Pain
"Harry! Harry!" A voz de Niall não era nada mais que um som distante e vago. "Harry porra!" Não virou mesmo assim.
Podiam gritar, podiam tentar segura-lo mas uma raiva surreal tomou conta de Harry. Cada rancor que ele tentou não guardar de Louis, cada coisa que aconteceu em sua vida que o tornou quem é hoje, cada sofrimento e cada vez que sofreu por uma dor que não era sua, mas que era dele. Quando Louis se tornou seu inferno pessoal?
Estava apressado, andando o mais rápido que suas duas pernas permitiam. A cada passo que dava sentia uma parte sua morrer, se quebrar e cair no chão e se perder momentânea enquanto seu ser era preenchido por uma raiva sem controle. Louis não estava fazendo isso por que queria a menina, estava fazendo isso por querer tirar a única coisa capaz de fazer Harry superar todo esse inferno que seus dias acabaram se tornando. Era como um loop eterno, desastre atrás de desastre e assim por diante, era uma corrente o prendendo e o impedindo de voltar ao que um dia sua vida foi; paz e tranquilidade.
A porta se abriu, não sabe ao certo se a chutou ou usou as mãos. Emma dormia no peito de Louis segurando sua mão, Spencer estava próximo a ele, falando algo baixo em seus ouvidos. Ambos ergueram os olhos para Harry, Louis se encolheu e apertou Emma contra si.
"Seu bastardo." Rosnou. Os olhos verdes selvagens.
"Harry.. Você não está bem." Argumentou - gaguejou, melhor dizendo - Louis em um tom baixo.
"EU?!" Acabou falando mais alto do que o que pretendia, e quando se lembrou de Emma bem ali teve que respirar fundo e se obrigou a se aproximar mais para que o mais baixo o ouvisse com clareza. Seus olhos verdes tinham um brilho selvagem, pareciam prestes a atacar. "Você está na merda de um hospital por tentativa de suicídio, e eu que não estou bem?"
Emma, como era de se esperar, acordou. Confusa e coçando o olhos.
"Papai? Está tudo bem?" Perguntou para Harry, que no mesmo instante quebrou em um choro silencioso e dolorido. Não conseguia conter o coração dolorido, nem mesmo quando sentiu a mão de Liam em seu ombro na tentativa de lhe passar algum conforto que seja.
"Liam.. tira ela daqui. Por favor." Murmurou, os olhos cheios de lágrimas. Ignorou a filha, e podia ver a confusão presente em seus olhinhos, o pânico e a dúvida. Naquele momento, no entanto, tudo que pensava era em meter a mão na cara de Louis. Ele poderia fazer qualquer coisa, menos bancar a vitima e tirar sua filha.
Sem questionar, Liam sorriu forçadamente para a garotinha e a pegou no colo, prometendo sorvete e televisão para ela. Harry trancou a porta assim que eles saíram, e com um movimento único se aproximou de Louis, olhos fervendo de raiva. Jamais fora violento, mas naquela situação tudo que queria era meter sua mão na cara de Louis. Spencer avançou para cima de Harry e o segurou firme pelos ombros.
"Não toca em mim." Rosnou Harry se desvencilhando, enjoado e com a mão formigando para enfiar na cara de Spencer também. " Como pode?! Você melhor do que ninguém sabe que ser pai é o meu sonho. Essa menina me encontrou, Louis. Se isso não foi Deus eu..." as palavras fugiram, junto com a ira e qualquer força em seu corpo. Encostou-se na porta, tentando não se juntar as suas lágrimas no chão. "Não tira ela de mim.. Eu te imploro. Não tira ela de mim." Seu lábio inferior tremeu, mais lágrimas rolaram por sua face. Odiou-se por chorar.
Louis não disse nada. Apenas encarou Harry, não tinha o que dizer, não sabia o que dizer.
"Por que, Lou?" Exigiu. Passou a mão nos cabelos longos para os retirar de seu rosto. "Ja não tirou o bastante de mim?"
"Senhor Styles cre..." Spencer se meteu, mal deixando Louis se falar.
"Tomlinson. A merda do divórcio não foi finalizada. Eu ainda mantenho meu nome." Rosnou. "Eu vou brigar na justiça por ela, fique certo disso."
"Eu não recomendaria, Harry." Spencer falou mais uma vez. "Veja, seu histórico não é dos melhores. Quantas vezes esteve em uma reabilitação? Exato. Entenda, meu cliente.."
"Amante." Vociferou para Spencer.
"É falta de educação interromper uma pessoa. Styles." Retrucou.
"É falta de educação foder com homem casado. Mas cá estamos." Soltou uma risada irônica para ele, erguendo as orbes verdes para Spencer e realmente desejando o encher de porrada. Deus sabia de onde vinha essa raiva toda.
"Louis está disposto a fazer todos os tratamentos, e podemos muito bem alegar que o incidente desta noite foi culpa sua. Afinal, você foi uma má influência para ele."
E ai estava. A facada final. Louis sabia que o histórico de Harry era pior do que qualquer coisa que ele fizesse. De todos os argumentos que poderiam ser usados, esse era o que mais machucava.
Pela segunda vez na noite, Harry avançou para cima de Louis e segurou seus ombros.
"Me olhe nos olhos e diga o que quer." Exigiu. Silêncio. Sua paciência se esgotou, e acabou por sacudir Louis enquanto gritava por explicação.
Silêncio. Louis não pronunciou uma palavra que fosse, mas seus olhos... ah, aquelas duas piscinas azuis o disseram tudo.
Desde que se lembrava, Harry sabia ler Louis melhor do que lia seu livro favorito. As orbes azuis do mais velho sempre denunciavam tudo que realmente sentia. Lembra-se claramente de uma briga feia que tiveram anos antes, em que Louis disse para Harry que não gostava de meninos e o mandou ir embora. Naquele momento os olhos dele brilharam, e ao invés de se virar e ir embora, Harry se aproximou e o beijou com carinho. "Eu vou embora, Lou. Ate mais." Aquele momento estava tatuado em sua mente, a mentira descarada que lhe foi contada e toda a trajetória dos dois até aquele ponto.
Jamais entendeu como podia se render aos olhos azuis de Louis tão facilmente, como se fosse um arma apontada para sua cabeça exigindo rendição. Ele se rendeu, entregou seu corpo e alma e todos os códigos para seus segredos mais escuro. Aqueles olhos o levou a loucura, era seu conforto a noite quando tudo mais lhe faltava, eram sua droga favorita.
De todas as vezes que olhou naqueles olhos com essa mesma intensidade, jamais pensou que um dia eles puxariam o gatilho sem lhe dar uma chance se quer.
"É isso que você quer, baby?" Perguntou, a voz trêmula. Louis pareceu ter perdido a habilidade de falar. Mas assentiu, hesitante. "Ela não.. por favor. Ela não..." mais lagrimas rolaram por sua face, suas mãos tremeram e sentiu seu corpo ceder mais uma vez. Ficar em pé estava cada vez mais difícil.
"Sim, Harry. É o que ele quer." Spencer soava aborrecido com toda aquela situação. Adiantou-se a destrancar a porta e fazer um gesto para que saísse, quando não obedeceu apenas o segurou pelos ombros e o guiou para fora. "Entrarei em contato com seu advogado. Aguarde os papeis."
Com um baque mudo, a porta se fechou na cara de Harry, quebrando a conexão com as orbes azuis carregadas de dor. O peito de Harry doeu, o chão de seus pés sumiu e o choro saiu por vez, sufocando-o.
O que importava agora? Mais nada. Emma era seu mundo, sua princesa. Faria tudo por aquela menina, mas jamais imaginou que ter que lhe dizer adeus seria uma dessas. Ao menos não tão cedo.
Respirou fundo e sentiu braços acolhedores o envolver, um forte cheiro de pão fresco lhe invadindo as narinas. Niall o confortava.
Agarrou-se ao loiro com força, encolhendo-se ali mesmo no chão sujo de um hospital.
Por um momento pensou o quão irônico era estar naquele estado em um hospital, onde o acesso a morfina era mais fácil mas ao mesmo tempo não existia dosagem no mundo que conseguisse tirar essa dor de si por saber que ,não era seu corpo que doía. Era sua alma.
*****
Olá!! Tudo bem meu povo? Vortei! Senti saudades daqui, mas sabe como é... a vida é uma caixinha de surpresas.
Vou tentar me dedicar mais as minhas fics.
Me digam oq acharam do capítulo!! Adoro feedback 💙
Bjs meus amores! Feliz ano novo para todos vocês!
tt: littlebluedrops
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