— Ah, merda! — Jungkook pega o celular que estava despertando e se assusta ao ver a hora na tela. Ele rapidamente se levanta da cama e lava o rosto. Ele estava atrasado! Muito atrasado! 

— Sayu! Princesa, vamos! Nós estamos atrasados. — Jungkook vai até o quarto da filha para acordá-la. Eles tem apenas 30 minutos para se aprontarem. Descontando o tempo que eles levariam até a escola, na verdade, eles tinham apenas 15 minutos.

Olhando para o relógio, Sayu corre para o banheiro, se aprontando com pressa. Jungkook rapidamente vai para a cozinha para preparar algo para o café da manhã. Ele abre a geladeira e vê alguns ovos e 3 fatias de pão.

'Bingo'

Ele pega tudo para preparar ovos fritos e torradas. Jungkook aquece a panela com um pouco de óleo e coloca o pão na torradeira. Joga os ovos na panela e vai até o seu guarda-roupas. Ele tira o seu velho casaco e coloca uma camisa de mangas longas.

Mas ao voltar para a cozinha, a torrada está completamente queimada e a fumaça que sai da panela também não deixava as coisas melhores. Jungkook desliga o fogão e chuta uma das cadeiras em frustração, se arrependendo logo em seguida porque aquilo doía com o inferno.

 — Papai, estou pronta. — Sayu diz aparecendo com um vestido já um pouquinho pequeno para ela. 

Jungkook se estapeia mentalmente, ele precisa comprar roupas novas para sua filha. Ela está crescendo e precisa disso o quanto antes.

— O que tem pro café? — Ela pergunta enquanto se senta, tentando pentear os cabelos sozinha.

— Uhmmm... pode ser só pão com geleia? — Ele coloca dois pedaços de pão no seu prato e começa a passar o doce de morango nelas, ou o que restava dele.

Depois que ela começa a comer, Jungkook pega o pente e a penteia o mais rápido possível. Ele prende os cabelos em um rabo de cavalo. Um bem bagunçado, aliás. Mas é o melhor que ele consegue.

Quinze minutos depois, Jungkook carrega Sayu nos braços e segue para a escola. Ele tenta ao máximo chegar a tempo. Ele não poderia se arriscar a ter problemas com a senhora Wang novamente. Por sorte, eles conseguem.

[...] 

— Eca, não! Tira essa coisa do cesto! — Minjoo diz pegando Nochu e jogando ele do outro lado da sala.

Existe uma "tradição" na escola em que os alunos trazem brinquedos para serem divididos entre eles. Então, Sayu trouxe o seu melhor companheiro, Nochu, um coelhinho de pelúcia. Infelizmente, os seus colegas não gostaram dele.

Sayu corre para pegá-lo. Ela o abraça assim que o tira do chão.

— Ah não! Meus brinquedos estão sujos agora! Deve ser por causa daquela coisa feia! — Seola choraminga. Mas de fato, não era culpa do Nochu. Mesmo ele sendo velho e tivesse algumas costuras feias, Sayu sempre o mantinha limpo.

— Sai daqui! Ninguém quer brincar com o seu zumbi! — Soojun diz, empurrando Sayu, fazendo a garotinha bater as costas na parede.

— Ele não é um zumbi! E a senhora Wang disse que todo mundo pode brincar aqui. — Sayu diz, lábios tremendo e lágrimas querendo cair.

— Não, não é um zumbi! É lixo. Seu pai deve ter pegado ele da lata de lixo. — Soojun diz para ela.

— Todos, exceto você! Seu brinquedo é velho, nós só brincamos com brinquedos de verdade. — Nayeon acrescenta, mostrando sua nova coleção de Barbies.

— Seu pai é pobre. Ele nem consegue comprar brinquedos para você.

— Olha o cabelo dela, bagunçado e feio. Seu pai não pode nem comprar um pente.

— Olha, o vestido dela tem buracos! — Seola diz, apontando para o tecido rasgado. Deve ter rasgado no momento em que Soojun a empurrou agora a pouco. As outras crianças riem dela ao olharem para o seu vestido.

— Eu não vou brincar com você enquanto você não tiver um brinquedo novo. — Seola diz, ganhando apoio dos outros.

Sayu sai da sala e segura Nochu contra o peito. Ela anda até o jardim e senta em um dos bancos.

— Está tudo bem, Nochu. Não escute o que eles dizem, você é especial. — Sayu diz confortando seu coelhinho.

— Sayu, o que está fazendo aqui?

— Senhora Kim, eu estou tirando o Nochu de perto deles, eles falaram coisas ruim para o Nochu. — Ela diz franzindo o cenho e acariciando a cabeça do coelhinho.

O coração da senhora Kim se aperta ao ver o quão triste Sayu está agora. Ela sabe que os outros pais falam mal de Jungkook pelas costas por causa de seu trabalho e por ter tido uma criança tão jovem. E ela sabe que as outras crianças não querem brincar com ela por não poder comprar coisas, como os outros.

Teve um tempo em que os alunos tinham que formar grupos para as aulas de arte. Eles supostamente tinham que trabalhar juntos e pintar os desenhos que eram dados. Mas Sayu era rejeitada pelos colegas. Ninguém queria trabalhar com ela. Quando a senhora Kim perguntou o porquê, todos responderam que era poque ela não tinha bons lápis de cor e isso arruinaria os desenhos. Ela admite que os lápis estão velhos, mas ela sabe que é o máximo que Jungkook poderia comprar. Lápis de cor não é barato, assim como todas as outras coisas no país. Ela sabe que Jungkook faz o possível para suprir as necessidades de Sayu e ela não o culpava.

— Ok, então você quer me ajudar a regar as flores? Nochu pode esperar por você. — A senhora Kim dá um regador para Sayu que aceita alegremente. 

Elas acabaram regando todas as plantas e é claro que Sayu não para de falar nenhum minuto o quanto achava as flores bonitas e como elas cheiravam bem.

Sem dúvidas, Sayu era um anjo.