"Harry" Louis se levantou de um salto, largando as cartas no chão e olhando no fundo dos olhos de seu amado, se é que ainda podia chamá-lo assim. Se aproximou de Harry mas ele recuou um passo.

"Eu vou estar na sala. Quando se recompor me encontre." Louis sabia que aquela frieza que Harry demonstrava o estava matando mais do que matava a Louis, e isso estava estampado na cara dele. Harry não era grosso, ou frio ou sem amor, ele era o contrário daquilo. Mas naquele momento ele parecia achar que ter essa atitude que assumir essa pose o faria mais forte, mas na verdade o estava enfraquecendo.

Louis enxugou o rosto e teve que se recompor, acabou por decidir jogar uma água no rosto. Quando entrou no espelho e deu de cara com seu reflexo viu o quão deplorável estava, isso não podia acontecer, não naquela noite. Ligou a torneira de água fria e jogou água diversas vezes no rosto, tentando limpar as lágrimas e acalmar os nervos, que a essa hora estavam a flor da pele. Seus olhos estavam vermelhos pelo choro, e as orbes azuis já não diziam nada. Passou as mãos molhadas nos cabelos e assim saiu para a sala, que estava bem aquecida com a lareira ligada e uma luz mais fraca, onde Harry estava sentado segurando um monte de foto.

De início Louis não reconheceu, mas assim que juntou os fatos ele entendeu que fotos eram aquelas, e se tem uma coisa que ele poderia ter mudado seria o momento daquelas fotos ou sua existência.

"Harry." disse ele com a voz mais normalizada. "Não vamos começar falando dessas fotos."

"Não" disse Harry. "Vamos começar do início. Do momento que você decidiu que seria melhor se tornar um metiroso." Vindo de Harry, aquilo era um enorme xingamento. Não tinha nada pior do que mentir para a pessoa que ama, talvez quem sabe, essa pessoa descobrir a mentira. E para Harry, que sempre prezou a honestidade, a lealdade, a fidelidade, aquilo era o fim do mundo. Ele não mentia, não enganava, nada que fosse contra seus princípios. Então é possível imaginar como ele está se sentindo.

"E sem joguinhos." disse Harry. "É o mínimo que você pode fazer, me diga a verdade. Nua e crua."

Louis soltou um suspiro pesado e se sentou na poltrona de frente para Harry, mas seus instintos mandavam que sentasse ao lado dele e o prendesse naquele sofá, que já havia sido palco de tantas noites românticas que sempre acabavam em sexo. Ele queria poder se desculpar e voltar ao que eram antes, mas daquela vez ele estava perdido.

"Foi antes da minha segunda ida a reabilitação." disse Louis em uma voz falsamente firme, sem encarar Harry nos olhos. "A primeira vez eu estava bebado, completamente louco e sinceramente não me lembro de metade dessas fotos-"

"Mas as outras?" Harry perguntou, seu tom de voz já não tinha mais raiva, estava carregado de dor e falhando.

"Livre e expontânea vontade." admitiu Louis com um suspiro. "Era algo novo, diferente do que tínhamos. Era bem mais... Carnal, era apenas sexo e acontecia de tudo"

Harry claramente estava incomodado, e no fundo de sua mente se perguntava se realmente havia sido uma boa ideia querer saber de tudo. Infelizmente já era tarde de mais para pedir que ele parasse com a história, até por que uma parte sua estava morta de curiosidade.

"Ele está morto." disse Harry. "Todas as provas de que não foi suicidio estão nessa pasta, junto com as fotos. E ele se calou, não tinha a menor coragem de fazer a pergunta que tanto queria saber.

"Você quer saber o que matou ele." disse Louis se reencostando em seu assento, por um segundo olhou para as chamas da lareira e ponderou até que ponto poderia revelar a verdade para Harry. Confiava nele, sabia que não seria denunciado caso revelasse a verdade, mas tinha medo da forma que seria olhado depois de tudo. Ele sabia no fundo de seu coração que as coisas jamais seriam como antes. "Eu matei ele Harry." disse em um tom de voz forçadamente normal, seus olhos ainda acompanhavam o movimento das chamas, que mesmo estando queimando vivamente e transmitido seu calor por todo o cômodo, Louis nunca sentiu tanto frio.

Harry não teve reação, apenas encarou Louis a espera da explicação completa. E foi o que teve.

"Já ouviu dizer que dois corações partidos se completam?" perguntou ele. "Era quase a mesma coisa. Nós dois eramos danificados, e de alguma forma conseguimos conforto no que fazíamos. Trocávamos os pensamentos ruins por uma noite louca de sexo e drogas. " Louis finalmente olhou Harry nos olhos, o mais novo estava pálido e sem expressão. "Ele não estava mais aguentando a vida de merda que tinha, então em uma das nossas... Brincadeiras, ele me pediu para matá-lo. Eu não queria, mas ele tinha me dado alguma coisa que eu simplesmente obedeci. Eu matei ele enquanto fodiamos. E eu não lembro disso. Eu sei por que ele gostava de nos filmar, mas depois de tudo eu peguei os vídeos e queimei todos." voltou os olhos rapidamente para a lareira. "Mas não consegui me livras das fotos."

E o silêncio caiu sobre a sala, Louis perdido em suas lembranças que desejava apagar, e Harry sem acreditar nos próprios ouvidos, desejando que a qualquer momento Louis caisse na risada e falasse que era mentira e contasse alguma história mais boba e fácil de perdoar. Mas aquela não era. Além de ter traído, ele havia matado. Harry não fazia ideia de quem era Louis, não mais.

"Continue." pediu engolindo o seco, tendo sua voz soando mais rouca e arrastada do que nunca antes.

"Depois eu continuei me drogando por que queria esquecer. Aí você já sabe a história." ele gesticulou como se aquele pedaço fosse chato e clichê de mencionar. "E então voltei aos velhos hábitos. "

"Foi quando pediu o divórcio." disse Harry.

"Uhum. Eu não aguentava ter que olhar pra você, eu achava que você não ligava. Não recebi uma carta sua, e-mail, sinal de fumaça... Nada. Achei que pra você tudo estava acabado. Mas parece que não... Enfim, eu acabei me envolvendo com outras pessoas, sempre coisas de uma noite e na maioria estava bebado de mais pra lembrar do que ou com quem eu tinha feito o que. Spencer era o mais frequente. Tivemos um caso mas acabou."

Por aquela facada Harry não esperava. Spencer era amigo deles, mais do Louis do que de Harry mas ainda sim, alguém que já foi convidado para jantares de casamento e cuidou de tudo para que eles tivessem uma via tranquila. E esse tempo todo, ele estava dormindo com Louis.

"Quando?" Harry falou insistente, e com um pouco de raiva.

"Harry-"

"Quando?!" falou mais alto e mais firme.

"Quando adotamos a Emma." respondeu ele com uma coragem que não sabia de onde viera, mas estava ali. E menciona-lá fez seu coração apertar.

"Meu Deus." Murmurou Harry chocado. "Eu tenho nojo de você. Eu não acredito que fui idiota a ponto de te deixar me tocar." Começou a andar de um lado para outro. "Eu tenho nojo de mim mesmo por não ter percebido antes." ele falava sozinho.

"Harry" Louis tentou se aproximar mas ele recuou. "Eu realmente quero recomeçar.. Temos a Emma e-"

"Não." disse Harry com uma certa raiva. "Você não use a minha filha assim, ela não tem nada relacionado as suas merdas do passado. "

Harry agarrou a pasta e atirou em Louis, as fotos voaram e se espalharam pelo chão, logo em seguida atirou as almofadas nele e voltou a se sentar de forma brutal no sofá. Estava sobrecarregado de mais para seu normal, e naquele momento não aguentava estar no mesmo ambiente que Louis. Por isso sem mais nem menos, agarrou seu sobretudo e começou a andar em direção a porta.

"Hazz, babe" disse Louis angústiado. "Isso foi antes, por favor so quero mais uma chance. Só quero provar que eu te amo de verdade e que dessa vez vai dar certo. " lágrimas rolaram pelo seus olhos. "Always in my heart, babe" disse Louis chorando, mas Harry nem se virou, ele também chorava mas não queria ser visto.

"Não dessa vez Lou." disse ele, e com um baque forte a porta se fechou. Separando de uma vez dias pessoas que não queriam ficar separadas nem em sua morte. Passaram pelo Céu e pelo Inferno juntos, mas acabaram se perdendo no caminho, e ainda não foram achados.

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tt: @theonewithlarry

não me matem!! ate o próximo cap.