Louis sempre teve belos olhos. Aquele tom de azul era lindo, e além disso podia demonstrar todas as emoções que sentia. Quando estava feliz eles traziam um brilho tão grande que seria capaz de iluminar até os cantos mais escuros da alma de alguém. Aquele sorriso dele era apenas mais uma ênfase, por que quando ele sorria verdadeiramente seus olhinhos ficavam apertados e rugas apareciam aos lados.

Mas naquele momento não havia rugas de alegria, não havia brilho de felicidade. Havia apenas uma expressão dura e um par de olhos azuis, frios e sem vida, como poços sem fim, sem emoção alguma.

Harry se encolheu ainda agarrado à maçaneta da porta, paralizado, e por um momento ele se sentiu menor do que Louis, sentiu como se fosse um completo idiota e tudo que queria fazer era sair correndo dali. Mas aqueles olhos azuis o prendia como correntes de aço, duras e frias.

"Louis... E-eu..." Guaguejou Harry tentando, inútilmente se recompor do choque. Tentou desviar os olhos para Liam, que estava tão paralizado e chocado quanto Harry, mas não conseguiu. Aquelas correntes azuis ainda o prendia.

"Vamos lá Harry, estou louco para ouvir a explicação que você vai me dar." cruzou os braços com um ar venenoso e um sorriso sarcástico no canto de seu lábio, ele estava com raiva, qualquer um notaria isso, e as correntes apertaram mais ainda, parecendo espinhos.

"Lou, eu...eu quero ser pai..." Harry estava em uma situação que chegava a dar pena. Seu corpo tremia, seus olhos estavam assustados e arregadalos e sua voz estava mais rouca e arrastada que o normal, além de trêmula e ficar falhando toda vez que tentava falar alguma coisa. "Nós dois... temos uma conexão." engoliu em seco.

"E em que ponto iria falar disso comigo?" ergueu as sobrancelhas e deu um passo a frente ficando cara a cara com o mais novo, Harry recuou.

"Eu ia conversar com você, com calma." engoliu em seco soltando a maçaneta pela primeira vez, notou que suas mãos suavam. "Hoje.. Eu ia pedir..." Louis o interrompeu drasticamente.

"Ia me pedir pra o que? Desistir do divórcio? Esperar?" soltou uma risada desdenhosa, um tanto sarcástica e mordeu o lábio olhando para qualquer lugar que não fosse para Harry, que por um segundo sentiu que podia respirar, sentiu-se livre das correntes. Quando voltou a encarar aquele olhos verdes e assustados Louis percebeu que seu olhar pesava, carregado de várias emoções que não conseguiria explicar. As correntes voltaram. "Sabe o que eu acho Harry? Que você não quer adotar a menina, você quer adotar qualquer criança, no pretexto de me fazer ficar."

"O que?" Harry estava chocado, magoado e ferido por Louis pensar assim dele. "Não! Lou! Eu quero ela, eu quero criar ela!"

"Não Harry, você quer um pretexto, você quer qualquer motivo idiota para cancelar esse divórcio. Você mesmo me disse isso lembra? Ah não, você estava muito bêbado para lembrar." O mais baixo basicamente cuspia as palavras carregadas de um veneno que penetravam Harry como facadas em seu coração, que a essa altura esta despedaçado, afinal o homem que mais ama na vida inteira está em sua frente fazendo falsas acusações. "Eu sinceramente achei que você não seria capaz disso." Se virou para Liam e deu um aceno de tchau e deixou a sala batendo a porta e sumindo no fundo do corredor.

No mesmo segundo que a porta bateu, o corpo de Harry caiu no chão, sentado e agarrado entre as pernas, tremendo e chocado demais para qualquer coisa. Liam se levantou e correu para perto do amigo, se atirando no chão ao lado dele e o abraçando com força. Grossas lágrimas escorriam a face de Harry.

Liam o afastou e o encostou na parede e ficou ao seu lado. Harry sempre fora sensível, mas não era de chorar daquele jeito. Seus ombros balançavam pelos soluços, Louis havia feito a coisa que jurou diante de Deus, de testemunhas e com sua vida. Nunca quebrar o coração de Harry.

Tal pensamento o fez voltar no tempo, para o dia em que colocaram as alianças nos dedos, e falaram seus votos. Harry quase não lembra do que falou, foi tudo de improviso, e naquele dia ele estava tão nervoso que meia hora antes passou mal e quase desmaiou, tamanha era sua felicidade. Porém também estava nervoso, em um sentido nada bom. Pensou em sair correndo e pedir para adiarem o casamento, pensou que poderia fugir disso... Mas estaria fugindo do amor da sua vida, e foi graças a Louis que eles se casaram.

Harry andava de um lado para outro do quarto naquele dia, suas maos suando enquanto tentava segurar um copo com água, e foi quando uma carta passou por baixo da porta, aquela carta fez a vida dele mudar, seus pensamentos mudarem e lhe deu coragem para passar por aquelas portas e para gritar ao mundo que pertencia a Louis e que ele o pertencia. Ele guarda a carta em uma caixa de madeira, ela fica logo abaixo de sua cama e é seu porto seguro, por que aquela caixa contém toda a história deles, todo os segredos, lembranças de momentos juntos, tudo. E em cima estavam gravadas duas letras : LS. Era uma brincadeira que eles fizeram com seus nomes, combinando-os. Larry Stylinson.

Naquele dia Harry soube que Louis seria seu amigo, seu amor, seu parceiro para a vida toda, que iria ajudá-lo a se erguer... Mas pela primeira vez, Louis havia sido o motivo pela qual ele estava no fundo do poço.

"Você sabe que ele não quis dizer aquilo..." Tranquilizava Liam, ou tentava. Payne estava mais do que preocupado, estava com o coração igualmete partido, havia presenciado o momento e desejou com força que aquilo jamais tivesse acontecido.

"E-ele q-qui-i-is s-i-i-m." Balbuciava. Soltou um soluço grande e enterrou o rosto entre os joelhos, em uma tentativa falha de se esconder de suas emoções, algo que geralmente funcionava.

"Harry, olha pra mim." pediu suavemente ao amigo, e assim que ele obedeceu Liam soltou um suspiro e enxugou algumas lágrimas que escorriam pela face dele. "Louis não falou por mal. Ele só está chateado, acredite em mim, quando a cabeça dele esfriar vocês conversam." Harry parou de soluçar, respirava fundo e tentava se acalmar e se concentrar nas palavras de Liam.

A porta se abriu mais uma vez e um rapaz magro e moreno entrou. Zayn, que tinha um almoço marcado com Liam e Niall em um restaurante ali perto (sim pensaram em convidar Harry e Louis, na verdade Liam ia fazê-lo assim que Harry fosse ao hospital ou mandaria uma mensagem para eles.) No segundo que seus olhos focaram Liam e Harry jogados no chão ele não demorou a fechar a porta e a se sentar ao lado do amigo de cabelos cacheados e lhe dar apoio. Zayn não era muito caloroso, ou carinhoso, mas sabia aconselhar e ouvir bem.

"Eu vi Louis no corredor." ele disse, o que acabou se arrependendo por que Harry se encolheu e soltou um soluço contido. "O que aconteceu?" sua voz se suavizou ao máximo enquanto deixava o amigo chorar em seu ombro. Olhou para Liam e ele fez um gesto com a cabeça como quem diz Depois eu explico, e voltou sua atenção para Harry.

"Ele falou alguma coisa?" Perguntou Harry erguendo o rosto para Zayn, que por um grande momento hesitou em responder, mas aqueles olhos verdes/vermelhos estavam o encarando de forma tão profunda que ele não pode negar, por que se o fizesse Harry acharia que Louis falou coisas horríveis sobre ele para Zayn e ficaria pior.

Soltou um longo suspiro e disse: "Ele estava puto, saiu atropelando todo mundo no corredor, e quando eu fui falar com ele..." pigarreou. "Ele gritou Ótimo mais um pro Harry colocar contra mim se fazendo de vítima." Novamente se arrependeu do que Falou, mas Zayn não escondia nada dos amigos, era honesto e continuaria sendo assim até o dia de sua morte.

Harry se encolheu mais ainda aparentaando ser bem menor do que era, o que era mais que difícil para um cara bem grande como ele. Mas sim, ele parecia uma criança se escondendo dos valentões da escola, sentado sozinho em um canto escuro e frio, e mesmo tendo dois de seus melhores amigos ali, ele parecia sozinho. Ele se sentia sozinho.

Soltou um longo suspiro e assentiu para Liam, pedindo que ele explicasse o que tinha acontecido. Queria ouvir tudo de novo, precisava saber se tudo aue havia acontecido era mesmo verdade, se aquelas palavras haviam mesmo saido dos lábios que Harry costumava beijar com tanto amor. Parecia que faziam dias do ocorrido, mas de fato aconteceu a poucos minutos.

Mais ou menos meia hora depois que Zayn chegou, Liam conveceu Harry de que era melhor ele ir pra casa descansar, dormir quem sabe, e que amanhã ele poderia voltar e passar o dia com Emma, que era o que ele estava pretendendo. Harry ainda tentou pedir para passar o resto do dia com ela, mas Liam negou, afinal ele não tinha condições de ficar perto dela, e a menina estava passando por alguns problemas naquele momento por que outros médicos da equipe dela estavam tentando contar que ela havia perdido os pais.

Quando finalmente chegou em casa estava com uma dor de cabeça insuportável, e tudo que queria era tomar um remédio e voltar para sua amada cama. O relógio marcava duas da tarde, e ele não acreditou que havia ficado tanto tempo assim no hospital com Emma, e havia sido a poucas horas atrás.

Havia algo estranho no ar, estava tudo silêncioso de mais, então decidiu ir atrás de Louis. Então outra faca atravessou seu coração quando viu um bilhete em cima da cama que costumavam dividir.

Fui pra um hotel.

Por que ele está fazendo isso? Tudo que precisavam fazer era sentar e conversar, mas Louis parecia odiar essa ideia, odiar Harry e so querer que ele fosse embora. Mas aquilo não podia ser verdade, Louis não o odiava, tinha algo a mais, alguma coisa que o mais velho não estava contando para ele, nem para nenhum dos meninos.

Deitou-se na cama, e retirou os sapatos. Agarrou o travesseiro que Louis sempre usava para dormir e enterrou seu rosto ali, imaginando por um segundo que era o próprio Louis em seus braços e que quando abrisse os olhos tudo voltaria ao normal, tudo ficaria bem, ele estaria ali e eles se beijariam e a vida seguiria como sempre.

Foi quando uma ideia o atingiu tão forte quanto um soco na cara. O motivo do por que Louis estava agindo assim. Seus olhos se encheram de lagrimas e elas escorreram mais uma vez por sua face. Ele sentia-se sufocado, com dificuldades para respirar por causa de um grande soluço que estava preso em sua garganta. Não queria admitir, não poderia ser verdade, mas parando para pensar era o único motivo.

Louis estava apaixonado por outra pessoa.

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Oii!! Desculpem a demora, desculpem o cap bosta mas as coisas andam bem confusas aqui e meio complicadas e eu to cheia de atividades da escola.

Tentarei nao demorar tanto.

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XOXO
Duda