até mesmo alguém me olhando diferente (nunca estive tão curiosa em descobrir alguém como agora, com essa pessoa das mensagens).
Meus olhos ainda viajam quando sinto o joelho de Hugo dobrar os meus e me fazer cair imediatamente, e proporcional à rapidez desse ato vejo uma bolinha colorida se quebrar no pneu atrás de mim. Olho para frente e vejo uma garota mirando novamente; tento levantar, mas o tiro já saiu e atinge o compensado ao meu lado, então corro na outra direção enquanto Hugo vem de costas atirando na direção da menina, o que a faz recuar e nos dar mais tempo para voltarmos para detrás de alguma objeção.
— Não quero uma recruta desatenta. — Ele fala sério com a arma apontada em uma direção qualquer.
— Foi mal, isso não vai mais acontecer, senhor. — Falo abrindo um leve sorriso. Ele balança a cabeça e assente.
Novamente coloco a cabeça para fora à procura de algum inimigo, e por sorte encontro a garota (que é até corajosa demais pro meu gosto; ela está realmente procurando nós dois, e está sozinha). Olha ao redor e dá poucos passos pequenos, então dou um passo à frente e atiro sem pensar duas vezes. Por pouco o tiro não pegaria, atingi sua mão esquerda. Ela olha atônita para os lados, mas volto a me esconder e ela sai sem saber quem a atingiu.
— O que achou, senhor? — Pergunto a ele com um sorriso.
— Ótimo desempenho, recruta, continue assim. — Rimos.
Voltamos a andar costa a costa, com passos curtos e sigilosos. É então que vejo Noa passando por nós com o braço vermelho. Ela faz uma expressão facial que entendo como um pedido de desculpas e sai.
Ouço um tiro bem perto e viro rapidamente, olhando para todos os lados. Vejo um garoto de camisa azul se escondendo atrás de uma placa de ferro, então me enfio na proteção de uma placa de madeira e me preparo com a arma em sua direção. Espero que ele apareça, mas assim que põe a cabeça para fora e me vê volta a se esconder. De acordo com a lógica, ficar nessa espera só vai nos atrasar, então aproveito enquanto ele não está me vendo e vou para detrás de outra placa, mais à frente.
Ouço mais um tiro e vejo que a placa onde eu estava a segundos atrás acabou de ser atingida. Dou um sorriso de lado e prossigo para outra placa, dessa vez de ferro, mas logo recuo, pois mesmo estando longe já estou na mesma direção que ele. Tenho que ser rápida, ele não imagina que agora é um alvo tão fácil.
Vejo-o colocar metade do corpo para fora, e é nessa hora que contorno minha placa e atiro, atingindo em cheio sua costa. A tinta é rosa. Ele ainda consegue olhar para mim, mas logo saio correndo e sorrindo. Até que é divertido mesmo! E eu diria que estou me saindo bem!
Fico atrás de uma árvore com tronco bem grosso e já sujo de tinta colorida. Agora preciso estar ainda mais atenta, já que nem sei mais onde Hugo se encontra.
Ouço vários tiros seguidos, porém um pouco longe de mim e desconfio que tenham saído uma ou duas pessoas da disputa. Volto meu olhar para frente e vejo Hugo andando sorrateiramente; a área está limpa, então estamos consideravelmente seguros.
Mudo de posição na esperança de encontrar um alvo. Estou agora atrás de um pano preto grosso, e no caminho avisto Calebe conversando com Rian e Jasmin, por isso logo fico atenta, deve haver algum inimigo por perto.
Atrás de uns pneus empilhados ouço uma movimentação, mas tenho medo de ir sem reforços. Decido então voltar até eles três e pedir que Jasmin venha comigo.
Corro na frente e ela vem logo atrás. Assim que chegamos aos pneus começo a atirar, ouvindo os tiros de Jasmin também.
Nós os pegamos desprevenidos, sendo assim, eliminamos mais dois e continuamos na disputa. Volto correndo para detrás do pano, mas ela avança e logo ouço outro tiro. Sua capa ficou verde claro e logo a vejo sair.
Pelo visto estou jogando melhor que a melhor jogadora de paintball de todos os tempos!
Volto para o obstáculo anterior, onde acabamos de eliminar dois oponentes e me abaixo. Sinto tiros atingirem os pneus e assim que ponho a cabeça para fora vejo duas cabeças acima de uma placa de madeira baixa, com a arma mirada para mim. Me abaixo rapidamente, sentindo mais tiros nos pneus. Lentamente posiciono a arma e me ergo, atirando várias vezes. Um deles sai manchado de azul, então aproveito o momento de descontração e atiro mais vezes, mas não atinjo ninguém. Ficamos uns minutos em uma troca de tiros que não resulta em nada, até que ele é atingido, mas não por mim. A pessoa que atirou vem correndo em minha direção e só agora, que está sentada bem perto de mim, consigo ver quem é.
— Ouvi falar que você é a única garota dos três componentes que sobraram. — Fala com um sorriso acompanhando de um olhar indescritível.
— Sério?! — Pergunto impressionada comigo mesma. Nunca imaginei que pudesse me sair tão bem desse jeito. — Quem sobrou?
— Eu, você e Hugo. — Responde com um sorriso bobo e sem tirar os olhos dos meus. Olho para baixo envergonhada.
— Melhor ficarmos atentos então. — Falo, para mandar embora esse clima, e ele assente. Nos levantamos, logo mudando a posição. Depois disso avançamos e ficamos atrás de outro pedaço de madeira.
— Já mudou de companheiro, recruta? — Ouço a voz de Hugo, que acaba de chegar. Fico com uma cara de idiota ante o olhar que ele troca com Cauã.
— As circunstâncias exigiram isso. — Brinco.
— Faltam quantos? — Cauã muda de assunto.
— Pelos meus cálculos, só um. — Hugo responde.
Ponho minha cabeça para fora, mas me assusto sentir um impacto e ver tudo amarelo. Caio sentada no chão e tiro a máscara, sento atingida na mão direita e no ombro direito, ouvindo uma longa troca de tiros.
Levanto-me pronta para sair, mas em meio a essa situação sinto uma dor aguda na cabeça. Cauã puxa meus braços, arrastando meu corpo para detrás de uma placa de madeira e logo coloco a mão no local, sentindo a gosma da tinta.
— Está tudo bem? — Pergunta enquanto ao lado se segue uma troca de tiros.
— Tudo bem, minha cabeça está latejando, minha mão e meu ombro estão ardendo. Mas acho que é normal. — Rio.
— Que covarde! Uma vez já basta. — Fala e sorri, logo ficando de joelhos ao lado de Hugo e voltando a atirar. Dessa vez fico sentada, esperando que tudo termine.
Ainda estou com os olhos fechados quando ouço os gritos de comemoração dos meninos. Abro os olhos já com um sorriso e vejo o resto do grupo se aproximar, gritando e pulando. Não sei se estou feliz por ter me saído tão bem e minha equipe ter vencido, ou triste por ter sido atingida quatro vezes. Com certeza eu vou passar o resto do dia com uma baita dor de cabeça, duas manchas roxas no corpo e uma coloração avermelhada no cabelo, mas a vitória basta. Estou satisfeita.
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Olá meus amores ❤
Primeiramente quero agradecer por estarem acompanhando a estória, espero que estejam realmente gostando. Peço também que não esqueçam de deixar seus votos e comentários, eles são muuuito importantes. Sei que têm pessoas que acompanham obras mas não votam ou comentam por não terem conta. Gente, vou logo avisando, vocês não perdem nada em fazer uma conta aqui, primeiro porque sempre que houverem novos capítulos em uma obra da sua biblioteca você é avisado, e segundo porque vai matar o autor de felicidade *--* Até porque qual escritor não adora receber votos e comentários em seus capítulos, né? E pra quem tem conta, mas mesmo assim é um leitor fantasma eu aviso: PARE COM ISSO, seja bondoso.
Desculpem pela nota gigante, mas só falta uma coisinha. Quero agradecer de coração a um amigo meu, SamuelMoreno8 (sim, o mesmo nome do irmão da Sam, mas foi uma coincidência mesmo rsrs), por ter me ensinado "um pouco" a respeito do paintball. Talvez sem ele esse capítulo nem teria saído hehe
Enfim... Obrigada a todos, amo vocês !
- SophiieM
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