Capitulo 21: Sem piedade
Enquanto Jungkook caminhava pelo corredor lateral pouco movimentado, sua expressão desviava do habitual sorriso para uma seriedade fria e determinada. Ele escolheu estrategicamente evitar a área principal, cada passo calculado, sabendo exatamente o que estava prestes a fazer.
Ele aguardou pelo rapper em um ponto cego, próximo à saída de serviço em seu Monte Carlo. Cada minuto que passava parecia uma eternidade. Quarenta minutos depois, o belo homem negro surgiu no local combinado. Jungkook não apenas demonstrou cortesia ao abrir a porta para Double G, mas também começou a revelar um lado mais astuto e calculista.
— Vamos? — disse, sua voz suave escondendo a tempestade interior.
Eles entraram no veículo e seguiram por ruas menos movimentadas. Jungkook habilmente envolveu Double G em conversas sobre negócios, manipulando sutilmente a situação para garantir a confiança do rapper. A tensão no carro era palpável, cada palavra uma peça no jogo de Jungkook.
Chegando à casa afastada, ele trancou a porta com uma determinação que não passava despercebida. A casa, uma construção moderna e isolada, era cercada por uma densa floresta. Suas janelas amplas ofereciam uma vista para a natureza selvagem e imponente, criando um contraste entre o interior sofisticado e o exterior rústico.
Dentro, o ambiente era decorado com um misto de elegância minimalista e aconchego, destacando-se uma lareira de pedra que irradiava um calor convidativo. Mas a atmosfera tranquila escondia os verdadeiros planos de Jungkook.
Conforme brindavam e trocavam olhares, Double G podia sentir uma energia diferente no ar, uma tensão palpável que contrastava com a serenidade aparente. A conexão momentânea entre eles era tingida por uma camada de incerteza e intriga, cada movimento carregado de segundas intenções.
Finalmente, sentados no sofá em frente à lareira, a dança de chamas refletia nas paredes, lançando sombras que pareciam dançar ao ritmo das intenções não ditas de Jungkook.
— E então... O que realmente quer comigo? — perguntou o rapper, a desconfiança em sua voz.
— Um acerto de contas, sem piedade — murmurou Jungkook, em um tom baixo, mas firme, seus olhos brilhando com uma determinação fria.
— O quê? — questionou Double G, inseguro diante do olhar intenso do outro, arrastando-se para o lado. — Do que está falando, cara?
— No Mercy. Realmente desejo me vingar das emoções que você me fez revisitar. Quando eu era apenas mais um moleque da periferia, sonhando em mudar de vida. Esta noite, você será minha "putinha", o que acha? — sorriu de forma doce, deixando o rapper aliviado.
— Nem fodendo... Eu vou te comer! — rebateu, recuperando sua postura confiante.
— Veremos... — sussurrou Jungkook, tocando o queixo do rapaz, encarando o fundo de seus olhos como um lobo faminto.
Encantado com o olhar penetrante de Jungkook e a expressão suave em seu rosto, Double G quebrou a distância entre eles tentando roubar um beijo, mas foi rejeitado.
— Não brinque comigo... — murmurou, levando os dedos até a nuca do outro, mordiscando os lábios sem desviar o olhar. — Sabe, doutor, antes de seguirmos para os assuntos burocráticos, que tal nos divertirmos um pouco?
Com seu típico sorriso ladino, Jungkook o encarou com um olhar afiado que fazia o âmago do rapper revirar. Era desafiador e intimidador. Ciente do impacto que causava, aproximou-se da boca carnuda do rapaz para um suave roçar de lábios. Ao ouvir o suspiro excitado alheio, finalmente uniu seus lábios em um beijo intenso.
Logo, o homem se deixou entregar completamente, e eles trocaram carícias ousadas, com as mãos explorando todos os lugares possíveis. Jungkook abriu os olhos, ainda conectado naquele beijo. Seu estômago revirava, e o ódio de saber que aqueles dedos em seu corpo tocaram a pele de Jimin o deixava transtornado.
Ele interrompeu o beijo e encarou o parceiro, que estava ofegante. Antes que o outro tivesse a chance de falar, lançou-se em seus braços, sentando em seu colo e ficando de frente para ele. Ao sentir a pressão do quadril de Jungkook sobre seu membro, Double G sentiu-se extasiado.
— Nossa, doutor, você é muito gostoso. Estou doido para estar dentro de você — confessou, enquanto os lábios do outro tocavam a curvatura de seu pescoço.
Jungkook revirou os olhos, sem o menor interesse no que estava fazendo. Movimentou os quadris para provocar, sentindo o desconforto que sua falsa vulnerabilidade lhe trazia. Seu objetivo era um só: parecer rendido o suficiente para explodir a cabeça daquele maldito.
Os dedos longos se afundavam em suas nádegas, movendo seu corpo em busca de maior fricção. O coração de Jungkook batia acelerado, temendo que o outro sentisse a arma escondida na parte de trás de sua calça. Ele não permitiu que as mãos alheias permanecessem ali por muito tempo.
— Qual é, doutor? Não se faça de difícil. Eu quero chupar você, o que acha? — a voz de Double G era uma mistura de desejo e urgência.
Astuto, Jungkook se afastou do pescoço do rapaz, olhando-o com uma expressão travessa, mordendo os lábios. Ter um homem grande e forte à mercê de si era algo que amaciava o ego do rapper.
— Eu gostaria muito, na verdade — disse, já se levantando e se colocando em pé à sua frente, escondendo a tensão crescente com um sorriso.
Double G não perdeu tempo, seus olhos fixos no volume na calça de Jungkook, salivando de curiosidade sobre o quão grande ele deveria ser. Suas mãos ansiosas se encaminharam diretamente para o zíper alheio, e seus dedos habilidosos abriram o botão e a braguilha sem muita enrolação. Jungkook levou os dedos aos cabelos trançados do outro e fez um carinho suave, observando cada movimento com olhos atentos.
Ao vislumbrar o volume juntamente com a peça íntima clara, Double G levou os dedos até o cós, tentando alcançar o membro do parceiro. Porém, foi impedido. Com um sorriso amargo e uma tensão palpável no ar, Jungkook segurou seus pulsos com força, impedindo-o de continuar.
— Sabe, acho melhor não misturar as coisas. Vamos parar por aqui — avisou, sua voz firme traindo a calma aparente.
— Você só pode estar brincando — resmungou Double G, enfurecido. Usando de força, tentou se soltar do aperto e arrancar a cueca do outro.
Sua força bruta fez o corpo de Jungkook se mover ligeiramente, os olhos escurecendo com a adrenalina que corria em suas veias. Ele assistia à cena enquanto levava as mãos para a parte de trás para sacar o objeto escondido. Na segunda tentativa, Double G puxou com brusquidão a peça para baixo, e ao enxergar o membro exposto, tentou tocá-lo. Mas, nesse instante, sentiu algo gelado encostar em sua testa, forçando-o a olhar para cima. Seus olhos se arregalaram ao se deparar com uma Glock apontada diretamente para seu rosto.
A sala mergulhou em um silêncio tenso, quebrado apenas pela respiração pesada de Double G. Jungkook, com o olhar de um predador, não disse nada. O cano da arma tremia ligeiramente em sua mão, mas seu rosto mantinha uma expressão impassível, a determinação fria de quem está disposto a ir até as últimas consequências.
— Mexa-se de novo, e eu atiro — murmurou Jungkook, a voz baixa e mortal, cada palavra carregada de um perigo iminente.
Double G, com a testa gelada pela Glock de Jungkook, falou lentamente levantando as mãos, tentando manter a calma. Ele sabia que precisava agir rápido e com cuidado.
— Calma, calma aí, doutor. Vamos conversar, ok? — disse ele, a voz tremendamente avançada. — Não precisa ser assim. Podemos resolver isso como homens.
— Resolver isso como homens? — Jungkook riu, mas não afrouxou a arma. — Você acha que vai conseguir me enrolar?
Ainda com as mãos levantadas, tentou se mover sutilmente, procurando uma oportunidade de pegar a arma. Mas Jungkook estava atento a cada movimento, seus olhos afiados como lâminas.
— Eu... Eu não sei do que você está falando — a voz tentando subir convincente. — Eu só fiquei empolgado. Não precisa ser assim.
Jungkook abriu os dedos nos cabelos trançados de Double G, puxando-o para mais perto. A arma pressionada contra a testa do rapper faz com que ele sinta o peso da ameaça.
— Vai tentar bater em mim como fez com Jimin Park? — Jungkook disse, sua voz baixa e mortal. Os olhos de Double G arregalaram-se instantaneamente, o choque evidente em seu rosto. Ele se lembrou bem do atentado contra o herdeiro que aconteceu há poucos dias, motivo pelo que precisou de um habeas corpus.
— Como você... — começou, mas as palavras ficaram presas na garganta.
— Sim, eu sei — contínuo Jungkook, o tom firme. — Sei o que você fez, e sei que você acha que pode sair impune. Mas comigo, não. Agora, você vai pagar pelo que fez.
— Ouça, não foi minha culpa — Double G começou a gaguejar, tentando encontrar uma saída. — Foi tudo um mal-entendido. Eu nem sabia quem era ele!
— Mal-entendido? — Jungkook deixa os cabelos do rapper com mais força, fazendo-o gritar de dor. — Você espancou Jimin simplismente porque te rejeitou! E você acha que eu acreditarei em suas desculpas?
Respirou pesadamente, os olhos fixos na arma. Ele pensou muito rápido.
— Ok, ok, então... só abaixa a arma. Vamos conversar. Podemos chegar a um acordo, certo? — Tentou soar calmo, a voz desesperada. — Foi ele quem te mandou até aqui não, é? Olha não tenho tanta grana como ele mas podemos negociar.
— Acordo? — Jungkook riu novamente, mas desta vez, havia uma frieza gelada em seus olhos. — O único acordo que você vai ter é comigo, e eu não faço concessões.
O rapper tentou se levantar, mas Jungkook foi mais rápido, empurrando-o de volta para o sofá e mantendo a arma firme contra sua testa.
— Não se atreva a tentar algo estúpido — Jungkook rosnou. — Eu juro que não hesitarei.
O medo tomou conta do homem, que começou a tremer, percebendo que estava completamente à mercê de Jungkook. Ele estava preso, sem saída, e sabia que qualquer movimento errado poderia ser seu fim. Double G soube que o outro não ia mudar de ideia. O pânico começou a tomar conta dele. A voz falhou, e ele começou a implorar desesperadamente pela vida.
— Por favor, cara... Eu... eu faço qualquer coisa! — implorou, lágrimas começando a escorrer por seu rosto. — Eu te pago, te dou o que quiser. Só... só não me mata, por favor!
Jeon olhou para ele com desdém, os olhos frios como gelo.
— Você acha que é só uma questão de dinheiro? — disse ele, em voz baixa e firme. — Você nunca mais vai machucar Jimin ou qualquer outra pessoa que se negue a transar com você. Não é não, entendeu?
O homem continuava a tremer, as lágrimas agora caíam livremente. Ele abriu a boca para conversar, mas Jungkook não lhe deu chance.
— Não é não — repetiu Jungkook, afastando a arma levemente antes de apertar o gatilho.
O som do tiro foi abafado pelo calibre 22 da arma, e o homem caiu para trás, seus olhos vidrados de choque e terror. Jungkook assistiu enquanto o corpo do rapper se contorcia pouco antes de ficar totalmente imóvel. Ele ficou ali, respirando profundamente, a adrenalina ainda correndo por suas veias.
A sala ficou em um silêncio mortal, apenas o crepitar da lareira quebrando a quietude. Jungkook olhou para o corpo outra vez, sentindo uma mistura de colapso e tristeza. Ele sabia que havia feito o que precisava ser feito, mas isso não tornava as coisas mais simples.
Ele guardou a arma, caminhou até a janela para olhar para a floresta densa lá fora. A natureza parecia indiferente ao que acabava de acontecer, as árvores balançando suavemente ao vento.
Mas, por agora, ele tinha protegido Jimin. E isso era o que importava.
Ele voltou para o corpo. Com calma e eficiência, pegou o nos braços, observando que o pequeno calibre da arma havia deixado o ambiente praticamente limpo, sem grandes manchas de sangue para se preocupar. E então saiu pela porta dos fundos, carregando o corpo com cuidado para não deixar rastros.
A floresta ao redor da casa era densa, com poucas trilhas usadas que ele conhecia bem. Jungkook seguiu por uma delas, seus passos firmes e decididos, levando o corpo para mais fundo na mata. Sabia exatamente para onde estava indo.
Após cerca de vinte minutos de caminhada, ele chegou ao lago profundo e perigoso que conhecia desde criança. A água era escura e misteriosa, cercada por uma vegetação densa que dificultava a visão.
Se aproximou da beira do lago, respirando fundo, cansado pelo esforço. Com um movimento calculado, jogou o homem na água, observando enquanto ele afundava lentamente, desaparecendo nas profundezas escuras.
Ficou ali por um momento, contemplando o lago calmo. A natureza ao redor permanece independente do que havia acabado de acontecer, as árvores sussurrando suavemente ao vento. Com um último olhar para a água, Jungkook se virou e começou a voltar para o chalé, apagando qualquer evidência de sua presença no caminho.
Ao voltar para casa, ele limpou cuidadosamente qualquer sinal de que alguém havia estado ali. Satisfeito de que tudo estava em ordem, ele saiu pela porta da frente, entrando em seu Monte Carlo e dirigindo de volta para a cidade. A sensação de angústia começou a tomar conta dele enquanto pensava em Jimin, questionando-se porque se preocupava tanto.
Independente da motivação desta noite, ele tinha certeza de que Double G nunca mais machucaria ninguém.
...
Cansado de aguardar por Jungkook, Jimin encarou o Rolex em seu pulso, constatando que já estava passando de uma da manhã. Incomodado com a possibilidade de que ele estivesse com outra pessoa, embora não fosse do tipo monogâmico, detestava dividir o que considerava seu. Queria se vingar e, quem sabe, causar ciúmes no outro. Por isso, pensou em ligar para Taehyung em busca de prazer e distração.
Estava inquieto e sentia insônia, talvez pelo excesso de cannabis que consumiu e que atiçou sua fome, fazendo-o despertar sua cozinheira, que estava exausta, para lhe preparar uma refeição. Sentado à mesa da cozinha, encarava a mulher que preparava panquecas com mel e geleias, pois desejava algo calórico.
Suas pernas inquietas por baixo da mesa encontravam-se arrepiadas. Sentia frio, mas não desejava acionar o aquecedor; o clima estava agradável. Com um sorriso imposto e olhos caídos, a mulher se moveu com um prato, segurando a vontade de bocejar. Ela especifica tudo à sua frente, oferecendo também os talheres e iogurte para acompanhar.
— Rochelle, você é o melhor chef do mundo — comentou, sentindo sua boca salivar diante da massa fofinha. — Você pode pegar o chantilly para mim, por favor?
— Claro, senhor — disse, indo até a geladeira, torcendo para que agora ele estivesse satisfeito e pudesse voltar a dormir.
— Obrigado, querida. Pode voltar aos seus aposentos. Amanhã preciso que o café seja servido mais cedo; tenho uma reunião importante. Então, se puder se levantar antes, ficarei grato.
— Tudo bem, senhor, servirei às 6 horas. Mais alguma coisa?
— Não, está tranquilo. Pode voltar a... só um instante — pediu ao sentir o celular vibrar no bolso do roupão. Era Jungkook do outro lado da linha. — Pensei que não aparecesse mais. Isso são horas?
— Me desculpe por isso, Jimin. Houve um imprevisto. Se achar melhor, eu vou embora.
— De jeito nenhum. Mandarei que abram os portões. Estou te esperando na cozinha. Está com fome?
Rochelle arregalou os olhos ao ouvir a pergunta de Jimin, parecendo saber o que viria em seguida.
— Morto de fome, na verdade...
— Vou preparar algo para você. Tchau! — ele desligou a chamada sorrindo, feliz por Jeon ter cumprido a promessa de ir vê-lo. — Rochelle, será que você poderia...
— Sim, senhor, farei mais panquecas.
Enquanto Rochelle voltava ao fogão, Jungkook atravessou os portões da propriedade, tentando disfarçar a tensão que o acompanhava desde o momento em que deixou o chalé. Ele caminhava calmamente, reparando em como tudo parecia mais belo sob a luz da lua.
A propriedade era uma construção imponente, com um estilo clássico que lembrava as elegantes construções europeias. A fachada era iluminada suavemente, destacando os detalhes detalhados e os jardins bem cuidados que a cercavam. Árvores altas balançavam levemente com a brisa noturna, criando sombras que dançavam no caminho dele.
Ao entrar na cozinha, ele encontrou Jimin comendo enquanto Rochelle preparava a massa para mais panquecas. Jimin levantou os olhos e sorriu ao vê-lo, mas ele mal o cumprimentou, preocupado ao ver a cozinheira bocejando enquanto trabalhava.
— Boa noite, Jimin — disse Jungkook, tentando esconder a preocupação na voz. — Moça, por favor, deixe-me terminar isso para você. Você parece exausta.
— Não precisa, lindo. Rochelle já está acostumada com esse tipo de coisa — interferiu Jimin, sem perceber a exaustão evidente da cozinheira.
— Por favor, senhor, eu já estou finalizando — disse Rochelle, temendo ser demitida por parecer incapaz de cumprir suas funções.
— Jimin, eu realmente gostaria de aproveitar a noite só com você — insistiu Jungkook, sorrindo gentilmente para Rochelle. — Não se preocupe, eu sei me virar na cozinha. Eu assumo seus cuidados agora, além disso, ela merece descansar.
Jimin ponderou por um momento, satisfeito com a proposta de Jungkook.
— Tudo bem, então — disse ele, finalmente. — Rochelle, você pode voltar aos seus aposentos. Jungkook cuidará do restante.
Rochelle respirou aliviada e, com um leve sorriso, agradeceu antes de se retirar.
— Obrigada, senhor. Boa noite a ambos.
— Boa noite, Rochelle — responderam os dois em uníssono.
Assim que a cozinheira saiu, Jimin se pronunciou e se mudou de Jungkook.
— Então, o que houve? Por que demorou tanto? — Perguntou, curioso.
Jungkook, ainda tentando manter a compostura, pegou os ingredientes que Rochelle havia deixado e começou a preparar as panquecas.
— Nada de mais, Ji. Apenas um imprevisto, como eu disse. Mas agora estou aqui, e a noite é toda nossa.
Jimin sorriu sinceramente, sentindo-se outra vez satisfeito com a resposta. Enquanto o observava na cozinha, ele não poderia deixar de apreciar esse momento raro de simplicidade entre eles. A tensão que Jungkook carregava começou a se dissipar, resultando pela tranquilidade que a presença do herdeiro sempre lhe trazia por razões que insitia negar a si.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro