life negotiator
「 🖤 」
Nova York era estonteante, uma beleza descomunal que observei apenas através de incontáveis revistas ou programas de TV. Estávamos no centro da cidade, em Manhattan, palco de diversos romances que não vou negar em dizer, era loucamente apaixonada. Todos nós sabemos que temos somente uma passagem de ida quando se trata de livros. E mesmo com um filho e afundada em problemas financeiros, ninguém nunca vai retirar minha paixão pelas palavras.
Falar sobre isso, recorda-me que vou sentir muita falta do meu antigo emprego na biblioteca central de Busan, aquele tipo de lugar que você poderia viver para sempre e nada o preocuparia.
- Segure minha mão Hyun, ou pode se perder. - digo ao menor, assim que Jungkook estaciona em frente a um grande restaurante, Hyun rapidamente assente alegre segurando não só a minha como a de Jungkook também, trotando entre nós. - O que estamos fazendo aqui?
- Podemos fazer uma refeição antes de ir para casa?
O local está lotado, pessoas caminhando apressadas sobre as calçadas, barulho de carros em alta velocidade e um trânsito cheio de incômodo. É bonito, embora ainda me deixe um pouco fora de órbita.
Jungkook está mais confortável, seu inglês é fluente entre as pessoas, nos conduzindo para dentro do estabelecimento. Sua mão segura firmemente a outra de Hyun, que agora mais desperto, sorriu a cada minuto para Jungkook enquanto o admirava todo o tempo. Para um garotinho antes assustado, está bastante confortável com a presença dele.
- O que você quer comer? - sua pergunta vai primeiro para Hyun, sentando ao seu lado. Fazendo experientes línguagem de sinais. - Gosta de chocolate?
Observo o garotinho sorrir cheio de entusiasmo para Jungkook acenando para ele, suas ações são um tanto impressionantes ao fixar os pequenos olhos no mais velho, a todo custo de alguma forma, imitando os mesmo gestos de Jungkook sobre a mesa.
Encontrei nele, uma criança carente que a muito tempo não sabia o que significava ter uma presença masculina, paterna ao seu lado. Mesmo que ainda não soubesse que Jungkook fosse realmente seu pai.
Um homem de pele bronzeada vestido em um terno alinhado chega até nós, tirando-me dos meus devaneios. Ele tem um sorriso cordial nos lábios, e entrega o menu a Jungkook que diz em inglês o que vamos comer para o café. Não sou tão boa no idioma, mas posso ter um leve entendimento sobre algo relacionado a bacon com ovos mexidos.
Se afastando logo em seguida, ele volta sua atenção para Hyun, que tenta a todo custo levantar a manga de sua camisa, para ver os desenhos na sua pele.
- Você gostou? - Jungkook diz a ele, mostrando mais das tatuagens no braço. - Tenho uma em particular que é muito especial para mim.
Os dois mantêm uma conversa onde só escuto a voz de Jungkook, não me concentro tanto, tenho minha visão fixada na janela de vidro ao lado. Apreciando imperceptíveis flocos de neve caindo ao redor, cobrindo lentamente um carro deixado na calçada.
O garçom de antes retorna, depositando nossa comida sobre a mesa, retirei o boneco do homem de ferro do espaço vago, e segurei o brinquedo nas mãos por alguns instante olhando para Jungkook em seguida. Finalmente minha mente começa a trabalhar, suas insinuações, o sumiço repentino de Hyun naquele dia no parque, constantes sensações de ser observada. E agora, meu filho tão à vontade e amigável com Jungkook por perto.
Minhas unhas afundam contra a palma, minha mente em combustão e a visão na minha frente cada vez mais embaçada. Não entendo como estou conseguindo lidar com tudo isso, permitindo que um homem que nem mesmo sei quem realmente seja. Encontra-se sentado ao lado do meu filho, sorrindo e brincando com ele. Como se estivesse tudo bem.
Disponho um sorriso nos lábios, disfarçando toda a inquietação
- Thanks. - digo ao homem que se afasta acenando, empurrando um prato pequeno a Hyun. - Está na hora de comer agora querido.
- Sua mãe tem razão. - Jungkook abaixa a manga da jaqueta, pegando um prato de panquecas para meu filho. - Depois eu as mostro mais para você.
Ele bagunça docemente os fios escuros de Hyun, me pegando de súbito ao deixar um beijo terno no topo de sua cabeça. Depois disso ficamos em silêncio, observei os dois sorrirem um para o outro enquanto engolia os ovos mexidos, e uma grande lufada de autocontrole.
De todos os meus sonhos mais fantasiosos, este definitivamente soa ainda mais estranho.
- Para onde vamos? - os talheres são deixados no prato, perguntando finalmente a Jungkook.
- Casa.
- Preciso de uma resposta mais íntegra do que isso, Jungkook.
Ele parou de cortar as panquecas de Hyun, cruzando os braços e olhando para mim com um semblante sério.
- Vivemos em uma casa, somos sete. Meus amigos, como uma segunda família. - faz uma pausa, suspirando. - Está tudo bem agora, se estão comigo eu vou protegê-los.
- O que ficou fazendo todo esse tempo?
Ponderou por um momento, mais inalterável, a expressão suavizando e inclinando-se mais para perto de mim.
- Fazendo negócios, não é algo que seja digno de orgulho. Por todos os anos de minha vida, não queria que chegasse a esse ponto. - olho para sua mão que desliza lentamente na mesa, até cobrir a minha. - Eu amo você Yuna, e fui egoísta demais por só pensar no quanto te queria. Sem imaginar que estaria em perigo, por minha causa.
O encarei sisuda trazendo minha mão de volta, apesar de soar sincero com uma reflexão do arrependimento evidente. Eu não estava pronta para esquecer tudo o que fez e simplesmente perdoar, Jungkook quebrou toda a confiança e respeito que eu tinha por ele. Duas palavras que possuem um forte significado quando se trata de um relacionamento, não é algo tão fácil de ser recuperado.
Eu tinha tantas perguntas, tantas insinuações, mas nenhuma se comparava a angústia que sentia, em saber apenas uma.
- No que você está envolvido Jungkook? No que você nos envolveu.
- Yuna..
Sua resposta é prontamente suspensa pelo homem uniformizado, voltando para pegar as coisas acima da mesa e trazer a conta. Jungkook balança a cabeça soltando um ruído, pegando sua carteira e entregando o dinheiro ao garçom. No momento seguinte penso que ele vai terminar a frase, mas ele pega Hyun no colo rápido desviando da conversa.
- Precisamos ir agora.
- Está tentando delongar nossos problemas?
- Você não quer saber no que estamos envolvidos, Yuna? - ele está mais resoluto desta vez, mais o Jungkook irreconhecível para mim. - Então eu vou mostrar-lá.
[...]
O lugar onde disse que vivia com seus amigos, era enorme, gigantesco e abundante de luxúria. Jungkook estacionou em uma garagem no subsolo que dava entrada para um elevador abscôndito, segui seus passos apressada levando apenas uma mala de rodinhas, enquanto ele levava facilmente com um braço, Hyun adormecido no ombro e uma bolsa na outra.
Me perguntava quantos andares esse lugar dispunha, olhando para os números aumentando cada vez mais em uma lenta, e desconfortável espera. Não ousei virar para o lado e ver Jungkook, ele ainda aparentava irritado ou contido, mesmo que não tivesse motivo. Estava agindo gradativamente mais estranho, talvez pensando como me diria sobre o tanto de adversidades que estamos lotado.
Coloco na minha cabeça que mesmo com todas as diferenças, vou me manter ao seu lado apenas pela segurança do meu filho.
- Por que você mora nesse lugar? Parece que tudo é tão...
- Protegido demais? - comentou, antes de suspirar, visivelmente aborrecido. - É necessário.
O aparelho apreendido na parede onde ele digita a senha, faz um bip abrindo a porta. Nós caminhamos por uma sala espaçosa com móveis vagos, um enorme lustre prendido no teto e paredes de cores escuras. Estava limpo, tão limpo que quase pude observar meu reflexo através do piso branco. Aconchegante e masculino.
- Nós chegamos! - Jungkook gritou alto, largando a bolsa no sofá de couro cinza e puxando meu braço para ficar do seu lado. - Está tudo bem, eles são uns idiotas.
Primeiro um homem assomou, alto, pele bronzeada e cabelos castanhos desgrenhados. Ele vestia roupas sociais com uma gravata frouxa, sapatos pretos e calça justa. Mas não foi isso que chamou minha atenção, e sim, a camisa branca suja de sangue, junto a uma arma nas mãos que ele simplesmente descarrega como se fizesse isso todo dia, largando na mesa de vidro com flores.
- Vocês chegaram! - o homem desconhecido diz alegre, caminhando até nós com um largo sorriso retangular. - Pessoal! O Jungkook chegou com a família dele!
- Qual o seu problema? - Jungkook questiona o amigo irritado, apontando para sua camisa. - Taehyung, sua camisa está suja, porra.
Taehyung parou de repente olhando para sua própria roupa, e só então percebendo a mancha vermelha enorme na camisa, franziu os lábios.
- Droga, tudo culpa do João. - resmunga chateado tentando limpar com as mãos. - Foi mal Jungkook, estava com um cliente no sótão e sua cabeça estourada me sujou.
Meus olhos arregalaram com a simplicidade que diz isso, não é nada perturbador um homem aparecer com a roupa toda cheia de sangue, uma arma nas mãos que larga por aí, aborrecido porque um "cliente" teve a cabeça explodida, acabando por sujar sua roupa.
Encaro Jungkook atômica, encontrando seu olhar cheio de inquietude para mim. Ele escorregou os dedos para segurar minha mão, mas o detenho a procura de uma explicação imediatamente.
- Quem é esse homem? Do que ele está falando? Jungkook, para onde você nos trouxe?
Um barulho desconhecido chama minha atenção rapidamente, para outro homem vestido num terno negro que se aproxima. Cabelos pretos, corpo robusto, e um sorriso cheio de malícia nos lábios. Recuei dois passos para trás, completamente surpresa pela semelhança assustadora que ele tem com Jungkook. Os dois são absurdamente idênticos, tendo como diferença, apenas as tatuagens que este não possuía e seus cabelos avermelhados nas pontas.
- Olha só o que temos aqui... - o anônimo acenou para mim abrindo ainda mais o sorriso, logo voltando para Jungkook confuso. - Não disse a ela irmão? Que tipo de marido é você? Deixe-me fazer as honras.
- Cale a boca Jungsan! - Jungkook vocifera ao meu lado, olhando para Taehyung. - O que ele está fazendo aqui?!
- Namjoon o chamou, eu disse que não era boa ideia cara.
Me mantive no lugar, sentindo o coração acelerar por toda essa situação subitânea.
- Jungkook, o que está acontecendo? Esse homem é seu irmão!? Por que nunca me disse?
Olho novamente para Jungsan que tem seus olhos vidrados em Hyun, adormecido no ombro de Jungkook. Isso instintivamente me faz sentir ameaçada por sua expressão tão plácida, chegando mais perto e segurando o braço de Jungkook com mais força.
A serenidade no seu olhar neurótico, faz com que todo meu corpo fique cauteloso. Eu só precisava respirar fundo e ficar calma. O que ele iria fazer? Pegar o meu filho dos braços do pai? Isso nunca aconteceria.
- Sempre tive vontade de conhecê-lo. Mas Jungkook nunca me deixou chegar perto o bastante. - Jungsan comenta vagarosamente, se encostando na mesa de vidro, cruzando os braços enquanto observava nós três. - Embora eu entenda sabe Yuna, deve ser perturbador para uma criança como Hyun. Descobrir que o pai é um insensível assassino, um negociador de vidas.
Suas palavras são cruéis, maliciosas e vigorosas. Mas naquele instante estava assustada e surpresa demais para repassar em minha mente o que acabou de dizer.
Até que respirei novamente, até que olhei para Jungkook e descobri que estava ao lado de um criminoso.
[ Notinhas... ✿]
Você poderia dar um tapa na estrelinha enxerida ai no cantinho pra mim, coração? 😋
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